Satisfação no trabalho e absenteísmo entre professores da rede estadual de ensino básico de Londrina
Dissertação de mestrado
Visualizar PDFResumo
Devido às reformas educacionais e intensificação do trabalho, professores têm enfrentado inúmeros obstáculos na profissão docente. Assim, muitos experimentam insatisfação no trabalho, com prejuízo à sua saúde física e mental, o que pode contribuir para o absenteísmo. Nesse sentido, este estudo objetivou analisar a relação entre satisfação no trabalho e absenteísmo em professores da educação básica. Trata-se de estudo epidemiológico do tipo transversal, com população de estudo composta por professores das 20 escolas da Rede Estadual de Ensino de Londrina-PR com maior número de docentes. A coleta de dados ocorreu entre agosto de 2012 a junho de 2013, por entrevista e preenchimento de um questionário pelos professores. A satisfação no trabalho foi avaliada por meio da escala Occupational Stress Indicator, utilizando o percentil 25 como ponto de corte para definição de menor satisfação. O absenteísmo foi considerado presente quando o professor referiu ter faltado ao trabalho por problema de saúde nos 12 meses anteriores à entrevista. Foram realizadas análises descritivas e por regressão de Poisson, com cálculo de razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC) de 95%. Participaram deste estudo 899 professores, com idade média de 42 anos e a maior parte composta por mulheres (68,3%). Os componentes com menores níveis de satisfação foram salário (46,9%), volume de trabalho (29,6%) e oportunidades para atingir aspirações e ambições (21,5%). Os componentes da escala de satisfação no trabalho mais bem avaliados foram: conteúdo do trabalho (58,4%) e relacionamentos (58,1%). Metade dos professores (50,4%) referiu absenteísmo por problema de saúde, com duração principalmente entre 1 e 3 dias (37,5%). Os principais motivos de falta ao trabalho foram doenças respiratórias (22,3%), problemas osteomusculares (14,1%) e transtornos mentais (11,0%). Após análise ajustada, o absenteísmo associou-se com a menor satisfação no trabalho (RP=1,21; IC=1,05-1,39), independentemente das variáveis sexo, idade, tempo de profissão, carga horária de trabalho, percepção quanto ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, dor crônica, doença crônica, capacidade física e mental para o trabalho e qualidade do sono. Também se apresentaram associadas ao absenteísmo a idade superior a 40 anos (RP=1,19; IC=1,01-1,39) e presença de doença crônica (RP=1,65; IC=1,27-2,15). Os resultados mostram associação entre absenteísmo e menor satisfação no trabalho no exercício da profissão docente, independentemente de outras variáveis. Desta forma, tornam-se necessárias medidas para melhorar a satisfação no trabalho docente, como a melhoria das condições e redução da carga de trabalho.