Perfil de utilização de medicamentos por lactantes do município de Londrina: Contribuição ao estudo de utilização de medicamentos

Dissertação de mestrado


Resumo

Descreve-se neste estudo, o perfil da utilização de medicamentos durante a lactação, nos 4 meses subseqüentes ao parto, à partir da coleta de dados de prontuários e entrevistas domiciliárias. Fizeram parte do estudo, 279 lactantes residentes no Município de Londrina - Pr, que tiveram o parto realizado em um dos seis hospitais do Município, com atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), particulares e de convênios privados, e em diferentes níveis de complexidade, no período de junho a agosto de 1.998. Os medicamentos foram identificados e classificados quanto ao risco de utilização durante a lactação, de acordo com a publicação "Amamentação e Medicação Materna - Recomendações sobre Drogas da 8ª Lista Básica de Medicamentos da Organização Mundial da Saúde" (AMM/OMS) e o "Farmacevtiska Specialiteter i Sverige" (FASS), conhecido como Catálogo Sueco de Especialidades Farmacêuticas. Verificou-se que em média, a utilização de medicamentos foi mais freqüente naquelas que tiveram o parto cesárea, do que nas que tiveram parto normal. Os medicamentos mais utilizados no período de internação após o parto até a alta, foram: Diclofenaco (18,3%), Metilergometrina (15,9%), Sulfato ferroso (8,2%), Simeticona (6,1%) e a Dipirona (5,0%). Na alta, os medicamentos mais prescritos foram: Diclofenaco (38,3%), Sulfato ferroso (22,7%), Metilergometrina (11,3%) e a Cefalexina (10,4%). Nas consultas de retorno, os mais prescritos foram os contraceptivos orais: a Noretisterona (38,3%) e a associação de Levonorgestrel e Etinilestradiol (9,7%). Nos 4 meses subseqüentes ao parto, os medicamentos mais utilizados foram: Dipirona (20,3%), Paracetamol (13,5%) e a Noretisterona (3,8%). Do total de medicamentos utilizados, segundo a classificação da AMM/OMS, 20,9% foram considerados compatíveis com a amamentação, 16,4% compatíveis com ressalvas, 7,7% deveriam ser evitados, se possível, 0,8% referidos como sem dados disponíveis e 54,3% não constavam da lista. De acordo com o FASS, 7,8% pertenciam à Classe I, 32,9% Classe II, 10,7% Classe III, 13,4% Classe IV e 35,4% não constavam da lista. Com relação ao número de princípios ativos, em média, 73% dos medicamentos eram monodrogas e 37% associações de 2 a 22 princípios ativos. As associações foram mais freqüentes nos medicamentos utilizados após alta. Entre as monodrogas, 55,3% constavam da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). Em síntese, pode-se dizer que embora sejam conhecidas as contra-indicações, cerca de 10% dos medicamentos utilizados pertenciam à Classe III ou deveriam ter sido evitados, se possível e, o mais preocupante, cerca de 50% não constavam das listas, não existindo ou sendo ainda insuficientes os estudos realizados. Isto evidencia a necessidade de se difundir a informação sobre os riscos da utilização de medicamentos durante a lactação, e a necessidade de realização de estudos farmacocinéticos e de farmacovigilância, principalmente daqueles mais utilizados e para os quais, não existem estudos suficientes.

Palavras-chave

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