Teses e Dissertações
Os desafios na realização do curso de formação em educação ambiental crítica para a rede municipal da educação de Jataizinho – PR
Clarissa Gaspar Massi, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 31/03/2022
O presente estudo abordou o cenário histórico e contraditório da problemática ambiental e da Educação Ambiental - EA, articulando-o às concepções que fundamentam o processo educativo. Ao avaliar o cenário histórico e a construção das políticas públicas da EA, este foi sofrendo transformações no decorrer dos anos em razão das influências neoliberais, verificando-se um silenciamento ou ocultamento da EA nos últimos anos. Demonstrou-se que as políticas públicas, como por exemplo a Base Nacional Comum Curricular - BNCC, e as determinações internacionais para delineamento de políticas públicas brasileiras, induzindo a uma percepção ideológica à educação escolar, à formação e a atuação docente e à EA, sem considerar pela emancipação humana. Em seguida, foi discutido sobre os desafios da realidade da EA nas escolas, ultrapassando pelas fontes de informação que os professores buscam para desenvolver o processo educativo ambiental, as fragilidades das políticas públicas de cunho neoliberal, as pressões do setor privado na educação pública e a formação continuada proporcionada aos professores atuantes. A peculiaridade em empregar a EA Crítica no presente trabalho é fundamentada no Materialismo Histórico-Dialético, como um instrumento para a práxis pedagógica baseando-se no entendimento de que ela pode oferecer contribuições para que as professoras envolvidas no processo pudessem evidenciar a integração envolvendo a sociedade e natureza. Deste modo, o objetivo geral foi de desenvolver um curso de formação utilizando a abordagem crítica de educação ambiental junto as professoras nas escolas municipais de Jataizinho-PR. A tese que se defende neste estudo foi que o curso de formação de professoras em EA se paute na perspectiva crítica como fundamentação para compreender o enfrentamento de elementos concretos que constituem o processo formativo como está inserido na realidade atual. Indica-se a importância da participação da Diretoria do Meio Ambiente, Diretoria da Educação e do Ministério Público, para que os projetos de EA sejam efetivos, e que podem ser realizados de maneira permanente, interdisciplinar e inclusive fora das salas de aula. Além de considerar o real papel do trabalho docente, qual seja, o compromisso com a formação e a emancipação humana. Deste modo, torna-se possível ter avanços na formação e ação docente no que concerne à práxis revolucionária da Educação Ambiental Crítica.
Analise de perigo e mapeamento de risco a saúde humana considerando unidades de bacia hidrográfica urbana
Thiago Tolentino Sanches, Adriana Castreghini de Freitas Pereira
Data da defesa: 25/03/2022
O ordenamento territorial e o consequente controle do uso e ocupação do solo (zoneamento) são atribuições do município, conforme estabelecido pelo Estatuto da Cidade (Lei Federal Nº 10.257/2001). No âmbito municipal, em Londrina o zoneamento é regulamentado pela Lei Municipal Nº 12.236/2015, segundo à qual, foram delimitadas zonas industriais em meio ao espaço urbano consolidado, rodeados por zoneamentos residenciais, de interesse social, e outros. Em meio a isto, os zoneamentos industriais podem representar situação de perigo em função de seu potencial poluidor associado a geração de resíduos ou efluentes perigosos, bem como, à emissão atmosférica de substâncias. Em função da existência das situações de perigo mencionadas, a população local pode estar exposta a situações de risco a sua saúde. A metodologia aplicada teve como inspiração a Análise Empírica de Fragilidade Ambiental de Jurandyr Ross, entretanto, adaptada para atender aos objetivos específicos da presente pesquisa, que consistiam em avaliar existência de situações risco a saúde humana em função da presença de zonas industriais, associados ao uso do solo e da água na bacia hidrográfica do Ribeirão Lindóia. Utilizou-se de software de geoprocessamento para cruzamento e sobreposição de dados, com extração de imagens e de dados quali-quantitativos, de modo a delimitar as zonas de perigo (zoneamentos industriais) e/ou em seu entorno, identificando-se a partir disto, os cenários de risco em função do uso do solo e da água, por meio da exposição da população local, aos perigos identificados. Considerando-se o uso praticado do solo ou da água, cenários avaliados nesta pesquisa, identificou-se que em função do elevado adensamento urbano na bacia hidrográfica do Ribeirão Lindóia, com diversos usos da água subterrânea e superficial, bem como, predomínio visual de áreas construídas (consequentemente ocupadas por atividades humanas), que as situações de risco a partir das zonas industriais são reais. Complementarmente, avaliando as zonas de risco em relação ao zoneamento urbano, pôde-se observar também a existência de zonas residenciais e zonas de interesse social, geralmente ocupadas por domicílios, próximas a áreas de risco muito alto. Desta forma, torna-se fundamental a ação do poder público e da sociedade civil na elaboração e implementação de políticas públicas e nas discussões a respeito de planejamento urbano, sempre buscando o desenvolvimento urbano sustentável, compatibilizando a segurança e as demandas da população às necessidades e objetivos do município.
Atualização e reestruturação do Atlas Digital da Região Metropolitana de Londrina
Ramon Guerini Cândido, Adriana Castreghini de Freitas Pereira
Data da defesa: 03/02/2022
O Atlas Digital da Região Metropolitana de Londrina é resultado do encadeamento de pesquisas realizadas por pesquisadores do Laboratório Imagens, Paisagens e Personagens (IMAP&P) e publicado on-line pela primeira vez em 2011. Tinha como objetivo integrar os resultados de estudos desenvolvidos a partir de diversos métodos e técnicas sobre a Região Metropolitana de Londrina numa estrutura de atlas digital interativo. Com o avanço das geotecnologias e o surgimento de plataformas WebGIS de arquitetura em nuvem, novas possibilidades despontam quanto ao desenvolvimento de atlas digitais analíticos, visto que os projetos de alto custo até então necessários para o desenvolvimento deste tipo de atlas, é atualmente viabilizado por plataformas configuráveis e de uso gratuito. Propõe-se então nesta pesquisa como objetivo geral, avançar à categoria de atlas digital analítico, e com isso, democratizar o acesso à geoinformação e aos Sistemas de Informações Geográficas, antes restritos a um seleto grupo de profissionais. Como objetivos específicos, foi estabelecido realizar revisão historiográfica dos processos de formação espacial do Norte do Paraná por meio de análise de Cartografia Histórica; estabelecer fundamentos teórico-metodológicos objetivos para compor um projeto de atlas contínuo e; desenvolver a estrutura inicial do novo atlas composto por camadas hospedadas, aplicativos WebGIS, painéis dinâmicos (dashboards) e website. Os resultados foram descritos em dois artigos: o primeiro, estabelecendo um fio condutor historiográfico crítico, articulando obras de Cartografia Histórica e análise de rugosidades como resultado da materialização contemporânea do discurso dominante de construção espacial estabelecido desde o processo de (re)colonização do Norte do Paraná na década de 1930; e o segundo, descrevendo os fundamentos teórico-metodológicos, procedimentos, técnicas, produtos e avaliação de usabilidade desenvolvidos. Articulando Cartografia Crítica, Geografia Neopositivista, Visualização Cartográfica e Sistemas de Informações Geográficas num projeto estruturante, o Atlas Digital da RML atinge resultados satisfatórios de facilidade no uso e capacidade de fornecer respostas espaciais. Como produto final, o website disponível no endereço eletrônico www.atlasrml.com.br agrega todos os subprodutos desenvolvidos, facilitando o acesso aos diversos setores da sociedade interessados em dados multitemáticos na escala metropolitana.
Sistemas De Insegurança Jurídico-Territoriais e a Produção Irregular do Espaço
Eduardo Valero Molina, Edilson Luis de Oliveira Oliveira
Data da defesa: 08/12/2021
O tema central dessa dissertação perpassa os sistemas e insegurança jurídicoterritoriais. A regularização fundiária urbana tem ganhado destaque em razão da promulgação da Lei Federal 13.465/2017 (REURB) e de sua regulamentação nos municípios. A relação entre posse e solo efetiva-se pelo que se entende por propriedade, que qualitativamente representa a condição legal de posse de uma determinada área. Esta relação é permeada por um elemento central: o Estado, ao qual é conferido o poder da legalização. Na conjuntura política atual, a questão fundiária urbana e a produção irregular do espaço urbano comprometem diretamente a ação do poder público e, principalmente, a população socialmente mais vulnerável. Não obstante, a irregularidade é uma condição que afeta tanto as classes mais vulneráveis, que sofrem com a falta de dignidade e moradia, quanto atores da classe média e alta que tem interesses imobiliários e econômicos na regularização fundiária urbana. Portanto, trata-se de uma questão transversal na sociedade, que gera múltiplos interesses. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa envolveu revisões bibliográficas, análise do percurso histórico da questão fundiária urbana e legislações correlatas, estudos de caso, mapeamento dos aspectos legais pertinentes; mapeamento dos arranjos irregulares e trabalhos de campo nos municípios pesquisados. Nas conclusões do trabalho, além das considerações acerca das noções teóricas apresentadas, buscou-se realizar um resumo comparativo do estudo de caso a fim de ilustrar as principais particularidades socioespaciais observadas, levando em consideração questões socioambientais (uso e ocupação do solo), socioeconômicas (atores, demanda se vulnerabilidades) e institucionais (normas, conflitos e capacidade administrativaorganizacional). Conclui-se que os Sistemas de Insegurança Jurídico-Territoriais são obstáculos “concretos” ao planejamento urbano, resultantes da relação conflituosa e desordenada entre atores, institucionalidades e territorialidades.
O dilema da autonomia na era da virtualidade: um olhar do ensino de geografia à desinformação digital
Matheus Henrique Balieiro, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 29/11/2021
A presente pesquisa, realizada na área de ensino em geografia, versa sobre como o raciocínio geográfico pode contribuir no desenvolvimento da autonomia de pensamento discente, característica essencial em um cenário de hiper exposição informacional e pós-verdade, ambos frutos da era digital. Considerando se tratar de uma pesquisa em ensino focada mais na discussão e compreensão de conceitos, do que na descrição e explicação dos fenômenos, a abordagem escolhida foi a qualitativa, com uso de revisão bibliográfica. Isso, por conta de que a coleta dos dados utilizados durante o fazer científico se deu com exclusividade na bibliografia utilizada. Pensar uma pedagogia da autonomia plena, envolve o intercâmbio entre diversas disciplinas, onde cada uma pode contribuir à sua maneira para com o desenvolvimento do discente, porém, percebe-se na geografia um potencial ímpar para tal tarefa. Seja pela pedagogicidade indiscutível do Espaço, capaz de dar leituras únicas às relações sociais, seja pelo caráter intrinsecamente geográfico dos fenômenos de globalização responsáveis pela pós-verdade. Dessa forma, desenvolver um raciocínio geográfico faz com que tenhamos uma leitura mais crítica e completa das relações sociais e como nos encaixamos nelas e, consequentemente, no mundo. As características podem fazer com que o aluno ou aluna se enxergue como cidadão do mundo ao contextualizar espacialmente os fenômenos e ao conhecer melhor o Espaço em que vive. Podemos encarar todas essas práticas como essenciais para a construção de um pensamento crítico e autônomo, e por isso, especialmente eficazes para treinar o discente contra os males da desinformação online.
Escola como espaço feliz : entrelaçamentos de experiências geográficas na interação corpo-lugar
Jéssica Bianca dos Santos, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 30/09/2021
A sala de aula é um espaço de simulações de realidades, onde se supervaloriza o trabalho intelectual em detrimento da corporeidade e da experiência corpo-lugar, com carteiras enfileiradas que limitam as múltiplas possibilidades de interação. Na presente pesquisa discuto a experiência escolar, considerando a relação corpo-lugar, levando em conta a problemática da corporeidade que é limitada pela sala de aula como estrutura física rígida que, atrelada ao currículo escolar gradeado, limita os sentidos corpóreos e as diversas interações entre os indivíduos. A sala de aula vista como essencial e única ao ensino é resultado de uma arquitetura física empregada e direcionada a reprodução do capital, o que nesta pesquisa se contrapõe a uma aprendizagem de corpo inteiro levando em conta o ambiente como imanente à experiência geográfica. No intuito de unir a teoria à prática educativa necessária ao ensino de Geografia entre outras ciências, discuto a aprendizagem com todos os sentidos corpóreos (visão, audição, tato, paladar, olfato) em interação com o mundo, na relação Eu-Tu e Eu-Isso, tendo o corpo como mediador de nossa experiência. A metodologia qualitativa foi direcionada a compreensão do fenômeno escolar do ponto de vista fenomenológico, considerando a escola como espaço de convivência, lugar de expressividade corporal e de relação dialogal entre entes, escola como espaço feliz. A compreensão fenomenológica das narrativas de professores e estudantes em relação às vivências em sala de aula e ambientes que extrapolam os seus limites, ocorreu por meio da aplicação de formulários online, alternativa possível em tempos de pandemia. O debate se dá em torno do sentido da escola e da necessidade de se aprender com a corporeidade, levando-se em conta a relação corpo-lugar. Espero com esta pesquisa, avançar nas discussões sobre a corporeidade, ampliando a compreensão sobre a importância da criação de espaços de convivência na sala de aula e para além desta, que não se restringem a aprendizagem única de conteúdos, mas que se volta à aprendizagem para a vida.
Conflitos políticos e físicos no transporte por bicicleta em Londrina / PR
Matheus Oliveira Martins da Silva, Marciel Lohmann
Data da defesa: 24/09/2021
O transporte, em especial o automóvel, é parte essencial para compreensão de como se dá a (re)produção do espaço urbano e suas complexidades no que se refere ao deslocamento das pessoas. O primeiro capítulo da pesquisa apresenta o transporte e a mobilidade na (re)produção do espaço urbano. No mesmo capítulo, a cultura do automóvel é destacada para se compreender seus impactos nos sistemas viários atuais. No segundo capítulo, apresenta-se a inserção da bicicleta enquanto transporte de deslocamento nas cidades e suas legislações aplicáveis ao trânsito por meio de uma revisão normativa. Pautado em Vasconcellos (1985), o estudo compreende que existem dois conflitos inerentes à circulação urbana: o conflito político e o conflito físico. Assim, a pesquisa tem o objetivo de compreender os conflitos políticos e físicos no transporte por bicicleta em Londrina/PR. Os objetivos específicos permeiam em investigar a aplicação das políticas públicas e o uso de bicicleta em Londrina e espacializar os locais com maiores ocorrências de sinistros. Para compreender os conflitos políticos utilizou-se levantamento bibliográfico por meio de legislações, trabalho de campo, cadernos técnicos e informações em sites e jornais. Os conflitos físicos foram espacializados no recorte temporal de 2010 a 2020 a partir do registro de ocorrência de sinistros no banco de dados do SIATE (PARANÁ, 2020) utilizando-se a ferramenta Kernel Density Estimation em software de geoprocessamento e também por meio de trabalho de campo na malha cicloviária. Os resultados apontam que após 14 anos desde o primeiro projeto cicloviário de Londrina, apenas 4,5% das principais vias da cidade contam com infraestrutura cicloviária, onde estas são distribuídas de forma desconexa. Foi possível espacializar 3.221 sinistros envolvendo bicicletas classificadas em regiões de muito baixa à muito alta densidade de ocorrências a partir das variáveis “ano”, “gravidade”, “gênero”, “horário” e “veículo envolvido”. Cerca de 52% dos sinistros ocorreram em cruzamentos e constatou-se que a infraestrutura cicloviária atual apresenta não somente problemas de descontinuidade, mas também interrupção da ciclovia, cruzamentos e acessos não sinalizados e pavimento em mau estado de conservação, o que pode apresentar mais facilidade para a ocorrência de sinistros.
Entre paisagem do medo e casulo protetor : imaginário e experiência geográfica nos bairros União da Vitória e Vista Bela, Londrina-PR
Douglas Vitto, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 04/08/2021
A pesquisa tem como problemática desvelar como o imaginário e a experiência geográfica revelam paisagens do medo e casulos protetores nas paisagens União da Vitoria e Vista Bela, orientado pela Geografia Humanista de Base Fenomenológica. Essa problemática está baseada em quatro considerações: a ideia de paisagem do medo é potencializada pela mídia local devido a forma como aborda os bairros periféricos pobres; existe divergência entre a experiência geográfica nesses dois bairros, que podem se tornar paisagens, e o imaginário geográfico daquelas pessoas que não os experienciam diretamente, não habitam; a existência de casulos protetores nessas paisagens do medo; e que, mesmo nos casulos protetores, a insegurança e o medo podem se manifestar. A metodologia baseou-se na coleta de dados junto ao 2º Comando Regional de Polícia Militar do Paraná para verificar os bairros da cidade de Londrina que mais apresentaram índices de roubo entre 2011 e 2019 e a respectiva espacialização desses dados para identificar os bairros com maiores taxas de roubo no período mencionado; observar a relação entre distribuição da população negra em londrina e homicídios; aplicação de um formulário (via Google Forms) aos habitantes de Londrina que não habitam no União da Vitória e Vista Bela para registrarem o que imaginam sobre violência e preconceito geográfico nesses dois bairros; investigação de como o Jardim União da Vitória e Vista Bela foram abordados pelos portais eletrônicos Bonde, 24 horas, Tarobá News, CGN e CBN Londrina, no período de 2018 a 2020; baseado na metodologia não probabilista por bola de neve, e, devido a pandemia de Covid 19, conversamos via chamada de vídeo pelo WhatsApp com as pessoas que habitam, constituem e são constituídas pelo União da Vitória e Vista Bela. Os resultados revelaram que há o preconceito contra a origem geográfica e de lugar, baseado na violência, pobreza, localização periférica e por ser habitado pela maioria negra. A sensação de segurança e insegurança, a ideia de paisagem do medo e casulo protetor no cotidiano dos habitantes não se excluem, mas coexistem e variam de intensidade entre a experiência particular de cada um. Em conclusão, a pesquisa revelou que o União da Vitória e Vista Bela possuem um modo de ser e estar próprio, constituído em boa parte por negros, invisibilizados na história oficial de Londrina.
Modelagem e distribuições espacial e temporal de processos erosivos em solos formados de arenito e basalto no Paraná – BR
Hermiliano Felipe Decco, Pedro Rodolfo Siqueira Vendrame
Data da defesa: 02/07/2021
Processos erosivos são eventos naturais, porém podem ser acelerados pelo uso incorreto do solo na produção agrícola. Nessa perspectiva, a utilização de modelos preditivos e georreferenciados para quantificar e classificar a suscetibilidade erosiva vem se tornando uma importante ferramenta na compreensão dos processos e, consequentemente, no planejamento do uso adequado dos solos. A região norte paranaense é caracterizada pela grande predisposição ao cultivo de lavouras temporárias, destacando-se o município de Bela Vista do Paraíso que apresenta como substratos geológicos predominantes rochas eruptivas basálticas, pertencentes à Formação Serra Geral (JKsg) e rochas areníticas da Formação Adamantina (Ka), sendo estas a gênese de material para os solos encontrados no município. Desta forma a presente tese demonstra em três estudos, onde a erosividade dos solos de diferentes litologias é avaliada, a utilização do NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) mensal e posterior conversão para o fator Cr e a utilização do modelo preditivo da Equação Universal de Perda de Solos Revisada (RUSLE – Revised Universal Soil Loss Equation), em análises mensais, para a estimativa de perda e degradação dos solos na área de estudo. No primeiro estudo estimou-se o fator de erodibilidade dos solos (fator K) a partir da metodologia de Boyoucos (1935), identificando que solos formados em rochas areníticas se encontram em classes alta a muito alta de erodibilidade, enquanto os formados em rochas basálticas têm valores menores devido ao incremento substancial de argila nos horizontes superficiais. Também se constatou que a metodologia poderia apresentar uma subestimação dos valores, acarretando uma análise inconsistente das classes de erodibilidade. No segundo estudo objetivou-se estabelecer as classes de uso e manejo dos solos e práticas conservacionistas de caráter mensal, utilizando-se o cálculo NDVI, proposto por Rouse et al. (1973), com imagens do satélite Sentinel-2. Posteriormente, houve uma conversão para o fator Cr, proposto por Durigon et al. (2014), para que não apresentassem valores negativos e apontassem valores mais próximos da realidade da cobertura vegetal da região dos trópicos. Foram identificadas três fases distintas quanto aos seus usos: sendo uma fase de pousio, em que o solo se encontra com baixo índice de cobertura vegetal ou até mesmo nula; uma fase intermediária, com propriedades já em cultivo e outras ainda em pousio; e uma fase de cultivo intensivo das lavouras temporárias, demonstrando, assim, que a técnica responde positivamente para a análise do calendário agrícola. Como última etapa da presente tese, para consecução da RUSLE mensal para o município, empregou-se o plugin GISus-M, no software ArcGIS. Nesta etapa, o fator Cr foi utilizado para ponderar os fatores C e P, contribuindo assim para a compreensão do modelo com as três fases distintas de usos, além de indicar a associação do fator LS com a erodibilidade dos solos. Sendo que no mês de janeiro de 2018 apresentou a maior perda de solos com 194,201 ton/ha/mês, porém em uma área de somente 0,022 km² e o menor valor de perda ocorreu no mês de agosto de 2018 com o valor de 36,081 ton/ha/mês. Com isso, o trabalho demonstrou-se relevante para a compreensão da dinâmica das lavouras temporárias para a modelagem preditiva da RUSLE, além de que a utilização do NDVI auxiliou no mapeamento de forma ágil com respostas precisas em um período mais curto de análise.
Produção do espaço urbano e a verticalização em Londrina
Mateus Galvão Cavatorta, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 30/06/2021
A verticalização na cidade de Londrina, localizada no Norte do estado do Paraná, foi principiada nas décadas de 1950 e 1960. Em 2000 já havia 1.738 edifícios em Londrina com quantidade de pavimentos igual ou superior a quatro. A concentração desses edifícios até o início dos anos 2000 ocorreu principalmente na porção central da cidade, passando a partir de então a ocorrer na porção sudoeste da cidade, na área conhecida como Gleba Palhano. De 2000 e 2013 foram construídos 474 edifícios, sendo 112 acima de 15 pavimentos. A partir dos anos de 2013 e 2014, os edifícios passaram a ser construídos em outras porções da cidade e ao mesmo tempo diminuiu a quantidade na Gleba Palhano. Objetivou-se com essa pesquisa investigar e analisar as áreas urbanas de Londrina que foram incorporadas a verticalização bem como os principais fatores indutores e inibidores desse processo a partir de 2014. Foram utilizados procedimentos secundários e primários para os levantamentos de dados. Verificou-se no decorrer da pesquisa que novas áreas na zona Leste, na porção Sudoeste e Sul foram incorporadas no processo de verticalização em Londrina desde 2014, a partir de diferentes fatores indutores e inibidores. Conclui-se que os principais fatores inibidores e/ou indutores do processo de verticalização em Londrina no recorte temporal delimitado para essa pesquisa foram as amenidades urbanas, a recessão econômica (2014-2017), a legislação municipal e a atuação do Estado (executivo e legislativo local).