As Margem Dos Rios Urbanos: percepção de Riscos nas ocupações irregulares de Londrina, Paraná
Tese de doutorado
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Esta pesquisa está voltada para a compreensão das experiências de riscos, vulnerabilidades e perigos ambientais nas ocupações irregulares nas margens dos rios urbanos de Londrina, Paraná, Brasil. O conceito de habitar é apresentado como inerente à condição humana originária, dada a impossibilidade de conceber o espaço em detrimento da existência. Os conceitos de lugar, geografia de riscos e vulnerabilidades na perspectiva humanista de base fenomenológica e suas interfaces teórico-metodológicas serão a base e fundamento da discussão para se compreender os sentidos que as pessoas atribuem à sua experiência de viver em áreas irregulares. A tese originou-se da necessidade de compreender a lógica das ocupações em áreas não apropriadas para a urbanização, tendo como eixo norteador a relação intrínseca entre homem-natureza. De um lado, temos as preocupações com a ocupação de Áreas de Preservação Ambiental (APPs) que levam a degradação da natureza, de outro, a problemática da exclusão social. Diante disso, a tese se pauta na premissa de uma lógica excludente que tenciona a população para a ocupações irregulares, gerando insegurança jurídica, social, ambiental e econômica, sem a garantia de seus direitos básicos. O recorte espacial para estudo foi a delimitação das ocupações irregulares em fundos de vale em Londrina, cujo estudo buscou promover uma visão integrada da relação da população com as margens dos rios urbanos, o seu lugar de morada. Como metodologia quanti-qualitativa foram realizados trabalhos de campo nessas áreas de ocupação irregular para observação direta e registros fotográficos e em caderneta de campo, entrevistas com moradores, além dos levantamentos de dados estatísticos e histórico-geográficos para a espacialização e mapeamentos do fenômeno estudado. A abordagem humanista é proposta como alternativa para o avanço na compreensão da geografia dos riscos, com foco na população de baixa renda que ocupa as margens dos rios como último refúgio para suprir as suas carências por moradias e demais necessidades básicas. A insuficiência de políticas públicas para o acesso à terra urbanizada é o elemento central que opera para o crescimento das ocupações irregulares, frente a alta demanda habitacional provocada por fluxos migratórios e intensa pobreza. Como resultados desta tese procuramos demonstrar a experiência urbana de habitar em risco de uma camada da população londrinense vulnerabilizada que vive em áreas irregulares de fundos de vale, culminando em um problema social e ambiental. Com isso, esperamos ampliar os estudos sobre a geografia dos riscos de modo a cooperar com discussões em torno da necessidade de implementação de políticas públicas habitacionais integradas as demais políticas públicas voltadas para temas de relevância social e ambiental.