A construção da cultura funk no Brasil e a criminalização da questão social
Luana Kelsen Ferreira Costa, Angela Maria de Sousa Lima
Data da defesa: 02/04/2019
A presente pesquisa pretende elucidar, sociologicamente, a trajetória da cultura Funk no Brasil a partir dos anos 1980 e 1990, concomitantemente com sua demonização por parte da mídia nacional até os dias atuais. Inspirado no Hip-Hop norte-americano, o Funk compartilha de inúmeros elementos comuns às culturas periféricas e marginalizadas, os quais incitam acalorados debates sobre um molde aceitável de cultura por um meio social condicionante e, por vezes, conservador. Portanto, ao longo do trabalho aponta-se como a aversão por essas culturas são na verdade um posicionamento hostil ao perfil de seus sujeitos, ou seja, indivíduos pobres, de maioria negra e moradores de regiões periféricas, demonstrando a partir disso como a mídia e determinados segmentos da sociedade as estigmatizam, no contexto da criminalização da questão social, econômica e racial. Diante desse panorama, por meio de análise bibliográfica e de entrevistas semi-estruturadas, utilizando-se de autores como Adriana Lopes, Hermano Vianna, Adriana Facina, Erving Goffman, Homi Bhabha e Micael Herschmann, expõe-se como as manifestações culturais, a exemplo do Movimento Funk, são classificadas como próprias ou impróprias para o mercado. Tais achados de pesquisa são experienciados com estudantes egressos e profissionais da educação de uma escola pública de Ensino Médio, da rede estadual, localizada no município de São Paulo-SP, ilustrados com resultados de entrevistas semiestruturadas. Sabe-se que, partindo da lógica capitalista, de forma arbitrária, tem-se neste processo como instrumento de dissipação a indústria midiática, a qual projeta ao público versões muitas vezes estigmatizadas da população à margem da sociedade. Pelo viés jurídico, apoia-se em autores como Danilo Cymrot e Alessandro Baratta, os quais discutem sobre estudos criminológicos baseados na teoria da criminologia crítica, a qual dispõem da ideia de desvio social, observando os processos de criminalização e procedimentos de rotulação de criminosos. Alessandro Baratta, por exemplo, precursor dos estudos da criminologia crítica, buscou, através de suas análises expor a seletividade arbitrária do sistema penal e as implicações desta na estrutura das desigualdades sociais. Enfim, entre outras hipóteses, defende-se que o Movimento Funk, por gerações, vêm entretendo e legitimando a existência de um grupo invisibilizado socialmente e abandonado pelo Estado, expondo por meio da cultura seu caráter identitário. O fato de manifestar-se culturalmente vai muito além do caráter democrático advindo de revoluções culturais globais do final do século XX, observadas por Stuart Hall, mas permeiam o campo político e jurídico quando o fato de expor seu cotidiano torna-se crime.
Colonialismo del desarrollo y persistencia de las narrativas andinas
María Fernanda Vallejo Aristizábal, Maria José de Rezende
Data da defesa: 27/08/2019
A presente proposta pretende abordar, à luz das teorias críticas descoloniais e propostas epistemológicas andinas, as tensões, coerções, persistências e ressignificações que ocorrem entre as ações de desenvolvimento e as populações campones-indígenas dos Andes Equatorianos. A natureza colonial das políticas e ações de desenvolvimento merece ser desvendado. Por outro lado, é necessário mostrar que as comunidades não são objetos passivos dessa ação modernizadora e desenvolvimentista, mas sim, ao contrário, sujeitos em permanente resposta e ação pró-ativa na frente dessa forma de exercício de dominação. No caso do Equador, o desenvolvimento tem sido aplicado com rearranjos e mudanças, há mais de meio século. As estratégias de implementação deste dispositivo variaram de acordo com os momentos do capitalismo mundial e regional. Como correlato, encontramos várias respostas e estratégias das comunidades rurais e indígenas. A configuração de organizações nacionais com alianças regionais, de natureza étnica e de classe, suas abordagens e conquistas dentro e fora do Estado, explica em parte essa natureza não passiva das sociedades sujeitas a processos de modernização. Interessa-nos saber quais foram as mudanças nas estratégias de desenvolvimento aplicadas após o neoliberalismo do final e do início do século; isto é, em contextos de governo autodefinido como Socialismo do Século XXI, a partir da reinterpretação de um projeto de desenvolvimento implementado pelo Ministério de Agricultura do Equador, pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e pela Fundação Heifer-Equador, entre 2014 e 2017, com foco na incorporação de políticas públicas e cultivo in loco de sementes nativas, nas hortas de famílias rurais e indígenas, em regiões consideradas por especialistas como um enclave de variabilidade genética.
Saberes tradicionais e saberes científicos : um estudo sobre a capacitação em auriculoterapia para profissionais do SUS/Londrina
Vanessa Rezende de Santa Rosa Domingues, Celso Vianna Bezerra de Menezes
Data da defesa: 13/02/2019
Em 2006 foi aprovada a Portaria 971, intitulada Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), promovendo o acesso à Medicina Tradicional Chinesa (MTC) no Sistema Único de Saúde (SUS). Visando a ampliação de acesso à terapeuticas da MTC, o Ministério da Saúde em convênio com a Universidade Federal de Santa Catarina oferta aos profissionais do SUS o curso de capacitação em Auriculoterapia. O curso é constituído por duas etapas sequenciais: etapa a distância (75 horas) e etapa presencial (5 horas). O objeto desta pesquisa é a capacitação de profissionais do SUS/Londrina; para tanto se debruça no material da etapa do curso que é realizada à distância e em uma das oficinas promovidas pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família, com profissionais capacitados. A metodologia de observação participante compõe a pesquisa, somada a entrevistas com três pessoas chaves: um profissional do SUS atuante na PNPIC, uma ex funcionária do SUS que coordenou o Grupo de Apoio na área da saúde mental e uma professora de MTC. Este trabalho visa um dialogo acerca das aproximações e distancimentos entre os saberes orientais e os saberes biomédicos, de forma a observar suas conquistas e limites, sendo que a corresponsabilidade no tratamento foi um guia norteador do caderno de campo, realizado na oficina de matriciamento com foco em Auriculoterapia.
Desenvolvimento humano e desigualdades de gênero na América Latina e Caribe : a igualdade de gênero como promotora da equidade social
Daiane Aparecida Alves Gomes, Silvana Aparecida Mariano
Data da defesa: 08/06/2018
A presente pesquisa tem como tema as desigualdades sociais, as relações e possíveis (des)conexões entre o desenvolvimento humano e a redução das desigualdades de gênero, medidos pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e pelo Índice de Desigualdade de Gênero, (IDG) sobretudo na América Latina e Caribe (ALC). O nosso objetivo geral, é o de investigar as possíveis associações entre o nível de desenvolvimento humano e o patamar de desigualdade de gênero e definimos como objetivos específicos: 1) Compreender as condições recentes do desenvolvimento humano e das desigualdades de gênero nos países da América Latina e Caribe; 2) No que diz respeito à composição do IDG, identificar suas dimensões mais promissoras a avanços e aquelas com desigualdades mais persistentes. 3) Comparar países selecionados por grupos, de acordo com o nível de desenvolvimento humano, e identificarmos as possíveis variações na relação entre IDH e IDG. Foram consultados para o presente estudo os Relatórios de Desenvolvimento Humano, produzidos pelo PNUD, referentes aos anos de 1995, 2010, 2011, 2013, 2014 e 2015 e 2016, para nossa análise teórica, como fonte teórica e também para construção de algumas tabelas e gráficos. No entanto, para atender o objetivo do Capítulo 03, selecionamos os anos com os dados de 2012 e 2015, relativos aos relatórios de 2013 e 2016, pois esses compartilham dos mesmos indicadores de IDG e IDH. Nosso estudo foi amparado nas leituras feministas fundamentais para a compreensão dos debates de gênero incoporados à vida acadêmica na contemporaneidade, e recorremos aos RDHs como fonte da nossa pesquisa documental. Em virtude de a ALC ser o continente mais desigual do mundo, em renda, gênero, raça, geração, entre outras desigualdades, selecionamos a região e identificamos as desigualdades de gênero mais desvantajosas para o alcance do desenvolvimento humano, da mesma forma, compreendemos as dimensões que obtiveram certo progresso com relação à igualdade de gênero nos últimos vinte anos. Nossa pergunta diretiva fez reflexões sobre os péssimos níveis de desempenho das mulheres em ocupação parlamentar no Brasil e a ALC. Embora a ALC, seja a região do mundo com a melhor representação nesse quesito, tal indicador é o maior limitador do desenvolvimento humano para as mulheres. A ordem dos piores desempenhos nos referidos anos são: Mordalidade materna, Participação na Força de Trabalho e Fertilidade Adolescente. Por fim, oferecemos algumas recomendações para transformação social, rumo à equidade de gênero, como transformações individuais, coletivas e institucionais, importantes para o alcance da igualdade de gênero baseadas em alguns países da ALC.
A profissão de sociólogo : uma abordagem sobre a atual realidade dos profissionais em ciências sociais egressos da Universidade Estadual de Londrina – Paraná (turmas 2009-2010)
Márcio Roberto Vieira Ramos, Ronaldo Baltar
Data da defesa: 26/01/2018
O trabalho da dissertação de Mestrado pretende analisar a “Profissão de Sociólogo” em relação aos estudantes egressos do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O intuito da pesquisa esta relacionada com a atual conjuntura do mercado de trabalho nacional e as práticas políticas governamentais que dificultam a inserção e atuação profissional dos Sociólogos, que frente à escassez de vagas para a sua categoria precisa exercer seu ofício em outras áreas que não sejam de sua formação. A questão central é examinar quais as funções exercidas profissionalmente pelos estudantes de Ciências Sociais da UEL depois que se formaram. Compreender suas dificuldades de colocação no mercado de trabalho. Diante dessa expectativa, examinar também as dificuldades e perspectivas desses profissionais enquanto estudantes perante a nova profissão, assim como, os dilemas desse ofício. Para desenvolvimento da dissertação, foram abordados temas como a formação da Sociologia no Brasil e no mundo, os precursores dessa ciência, as principais características do trabalho do Sociólogo e também sobre a legislação que regulamenta a profissão. Além da referida bibliografia sobre a temática, foram levantados dados sociológicos com estudantes egressos que atuam em diversos setores e profissionais da área, através de questionários contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa.
As facetas do empreendedorismo e o trabalho como princípio educativo na educação profissional : articulação possível
Samuel Moreira Pavan, Angela Maria de Sousa Lima
Data da defesa: 29/03/2018
A presente dissertação se propôs a analisar nos documentos, nos programas federais e estaduais sobre a Educação Profissional, destinados aos estudantes trabalhadores na Modalidade Subsequente, conteúdos e princípios, de forma direta ou indiretamente relacionados com a noção de empreendedorismo, a partir de uma metodologia de análise bibliográfica e documental. Isso porque o empreendedorismo se mostra bastante amplo ao lançar teias sobre vários setores da vida social e econômica, mas é no campo educacional, especialmente nos currículos, programas e políticas voltadas à formação do trabalhador que consegue sua objetivação. Por consequência, sua inserção nos currículos dos Cursos Profissionais Técnicos de Nível Médio, seja como conteúdo ou como princípio, geralmente busca a formação e a qualificação de um tipo de mão de obra “empregável”, “polivalente”, mais adaptada aos ditames da modernização, da terceirização e da flexibilidade do mercado de trabalho. Neste sentido, escolhemos como recorte dezenove Planos de Cursos Profissionais Técnicos de Nível Médio, vigentes na Modalidade Subsequente, no Estado do Paraná, buscando conhecer melhor o que hipotetizamos ser concebido como um processo de hibridismo de orientações teórico-pedagógicas presente nesses planejamentos, fruto de diferentes orientações nacionais e estaduais, ora baseadas em “habilidades e competências”, tendo o empreendedorismo como um dos pressupostos, ora fundamentada na concepção de escola unitária, de formação politécnica, com base no trabalho como princípio educativo, mirando a formação crítica de um sujeito histórico integral. Se estas orientações híbridas chegam até o planejamento do professor que atua nos cursos profissionais nas escolas públicas da rede estadual e estes, em sua grande maioria, sofrem os efeitos da desregulamentação e da precarização do trabalho, se faz relevante percorrer nestes estudos, por mais que tenham no Paraná suas Diretrizes da Educação Profissional com fundamentos políticos e pedagógicos bastante avançados.
A controvérsia sobre a inclusão de gênero e sexualidade nos planos de educação do Paraná
Thiago José da Rocha, Martha Celia Ramírez-Gálvez
Data da defesa: 28/07/2018
A partir da aprovação do Plano Nacional de Educação, em 2014, iniciou-se a discussão dos correspondentes planos de educação dos Estados, Distrito Federal e Municípios para os próximos dez anos. Em tal discussão houve uma participação contundente de setores religiosos que advogavam pela retirada do termo “gênero”, mencionado como ideologia. Nesse processo ganhou grande notoriedade, em nível nacional, o debate acerca da dimensão de gênero e sexualidade pela sociedade civil. A partir das discussões sobre a pauta de gênero e sexualidade no curriculo escolar houve reações de diferentes instituições acadêmicas e movimentos sociais, que observam a retirada dessa tematica como uma ameaça à garantia de direitos constitucionais, caracterizando a controvérsia. A proposta desta pesquisa se volta de maneira específica sobre a análise da controvérsia acerca desse assunto na cidade de Ponta Grossa, Estado do Paraná. Objetiva-se com este estudo entender as relações de poder e a influência da bancada religiosa na construção de políticas públicas para educação. A metodologia utilizada contempla a análise das controvérsias sobre a exclusão da pauta de gênero e sexualidade dos Planos Estaduais de Educação do Estado do Paraná, realizada por meio de uma análise documental. Assim, é importante documentar e compreender este debate que se tornou expressivo do momento atual do país em termos da ingerência de moralidades religiosas na vida pública brasileira.
Nome social como política pública nas universidades estaduais do Paraná : coalizões, permanências e persistências
Aline Oliveira Gomes da Silva, Angela Maria de Sousa Lima
Data da defesa: 12/12/2017
Este trabalho, em seara das ciências sociais, converge sua atenção para as universidades estaduais do Paraná, centralizando seu objetivo em analisar o processo de regulamentação do uso do Nome Social para identificação de gênero envolvendo estudantes de graduação, professores, professoras, servidores e servidoras, com enfoque especial à forma de regulamentação da política em referência na Universidade Estadual de Londrina (UEL), entidade eleita em razão de essa universidade encontrar-se em processo de regulamentação do uso do Nome Social de seu pessoal quando a presente pesquisa foi realizada. Diante dessas questões, três perguntas-chave norteiam a dissertação: como ocorrem as discussões sobre as regulamentações do uso do Nome Social nos diversos espaços das universidades estaduais do Paraná? O que há de especificidades no caso da UEL? Que relações existem entre a política pública do uso do Nome Social com as políticas de permanência estudantil no Ensino Superior do Paraná? Como metodologia, optou-se pelo aporte teórico-metodológico do modelo de Coalizões de Defesa (MCD ou Advocacy Coalition Framework - ACF), buscando analisar como os grupos de atores e de atrizes, constituído por políticos, comunidade científica, militantes, movimentos sociais, docentes, estudantes, servidores técnicos, entre outros, têm se organizado diante da política pública envolvendo o Nome Social no estado do Paraná Como procedimentos de investigação, nesta pesquisa qualitativa, utiliza-se a análise documental, a revisão bibliográfica, os questionários abertos com as atrizes e os atores sociais que já utilizam o Nome Social. O estudo parte do pressuposto de que a universidade pública tem papel de destaque na difusão de teorias/práticas legitimadoras de direitos, num constante combate a toda forma de desigualdade, violência e discriminação. Estuda-se se a forma como a universidade assume seu papel sociocultural e político pode facilitar ou dificultar o acesso e a permanência de estudantes transgêneros, travestis e transexuais.
Percursos da educação profissional técnica de nível médio integrado no IFPR de Telêmaco Borba/PR : uma análise sociológica
Helaine Christina Oliveira de Souza, Angela Maria de Sousa Lima
Data da defesa: 28/07/2017
Esse estudo teve como principal objetivo compreender os percursos da educação profissional integrada ao Ensino Médio ofertada pelo IFPR, campus de Telêmaco Borba-PR, por meio da pesquisa bibliográfica, da análise de documentos oficiais e dos resultados do survey realizado com 24 egressos de 2015, do Ensino Médio Integrado do IFPR, campus Telêmaco Borba, assim como da entrevista semiestruturada com a Prof. Drª Sandra Regina de Oliveira Garcia, além do uso de dados secundários a respeito do tema. Nesse contexto, buscou-se delinear quem são as juventudes no Brasil e como relacionam-se com o mundo do trabalho, pois configuram-se como o principal público da Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Em seguida, foi realizado um levantamento histórico-documental sobre a educação profissional no país, com destaque ao contexto em que as políticas para EPT foram norteadas até a Lei n° 13.415, de 2017. Após essas discussões, nos detivemos em aprofundar três problematizações no âmbito do ensino profissional no Brasil, sob o olhar das Ciências Sociais, em especial da área da Sociologia da Educação. Primeiro, uma análise histórico-documental dos principais caminhos trilhados com a Lei n° 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Segundo, uma reflexão, com legislações e autores clássicos/contemporâneos, acerca da perspectiva de formação integral a partir da integração entre trabalho, tecnologia, ciência e cultura. Terceiro, compreender a relação entre juventudes, educação e trabalho no IFPR de Telêmaco Borba, Paraná, com o estudo de decretos, relatórios institucionais, avaliações internas, Projeto Político Pedagógico e as concepções dos egressos de 2015. Considerou-se nessa dissertação que a oferta de educação profissional pública, de nível médio, deve-se configurar não apenas como formação técnica para o mundo do trabalho, mas ir além, de modo a garantir a formação de qualidade pautada na concepção de politecnia, superando a estrutura histórica dual do ensino profissional no país. A partir de preocupações elucidadas pela prática sociológica enquanto docente do IFPR, inquietou-nos ao vislumbrar também, na contramão desse contexto de desigualdades socioeducacionais, as experiências dessa proposta de formação profissional, que embora não desenvolva a formação politécnica no campus de Telêmaco Borba, está conseguindo traçar interfaces mais avançadas entre a formação para o mundo do trabalho, a formação para a vida social e para a continuidade dos estudos nesse Instituto Federal.
A recontrução de Estados e a responsibility to protect: uma análise dos relatórios sobre a responsabilidade de proteger
Diogo Pablos Florian, Cléber da Silva Lopes
Data da defesa: 23/02/2017
Este estudo tem como objetivo analisar qual o espaço/lugar do debate da dimensão da responsibility to rebuild no interior dos relatórios da chamada Responsibility to Protect de 2001. Tal documento apresenta uma nova abordagem normativa sobre a questão dos processos de intervenção humanitária. Em detrimento das intervenções catastróficas ocorridas na década de 1990, a Responsibility to Protect surge como uma alternativa às dificuldades encontradas pela comunidade internacional em responder de forma efetiva a situações de conflito armado. Através das responsabilidades - a saber: prevenção, reação e reconstrução -, o relatório busca delinear princípios, capacidades e limites para a prática intervencionista. Levando isso em consideração, o objetivo desta pesquisa é analisar uma de suas dimensões, a responsibiity to rebuild. Sendo assim, este trabalho procurará contribuir para a literatura, por meio de uma investigação documental, buscando compreender qual é o espaço dado ao tema da reconstrução de Estados no conjunto dos relatórios sobre a Responsibility to Protect. O ponto de partida desta pesquisa é a indicação feita por alguns trabalhos (Evans, 2008; Weiss, 2013; Bozzeti & Borges, 2014; Bellamy, 2015) no qual afirmam que o texto final da Responsibility to Protect, institucionalizada em 2005, diverge do texto original, produzido em 2001. Nesse sentido, será analisado os documentos que fazem parte do processo de institucionalização da norma: o relatório denominado The Responsibility to Protect (2001), o relatório High-level Panel on Threats, Challenges e Change: a more security world: our shared responsibility (2004), o relatório In Larger Freedom: towards development, security and human rights for all (2005), o World Summit Outcome Document (2005) e Implementing the Responsibility to Protect (2009). Por meio de uma análise documental, esta pesquisa buscará compreender em que medida a reconstrução de Estados é abordada pelos documentos citados e qual o seu grau de importância. Esperamos, com isso, evidenciar a relevância que a reconstrução de Estados ocupa no que diz respeito às práticas de intervenção, principalmente no que diz respeito à Responsibility to Protect.