DOR MUSCULOESQUELÉTICA CRÔNICA EM USUÁRIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE SEIS MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE DO ESTADO DO PARANÁ: CARACTERIZAÇÃO, FATORES ASSOCIADOS E TRATAMENTO
LETÍCIA TAYNARA TSUZUKI, Mathias Roberto Loch, Paulo Henrique Araújo Guerra
Data da defesa: 28/02/2024
A dor musculoesquelética crônica é caracterizada como uma dor persistente que afeta diretamente o(s) osso(s), articulação(ões), músculo(s) ou tecido(s) mole(s) relacionado(s). O objetivo deste estudo foi verificar a prevalência de dor musculoesquelética crônica em usuários da Atenção Primária à Saúde (APS) em municípios de pequeno porte do estado do Paraná e seus fatores associados. Foi realizado um estudo transversal, de amostragem intencional, no qual foram realizadas 1878 entrevistas com usuários com ≥ 18 anos, da APS de seis municípios com menos de 20 mil habitantes no Paraná. Para identificar os usuários com dor musculoesquelética crônica, foi realizada a pergunta: “Você sente algum tipo de dor muscular há seis meses ou mais?”, caso a resposta fosse positiva, havia questões para caracterização da dor. Variáveis sociodemográficas e de saúde foram consideradas variáveis independentes. Para a análise descritiva, usou-se a frequência absoluta e relativa, razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas foram obtidas mediante regressão de Poisson com variância robusta. A prevalência de dor musculoesquelética crônica foi de 55,8%. Considerando as análises ajustadas, observou-se maior prevalência entre as mulheres (RP=1,30; IC=1,17-1,43), entre os sujeitos com 25 a 39 anos (RP=1,25; IC=1,01-1,55), com 40 a 59 anos (RP=1,80; IC=1,46-2,21) e com mais de 60 anos (RP=2,12; IC=1,69-2,66) em comparação aos de 18 e 24 anos, em usuários com ensino superior e especialização (RP=0,72; IC=0,61-0,84) a razão de prevalência foi menor, em comparação aos usuários com até o nível fundamental incompleto. Ademais, observou-se associação com autopercepção negativa de saúde (RP=1,51; IC=1,38-1,64), diagnóstico de hipertensão (RP=1,16; IC=1,06-1,26), diabetes (RP=1,19; IC=1,08-1,30), hipercolesterolemia (RP=1,10; IC=1,01-1,21), doenças reumáticas (RP=1,41; IC=1,31-1,53) e depressão (RP=1,28; IC=1,18-1,39). Apresentam alta prevalência de dor moderada ou intensa (84,9%) e a dor interferia de maneira moderada ou extrema nas atividades diárias de 72,7%. A região lombar foi a apontada como sendo o local mais frequente de dor com maior prevalência (22,5%). Os resultados indicam alta prevalência de dor crônica nos usuários da APS dos municípios de pequeno porte investigados, portanto, é necessário a promoção de ações e políticas públicas voltadas as especificidades desses municípios
Prevalência e Fatores Associados à Dor Crônica em Professores da Rede Estadual de Londrina-PR
Alessandra Domingos Silva, Arthur Eumann Mesas, Mara Solange Gomes Dellaroza
Data da defesa: 16/05/2014
A sobrecarga do trabalho docente, marcada por longas jornadas de permanência em pé, muitas vezes em posturas inadequadas, somada a aspectos psicossociais desfavoráveis da atividade, podem predispor os professores à dor crônica, condição que interfere na qualidade de vida e do trabalho. Diante disso, o objetivo deste estudo foi caracterizar os professores da rede estadual de Londrina em relação à ocorrência de dor crônica, ou seja, que ocorre há 6 meses ou mais, e analisar sua associação com fatores sociodemográficos, de estilo de vida e de saúde, além de características profissionais. Os dados utilizados foram obtidos no estudo transversal PRÓ-MESTRE, cuja população constituiu-se por professores do ensino fundamental e médio das 20 escolas com maior número de professores da rede estadual de ensino da cidade de Londrina, entrevistados no período de agosto de 2012 a junho de 2013. Entre os 964 professores incluídos, 42,6% referiram dor crônica. A prevalência foi maior entre as mulheres, professores viúvos/divorciados/separados, que assistiam televisão por mais tempo durante a semana, inativos no tempo livre, com relato de maior esforço físico em casa e no trabalho, com pior qualidade do sono, obesos, e que referiram ter diagnóstico de depressão, ansiedade ou de alguma doença musculoesquelética. Quanto aos fatores relacionados ao trabalho, associaram-se à dor crônica o maior tempo de atuação na profissão, tipo de contrato estatutário, absenteísmo por problemas de saúde nos últimos 12 meses, e a menor capacidade referida para o trabalho. Quando comparadas as associações segundo o gênero, apenas entre as mulheres observou-se associação entre dor crônica e situação conjugal, maior tempo assistindo televisão, inatividade física, maior esforço físico no trabalho, obesidade, maior tempo de profissão, tipo de contrato estatutário, maior carga horária semanal de trabalho docente e menor capacidade geral e física para o trabalho. A prevalência de dor crônica foi considerada elevada entre professores. Ainda que o desenho transversal não permita estabelecer relação causal entre a dor crônica e os fatores associados, tais características podem subsidiar a elaboração de estratégias para a redução da incidência e do impacto da dor crônica em professores, seja mediante orientações de estilo de vida ou adequações nas condições de trabalho.
A utilização de tratamentos não farmacológicos por idosos com dor crônica musculoesquelética
Flávia Guilherme Gonçalves Ziegler, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 23/11/2020
Com o envelhecimento populacional, é esperado o aumento da prevalência de dores crônicas, o que pode interferir na qualidade de vida dos idosos. As dores musculoesqueléticas estão entre as causas mais frequentes de procura médica; sua abordagem deve ser multidisciplinar, envolvendo tratamentos farmacológicos e não farmacológicos. Objetivo: Caracterizar a utilização de tratamentos não farmacológicos para o alívio das dores crônicas de idosos da comunidade e sua autoeficácia frente à essa condição. Métodos: Trata-se de um estudo de corte transversal com amostra não probabilística de sujeitos acima de 60 anos, com dor crônica musculoesquelética, residentes na área urbana do município de Londrina, PR, atendidos pelo serviço de Atenção Primária à Saúde e encaminhados para a avaliação especializada com ortopedista entre abril 2016 e abril 2017. Foi realizado inquérito domiciliar, por meio de questionário composto de informações para caracterização sociodemográfica, caracterização da dor – por meio do instrumento Inventário Breve de Dor e da Escala de LANSS, foi medida a autoeficácia pela Escala de Autoeficácia para dor crônica e, por fim, foram elaboradas questões simples para caracterizar o tratamento não farmacológico utilizado e a crença no exercício físico como tratamento para o alívio da dor. Para a análise descritiva, usou-se a frequência absoluta e relativa, enquanto que, para a análise bivariada, foi utilizado o teste Quiquadrado. As variáveis sexo, escolaridade e renda familiar foram predefinidas como variáveis de ajuste dos modelos. As Razões de Prevalência (RP) brutas e ajustadas foram obtidas mediante regressão de Poisson com ajuste por variância robusta. Para análise de dados não paramétricos, foi utilizado o teste de Mann-Whitney-U, apresentando a distribuição por meio das medianas e dos intervalos interquartílicos. O nível de significância adotado foi de p< 0,05. Resultados: Foram entrevistados 193 idosos, dos quais 70,5% eram do sexo feminino, 60,6% possuíam o ensino fundamental incompleto e 82,4% tinham renda familiar de até 2 salários mínimos. O tratamento não farmacológico foi solicitado para 172 idosos e as abordagens mais utilizadas para as dores crônicas musculoesqueléticas foram fisioterapia (72,5%), seguida por nutrição (19,7%), práticas integrativas e complementares (20%), educação física (6,2%) e psicologia (5,2%). A autoeficácia foi mais bem avaliada por idosos que moravam sós, por aqueles com a faixa etária acima de 70 anos e por aqueles com dor exclusivamente nociceptiva. Consideração final: Foi evidenciado que, entre os tratamentos não farmacológicos, o mais utilizado foi a fisioterapia. Além disso, a dor com predomínio nociceptivo esteve associada com a melhor tolerância do exercício físico e melhor autoeficácia. Apesar de muitos idosos não terem realizado alguma modalidade de tratamento não farmacológico para o alívio de suas dores, para o adequado manejo da dor crônica, faz-se necessária uma avaliação adequada, além de uma abordagem multidisciplinar que seja capaz de possibilitar a autonomia e a independência do idoso, ainda que na presença de limitações devido ao quadro álgico.
Prevalência de dor crônica e associação com percepções e condições de trabalho dos professores da rede estadual de ensino de Londrina (PR)
Flávia Lopes Gabani, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 26/04/2017
As condições de trabalho estão relacionadas à ocorrência de dor em professores, a qual resulta em limitação das atividades diárias, maior número de consultas médicas, afastamento do trabalho e pior qualidade de vida. O processo álgico pode ser deflagrado e perpetuado por diversos motivos, que podem diferir de acordo com as características laborais e as regiões do corpo afetadas. Elucidar esse fenômeno de forma mais detalhada pode reduzir danos adicionais à saúde do professor. Este estudo teve por objetivo caracterizar a dor crônica, prevalência e regiões do corpo mais afetadas, e associar com percepções e condições de trabalho de professores da rede estadual de ensino de Londrina (PR). Tratou-se de estudo transversal realizado no período de 2012 a 2013 com professores do ensino fundamental e médio. Foram excluídos os educadores readaptados ou afastados de função, com menos de um ano de serviço e com diagnóstico de neoplasia maligna. O desfecho dor crônica foi dividido em três regiões do corpo: membros superiores, coluna lombar e membros inferiores. A análise estatística ocorreu por meio de três modelos de regressão de Poisson e cálculo da razão de prevalência ajustados por variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e comorbidades. Para comparação das proporções de professores com e sem dor crônica utilizou-se o teste Qui-quadrado com correção de Yates, considerando nível de significância de 5% (p < 0,05). A amostra final correspondeu a 958 professores. Dor crônica foi referida por 408 (42,6%) docentes, com maior frequência em mulheres, na faixa etária acima de 40 anos, da raça/cor branca e amarela/indígena, entre aqueles que não realizavam atividade física pelo menos uma vez por semana ou realizavam de forma insuficiente, e não consumidores de álcool. Também foi mais frequente na população com vínculo empregatício tipo estatutário e com tempo de atuação como professor acima de 20 anos. As regiões reportadas como mais dolorosas foram membros superiores, cabeça, membros inferiores e coluna lombar. No modelo final da regressão de Poisson, dor nos membros superiores foi significativamente mais frequente entre professores que consideravam que as seguintes situações afetavam seu trabalho: condições para escrever no quadro e para carregar o material didático, tempo que permanecia em pé e posição do corpo em relação ao mobiliário e equipamentos. Também houve associação da dor em membros superiores com a percepção regular/ruim sobre a quantidade de alunos em sala de aula e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A dor na coluna lombar associou-se à percepção de que escrever no quadro afetava seu trabalho. A dor em membros inferiores associou-se ao tempo de profissão > 20 anos, à percepção regular/ruim quanto ao equilíbrio pessoal e profissional e à percepção de que o tempo que permanecia em pé afetava o trabalho. Foram evidenciadas percepções e codições relativas ao trabalho docente associadas a diferentes regiões corpóreas afetadas por dor crônica em professores.