Teses e Dissertações
Cesárea: frequencia, alguns fatores que a determinam e consequencias maternas e perinatais, Maringá, PR.1995
Regina Lúcia Dalla Torre Silva, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 16/12/1997
O presente trabalho, discute a elevada taxa de partos cirúrgicos realizados nos hospitais de Maringá no ano de 1995. Tendo como objetivo de se conhecer a freqüência de partos cirúrgicos e os fatores que estão influenciando a sua realização. Caracteriza ainda a população de mulheres que estão sendo submetidas aos partos abdominais levantadas as complicações mais comuns deste procedimento no período puerperal bem como a freqüência da síndrome do medo, desconforto respiratório nos RN. Foram estudados 2498 partos hospitalares realizados no município de Maringá no ano de 1995. Utilizando como fonte de dados o sistema de informação sobre nascidos vivos e os prontuários hospitalares. Os partos foram caracterizados seguindo as variáveis do RN: sexo, peso, índice de apgar; da mãe: idade, procedência, paridade e escolaridade da gestação: número de consultas pré-natais; institucionais: estabelecimento de ocorrência do parto, tipo de financiamento hospitalar; do atendimento ao parto: tipo de parto, uso de antibióticos profiláticos, horário da realização do parto, indicação clínica da cesárea, realização de laqueadura no momento do parto. Encontrou-se uma freqüência de 79.8% de cesáreas, 20.2% de partos normais e 0.4% foram realizados com o auxílio de fórceps. As principais indicações clínicas das cesáreas foram as cesáreas por repetição seguida por trabalho de parto complicado por sofrimento fetal e desproporção conhecida ou suspeitada do feto (desproporção céfalo-pélvica ou feto-pélvica). A alta incidência de cesáreas e a proporção maior de partos cirúrgicos encontrada nas pacientes particulares, com maior escolaridade, que realizaram o maior número de consultas durante o pré-natal e a realização da maioria das cesáreas no período matutino, nos mostram que fatores não técnicos tem influenciado a alta incidência de partos cirúrgicos. Foram encontrados também relação entre realização de laqueadura e partos cirúrgicos e utilização inadequada de antibióticos profiláticos. As intercorrências mais comuns no período puerperal para a população total foram as retenções urinárias e complicações anestésicas seguidas de hemorragias e infecções puerperais. Em relação ao RN encontrou-se com maior freqüência a síndrome do desconforto respiratório nos partos cirúrgicos. A média de permanência hospitalar da mãe para todos os partos foi de 3,2 dias, sendo 2,4 dias para partos normais e 3,4 para cesáreas.
Desnutrição energético-proteica e formas de apropriação do solo-estudo de caso em áreas de reforma agrária no estado do Paraná
Terezinha Maria Mafioletti, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 22/01/1998
Objetivando avaliar os níveis de saúde nas diferentes formas de organização das áreas de reforma agrária do Estado do Paraná: acampamentos, ocupações, assentamentos individuais e coletivos, utilizou-se como indicador de saúde a Desnutrição Energético-Proteica em crianças menores de cinco anos. Foram estudadas 487 crianças pertencentes a 373 famílias em 25 projetos diferentes e 10 Municípios. As famílias foram caracterizadas segundo variáveis sócio-econômicas, demográficas, educacionais e ambientais. Obteve-se a avaliação nutricional das crianças através da análise dos índices Peso/Idade, Peso/Altura e Altura/Idade. A caracterização da população estudada revela baixa escolaridade, predominância de famílias com 3 a 5 filhos, quase a totalidade das crianças possui cartão de vacinação (97,6%) destes 91.2% estão com o cartão em dia. Quando necessário a assistência médica 93,0% das mães procuram as Unidades do SUS. A maioria das residências são de madeira e 76.6% delas tem instalação elétrica. A renda média mensal das famílias residentes nos acampamentos é de R$ 54,35, nas ocupações R$ 37,25, nos assentamentos individuais, R$ 278,33 e nos assentamentos coletivos R$ 572,50. A caracterização da desnutrição revela predominância de déficits de estatura em relação aos déficits ponderais. O estudo comparado do estado nutricional destas populações ao se analisar o conjunto, encontra-se desfavorável ao se comparar com a região Sul do país e com o Estado do Paraná, ficando mais próximo das prevalências do Norte e Nordeste do país. Quando distribuído por grupo constata-se que as prevalência mais elevadas estão nos grupos de acampamentos e ocupações, já os assentamentos individuais e coletivos apresentam prevalências mais favoráveis. Ao analisar a relação do estado nutricional infantil através do índice Peso/Idade, encontrou-se associação com as variáveis energia elétrica, intervalo partal, tipo de projeto e renda. Em relação ao índice Altura/Idade encontrou-se associação para renda e tipo de projeto. Ao examinar os grupos separadamente, os resultados mostram uma importante associação do estado nutricional infantil, principalmente quando analisado o índice Peso/Idade, com a renda e a forma de inserção das famílias à estrutura de produção através do acesso ao uso do solo para a obtenção do alimento.
Perfil dos usuários de fármacos anti-hipertensivos e acesso a estes medicamentos em unidade básica de saúde de Maringá, PR.
Raquel Soares Tasca, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 28/07/1998
O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil dos usuários de fármacos antihipertensivo (FAH) em unidade básica de saúde em Maringá.
Neste estudo, realizado no Núcleo Integrado de Saúde II - Mandacarú em Maringá - Pr, durante três meses, foram entrevistados 429 usuários de fármacos antihipertensivos e o perfil destes, caracterizado visando posterior estudo de utilização de medicamentos pela rede pública de saúde.
No NIS II - Mandacarú foi encontrada uma predominância da prescrição de monoterapia (46,2%), e associação de duas drogas 46,4% de FAH. Dos 429 usuários de FAH entrevistados 65,7% eram do sexo feminino, sendo que da amostragem estudada 31,3% dos indivíduos usuários destes fármacos encontravam-se na faixa etária de 60-69 anos. Para, o sexo feminino a faixa etária de maior prevalência destes fármacos foi a de 50-69 anos (40,4%) e para o sexo masculino foi a faixa etária de 60-79 anos (18,9%). O motivo de consulta ou a queixa para estes usuários de medicamentos antihipertensivos foi: 80,3% relataram como motivo de consulta a necessidade do medicamento para controle da pressão arterial, sendo que 51,1% foram mulheres e 29,2% homens. Dos usuários de FAH, 88,4% correspondem a indivíduos analfabetos e com primário completo e incompleto; e 87,8% tem renda per capita mensal de 0-1 salário mínimo. A classe farmacológica de maior freqüência foi de diuréticos (48,1%) sendo que a hidroclorotiazida correspondeu a 41,7% das prescrições. Diabetes foi a doença associada a hipertensão arterial de maior freqüência (25,9%). A maior parte das prescrições de fármacos antihipertensivos tece acesso parcial aos medicamentos, 59,0% no NIS II - Mandacarú; 25,4%, teve acesso total e 15,6% não teve acesso a medicação antihipertensiva prescrita. Com relação ao local de acesso a medicamentos o NIS II - Mandacarú foi responsável por 87,2%, o CRS 2,1% e apenas 6,1% dos usuários compram o medicamento quando não há disponibilidade no NIS. Da prescrição de fármacos antihipertensão no NIS II - Mandacarú, 95,3% correspondeu aos FAH da farmácia básica paranaense e da padronização da SMSM, contudo 11,4% das prescrições dos usuários não tiveram acesso a estes medicamentos, 26,6% tiveram aceso total e 62,0% tiveram acesso parcial.
Os dados obtidos permitem caracterizar e traçar perfil dos usuários de fármacos antihipertensivos acompanhados na rede pública de saúde no NIS II - Mandacarú, em Maringá - Pr.
Construindo uma metodologia de trabalho no setor saúde: uma proposta de formação profissional continuada de trabalhadores.
Grace Jacqueline Aquiles Barbosa, Odária Battini
Data da defesa: 27/08/1998
Este trabalho representa uma aproximação inicial do processo de desvelamento do pensar sobre o significado da prática de enfermagem no Hospital Universitário Regional de Maringá. Para isto utilizamos como suporte a metodologia da pesquisa-ação. Assim através de uma construção coletiva de pesquisa-intervenção, os enfermeiros daquele hospital buscaram, pela via de reflexão-ação, compreender os elementos que configuram sua prática, os pontos de esgotamento da mesma e as possibilidades de sua superação.
Esta reflexão deu-se pela análise da teoria que a fundamenta, baseada na premissa da unidade teoria-prática.
Nele podem estar evidenciados limites, mas, seguramente, está também contido um novo modo de agir e pensar uma prática profissional determinada, não mais centrada em si, mas voltada para um compromisso de defesa de princípios de eqüidade, de solidariedade, de liberdade e de emancipação.
A utilização dos serviços de urgência/emergência em Maringá, PR. Analizando determinantes
Magda Lúcia Félix de Oliveira, Maria José Scochi
Data da defesa: 03/12/1998
Tendo em vista a sobrecarga de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Universitário Regional de Maringá, realizou-se o presente estudo com o objetivo de analisar os fatores determinantes da Unidade. O estudo foi conduzido em duas fases: na primeira, tendo como fonte de dados as fichas de atendimento de pacientes residentes em Maringá nos dias 01 a 07 de setembro de 1997 (n=1319), a demanda foi caracterizada e posteriormente classificada, segundo critérios implícitos de avaliação, em pertinente ou não pertinente ao Serviço (“falsa demanda”); e na Segunda, parcela de usuários incluídos na “falsa demanda”, escolhidos aleatoriamente, foram entrevistados em seus domicílios, verificando as razões da procura pelo Serviço. Foram auditadas 1284 fichas de atendimento, sendo 387 casos (30,1%) classificados como “falsa demanda”. Estes casos eram na sua maioria de crianças de 0 a 12 anos (43,3%) e com patologias respiratórias (42,63%). Entrevistou-se 49 desses casos (12,7%) num período máximo de trinta dias após o atendimento, e as informações obtidas foram as seguintes: 40,8% não sabiam informar corretamente sobre o seu problema de saúde; 60,5% utilizaram o PA/HUM como primeiro atendimento; 34,9% utilizaram a rede básica de saúde como primeiro atendimento, no entanto não retornaram por barreiras impostas pelos próprios serviços, por falta de credibilidade e insatisfação com o atendimento. Considera-se que este estudo possa contribuir para o monitoramento.
Tuberculose em Londrina, PR. em 1996: Perfil epidemiológico e avaliação do programa de controle
Vânia Oliveira Melo, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 17/12/1998
Estudou-se a situação epidemiológica da tuberculose e a efetividade do Programa de Controle desta doença, no Município de Londrina-PR, no ano de 1996. Realizou-se o levantamento de todas as fichas de notificação da tuberculose no ano de 1996 (214), onde foram selecionadas aquelas que se encaixaram no critério de caso novo e residente em Londrina, restando 186 casos. Estes pacientes tiveram seus prontuários revisados após 10 meses do diagnóstico junto ao Setor de Pneumologia Sanitária ou à fonte notificadora para aqueles que não compareceram a esse serviço. Utilizou-se ainda o Sistema de Informação da AIDS para analisar a notificação da tuberculose como doença oportunista.
Os resultados mostraram que 66,7% dos casos foram da forma pulmonar, este fato pode estar demonstrando a dificuldade do Programa em captar os pacientes com a tuberculose nesta forma. A maior incidência de tuberculose ocorreu na faixa etária de 30 a 39 anos e a razão homem/mulher chegou próxima a 2:1.
Na análise da situação quanto a comunicante ou não, verificou-se que 29% dos casos novos em 1996 eram comunicantes de casos já conhecidos pelo serviço, o que nos leva a inferir sobre a possibilidade de diagnósticos tardios, falhas no tratamento do caso índice ou no controle de comunicantes. As prevalências mínima e máxima de positividade para HIV foram 17,2% e 49,2% respectivamente. A avaliação do Programa mostrou que a maioria dos diagnósticos de tuberculose (67,4%) foi realizado em hospitais, com internação posterior, o que indica que o paciente deva estar em estado avançado da doença. Quanto à situação do paciente no 10º mês após o diagnóstico, constatou-se que 65,1% evoluíram para a cura, 17,7% abandonaram o tratamento, 11,8% não foram inscritos no Programa e 4,8% foram a óbito. O percentual de comunicantes que compareceu ao serviço para a realização de abreugrafia foi de apenas 53,9%. O Sistema de Informação da AIDS mostrou a subnotificação de 16 casos de tuberculose. Os resultados sugerem a necessidade de adoção de medidas que visem a melhoria das ações de controle da tuberculose, com estímulo ao diagnóstico precoce, adesão ao tratamento e investigação de comunicantes.
O programa de saúde da família em Londrina: Construindo novas práticas sanitárias.
Rossana Staevie Baduy, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 21/12/1998
Neste estudo analisou-se a contribuição do Programa Saúde da Família em Londrina na reorganização das práticas sanitárias, considerando-se os princípios do SUS. A análise foi feita com base no registro das atividades realizadas pelos médicos e enfermeiras e na representação que estes profissionais e os coordenadores do Programa no Município fizeram da sua implantação e implementação. A investigação empírica foi realizada através da análise qualitativa e utilizou-se a técnica de entrevista, o registro de atividades em formulário próprio e a análise de documentos produzidos pelo Serviço Municipal de Saúde. O referencial teórico compõe-se dos conceitos de processo de trabalho em saúde, atenção primária à saúde e da estratégia Saúde da Família. A análise dos dados demonstrou que numa semana os médicos gastam metade do tempo em atividades assistenciais na Unidade Básica de Saúde e a outra metade em atividades: assistenciais na comunidade/domicílio, de prevenção, de promoção e de gerência da Unidade de Saúde. As enfermeiras utilizam 65% do seu tempo semanal com algum tipo de atenção à clientela: atividades assistenciais, preventivas ou de promoção da saúde. O restante do tempo semanal utilizavam em atividades gerenciais. A análise das entrevistas revelou o propósito que estes profissionais tiveram em reorganizar as práticas sanitárias, a forma como trabalhavam, os avanços obtidos, as dificuldades enfrentadas, o vínculo estabelecido entre a equipe e a comunidade, bem como a humanização do atendimento. Evidenciou-se que a construção de novas práticas sanitárias traz consigo a mudança de hábitos, valores, portanto, requer disponibilidade para constante aprendizagem.
Horizonte interdisciplinar e as áreas do saber e fazer – um estudo de caso no Hospital Universitário Regional de Maringá
Jane Biscaia Hartmann, Sebastião Jorge Chammé
Data da defesa: 08/01/1999
O presente trabalho objetiva analisar, através das representações sociais presentes nos discursos dos profissionais inseridos no hospital, os conceitos que compõem seu universo cotidiano, para detectar potencialidades e possibilidades de um horizonte interdisciplinar junto as equipes multiprofissionais. Mais especificamente, procurando conhecer: os conceitos incorporados no trabalho em saúde; a visão institucional destes profissionais de saúde; a representação social dos profissionais da saúde a respeito de seu trabalho e sua categoria profissional; suas relações e lugar na equipe de trabalho; o conceito de equipe, suas interações e sua repercussão no resultado de sua prática.
A metodologia adotada foi a da pesquisa qualitativa, sendo que os dados quantitativos foram colocados a serviço das análises qualitativas. Os procedimentos metodológicos utilizados foram: entrevista semi-estruturada e a análise de discurso nos moldes propostos por Bardin. Ao todo foram ouvidos 48 profissionais de saúde do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), frente à questões norteadoras tendo sido possível detectar através destas, as representações sociais.
Os resultados encontrados revelam que embora a prática se caracterize predominantemente como multiprofissional ou multidisciplinar, em 37,5% dos discursos dos profissionais, foi possível detectar intenções interdisciplinares. A constatação da existência de alguns núcleos onde o estágio pré-interdisciplinar é visível dentro do HUM permite almejar que esforços sejam envidados no sentido de transformar essas experiências em multiplicadoras de um fazer imbricado, possibilitando o descortinamento de um horizonte interdisciplinar.
A mortalidade infantil e a assistência a saúde em Londrina, 1997.
Ana Maria Rigo Silva, Zuleika Thomson, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 26/04/1999
O objetivo do trabalho foi o de estudar aspectos da assistência à saúde das crianças menores de um ano de idade, residentes em Londrina, que foram a óbito em 1997, bem como o de descrever esse grupo de crianças segundo características da gestação, do parto, do recém-nascido, da mãe e da família, estimando, para algumas variáveis, as probabilidades de morte.
A partir da identificação dos 107 casos de óbitos de menores de 1 ano, feita por meio da Declaração de Óbito, foram realizadas entrevistas com as mães e levantamento de dados, sobre a assistência à saúde dessas crianças, em prontuários hospitalares e em Unidades Básicas de Saúde. Utilizou-se, ainda, como fonte complementar de dados, para cálculo de coeficientes, dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), tabulados pela Autarquia do Serviço Municipal de Saúde de Londrina.
O coeficiente de mortalidade infantil, obtido neste estudo, foi de 13,2 por mil nascidos vivos. A maioria das mortes (56,1%) ocorreu no período neonatal, principalmente no período neonatal precoce (49,5%). As causas de morte mais freqüentes foram as perinatais (43,9%), seguidas por anomalias congênitas (22,4%) e causas externas (14,0%).
As estimativas de risco evidenciaram probabilidades altas de morte para os nascidos prematuramente (de 63,6 a 880,0 por mil nascidos vivos), para os nascidos de gestação múltipla (67,1 por mil nascidos vivos) e para os nascidos com baixo peso ou muito baixo peso (de 37,2 a 493,2 por mil nascidos vivos). O coeficiente de mortalidade segundo a escolaridade de mãe demonstrou que, comparados às crianças de mães com nível superior, os nascidos vivos de mães sem escolaridade tiveram um risco de morte 4,5 vezes maior.
As famílias das crianças viviam, na maioria, em casa própria (59,3%), porém 42,9% acomodavam 3 ou mais pessoas por cômodo. Quanto ao saneamento básico, observou-se alta proporção (96,7%) de famílias servidas pela rede pública de água, embora menor parcela (84,6%) com canalização interna, além de alta freqüência de famílias com coleta regular de lixo. Todavia, o escoamento de dejetos para a rede pública coletora foi observado em somente 40,7% das casas. Segundo a classe social, as famílias foram classificadas, predominantemente, como proletárias (56,5%) ou subproletárias (32,6%) e a renda mensal per capita era inferior a 1 salário mínimo para uma grande parcela (41,8%).
Quanto aos aspectos relacionados à assistência à saúde da gestante, observou-se que 22,3% das mães não realizaram pré-natal, sendo que seus filhos apresentaram um coeficiente de mortalidade cerca de 11 vezes maior do que os de mães que fizeram esse acompanhamento. Contudo, das mães que fizeram pré-natal no serviço público, uma alta proporção (66,1%) o iniciaram apenas no segundo trimestre de gestação e apenas 59,0% receberam o mínimo de cinco consultas. Dos prontuários avaliados, somente 1,6% continham ficha perinatal completa e 36,0% com anotação de risco gestacional. Entre os procedimentos recomendados, durante o atendimento pré-natal, verificou-se que apenas metade das gestantes tiveram o cálculo da data provável do parto anotado em prontuário, também sendo insatisfatórias as freqüências de anotação em prontuário de: altura uterina, cálculo da idade gestacional e ausculta de batimentos cárdio-fetais a partir da 20a semana de gravidez.
A maioria dos partos (89,1%) foi realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que 31,6% das mães tiveram que procurar um segundo ou terceiro hospital, para atendimento. Menos da metade das mães que tiveram parto normal foram monitoradas adequadamente quanto aos batimentos cardiofetais, durante o trabalho de parto. A taxa de cesáreas entre as parturientes usuárias do SUS foi de 40,0%, em comparação a 81,8% entre as atendidas por convênios privados.
Os recém-nascidos foram, quase na totalidade (93,1%), recepcionados na sala de parto por pediatra, sendo necessário aplicar técnicas de reanimação em 66,3%.
Do total de crianças, 65 (60,7%) não chegaram a receber alta hospitalar após o nascimento, embora 10,7% tenham sobrevivido além do período neonatal.
Uma parcela das crianças que recebeu alta após o nascimento (42 casos) não chegou a receber acompanhamento ambulatorial (14,3%). Das que receberam acompanhamento em programas de atenção à saúde, cerca de 50,0% estavam em atraso ou haviam abandonado o atendimento.
A maioria das mães opinaram favoravelmente sobre os atendimentos recebidos nas diversas fases; opiniões negativas foram emitidas principalmente em relação ao atendimento ao parto (38,9% das mães) e quanto ao acompanhamento ambulatorial da criança (32,2%). A menor proporção de mães opinando negativamente sobre o serviço (22,0%) foi apresentada pelo componente de atenção pré-natal.
Mais da metade dos óbitos (56,1%) foram classificados como evitáveis por adequado controle da gravidez, de atenção ao parto, por diagnóstico e tratamento precoces ou por imunização.Os resultados desta investigação sugerem que, apesar da mortalidade infantil, em Londrina, estar apresentando valores constantemente em redução, existem, ainda, diversos aspectos da assistência à saúde que necessitam ser aprimorados, o que, a par de melhorias nas condições de vida dessa população, provavelmente, poderia evitar a ocorrência desses eventos indesejáveis.
A prática farmacêutica em sua relação com o ensino: um estudo sobre os farmacêuticos de Londrina-PR.
Airton José Pétris, Luiz Cordoni Júnior, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 30/04/1999
A edição da lei 9.394/96, a nova LBD, acelerou as discussões relativas à reforma do Ensino Farmacêutico que estavam ocorrendo há algum tempo. Este conceituais para este processo, a partir da identificação doa principais aspectos da prática farmacêutica e sua relação com o ensino de Farmácia.
Utilizando - se de técnicas e instrumentos das pesquisas quantitativa e qualitativa, aqui consideradas complementares, este trabalho traz um breve histórico da profissão farmacêutica, caracteriza socialmente a profissão farmacêutica em Londrina, mostra como é a formação desse profissional e revela a estrutura e dinâmica de seu mercado de trabalho. Além disso, descreve e analisa a prática profissional dos Farmacêuticos de Dispensação, bem como a visão dos mesmos sobre o ensino farmacêutico.
Entre os principais resultados obtidos, podem ser citados: a constatação de que os farmacêuticos atuam, na sua maioria, em apenas uma área profissional; há um deslocamento da atuação dos farmacêuticos para a área da dispensação de medicamentos; o e ensino para a prática de dispensação mostra-se deficiente. Por esta razão, os Farmacêuticos de Dispensação surgem o desenvolvimento de novas práticas de ensino sobressaindo-se, entre elas, os estágios em ambientes externos às universidades, e indicam a necessidade de serem criadas condições para o desenvolvimento de competências que possibilitem sua atuação na assistência, prevenção e promoção da saúde.
Após a conclusão do estudo e levando-se em consideração os diversos aspectos da prática e do ensino farmacêuticos descritos e analisados, espera-se o aprofundamento dos debates sobre a reorganização das profissões farmacêutica com base na estruturação do curso de Farmácia em carreiras diferenciadas e implementação do conceito de Atenção Farmacêutica como prática nuclear da atividade profissional dos Farmacêuticos.