Vivendo com aquilo que está ao seu alcance!: Segregação socioespacial e racial em conjuntos habitacionais na cidade de Rolândia/Pr
Rafael de Souza Maximiano, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 16/03/2023
Essa dissertação tem como problema central a segregação socioespacial e racial que afeta a vida de milhares de pessoas no Brasil e no mundo. Objetivou-se analisar o processo de segregação a partir das políticas de acesso a moradia e da vivência dos moradores dos conjuntos habitacionais localizados em áreas de ZEIS, na cidade de Rolândia – PR. Para a construção da pesquisa foram levantados documentos oficiais, leis, artigos e outras dissertações, com o intuito de embasar toda a produção acerca da segregação socioespacial e racial que viria ser construída no decorrer dos capítulos. Além da discussão teórica, essa pesquisa tem como base as entrevistas qualitativas, realizadas com famílias negras dos conjuntos José Perazolo, Ernesto Franceschini e Tomie Nagatani, todos pertencentes a políticas de habitação e ao Programa Minha Casa Minha Vida, afim de enriquecer o debate da questão racial e poder potencializar a fala das famílias negras que muitas vezes são invisibilizadas. Os resultados dessa pesquisa evidenciaram os problemas enfrentados pela população dos conjuntos habitacionais, sendo eles relacionados ao acesso dos equipamentos urbanos da cidade de Rolândia-PR e na questão do racismo que alvejam parte dos moradores. Conclui-se que essas famílias encontram-se até segregadas e essa segregação, de forma particular, afeta a vida dos moradores em várias escalas. Esses moradores que, mesmo contemplados com a moradia do PMCMV, não tem acesso aos equipamentos urbanos, e vivem com aquilo que está ao seu alcance.
Iniciativas municipais em segurança pública: a busca por espaços seguros no Paraná
Matheus Di Osti Romagnolli, Edilson Luís de Oliveira
Data da defesa: 07/02/2023
O debate sobre o fenômeno da violência no Brasil é complexo e possui diversas facetas. A violência pode se externalizar de diversas formas, seja de forma concreta, simbólica ou psíquica e está além daquilo que é tipificado como crimes pela legislação. Devido a diversidade semântica desse conceito, encontra-se na expressão criminalidade violenta uma forma menos subjetiva e mais consonante ao aparato legal para se utilizar como objeto de discussão. As últimas quatro décadas marcaram a sociedade brasileira pelo crescimento da criminalidade, fato que resultou no aumento vertiginoso dos indicadores criminais como mortes violentas intencionais, roubos e furtos. As ações governamentais, materializadas principalmente nas ações dos estados federados e da união, não se mostraram suficientes para criar espaços seguros, principalmente em um cenário de transformações com a interiorização da criminalidade violência. É a partir dessa lacuna que os municípios, mesmo sem prerrogativa constitucional, articulam iniciativas valendo de sua particularidade territorial, empenhando recursos na segurança pública como possibilidades as ações vigentes, e assim, atuando de forma descentralizada. Essas manifestações políticas locais revelam alternativas ao modelo de organização territorial vigente e podem colaborar para ações pontuais que resultem em um desenvolvimento social justo e em espaços urbanos mais seguros. Os últimos anos revelaram um aumento dos esforços municipais em segurança manifestado de diversas maneiras, como a implementação de guardas municipais, conselhos municipais e comunitários de segurança e um consórcio de segurança. Uma das expressões mais latentes desse fenômeno está no aumento das despesas municipais per capitas na segurança pública. Sendo assim, estabeleceu-se como metodologia de pesquisa um estudo de caso onde estratégias empregadas por aglomerações municipais urbanas paranaenses na esfera da segurança pública foram levantadas e índices capazes de mensurar os níveis de segurança, como mortes violentas intencionais, roubos e furtos desses mesmos locais, foram comparados entre os anos de 2012 e 2021 a fim de buscar elucidações sobre a dinâmica criminal a luz das ações municipais. As variações criminais observadas nesses aglomerados urbanos paranaenses mostraram dinâmicas diferentes a depender das características geográficas regionais. Nota-se uma tendência de desconcentração relativa da criminalidade violenta, com o aumento da participação relativa de aglomerações urbanas do interior/litoral e uma queda relativa da participação da região metropolitana da capital nos índices criminais. É inconclusivo momentaneamente apontar alguma correlação direta entre as ações municipais e as variações nas taxas criminais, já que se trata de um objeto multifacetado. Estudos mais pormenorizados desses aglomerados são necessários para o esclarecimento das dinâmicas criminais violentas, podendo assim, revelar outros componentes desse sensível e complexo fenômeno que é a criminalidade e a violência.
Espaços abandonados – Londrina
Raíssa Galvão Bessa, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 01/03/2023
Toda edificação traz consigo uma história. Muitas vezes são destacados os traços arquitetônicos que revelam uma estética e/ou época, mas há mais para além disso: os espaços são memórias de pessoas, famílias, comércio local, comunidades e até mesmo representam políticas públicas, seja da esfera municipal, estadual ou federal. Os espaços abandonados foram cemitérios vivos da história por anos, frequentemente indo ao chão para o moderno acontecer. Diante dessa realidade é que se propõe a presente pesquisa. Ver a cidade e seus espaços abandonados a fim de compreendê-los tendo como objetivo valorizar a memória e a história local. Utilizou-se o método regressivo-progressivo de Henri Lefebvre, no qual foi realizada a coleta dos documentos locais partindo do presente para perceber o passado e assim permitir olhar o futuro numa visão descolonizadora do município. Culminando no método Brecht de Fredric Jameson, que visa entrelaçar a arte e a ciência de forma crítica, política e de pesquisa-ação. Além dos métodos citados, usou-se o referencial teórico de autores como: Jan Gehl e Jane Jacobs que defendem um urbano humanista, François Ascher e Henri Lefebvre que abordam o espaço como produção de uma cidade capitalista, e outros que dialogam com o espaço urbano, sua memória e história. Assim adentrou-se em um universo para além da academia, escrevendo um projeto na lei de cultura municipal, aprovando-o, resultando em um curta-metragem, URBEX espaços abandonados Londrina, que foi exibido durante três dias de forma online, alcançando mais de 1.200 visualizações e posteriormente exibido no 24º Festival Kinoarte de Cinema, de modo presencial. Foram realizadas treze entrevistas, sendo três diálogos abertos com pessoas que se destacaram nas temáticas: sonora, cultural e de transformação de um espaço abandonado local; e dez organizadas em dois grupos focais de indivíduos: os que viram ao curta-metragem e os do entorno dos espaços abandonados. Verificou-se que as pessoas que assistiram ao material em audiovisual possuíam uma análise prévia, uma visão crítica e sensível ao assunto, relacionando memórias pessoais com os espaços da cidade; já as do entorno tinham uma abordagem prática e capitalista sobre o abandono urbano. Percebeu-se que o objetivo foi alcançado quando houve um trabalho de sensibilização por meio da arte. Uma das formas dos espaços abandonados significarem para história local é existir pesquisa-ação gerando consciência e possibilitando um movimento popular de resistência da memória coletiva.
As políticas habitacionais e a produção do espaço urbano de Londrina-PR
Isabelle Teixeira Bertini, Ideni Terezinha Antonello
Data da defesa: 23/03/2023
Sob domínio do sistema capitalista, as cidades seguem a lógica de mercado, uma vez que os interesses dos mais variados agentes, como os produtores fundiários e imobiliários, com a anuência do Estado, determinam a produção social do espaço urbano. Nesse contexto, o objetivo central da presente pesquisa é a compreensão de como as políticas públicas habitacionais interferem na produção e crescimento da cidade de Londrina-Pr. Para isso, foi realizada uma análise que correlaciona a construção dos conjuntos habitacionais de interesse social com a expansão do perímetro urbano entre os anos de 1960 e 2022. A investigação desta pesquisa se alicerça na abordagem qualitativa e a partir do paradigma dialético, e foi dividida em cinco capítulos. Inicialmente, foi realizada uma discussão a respeito da produção social do espaço em Henri Lefebvre, arcabouço teórico e metodológico desta pesquisa, que tem como pressuposto a produção do espaço com foco na construção social e histórica, levando em consideração a subjetividade presente na sociedade e a complexidade do espaço percebido, concebido e vivido. Apresentou-se os aspectos metodológicos do método norteador desta pesquisa: o regressivo-progressivo. No segundo capítulo a discussão aconteceu sobre a produção do espaço urbano brasileiro. Foi abordado como o avanço do sistema capitalista e o intenso êxodo rural tiveram como consequência uma urbanização acelerada e desordenada. Por ser objeto de disputas e interesses dos agentes produtores do espaço em busca da maior acumulação de riquezas, o espaço urbano é marcado pela intensa desigualdade e segregação. As cidades brasileiras apresentam diversos problemas estruturais, como é o caso da habitação, principalmente para população de baixo poder aquisitivo. Nesse sentido, o terceiro capítulo foi destinado ao reconhecimento das principais políticas públicas habitacionais e os avanços para solucionar este problema tão importante. Percebe-se um padrão de produção para a população de baixo poder aquisitivo: áreas periféricas, atuando diretamente na produção do espaço urbano. O quarto capítulo teve como foco o reconhecimento da área de estudo desta pesquisa - Londrina-Pr, bem como a evolução da população, do crescimento da área urbana e das legislações referente ao perímetro urbano. Neste capítulo foi realizado a regressão ao passado, a partir da análise por décadas (1960-2022) da construção dos conjuntos habitacionais relacionando-o com o perímetro urbano. Na sequência, com toda a bagagem histórica adquirida, foi possível retornar ao presente apresentando as tendências. Conclui-se que as políticas habitacionais influenciaram diretamente no crescimento da área territorial a cidade com o padrão da construção periférica, atuando diretamente na valorização e especulação imobiliária.
Considerações sobre a bioconstrução no Brasil e sua viabilidade ambiental para a região metropolitana de Londrina – Paraná
Rodrigo Lourenço Aristides, Maurício Moreira dos Santos
Data da defesa: 28/02/2023
O presente trabalho visou oferecer um panorama nacional sobre o conhecimento e abrangência da bioconstrução a partir do estudo bibliográfico sobre o tema e também, através da coleta de dados práticos apontar a viabilidade ambiental e econômica deste modelo de construção não convencional. A pesquisa se justifica pelo déficit habitacional existente no Brasil, pela problemática ambiental com relação aos resíduos sólidos gerados pela construção civil convencional, bem como, como alternativa para políticas públicas de habitação, dado o caráter urbano precário, no que diz respeito a infraestrutura básica e atendimento a padrões mínimos de habitabilidade. Os resultados apontam para o viés de viabilidade ambiental, econômica e social acompanhada de alta demanda por modos alternativos de construção o que por sua vez é agravada pela insuficiência de profissionais e estudiosos sobre o tema indicando a urgente necessidade de estudos sobre a bioconstrução e consequentemente torna-la mais acessível.
As Margem Dos Rios Urbanos: percepção de Riscos nas ocupações irregulares de Londrina, Paraná
Regina Magna Franco, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 18/04/2023
Esta pesquisa está voltada para a compreensão das experiências de riscos, vulnerabilidades e perigos ambientais nas ocupações irregulares nas margens dos rios urbanos de Londrina, Paraná, Brasil. O conceito de habitar é apresentado como inerente à condição humana originária, dada a impossibilidade de conceber o espaço em detrimento da existência. Os conceitos de lugar, geografia de riscos e vulnerabilidades na perspectiva humanista de base fenomenológica e suas interfaces teórico-metodológicas serão a base e fundamento da discussão para se compreender os sentidos que as pessoas atribuem à sua experiência de viver em áreas irregulares. A tese originou-se da necessidade de compreender a lógica das ocupações em áreas não apropriadas para a urbanização, tendo como eixo norteador a relação intrínseca entre homem-natureza. De um lado, temos as preocupações com a ocupação de Áreas de Preservação Ambiental (APPs) que levam a degradação da natureza, de outro, a problemática da exclusão social. Diante disso, a tese se pauta na premissa de uma lógica excludente que tenciona a população para a ocupações irregulares, gerando insegurança jurídica, social, ambiental e econômica, sem a garantia de seus direitos básicos. O recorte espacial para estudo foi a delimitação das ocupações irregulares em fundos de vale em Londrina, cujo estudo buscou promover uma visão integrada da relação da população com as margens dos rios urbanos, o seu lugar de morada. Como metodologia quanti-qualitativa foram realizados trabalhos de campo nessas áreas de ocupação irregular para observação direta e registros fotográficos e em caderneta de campo, entrevistas com moradores, além dos levantamentos de dados estatísticos e histórico-geográficos para a espacialização e mapeamentos do fenômeno estudado. A abordagem humanista é proposta como alternativa para o avanço na compreensão da geografia dos riscos, com foco na população de baixa renda que ocupa as margens dos rios como último refúgio para suprir as suas carências por moradias e demais necessidades básicas. A insuficiência de políticas públicas para o acesso à terra urbanizada é o elemento central que opera para o crescimento das ocupações irregulares, frente a alta demanda habitacional provocada por fluxos migratórios e intensa pobreza. Como resultados desta tese procuramos demonstrar a experiência urbana de habitar em risco de uma camada da população londrinense vulnerabilizada que vive em áreas irregulares de fundos de vale, culminando em um problema social e ambiental. Com isso, esperamos ampliar os estudos sobre a geografia dos riscos de modo a cooperar com discussões em torno da necessidade de implementação de políticas públicas habitacionais integradas as demais políticas públicas voltadas para temas de relevância social e ambiental.
A organização do trabalho e os serviços por aplicativo em Londrina/PR entre 2020-2021
Lucas Costa, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 13/07/2022
As inovações tecnológicas ressignificaram a vida, positivamente em alguns aspectos, negativamente em outros. Dentre as inovações, destacamos, os aplicativos, que possibilitaram novas formas de interagir e executar tarefas cotidianas, como alimentação e deslocamento. Os serviços por aplicativos, pautados principalmente no individualismo empregam precariamente trabalhadores, chamados de “parceiros”, configurando um novo padrão de trabalho, a chamada uberização. A presente pesquisa tem como contexto problemático este padrão de trabalho criado nos últimos anos, com objetivo central de investigar e analisar o avanço das formas de precarização do trabalho devido ao processo de uberização imposto aos trabalhadores por aplicativos na cidade de Londrina/PR nos anos de 2020-2021. De abordagem qualitativa e com inspiração no método do materialismo histórico dialético, utilizamos como procedimentos metodológicos levantamentos bibliográficos e documental, bem como levantamentos primários com utilização da técnica “bola de neve” para delinear a amostra do tipo não probabilística. Foram aplicados questionários elaborados no google forms junto aos motoristas de aplicativo e aos usuários que utilizam desses aplicativos. Verificou-se que os/as trabalhadores/as se sentem inseguros e desprotegidos em aspectos legislativos, econômicos e sociais. Conclui-se que a uberização do trabalho é uma nova forma de precarização, mas, sobretudo um aprofundamento da precarização, no qual este modelo de serviço se encontra cada vez em mais evidência, tendo em vista o alto número de desempregados/as no Brasil.
A presença do circuito superior da economia urbana nas cidades pequenas: uma análise das cidades de Centenário do Sul, Jaguapitã e Porecatu-PR
Thiago Henrique de Abreu Sanatana, Sérgio Aparecido Nabarro
Data da defesa: 29/07/2022
As pesquisas relacionadas às cidades pequenas contribuíram muito para a compreensão dos circuitos da economia urbana contemporânea. No entanto, é preciso ainda aprofundar os meandros dos circuitos da economia urbana inseridos na dinâmica da malha urbana brasileira, composta majoritariamente por cidades pequenas. Visando esta investigação, a presente pesquisa se propõe a discutir os dois circuitos da economia urbana, com ênfase no circuito superior, nas cidades pequenas de Centenário do Sul, Jaguapitã e Porecatu, no Estado do Paraná. Com o intuito de compreender a atual realidade da qual as se encontram, é necessária a utilização de registros históricos que remontam as origens destas, além de outras passagens importantes como ciclos econômicos e marcos temporais que foram explorados ao longo do trabalho, na qual, por meio do uso de dados econômicos e a descrição do seu aparato urbano, pode se ter a noção do impacto desses circuitos nas localidades supracitadas, não deixando de lado as considerações acerca das diferenças de conceituação entre cidade local e cidade pequena, que por meio da teoria dos circuitos podem ser melhor compreendidas as suas singularidades.
Produção do espaço urbano e a verticalização em Londrina
Mateus Galvão Cavatorta, Léia Aparecida Veiga
Data da defesa: 30/06/2021
A verticalização na cidade de Londrina, localizada no Norte do estado do Paraná, foi principiada nas décadas de 1950 e 1960. Em 2000 já havia 1.738 edifícios em Londrina com quantidade de pavimentos igual ou superior a quatro. A concentração desses edifícios até o início dos anos 2000 ocorreu principalmente na porção central da cidade, passando a partir de então a ocorrer na porção sudoeste da cidade, na área conhecida como Gleba Palhano. De 2000 e 2013 foram construídos 474 edifícios, sendo 112 acima de 15 pavimentos. A partir dos anos de 2013 e 2014, os edifícios passaram a ser construídos em outras porções da cidade e ao mesmo tempo diminuiu a quantidade na Gleba Palhano. Objetivou-se com essa pesquisa investigar e analisar as áreas urbanas de Londrina que foram incorporadas a verticalização bem como os principais fatores indutores e inibidores desse processo a partir de 2014. Foram utilizados procedimentos secundários e primários para os levantamentos de dados. Verificou-se no decorrer da pesquisa que novas áreas na zona Leste, na porção Sudoeste e Sul foram incorporadas no processo de verticalização em Londrina desde 2014, a partir de diferentes fatores indutores e inibidores. Conclui-se que os principais fatores inibidores e/ou indutores do processo de verticalização em Londrina no recorte temporal delimitado para essa pesquisa foram as amenidades urbanas, a recessão econômica (2014-2017), a legislação municipal e a atuação do Estado (executivo e legislativo local).