Amamentação e Trabalho Feminino: a Contribuição das Leis e das Empresas.
Kátia Mara Kreling Vezozzo, Zuleika Thomson
Data da defesa: 29/06/2000
Leis de proteção à maternidade e ao aleitamento materno existem em todo o mundo, para que mulheres trabalhadoras registradas não tenham que optar entre atender e amamentar o seu filho ou garantir a sobrevivência, através de seu trabalho. Com o objetivo de analisar o cumprimento dessas leis e a contribuição das mesmas para a prática do aleitamento materno, foram entrevistadas 108 empresas da cidade de Londrina, com pelo menos 30 empregadas, e 70 mulheres que retornaram da licença-maternidade no período de 01 de janeiro a 31 de maio de 1999, funcionárias de empresas daquele grupo, que cumpriam o item creche ou convênio com creche ou reembolso-creche.Verificou-se que, dentre os principais benefícios previstos na legislação, a licença-maternidade e a licença-paternidade eram cumpridos adequadamente pela maioria das empresas (97,2% e 85,7% respectivamente). Intervalos para amamentação eram cumpridos, de maneira adequada, por mais de 70% das empresas, tanto em relação à forma - 2 vezes de 30 minutos - (71,3%), quanto em relação à duração - até 6 meses da criança - (77,8%). O benefício creche, ou suas variações, convênio com creche e reembolso-creche, previstas em lei, era cumprido por somente 38,9% das empresas. Em relação ao total de empresas, apenas 3,7% possuía creche, 13,9% possuía convênio com creche e 21,3%, reembolso-creche.Quanto ao conhecimento das leis, a maioria das mulheres (77,1%) citou a licença-maternidade e nenhuma delas se lembrou da licença-paternidade, como um benefício de proteção à maternidade ou ao aleitamento materno. Quase todas (98,6%) sabiam da existência dos intervalos para amamentação, porém somente 25,7% soube citá-los conforme especifica a lei. O direito a creche, convênio ou reembolso foi lembrado por apenas 7,1% das entrevistadas. Colegas de trabalho foram a principal fonte de informação (44,3%) sobre os direitos. Todas as mulheres utilizaram a licença-maternidade, bem como a maioria (85,4%) dos pais que tinham direito à licença-paternidade. Ambos os benefícios contribuíram muito para o aleitamento materno, na opinião de mais de 80% das mulheres. Intervalos para amamentar foram utilizados por cerca de dois terços (67,1%) das entrevistadas e contribuíram pouco ou nada na amamentação de 57,4% delas. Creche e suas variações foram utilizadas por apenas 25,7% do grupo estudado. A creche contribuiu muito para o aleitamento materno, na opinião da maior parte (87,5%) das mulheres que a utilizaram e o reembolso-creche, contribuiu pouco ou nada na amamentação, para a maioria (77,8%) que o recebeu. O convênio contribuiu pouco para a única mulher que o utilizou. A prática do aleitamento materno entre as mulheres trabalhadoras estudadas é bastante difundida . Embora não tenham atingido os índices recomendados pela OMS, 97% iniciou a amamentação e a duração mediana encontrada foi de 90 dias para o aleitamento materno exclusivo e 180 dias para o aleitamento materno. Várias características da população estudada podem ter contribuído para os índices verificados: maior escolaridade da mãe e melhor nível socioeconômico, presença de um companheiro, idade materna acima de 24 anos, tipo de função desenvolvida, menos ligada à área de produção ou vendas e o tempo total de afastamento do trabalho.
Análise do processo de planejamento em saúde implementado pela Secretaria de Saúde do Município de Curitiba entre 1996 e 1999.
Dirceu Krainski Pinto, Luiz Cordoni Júnior
Data da defesa: 18/08/2000
Este estudo consiste em uma análise do processo de planejamento em saúde implementado pela Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba no período 1996-99. Esta análise foi baseada no método qualitativo de obtenção de dados a partir dos documentos produzidos nesse período, da observação participante e das falas dos gestores de saúde dos níveis central, distrital e local. Foram utilizadas, como referencial, as categorias situação e poder/conflito. Evidenciou-se que o planejamento, enquanto ferramenta de intervenção na realidade, constrói uma cultura institucional ainda fortemente hierarquizada, com autonomia relativa para se planejar. Ficou evidente a escassa circulação de informações no sentido lateral entre os distritos e nível local. Além disso, percebeu-se que os atores referenciam o planejamento estratégico como fundamento metodológico para o planejamento em saúde, sem, no entanto, explicitar os elementos essenciais da concepção desse referencial.
LER/DORT em fisioterapeutas da cidade de Londrina
Celita Salmaso Trelha, Paulo Roberto Gutierrez
Data da defesa: 22/02/2002
A Lesão por Esforço Repetitivo (LER) / Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT) está sendo considerada um sério problema de saúde pública e caracterizada como uma epidemia. Com uma prevalência alta e crescente, a LER/DORT tem incapacitado um grande número de trabalhadores de várias categorias e em plena idade produtiva e de experiência profissional. A temática tem sido bastante discutida principalmente em bancários, digitadores e operadores de linha de montagem. O foco desse estudo foi o acometimento da LER/DORT em fisioterapeutas. Profissionais que previnem e tratam seus clientes/pacientes e que também podem ser acometidos pelo mesmo agravo, em decorrência do seu próprio trabalho. Este estudo tem o propósito de determinar a prevalência de LER/DORT em fisioterapeutas da cidade de Londrina, identificar possíveis cargas de trabalho responsáveis pelo aparecimento do agravo e verificar a percepção dos profissionais fisioterapeutas em relação às cargas que suas atividades e condições determinam para o aparecimento dos sintomas. Participaram do estudo 170 fisioterapeutas da cidade de Londrina, que responderam um questionário auto aplicável apresentando questões estruturadas e semi estruturadas abordando os seguintes aspectos: dados pessoais; atividades profissionais; sintomatologia relacionada ao trabalho nos últimos doze meses, e nos últimos sete dias, tratamento realizado e conseqüências da sintomatologia. Dos 170 profissionais estudados 136 (80%) constituíram-se indivíduos do sexo feminino e com uma média de idade de 30,5 anos. Do total de fisioterapeutas pesquisados, 160 (96%) relataram algum sintoma de dor ou desconforto nos últimos doze meses e 128 (75%) nos últimos sete dias. As regiões anatômicas mais acometidas foram coluna cervical (70%), coluna lombar (70%), ombros (45,4%) e coluna dorsal (42,4%). A neurologia foi a área de atuação que apresentou associação significativa (p<0,01) com os sintomas. O profissional fisioterapeuta encontra-se exposto a cargas físicas e emocionais em seu trabalho. O predomínio de população feminina, jovem e a atividade profissional favorecem o aparecimento de sintomas músculo-esqueléticos. Este estudo mostra a necessidade de trabalhos preventivos para os fisioterapeutas que tratam de LER/DORT e que não estão imunes a esse agravo.
A atuação do farmacêutico no Programa Nacional de DST/AIDS
Stela Candioto Melchior, Adriana Mitsue Ivama
Data da defesa: 01/04/2002
Diante da gravidade da epidemia da aids, em 1988 criou-se o programa de combate à aids, visando implantar e implementar estratégias de enfrentamento da doença. Em 1996, como forma de atendimento integral ao paciente, o Brasil passa a fazer a distribuição gratuita dos antiretrovirais no Sistema Único de Saúde (SUS). Uma das características das atividades em aids é o trabalho em equipe multiprofissional. Esta forma de trabalho faz com que cada profissional busque uma reflexão de seu papel enquanto membro e autor da história de vida de uma sociedade. O profissional farmacêutico, inserido na equipe multiprofissional deve usar da especificidade de sua profissão para propiciar, junto aos outros membros da equipe, uma assistência integral ao paciente, não estando centrado apenas na questão curativa, mas sim na promoção da vida. O farmacêutico, lançando um novo olhar em sua missão, visualiza a logística do medicamento como parte do processo de trabalho, sendo o alvo de suas atividades, a melhora da saúde da população, a interação com o paciente e uma maior adesão à terapia. Para analisar a inserção do profissional farmacêutico no programa de aids, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, com seis farmacêuticos de serviços que fazem atendimento a pacientes HIV/aids do estado de São Paulo. Os farmacêuticos foram questionados sobre processo de trabalho, relacionamento em equipe e visão do trabalho por ele desenvolvido. Como resultados e conclusões observa-se que o farmacêutico inserido na equipe multiprofissional, busca uma nova forma de comprometimento com a profissão, no contexto saúde pública, com consciência das limitações a serem transpostas para um salto na qualidade tanto na assistência ao paciente quanto na racionalização dos custos e potencialização dos benefícios no uso de medicamentos no SUS/Brasil.
Perfil Epidemiológico das vítimas de acidentes de trânsito: 1997 a 2000
Yara Gerber Lima Bastos, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 26/04/2002
Os acidentes de trânsito (AT) e os traumas deles resultantes constituem um importante problema social e de saúde pública, podendo ser considerados uma grave epidemia do século XX. O presente trabalho teve como principal objetivo analisar o perfil epidemiológico das vítimas de AT atendidas pelo único serviço de atenção pré-hospitalar de Londrina, o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências (SIATE), de 1997 a 2000, visando contribuir para sua prevenção e controle. Foram estudadas todas as vítimas registradas no banco de dados do SIATE num total de 3568 vítimas em 1997; 3464 vítimas em 1998; 3571 vítimas em 1999 e 3871 vítimas em 2000. A taxa de mortalidade e o coeficiente de letalidade foram calculados com base nos óbitos registrados pelo SIATE (ocorridos antes da internação hospitalar). A mortalidade apresentou-se em declínio, com uma redução de 33,8% no ano 2000 em relação a 1997. O coeficiente de letalidade também apresentou pequena redução passando de 1,7% em 1997 para 1,1% em 2000. Em relação à taxa de ocorrência de vítimas por 100 mil habitantes, observamos pequenas reduções nos anos de 1998 e 1999 seguidas por um aumento em 2000 (de 3,7%, quando comparado a 1997). Mais de 70% das vítimas, em todos os anos de estudo, eram do sexo masculino e tinham de 10 a 39 anos. Os motociclistas foram o principal tipo de vítima, com valores superiores a 40%, seguidos pelos ocupantes de auto/caminhonete, ciclistas e pedestres. A maioria das vítimas acidentou-se no mês de dezembro, nos finais de semana, principalmente no sábado, durante a noite (das 18:00 às 23:59 horas) e na região Centro da cidade, em todos os anos de estudo. Foram também analisados alguns comportamentos de risco para a ocorrência de AT ou para aumento da gravidade das lesões. Observou-se redução estatisticamente significativa (p < 0,05), ao longo dos anos de estudo, para a proporção de ciclistas, motociclistas e condutores de auto/caminhonete com hálito etílico perceptível no momento do acidente; para a proporção de motociclistas não usuários de capacete (de 62,5% em 1997 para 13,9% em 2000); para a proporção de condutores de motocicletas menores de 18 anos; para a proporção de menores de 7 anos transportados em motocicleta; para a proporção de ocupantes de auto/caminhonete não utilizando o cinto de segurança e para a proporção de menores de 10 anos sendo transportados no banco dianteiro de automóvel. Apesar das reduções encontradas nas taxas de mortalidade e letalidade e nos comportamentos de risco para AT e lesões, em alguns tipos de vítimas, estes ainda apresentam uma freqüência elevada, o que evidencia a necessidade da implantação urgente de ações educativas, de fiscalização e punição desses comportamentos para diminuir ainda mais a sua incidência.
Fluorese dentária e teores de flúor na água de Itambacará/PR
Luciana de Miguel Cardoso, Maria Celeste Morita
Data da defesa: 21/05/2002
O flúor já foi consagrado como um agente eficaz na prevenção e terapêutica da cárie dentária; porém, quando ingerido em doses excessivas durante o período de formação dos dentes, pode gerar uma intoxicação crônica: a fluorose dentária. Existem, por todo o mundo, regiões que apresentam fluorose dentária endêmica. Esse fenômeno vem ocorrendo em Itambaracá, norte do estado do Paraná, cujos habitantes ingerem água proveniente de poços com presença natural de flúor. A área apresenta uma anomalia hidrogeoquímica, com altas concentrações de flúor em solo e em água de bacias superficiais. Realizaram-se análises da água de consumo das escolas do município e um monitoramento dos teores de flúor da água de um poço do distrito de São Joaquim do Pontal, o qual apresentou uma considerável flutuação nos valores de flúor (de 1,0 a 2,0 ppm). Foi conduzido um levantamento epidemiológico censitário de fluorose dentária com os escolares da zona urbana e rural do município, utilizando-se o índice de Dean, e examinaram-se 1129 crianças, de 5 a 23 anos de idade. A prevalência de fluorose dentária encontrada foi de 60,9%. No distrito mais acometido, a prevalência chegou a 71,7%, com casos, até mesmo, severos de fluorose dentária. O estudo mostra a necessidade de modificação da fonte ou correção dos níveis de flúor da água de abastecimento público de São Joaquim do Pontal como medida urgente de intervenção, para que gerações futuras não sejam submetidas aos mesmos níveis de toxicidade. Há uma evidente necessidade de se monitorar sistematicamente a concentração de flúor dos poços da região, a fim de se conhecer sempre a composição da água que a população está ingerindo.
Influência de um programa de bochecho semanal com fluoreto de sódio a 0,2% na prevalência da cárie dentária em escolares de 12 anos em região com água de abastecimento fluorada
Maria Luiza Hiromi Iwakura, Maria Celeste Morita
Data da defesa: 21/05/2002
A aplicação tópica de flúor na forma de bochechos de fluoreto de sódio a 0,2% tem sido um dos métodos mais empregados para a prevenção da cárie no Brasil, depois da fluoração da água de abastecimento público. O presente estudo teve como objetivo comparar a prevalência de cárie dentária em escolares de 12 anos, do Município de Londrina, que participaram do Programa Semanal de Bochecho com solução de fluoreto de sódio a 0,2%, com outros escolares não participantes. Foram examinados 367 escolares de 12 anos, sendo 190 participantes (51,8%) e 177 não participantes (48,2%) do Programa. Os Índices utilizados foram o de Dentes Cariados, Perdidos e Obturados (CPOD) e o de Superfícies Cariadas, Perdidas e Obturadas (CPOS), com critérios de diagnóstico da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1999). Os exames foram conduzidos por 3 examinadores e a concordância no diagnóstico de cárie e fluorose dentária foi quase perfeita com K=0,90. O Índice CPOD aos 12 anos foi de 0,85 (DP±0,059), sendo 0,70 (DP±0,0605) para não participantes do Programa e 1,0 (DP±0,0583) para participantes. Para o Índice CPOS o valor total foi de 1,16 sendo os valores mínimo de 0,34 e máximo de 1,66. Na análise bivariada, estiveram estatisticamente associados (p<0,05) com a presença de cárie: natureza da escola ser pública, ter participado do Programa de Bochecho e a alta freqüência de ingestão de doces entre as refeições. Na análise de regressão logística multivariada, mantiveram-se associadas as mesmas variáveis da análise bivariada. Como variável dependente foi considerada a situação quanto a presença de cárie e, como variáveis independentes, o sexo, a natureza da escola pública ou privada, a participação ou não em Programa de Bochecho Semanal com flúor, a freqüência da escovação, a quantidade de pasta utilizada, a presença de fluorose dentária, freqüência de ingestão de doces e última consulta ao dentista. A participação no Programa de Bochecho com flúor não esteve associada às menores prevalências de cárie, tanto em escolas públicas como privadas. O resultado contraditório da participação no Programa de Bochecho sugere que outros fatores podem estar contribuindo para a diferença na prevalência de cárie observada.
Desenvolvimento gerencial em saúde: limites e possibilidades
Débora Cristina Bertussi, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 27/05/2002
Esta investigação objetivou analisar as dimensões política, administrativa e pedagógica do projeto GERUS/Desenvolvimento Gerencial de Unidades Básicas de Saúde no município de Curitiba/PR, face ao processo de descentralização na saúde. O referencial teórico compõe-se dos conceitos de gerência, gerência no setor público, gerência em serviço de saúde. A opção metodológica foi a investigação qualitativa de estudo de caso do tipo histórico organizacional. Foram realizadas coleta de documentos e entrevistas com roteiro semi-estruturado com atores sociais representantes dos grupos de condução, monitores e gerentes de UBSs, participantes do desenvolvimento do Projeto GERUS no município. Os dados das entrevistas foram preparados segundo o formato específico do software NVivo 1.2, para posterior análise através de recorte em torno de categorias analíticas que remeteu para os núcleos temáticos: desenvolvimento gerencial: limites, possibilidades e contradições e influência da proposta na realidade. Evidenciou-se que ocorreu desenvolvimento organizacional, através da incorporação de conceitos e instrumentos gerenciais na organização do processo de produção em saúde. A SMS passou a ter uma nova cultura organizacional, porque as condições favoráveis e desfavoráveis à mudança foram criadas e se tornaram propriedades do meio organizacional.
Os cursos de fisioterapia no Paraná frente aos conceitos contemporâneos de saúde
Luciana Alves Tapia Schmidt, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 14/06/2002
O século XXI teve início com um grande desafio para os profissionais de saúde: consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS), baseando-se nos princípios de integralidade, eqüidade e universalidade, num sistema regionalizado e descentralizado. Além da preocupação quanto à reforma nos serviços, surge a necessidade de mudanças na formação dos profissionais de saúde para que se tornem efetivamente sujeitos desse processo, com as competências necessárias para atuar no setor saúde e comprometidos com a realidade social. Por essa razão, entram em cena atores sociais e institucionais na busca de estratégias que impulsionem as mudanças necessárias na formação dos profissionais de saúde. A Fisioterapia, enquanto profissão da área da saúde e que vem experimentando um crescimento vertiginoso na última década, também deve estar apta a contribuir para a construção e consolidação do SUS. Desde a sua origem, ela esteve fortemente vinculada às áreas de cura e reabilitação. Porém, diante do conceito ampliado de saúde e de todo o contexto de reformas ocorridas no setor, como está ocorrendo a formação do fisioterapeuta? A partir disso, surge o interesse em verificar a adequação da formação desse profissional nos cursos existentes no Estado do Paraná, no que tange aos conceitos contemporâneos de saúde, e a sua inserção no SUS, sob a ótica dos atores responsáveis por essa formação. Para isso, com um enfoque de pesquisa qualitativa, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os coordenadores dos cursos de fisioterapia que fizeram parte da população desta pesquisa, e foi procedida a análise documental dos projetos pedagógicos e dos planos de ensino das disciplinas de Saúde Pública e Fisioterapia Preventiva. O material coletado foi analisado a partir da construção das categorias de análise, possibilitando verificar que a verdadeira incorporação dos conceitos de saúde estabelecidos pela Constituição Federal de 1988 e a reorientação do modelo de atenção parece não ocorrer de fato na formação acadêmica desses profissionais, apesar de existirem avanços e, em parte, a consciência de que mudanças são necessárias para garantir a formação de um profissional competente e que contribua para a construção do SUS e do setor saúde no Brasil, proporcionando melhores condições de vida e possibilitando o direito à saúde constitucionalmente garantido a todos os cidadãos.
Profissionais de saúde: o que a AIDS revela?
Vera Lucia Martins, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 14/06/2002
Esta investigação objetiva analisar, tendo a epidemia de aids como cenário, a atuação do profissional de saúde junto às pessoas que vivem com HIV/aids, nos serviços de saúde credenciados pelo MS/SUS, no município de Londrina, em 2001. O referencial teórico compõem-se de recursos humanos em saúde, a construção social da aids, o profissional de saúde no contexto da aids. A opção metodológica adotada neste estudo foi a análise temática. Foram realizadas onze entrevistas com roteiro semi-estruturado, com médicos e enfermeiros que atuam diretamente junto às pessoas com HIV/aids. A análise do material foi feita através dos recortes em torno de categorias de análise, que deram origem aos núcleos temáticos: a atuação do profissional de saúde, motivações para o trabalho, dificuldades e facilidades, sentimentos, formação acadêmica, capacitação em serviço, organização de serviços e atitudes. Evidenciou-se que a atuação profissional junto às pessoas que vivem com HIV/aids é vista como desgastante, traz desconfortos e conflitos frente aos temas inerentes a aids, como a sexualidade, a morte, o abuso de drogas, para os quais os profissionais não se sentem preparados. Esta situação gera sentimentos de angústia, impotência e frustração.