Teses e Dissertações
Circuitos espaciais de produção da tilapicultura paranaense: contextos regionais
Maico Eduardo Dias Dias, Edilson Luis de Oliveira
Data da defesa: 04/02/2020
Nas últimas décadas, o mundo passou por uma crescente demanda por carne de peixe, e isso é resultado principalmente do crescimento populacional e da procura por alimentos mais saudáveis. Tendo em vista que a pesca de captura apresenta uma produção estabilizada desde a década de 1990, a piscicultura apresenta uma forma viável de expandir a oferta dessa proteína animal para a população mundial. Diante desse cenário, o Brasil desenvolve o aproveitamento de seus recursos hídricos na produção intensiva de peixes em cativeiro, em especial a tilápia (Oreochromis niloticus). O objetivo central desta dissertação é analisar a tilapicultura do estado do Paraná, evidenciando as particularidades das etapas produtivas de seus contextos regionais norte e oeste, à luz dos conceitos de circuito espacial de produção (produção-distribuição-troca-consumo) e de círculos de cooperação. A metodologia utilizada tem como pano de fundo o materialismo histórico dialético. Trabalhamos com o estudo de caso múltiplo, tendo como amostras o município de Toledo, representando o contexto regional oeste, e o município de Alvorada do Sul, enfatizando características do contexto regional norte do estado. No contexto regional oeste, é predominante a modalidade técnica de tanques escavados, desenvolvida, sobretudo por pequenos produtores rurais, que mantêm intensa relação com o cooperativismo agroindustrial, aliada ao modelo de integração e à alta densidade técnica nas etapas de produção de alevinos e de engorda, ambas exercidas com mão de obra qualificada. Há, ainda, alta concentração de frigoríficos de peixes, de indústrias de equipamentos e de insumos direcionados à produção de tilápias. Já no contexto regional norte, predomina a modalidade de tanques-redes, instalados nas águas da represa Capivara no município de Alvorada do Sul. Nesse caso, em sua maioria, os produtores são proprietários de chácaras de lazer às margens da represa, as quais possibilitam o fácil acesso à água. Esse contexto apresenta menores densidades técnicas, e suas etapas produtivas são espacialmente mais dispersas. Concluímos, portanto, que os diferentes níveis de organização do circuito espacial de produção e dos círculos de cooperação nos contextos regionais analisados geram diferentes fluxos, possibilitam diferentes fixos e apoiam-se em distintas densidades técnicas. Evidencia-se, assim, a participação da configuração territorial na estruturação dos circuitos espaciais de produção da tilapicultura paranaense, mostrando que as características dos lugares levam a resultados diferentes, apesar de produzirem a mesma mercadoria.
Do espaço ao lugar: a educação ambiental e os agrotóxicos no ensino fundamental do Colégio Estadual do Patrimônio Regina em Londrina-PR
Denilson Manfrin Goes, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 27/01/2020
A presente pesquisa de cunho qualitativa norteada para o processo de aprendizagem no Ensino Fundamental II, contemplou como recorte espacial o Patrimônio Regina, localizado no Distrito do Espírito Santo, zona rural, no município de Londrina (PR) e como objeto de estudo, enquanto lugar, o Colégio Estadual do Patrimônio Regina e a percepção dos estudantes do 9º Ano, no período de 2018 e 2019, quanto à Educação do Campo e Educação Ambiental. Por meio de um estudo de caso, a pesquisa de nível exploratória, pautada na pesquisa-ação, buscou como objetivo geral, sensibilizar os estudantes de escola do campo, para uma consciência crítica acerca dos riscos eminentes de exposição da população e biodiversidade aos agrotóxicos, na atualidade. Como estratégia e conteúdo para realização das intervenções pedagógicas, adotou-se a temática do uso de agrotóxicos na produção de alimentos e os problemas socioambientais decorrentes. A sistematização dos resultados, deuse na forma de confecção de vídeos do gênero documentário, produzido pelos próprios estudantes, ressaltando que, aos mesmos, foram assegurados a autonomia, a total liberdade de expressão, ou seja, produção de materiais posicionando-se a favor ou contra o tema, de acordo com suas próprias convicções, como forma de dar voz ativa aos pesquisados. A propensão pelo Patrimônio Regina, deu-se em razão de localizar-se no espaço de produção agropecuária, emprego da agrícola intensiva, ou seja, sem rotação de culturas ou da terra, uso dos meios de produção de tecnologia moderna, voltada principalmente ao cultivo de monocultura em grandes áreas (predomínio de soja e milho), utilização de produtos químicos (adubos, fertilizantes e agrotóxicos) e máquinas pesadas do plantio à colheita, visando o aumento da produtividade. A escolha do grupo de pesquisados respalda-se sob a ótica de que, nesse período da vida, os estudantes encontram-se a caminho da fase adulta, sendo, portanto, de fundamental importância, uma Educação Ambiental transformadora na formação de indivíduos responsáveis, argumentativos, voltados para o exercício da cidadania. Os resultados finais, sistematizados por meio dos vídeos produzidos pelos estudantes, indicaram que os objetivos foram atingidos. A percepção do grupo pesquisado modificou-se após realização das intervenções pedagógicas, ação essa em conjunto com a escola que possui, entre outras, a finalidade de proporcionar o aprimoramento do educando como pessoa de perfil humanista, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico.
A escola como lugar e o ensino de geografia para os imigrantes bolivianos em São Paulo
Cristiano Manoel Alves, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 19/12/2019
Esta pesquisa tem como objetivo discutir concepções acerca da construção do lugar no ensino de Geografia para os imigrantes bolivianos, instalados no bairro do Brás, município de São Paulo, SP. Esse bairro paulistano representa um polo para os bolivianos que são atraídos pela oportunidade de trabalho e renda nas indústrias de tecido e nas lojas do ramo varejista como forma de garantir o sustento de suas famílias. Com a chegada desses imigrantes ocorre uma reconfiguração do bairro dando-lhe novas características. As escolas localizadas na região são afetadas por essa dinâmica, tendo que reorganizar as suas atividades cotidianas em função desta nova realidade, a exemplo da Escola Eduardo Prado, objeto desta investigação, onde mais da metade dos estudantes são imigrantes bolivianos ou seus descendentes diretos. A metodologia de pesquisa, fundamentada na fenomenologia geográfica, é do tipo qualitativa, contou com a investigação empírica e documental partindo de observações e entrevistas não dirigidas, semiestruturadas dando ao entrevistado a oportunidade de relatar as suas experiências e vivências. Os resultados mostram as principais dificuldades enfrentadas pelos bolivianos e apontam para a necessidade de reflexão sobre o papel da escola pública como mediadora no processo de adaptação desses estudantes no lugar. Conclui-se que a Geografia como ciência dos lugares, juntamente com as demais disciplinas curriculares, pode contribuir para que a escola seja significativa ajudando os estudantes a reconstruírem o seu lugar no mundo.
(Re)construção identitária da Comunidade Quilombola de Guajuvira de Curiúva – PR a partir do processo de certificação quilombola em 2005
Andressa Rodrigues Sensato Oliveira, Nilson Cesar Fraga
Data da defesa: 08/04/2019
A (re)construção identitária de vários grupos sociais, necessita de um suporte concreto ou imaginário, isto é, o território. Deste modo, a manutenção de formas culturais materiais e simbólicas, por esses grupos, nesses espaços, tem como intuito expressar sua cultura, e por conseguinte, dar visibilidade a esta identidade em função das suas especificidades. Tendo em vista essa relação território/identidade e cultura, bem como também outras esferas da vida em sociedade, como os vieses econômico e político. O presente trabalho tem por objetivo analisar a identidade territorial da Comunidade Quilombola de Guajuvira localizada no município de Curiúva - PR, a partir de sua certificação como remanescente quilombola no ano de 2005 pela Fundação Cultural Palmares - FCP. Para realização da pesquisa, foi adotado o Método Dedutivo, que parte de estudos e concepções gerais, para compreensão de um fenômeno particular, de modo que como procedimentos metodológicos foram realizadas leituras de obras de teóricos, que discutem a questão quilombola, identidade e território, da legislação brasileira que versa sobre a temática e trabalhos de campo e entrevistas. Alicerçado ainda, na perspectiva teórica - metodológica do Materialismo Histórico e Dialético, que pauta-se na ideia que os fenômenos e objetos se conectam e que tudo tudo é passível de transformação, fundamentando assim, a noção de que para se compreender a dinâmica identitária e territorial especifica da comunidade de Guajuvira, é preciso discutir sua interação socioespacial a nível municipal e estadual. Sendo assim, percebeu-se que, este reconhecimento como quilombola, refletiu em vários impactos a Comunidade, especialmente no que se refere aos conflitos enfrentados pela mesma com seu entorno, especialmente os latifundiários vizinhos do grupo interessados no território ancestral, os embates intracomunidade entre os que eram a favor do processo e os contrários e também fruto da ação do poder público municipal em desarticular a iniciativa. De modo que, apresentou-se a configuração de um processo identitário complexo. Inicialmente de afirmação identitária, no período de reconhecimento pela FCP, pela possibilidade de acesso aos programas governamentais e ao território tradicional via regularização fundiária. Porém, 14 anos depois desse reconhecimento, em virtude dos problemas enfrentados pelo grupo, apresenta-se uma configuração de negação da identidade quilombola, mesmo diante da impossibilidade de acesso a totalidade do território ancestral, em função da paralização do processo de titulação fundiária no ano de 2010 e todavia existindo vários marcos socioculturais que atualmente que permeiam a vivência cotidiana da comunidade e que compõe o ser quilombola, a exemplo da forte religiosidade, relações de parentesco, forte ligação territorial, territorialidade específica, entre outros aspectos.
As ocupações estudantis nas escolas públicas paulistas: análise de processos de resistência (2015-2018)
Gabriel da Silva Cunha, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 05/10/2018
O capitalismo passa por um processo de expansão que tem modificado a posição dos territórios no contexto da Divisão Internacional do Trabalho (DIT), gerando uma crise que se espalha por todos os espaços da sociedade. Na educação paulista essa crise se inscreve na precarização dos ambientes escolares mediante cortes de gastos sob o discurso da melhoria da qualidade de ensino e na dinamização da gestão. Tais fatos geram aspectos de polarização ideológica que vão desembocar na prática das ocupações de escola em 2015, oriundas de experiências como a Revolução dos Pinguins, no Chile e das jornadas de 2013, em contrapartida ao apronfudamento da crise que se expressa na política neoliberal de reorganização escolar em São Paulo. O objetivo principal deste trabalho é demonstrar e analisar o alcance dos processos de resistência e também seus limites práticos e ideológicos. Para alcançar tal objetivo o caráter qualitativo e participativo no contexto metodológico é marcante, buscando na leitura de conceitos como Ideologia, Aparelhos Ideológicos de Estado e auto organização as lentes necessárias à interpretação do fenômeno de ocupações. A busca por dados junto ao Sindicato dos Professores, a Secretaria de Educação e o Portal da Transparência bem como a aplicação de questionários e entrevistas junto aos estudantes da Escola Estadual Professora Maria do Carmo Arruda da Silva foram essenciais para o desvendamento das possibilidades e limites do movimento. Como resultados entede-se que as ocupações representam o desenvolvimento de ideologias coletivas que espelham na auto organização horizontal e autônoma, impressa nas assembleias e comissões organizativas trazendo novas maneiras de luta e contestação da classe trabalhadora. Como limites entende-se que a não centralidade organizativa dispersa o movimento nos períodos de refluxo dando espaço para a Repressão do Estado de forma direta e jurídica contra professores e e estudantes, e a continuada às políticas neoliberais e os projetos de reestruturação da escola, bem como o corte de gastos e o enxugamento na gestão. O movimento de ocupações, suas possibilidade e limites trazem uma rica experiência de análise para os próximos levantes da classe trabalhadora frente a expansão capitalista.
Aspectos da saúde coletiva nos municípios adjacentes ao arquipélago Carioca na vertente paranaense do alto rio Paraná e relações com o comportamento hidrogeoquímico
Mariana Cristina da Silva, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 30/10/2013
O presente trabalho objetiva investigar os aspectos da saúde coletiva nos municípios adjacentes ao Arquipélago Carioca na vertente paranaense do Alto Rio Paraná e suas relações com a hidrogeoquímica. Os levantamentos relacionados à Geografia de Saúde, são importantes para verificar a incidência de doenças a níveis regionais e locais e suas relações com o meio ambiente. Os dados coletados a partir do DATASUS são de internações dos municípios lindeiros: Marilena, Porto Rico, Querência do Norte e São Pedro do Paraná pertencentes a 14ª Regional de Saúde do Paraná e prontuários de atendimento do Hospital Municipal de Porto Rico/PR. A relação com estudo hidrogeoquímico tem grande relevância pois o Alto Rio Paraná é uma área que se modificou ao longo de anos por um processo natural e também por estar situado à jusante de usinas hidrelétricas que, através de sua construção, modificaram a dinâmica fluvial e a qualidade da água. Além disto, sabe-se que outros fatores podem ter influenciado toda qualidade hidrogeoquímica como descarga de efluentes sanitários e contaminação por agrotóxicos em locais onde existem áreas de agricultura. A organização para os trabalhos de campo de coletas de água iniciou – se com o georreferenciamento e análise da área de estudo e durante as coletas alguns parâmetros físico - químicos foram analisados como temperatura da água, turbidez, potencial hidrogeniônico, oxigênio dissolvido e sólidos totais dissolvidos através de aparelho específico multiparâmetro para qualidade da água. Após coleta, as amostras foram mantidas em refrigeração, para posterior preparo e análise química. Elementos químicos analisados e a variação de suas concentrações: K (Potássio: 0,57 – 3,47 mg/L), Na (Sódio: 1,44 – 6,45 mg/L), Si (Silício: 0,017 – 6,46 mg/L), Mg (Magnésio: 0,605 – 2,61 mg/L), Ca (Cálcio: 1,54 – 7,53 mg/L), Sr (Estrôncio: 0,01 – 0,05 mg/L), Ni (Níquel: 0,0001 – 0,0025 mg/L), Fe (Ferro: 0,0003 – 0,453 mg/L), Mn (Manganês: 0,0001 – 0,028 mg/L), Cu (Cobre: 0,0002 – 0,019 mg/L), Co (Cobalto: < 0,0002 mg/L), Al (Alumínio: 0,003 – 0,295 mg/L), Ba (Bário: 0,01 – 0,033 mg/L), Cr (Cromo: 0,0001 – 0,005 mg/L), Cd (Cádmio: 0,0003 – 0,0022 mg/L), P (fósforo: 0,0015 – 0,079 mg/L), Pb (Chumbo: 0,0002 – 0,086 mg/L) e Zn (Zinco: 0,001 – 0,050 mg/L). Os dados obtidos a montante do Arquipélago Carioca mostram uma constância temporal e local de concentrações excessivas de Al, Pb, Cd e Fe e fortes indícios de Zn, Mn, Cu e P de ocorrência cíclica Os referidos elementos podem estar relacionados a doenças do grupo Respiratório, Infecciosas e Parasitárias e do Aparelho Genitourinário e devem ser investigados na busca de um padrão temporal e geocientífico.
Turismo de aventura em Tamarana – Paraná : potencialidades e proposições para o desenvolvimento local
Cláudia Serrato Lone, Mirian Vizintim Fernandes Barros
Data da defesa: 20/09/2013
Como integrante do grupo de pesquisa IMAP&P da Universidade Estadual de Londrina que estuda atualmente a Região Metropolitana de Londrina, observou-se que o município de Tamarana (Pr) apresenta índices sociais de desenvolvimento baixo e com potencial para o turismo. Isto levou a fomentar esta pesquisa que tem como objetivo realizar um perfil da atividade do Turismo de Aventura desenvolvida no município de Tamarana no Paraná, bem como diagnosticar as potencialidades e apontar propostas para a incrementação desta atividade tendo como base o Desenvolvimento Local. O turismo é uma prática social no qual transforma o espaço geográfico criando novas relações sociais no destino onde se instala. O desenvolvimento com base local pode ser proporcionado pelo turismo desde que haja um planejamento incluindo a sociedade junto ao poder público e privado na tomada de decisões, programando ações que gerem a inclusão dos menos favorecidos. Consequentemente, pode melhorar a qualidade de vida da população com a geração de empregos e a dinamização da economia. O Turismo de Aventura foi o segmento que mais cresceu nos últimos anos no Brasil, fazendo com que os órgãos responsáveis como o Ministério do Turismo e ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) elaborassem normas e orientações ao público. A necessidade de dados sistematizados tanto para o planejamento como para o turista levou ao uso do Geoprocessamento. Neste trabalho estas tecnologias vieram a contribuir para a pesquisa no qual permitiu elaborar mapas de localização, de atividades de aventura, infraestruturas e físicos. A pesquisa de coleta de dados foi realizada em campo, com entrevistas (perguntas fechadas e abertas) com o poder público, poder privado e população. Foi utilizado o GPS (Sistema Global de Posicionamento) para espacializar a localização de atividades de Turismo de Aventura nas estâncias de Tamarana. As fontes secundárias referem-se aos levantamentos de dados pelas Instituições ITCG (Instituto de Terras, Cartografia e Geociências), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis). Pode-se concluir que o Turismo de Aventura pode vir a ser um indutor do desenvolvimento social em Tamarana desde que siga um planejamento de base local. Porém, notou-se falta de articulação entre as esferas pública, privada e cívica. A confecção de mapas para o turismo tem auxiliado no seu planejamento como proposta de desenvolvimento socioeconômico, além de atuar com a divulgação e a gestão do turismo, melhorando as tomadas de decisões em benefício da população.
Variabilidade pluviométrica e produção agrícola na mesorregião centro ocidental paranaense
Francileidi Piva Borsato, Deise Fabiana Ely
Data da defesa: 20/09/2013
Esta pesquisa tem como objetivo relacionar os elementos do clima com a produtividade, e analisar a variabilidade espacial e temporal da precipitação pluviométrica, sendo este um dos elementos fundamental na atividade agrícola, mesmo aquela que emprega tecnologia de ponta. Períodos de estiagens ou de excesso de chuva em determinadas fases dos cultivares podem refletir na produtividade, porém se a queda for registrada em todos os municípios é porque o fenômeno a ser investigado é na escala regional ou global, tais como a manifestação do El Niño e La Niña, oscilação Sul, causadores de anomalias climáticas. A região Sul está inserida nas regiões de alterações por ocasião da manifestação do fenômeno. O relevo da área também pode influenciar na espacialização das chuvas e causar queda na produtividade. Nesse caso, ela fica restrita a uma área dentro da região. As chuvas e sua distribuição espacial na Mesorregião foram estudadas para a série histórica 1976 a 2011 sendo realizada a comparação desta com a série da produtividade agrícola. Foram analisados dados de 14 postos pluviométricos da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental - SUDERHSA, da Agência Nacional de Águas – ANA, e os dados da estação meteorológica de Campo Mourão do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, dados de produção agrícola da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, e Departamento de Economia Rural (SEAB/DERAL). Foram escolhidos os anos-padrão por meio de metodologia especifica e os dados foram investigados por meio da elaboração de climogramas, histogramas e painéis têmporo-espacial, a fim de verificar a variabilidade das precipitações na área de estudo. As análises mostram que a variabilidade das precipitações na área de estudo tem estreita relação com os episódios dos fenômenos El Niño e La Niña, como por exemplo, o ano de 1983, ano considerado chuvoso para todos os postos pluviométricos e na estação meteorológica e com a ocorrência de El Niño forte. Nas comparações para verificar os reflexos na produtividade do trigo, da soja, do milho e do feijão em relação às precipitações pluviométricas, determinou-se em razão das deficiências hídricas encontradas em meses de novembro a fevereiro ocorreram consequências de perdas nos cultivares de milho e soja, sendo que são os meses em que esses grãos se encontram nas principais fases de desenvolvimento que são o florescimento e enchimento dos grãos.
Vulnerabilidade socioambiental à inundação na área urbana de Irati – PR
Crislaine Mendes, Mirian Vizintim Fernandes Barros
Data da defesa: 26/08/2013
Esta pesquisa objetiva analisar a vulnerabilidade socioambiental ao risco às inundações da área urbana da bacia hidrográfica do rio das Antas, localizada no município de Irati – PR, para compreensão das inter-relações das vulnerabilidades sociais e exposição aos riscos naturais. São discutidos os conceitos e abordagens teóricas e metodológicas de risco, no campo de análise da geografia socioambiental, considerando a bacia hidrográfica como unidade de estudo. A metodologia está pautada na determinação da Fragilidade Ambiental com apoio nas classes de declividade (ROSS, 1994) e no uso de indicadores e índices para a determinação da vulnerabilidade socioambiental. São caracterizados os aspectos físico-naturais e sociais da bacia hidrográfica do Rio das Antas, que contribuem para a ocorrência do perigo de inundações na dita área, bem como a proposição de um Índice de Vulnerabilidade Socioambiental para a área urbana da bacia. Os resultados obtidos com a aplicação do IVSA mostram que os setores de maior vulnerabilidade socioambiental são aqueles com maior densidade demográfica e que apresentam as piores condições sociais e de infraestrutura. Os bairros Stroparo, Fósforo, Jardim Aeroporto, Jardim Virgínia, Lagoa, Rio Bonito, Canesianas e Vila Raquel, com os maiores índices de vulnerabilidade, têm sua capacidade de capacidade de resposta diminuída em casos de desastres, pois suas condições sociais e de infraestrutura são mais baixas. A utilização da proposta do IVSA, somada à análise do Modelo de Fragilidade Potencial Natural, permitiu estabelecer as áreas de maior risco o que poderá direcionar pesquisas e planejamentos futuros para a gestão da área urbana da bacia, bem como aplicar o índice a outras bacias hidrográficas que possuam características semelhantes.
Planejamento ambiental e os conflitos entre gestão de bacias hidrográficas e regiões metropolitanas : o exemplo de Londrina – PR
Samuel Carvalho da Silva, Mirian Vizintim Fernandes Barros
Data da defesa: 23/08/2013
O planejamento regional é uma das formas mais tradicionais do planejamento territorial e nos úlimos anos têm sido importante a inserção da problemática ambiental neste bojo. No planejamento ambiental o recorte espacial das bacias hidrográficas têm sido utilizado de forma constante por diversas instâncias de planejamento. Entretanto, as diferenças entre as divisões políticas e físicas (bacias hidrográficas) e os diversos interesses que envolvem o planejamento regional tornam-se entraves para o desenvolvimento das políticas ambientais no contexto regional. O presente trabalho tem como objetivo expor as relações entre o planejamento regional e planejamento ambiental no recorte espacial da Região Metropolitana de Londrina, com base em seu desenvolvimento e na atuação dos comitês de bacia hidrográfica dos grandes cursos hídricos que estão inseridos nesta área. Objetiva tecer algumas considerações acerca dos avanços e conflitos na gestão em bacias hidrográficas, destacando as bacias hidrográficas do Tibagi, Pirapó e Paranapanema III, das quais os municípios da Região Metropolitana de Londrina estão inseridos. Como resultado pode-se observar que as propostas ambientais para a Região Metropolitana ainda são muito incipientes e mesmo os comitês de bacia hidrografica ainda não têm colaborado muito com o desenvolvimento ambiental desta área. Verificou-se que a problemática ambiental apenas recentemente têm sido tratada no planejamento, e que o planejamento setorial ainda predomina em detrimento ao planejamento participativo. Ficou constatado também que as diferenças entre limites políticos-administrativos e hidrográficos assim como os embates políticos tornam-se muitas vezes empecílios para o desenvolvimento de políticas ambientais mais eficiêntes para este recorte espacial.