Produção do cuidado à gestante: narrativas de uma mulher em período perinatal
Dissertação de mestrado
Visualizar PDFResumo
O ato de cuidar em saúde é formado por um leque de ações, procedimentos, fluxos, rotinas e saberes que se complementam ao mesmo tempo em que se disputam. Embora inerente ao processo de trabalho dos profissionais da saúde o cuidado é de responsabilidade, também, de familiares, de amigos, e do próprio usuário. Sendo a Atenção Básica um terreno fértil para experimentar essa produção do cuidado. O estudo buscou dar luz às narrativas de uma gestante acompanhada no pré-natal numa Unidade Básica de Saúde de um município de grande porte, na região sul do Brasil. A pesquisa ocorreu no período de abril/2018 a dezembro/2019. Dentro da perspectiva cartográfica utilizamos como dispositivo de pesquisa a gestante-guia que nos conduziu em sua trajetória pela busca do cuidado e em suas narrativas foram emergindo cenas do vivido, como: a disputa de projeto de cuidado; a produção de máscaras como dispositivos de enfrentamento das perdas e o cuidado nos interstícios dos protocolos (seringas, receitas, agendas e afins). As narrativas da gestante-guia revelaram sua enorme expectativa de um parto seguro, pois ela confiava na equipe, principalmente, a equipe do alto risco que seria responsável pelo seu parto. Porém, a mesma não se sentia cuidada em nenhuma das complexidades (baixo ou alto risco) apesar de toda a estrutura montada para o cuidado em saúde à gestante. Faz-se necessário, portanto, que as equipes reflitam sobre o seu processo de trabalho, se colocando em análise no intuito de evitar prejuízos para o cuidado em saúde produzido nos encontros entre usuários e trabalhadores de saúde, buscando respeitar a necessidade e singularidade de cada indivíduo. Neste sentido, a construção de projetos terapêuticos e a implantação da estratégia de educação permanente em saúde (EPS) poderiam se configurar como apostas potentes às equipes, independente, da complexidade em que as ações de saúde são desenvolvidas visando à garantia dos direitos das usuárias em período gravídico-puerperal e propiciando o fortalecimento do SUS enquanto sistema de saúde que valoriza e cuida de vida, acreditando que toda a vida vale a pena.