A utilização dos serviços de urgência/emergência em Maringá, PR. Analizando determinantes
Magda Lúcia Félix de Oliveira, Maria José Scochi
Data da defesa: 03/12/1998
Tendo em vista a sobrecarga de atendimento na Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Universitário Regional de Maringá, realizou-se o presente estudo com o objetivo de analisar os fatores determinantes da Unidade. O estudo foi conduzido em duas fases: na primeira, tendo como fonte de dados as fichas de atendimento de pacientes residentes em Maringá nos dias 01 a 07 de setembro de 1997 (n=1319), a demanda foi caracterizada e posteriormente classificada, segundo critérios implícitos de avaliação, em pertinente ou não pertinente ao Serviço (“falsa demanda”); e na Segunda, parcela de usuários incluídos na “falsa demanda”, escolhidos aleatoriamente, foram entrevistados em seus domicílios, verificando as razões da procura pelo Serviço. Foram auditadas 1284 fichas de atendimento, sendo 387 casos (30,1%) classificados como “falsa demanda”. Estes casos eram na sua maioria de crianças de 0 a 12 anos (43,3%) e com patologias respiratórias (42,63%). Entrevistou-se 49 desses casos (12,7%) num período máximo de trinta dias após o atendimento, e as informações obtidas foram as seguintes: 40,8% não sabiam informar corretamente sobre o seu problema de saúde; 60,5% utilizaram o PA/HUM como primeiro atendimento; 34,9% utilizaram a rede básica de saúde como primeiro atendimento, no entanto não retornaram por barreiras impostas pelos próprios serviços, por falta de credibilidade e insatisfação com o atendimento. Considera-se que este estudo possa contribuir para o monitoramento.
Tuberculose em Londrina, PR. em 1996: Perfil epidemiológico e avaliação do programa de controle
Vânia Oliveira Melo, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 17/12/1998
Estudou-se a situação epidemiológica da tuberculose e a efetividade do Programa de Controle desta doença, no Município de Londrina-PR, no ano de 1996. Realizou-se o levantamento de todas as fichas de notificação da tuberculose no ano de 1996 (214), onde foram selecionadas aquelas que se encaixaram no critério de caso novo e residente em Londrina, restando 186 casos. Estes pacientes tiveram seus prontuários revisados após 10 meses do diagnóstico junto ao Setor de Pneumologia Sanitária ou à fonte notificadora para aqueles que não compareceram a esse serviço. Utilizou-se ainda o Sistema de Informação da AIDS para analisar a notificação da tuberculose como doença oportunista. Os resultados mostraram que 66,7% dos casos foram da forma pulmonar, este fato pode estar demonstrando a dificuldade do Programa em captar os pacientes com a tuberculose nesta forma. A maior incidência de tuberculose ocorreu na faixa etária de 30 a 39 anos e a razão homem/mulher chegou próxima a 2:1. Na análise da situação quanto a comunicante ou não, verificou-se que 29% dos casos novos em 1996 eram comunicantes de casos já conhecidos pelo serviço, o que nos leva a inferir sobre a possibilidade de diagnósticos tardios, falhas no tratamento do caso índice ou no controle de comunicantes. As prevalências mínima e máxima de positividade para HIV foram 17,2% e 49,2% respectivamente. A avaliação do Programa mostrou que a maioria dos diagnósticos de tuberculose (67,4%) foi realizado em hospitais, com internação posterior, o que indica que o paciente deva estar em estado avançado da doença. Quanto à situação do paciente no 10º mês após o diagnóstico, constatou-se que 65,1% evoluíram para a cura, 17,7% abandonaram o tratamento, 11,8% não foram inscritos no Programa e 4,8% foram a óbito. O percentual de comunicantes que compareceu ao serviço para a realização de abreugrafia foi de apenas 53,9%. O Sistema de Informação da AIDS mostrou a subnotificação de 16 casos de tuberculose. Os resultados sugerem a necessidade de adoção de medidas que visem a melhoria das ações de controle da tuberculose, com estímulo ao diagnóstico precoce, adesão ao tratamento e investigação de comunicantes.
O programa de saúde da família em Londrina: Construindo novas práticas sanitárias.
Rossana Staevie Baduy, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 21/12/1998
Neste estudo analisou-se a contribuição do Programa Saúde da Família em Londrina na reorganização das práticas sanitárias, considerando-se os princípios do SUS. A análise foi feita com base no registro das atividades realizadas pelos médicos e enfermeiras e na representação que estes profissionais e os coordenadores do Programa no Município fizeram da sua implantação e implementação. A investigação empírica foi realizada através da análise qualitativa e utilizou-se a técnica de entrevista, o registro de atividades em formulário próprio e a análise de documentos produzidos pelo Serviço Municipal de Saúde. O referencial teórico compõe-se dos conceitos de processo de trabalho em saúde, atenção primária à saúde e da estratégia Saúde da Família. A análise dos dados demonstrou que numa semana os médicos gastam metade do tempo em atividades assistenciais na Unidade Básica de Saúde e a outra metade em atividades: assistenciais na comunidade/domicílio, de prevenção, de promoção e de gerência da Unidade de Saúde. As enfermeiras utilizam 65% do seu tempo semanal com algum tipo de atenção à clientela: atividades assistenciais, preventivas ou de promoção da saúde. O restante do tempo semanal utilizavam em atividades gerenciais. A análise das entrevistas revelou o propósito que estes profissionais tiveram em reorganizar as práticas sanitárias, a forma como trabalhavam, os avanços obtidos, as dificuldades enfrentadas, o vínculo estabelecido entre a equipe e a comunidade, bem como a humanização do atendimento. Evidenciou-se que a construção de novas práticas sanitárias traz consigo a mudança de hábitos, valores, portanto, requer disponibilidade para constante aprendizagem.
Horizonte interdisciplinar e as áreas do saber e fazer – um estudo de caso no Hospital Universitário Regional de Maringá
Jane Biscaia Hartmann, Sebastião Jorge Chammé
Data da defesa: 08/01/1999
O presente trabalho objetiva analisar, através das representações sociais presentes nos discursos dos profissionais inseridos no hospital, os conceitos que compõem seu universo cotidiano, para detectar potencialidades e possibilidades de um horizonte interdisciplinar junto as equipes multiprofissionais. Mais especificamente, procurando conhecer: os conceitos incorporados no trabalho em saúde; a visão institucional destes profissionais de saúde; a representação social dos profissionais da saúde a respeito de seu trabalho e sua categoria profissional; suas relações e lugar na equipe de trabalho; o conceito de equipe, suas interações e sua repercussão no resultado de sua prática. A metodologia adotada foi a da pesquisa qualitativa, sendo que os dados quantitativos foram colocados a serviço das análises qualitativas. Os procedimentos metodológicos utilizados foram: entrevista semi-estruturada e a análise de discurso nos moldes propostos por Bardin. Ao todo foram ouvidos 48 profissionais de saúde do Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), frente à questões norteadoras tendo sido possível detectar através destas, as representações sociais. Os resultados encontrados revelam que embora a prática se caracterize predominantemente como multiprofissional ou multidisciplinar, em 37,5% dos discursos dos profissionais, foi possível detectar intenções interdisciplinares. A constatação da existência de alguns núcleos onde o estágio pré-interdisciplinar é visível dentro do HUM permite almejar que esforços sejam envidados no sentido de transformar essas experiências em multiplicadoras de um fazer imbricado, possibilitando o descortinamento de um horizonte interdisciplinar.
A mortalidade infantil e a assistência a saúde em Londrina, 1997.
Ana Maria Rigo Silva, Zuleika Thomson, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 26/04/1999
O objetivo do trabalho foi o de estudar aspectos da assistência à saúde das crianças menores de um ano de idade, residentes em Londrina, que foram a óbito em 1997, bem como o de descrever esse grupo de crianças segundo características da gestação, do parto, do recém-nascido, da mãe e da família, estimando, para algumas variáveis, as probabilidades de morte. A partir da identificação dos 107 casos de óbitos de menores de 1 ano, feita por meio da Declaração de Óbito, foram realizadas entrevistas com as mães e levantamento de dados, sobre a assistência à saúde dessas crianças, em prontuários hospitalares e em Unidades Básicas de Saúde. Utilizou-se, ainda, como fonte complementar de dados, para cálculo de coeficientes, dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), tabulados pela Autarquia do Serviço Municipal de Saúde de Londrina. O coeficiente de mortalidade infantil, obtido neste estudo, foi de 13,2 por mil nascidos vivos. A maioria das mortes (56,1%) ocorreu no período neonatal, principalmente no período neonatal precoce (49,5%). As causas de morte mais freqüentes foram as perinatais (43,9%), seguidas por anomalias congênitas (22,4%) e causas externas (14,0%). As estimativas de risco evidenciaram probabilidades altas de morte para os nascidos prematuramente (de 63,6 a 880,0 por mil nascidos vivos), para os nascidos de gestação múltipla (67,1 por mil nascidos vivos) e para os nascidos com baixo peso ou muito baixo peso (de 37,2 a 493,2 por mil nascidos vivos). O coeficiente de mortalidade segundo a escolaridade de mãe demonstrou que, comparados às crianças de mães com nível superior, os nascidos vivos de mães sem escolaridade tiveram um risco de morte 4,5 vezes maior. As famílias das crianças viviam, na maioria, em casa própria (59,3%), porém 42,9% acomodavam 3 ou mais pessoas por cômodo. Quanto ao saneamento básico, observou-se alta proporção (96,7%) de famílias servidas pela rede pública de água, embora menor parcela (84,6%) com canalização interna, além de alta freqüência de famílias com coleta regular de lixo. Todavia, o escoamento de dejetos para a rede pública coletora foi observado em somente 40,7% das casas. Segundo a classe social, as famílias foram classificadas, predominantemente, como proletárias (56,5%) ou subproletárias (32,6%) e a renda mensal per capita era inferior a 1 salário mínimo para uma grande parcela (41,8%). Quanto aos aspectos relacionados à assistência à saúde da gestante, observou-se que 22,3% das mães não realizaram pré-natal, sendo que seus filhos apresentaram um coeficiente de mortalidade cerca de 11 vezes maior do que os de mães que fizeram esse acompanhamento. Contudo, das mães que fizeram pré-natal no serviço público, uma alta proporção (66,1%) o iniciaram apenas no segundo trimestre de gestação e apenas 59,0% receberam o mínimo de cinco consultas. Dos prontuários avaliados, somente 1,6% continham ficha perinatal completa e 36,0% com anotação de risco gestacional. Entre os procedimentos recomendados, durante o atendimento pré-natal, verificou-se que apenas metade das gestantes tiveram o cálculo da data provável do parto anotado em prontuário, também sendo insatisfatórias as freqüências de anotação em prontuário de: altura uterina, cálculo da idade gestacional e ausculta de batimentos cárdio-fetais a partir da 20a semana de gravidez. A maioria dos partos (89,1%) foi realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que 31,6% das mães tiveram que procurar um segundo ou terceiro hospital, para atendimento. Menos da metade das mães que tiveram parto normal foram monitoradas adequadamente quanto aos batimentos cardiofetais, durante o trabalho de parto. A taxa de cesáreas entre as parturientes usuárias do SUS foi de 40,0%, em comparação a 81,8% entre as atendidas por convênios privados. Os recém-nascidos foram, quase na totalidade (93,1%), recepcionados na sala de parto por pediatra, sendo necessário aplicar técnicas de reanimação em 66,3%. Do total de crianças, 65 (60,7%) não chegaram a receber alta hospitalar após o nascimento, embora 10,7% tenham sobrevivido além do período neonatal. Uma parcela das crianças que recebeu alta após o nascimento (42 casos) não chegou a receber acompanhamento ambulatorial (14,3%). Das que receberam acompanhamento em programas de atenção à saúde, cerca de 50,0% estavam em atraso ou haviam abandonado o atendimento. A maioria das mães opinaram favoravelmente sobre os atendimentos recebidos nas diversas fases; opiniões negativas foram emitidas principalmente em relação ao atendimento ao parto (38,9% das mães) e quanto ao acompanhamento ambulatorial da criança (32,2%). A menor proporção de mães opinando negativamente sobre o serviço (22,0%) foi apresentada pelo componente de atenção pré-natal. Mais da metade dos óbitos (56,1%) foram classificados como evitáveis por adequado controle da gravidez, de atenção ao parto, por diagnóstico e tratamento precoces ou por imunização.Os resultados desta investigação sugerem que, apesar da mortalidade infantil, em Londrina, estar apresentando valores constantemente em redução, existem, ainda, diversos aspectos da assistência à saúde que necessitam ser aprimorados, o que, a par de melhorias nas condições de vida dessa população, provavelmente, poderia evitar a ocorrência desses eventos indesejáveis.
A prática farmacêutica em sua relação com o ensino: um estudo sobre os farmacêuticos de Londrina-PR.
Airton José Pétris, Luiz Cordoni Júnior, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 30/04/1999
A edição da lei 9.394/96, a nova LBD, acelerou as discussões relativas à reforma do Ensino Farmacêutico que estavam ocorrendo há algum tempo. Este conceituais para este processo, a partir da identificação doa principais aspectos da prática farmacêutica e sua relação com o ensino de Farmácia. Utilizando - se de técnicas e instrumentos das pesquisas quantitativa e qualitativa, aqui consideradas complementares, este trabalho traz um breve histórico da profissão farmacêutica, caracteriza socialmente a profissão farmacêutica em Londrina, mostra como é a formação desse profissional e revela a estrutura e dinâmica de seu mercado de trabalho. Além disso, descreve e analisa a prática profissional dos Farmacêuticos de Dispensação, bem como a visão dos mesmos sobre o ensino farmacêutico. Entre os principais resultados obtidos, podem ser citados: a constatação de que os farmacêuticos atuam, na sua maioria, em apenas uma área profissional; há um deslocamento da atuação dos farmacêuticos para a área da dispensação de medicamentos; o e ensino para a prática de dispensação mostra-se deficiente. Por esta razão, os Farmacêuticos de Dispensação surgem o desenvolvimento de novas práticas de ensino sobressaindo-se, entre elas, os estágios em ambientes externos às universidades, e indicam a necessidade de serem criadas condições para o desenvolvimento de competências que possibilitem sua atuação na assistência, prevenção e promoção da saúde. Após a conclusão do estudo e levando-se em consideração os diversos aspectos da prática e do ensino farmacêuticos descritos e analisados, espera-se o aprofundamento dos debates sobre a reorganização das profissões farmacêutica com base na estruturação do curso de Farmácia em carreiras diferenciadas e implementação do conceito de Atenção Farmacêutica como prática nuclear da atividade profissional dos Farmacêuticos.
Prevalência de cárie dentária em crianças de 06 a 36 meses de idade e sua relação com variáveis sócioculturais, Florestópolis, PR.
Roseli Alves, Zuleika Thomson, Maria Celeste Morita
Data da defesa: 10/05/1999
O estudo, de delineamento transversal, foi desenvolvido em 359 crianças de 6 a 36 meses de idade, residentes na zona urbana do município de Florestópolis, Paraná, Brasil. Os dados foram coletados em visitas domiciliares a todos os residentes do município na faixa etária estudada. O diagnóstico de cárie foi realizado através de exame clínico, sob luz natural, por três examinadores previamente calibrados (k menor/igual ,096). As informações relativas às variáveis socioculturais (condições sócio econômicas, escolaridade do pai e da mãe, pessoa responsável pelos cuidados com a criança, situação da criança na prole, tipo de aleitamento, hábitos alimentares e métodos de prevenção da cárie dentária), foram obtidas através de questionário aplicado ao responsável pela criança, com o objetivo de analisar as relações com o aparecimento ou desenvolvimento da cárie dentária. A prevalência de cárie encontrada foi nula dos 6 aos 11 meses, de 26,2% para crianças de 12-23 meses de idade e 51,6% aos 24-36 meses. A doença demonstrou uma tendência de aumento com o evoluir da idade. A pesquisa mostrou associação positiva estatisticamente significante para a escolaridade do pai (p=0,005) e da mãe (p=0,014) na faixa etária de 12 a 23 meses de idade, e uma associação negativa, (p=0,038), da relação higiene bucal/cárie dentária na mesma faixa etária. As demais variáveis não apresentaram diferenças estatisticamente significativas. O estudo evidencia a necessidade de atenção odontológica precoce para prevenção de doenças bucais e a importância de que o estímulo ao aleitamento materno exclusivo seja intensificado na comunidade estudada.
Fluorose dentária em criança nascidas entre 1986 E 1989, usuárias da rede de unidades básicas de saúde de Londrina: frequência, severidade e fatores associados
Cristiane de Andrade Janene Gonini, Maria Celeste Morita
Data da defesa: 10/06/1999
A fluorose dentária é uma alteração do esmalte causada pela ingestão de flúor durante o desenvolvimento dentário. Estudos de diversos países têm mostrado que a prevalência desta alteração vem aumentando em regiões fluoradas e em não fluoradas, devido a uma maior exposição a variadas fontes de flúor disponíveis atualmente. O presente estudo teve por objetivo estabelecer a freqüência e severidade de fluorose dentária e investigar a associação com exposição a fontes de flúor, nos primeiros seis anos de vida, das crianças atendidas em clínicas odontológicas da rede de Unidades Básicas de Saúde do Município de Londrina. Sortearam-se cinco Unidades Básicas de Saúde da zona urbana da cidade e examinaram-se 434 crianças, nascidas entre 1986 e 1989. O diagnóstico e classificação da fluorose dentária foram feitos utilizando-se o Índice de THYLSTRUP E FEJERSKOV (TF), através de exames clínicos realizados nas clínicas odontológicas, por cinco cirurgiões dentistas previamente treinados. Os exames bucais foram realizados com o paciente deitado na cadeira odontológica, utilizando-se iluminação artificial, tendo-se procedido profilaxia, isolamento relatico, e secagem, por um minuto, dos dentes. Examinaram-se somente dentes permanentes com pelo menos 2/3 da coroa erupcionada. Dez por cento da amostra foi reexaminada, tendo-se obtido uma concordância quase perfeita nos critérios de diagnóstico, tanto intra-examinador (K=1,00,p<0,0001) como inter-examinadores (k=1,00, p<0,0001). A história de exposição a fontes de flúor (água fluorada, suplementos de flúor, dentifrícios fluorados, dieta) e fatores modificadores desta exposição (renda, escolaridade, atenção odontológica), foi obtida junto às mães ou responsáveis pelas crianças, através de entrevistas estruturadas realizadas por Técnicos em Higiene Dentária ou Auxiliares de Odontologia, previamente capacitados. Reentrevistaram-se 48 mães e a confiabilidade das respostas foi 90%. A freqüência de fluorose dentária verificada entre as crianças foi de 91,0%, com 48,7% dos dentes examinados classificados como TF grau 1,11,4% como TF grau 2, 1,9% como TF grau 3 e 0,4% como TF grau 4 a 5. O estudo não constatou associação estatisticamente significativa entre o uso de suplementos de flúor e a fluorose dentária, porém mostrou que 54 crianças (12,4% da amostra) haviam consumido este produto em algum momento dos seis primeiros anos de vida e que a maioria delas já estava exposta à água fluorada. Não se observou associação estatisticamente significativa entre a fluorose dentária e a idade de início da atenção odontológica e também entre a utilização de dentifrícios e a patologia estudada. A alta freqüência encontrada, embora a severidade tenha sido baixa, aponta para a necessidade de monitoramento períodico da fluorose dentária no Município de Londrina, de implementação de medidas que previnam a sobre-utilização do flúor tanto pelos profissionais quanto pela população, de vigilância sanitária dos teores de flúor na água de consumo público e de realização de mais estudos para a melhor compreensão dos fatores associados à fluorose dentária nas crianças londrinenses.
Mortalidade infantil geral e específica por broncoaspiração em Curitiba, PR, no período de 1994-97: fatores de risco
Irene Okabe, Darli Antönio Soares
Data da defesa: 07/07/1999
O estudo tem como objetivo descrever e determinar os fatores de risco associados a mortalidade infantil que tem como causa básica a aspiração de alimentos que provoquem obstrução do trato respiratório ou sufocação, considerada como a broncoaspiração. Os fatores de risco investigados foram algumas variáveis contidas na Declaração de Nascidos Vivos relacionadas às características do recém nascido, da gestação, do parto e da mãe. A associaçãodos fatores de risco com o desfecho foi analisada por meio do estudo tipo caso-controle; a primeira etapaconsistiu em cálculo da razão de chance e seus limites de confiançca. O baixo pesoao nascer, gestação pré-termo, idade materna abaixo de 20 anos e baixa instruçãomaterna mostraram-se associadas à variável dependente. Na segunda etapa foi feitoo ajuste pelo modelo de regressão logística e somente três variáveis permaneceram estasticamente associadas com a mortalidade infantil por broncoaspiração: baixopeso ao nascer, mães adolescentes e baixo nível de escolaridade materna. Foi também utilizado o método de análise fatorial de correspondências múltiplas para determinar o perfil das criançcas que morreram por broncoaspiração, sengod as características apresentadas ao nascer. Nascidos de gestação acima de 36 semanas com peso superior a 2.499 gramas, índice de Apgar no primeiro e quinto minuto acima de 7 e filhos de mães com baixo nível de escolaridade são as características dos recém-nascidos acometidos pela morte por broncoaspiração. Conclui-se que a mortalidade por broncoaspiração em menores de um ano está fortemente associada às condições sociais da família, em particular da mãe.
Perfil de utilização de medicamentos por lactantes do município de Londrina: Contribuição ao estudo de utilização de medicamentos
Ester Massae Okamoto Dalla Costa, Marcelo de Souza Tavares
Data da defesa: 20/09/1999
Descreve-se neste estudo, o perfil da utilização de medicamentos durante a lactação, nos 4 meses subseqüentes ao parto, à partir da coleta de dados de prontuários e entrevistas domiciliárias. Fizeram parte do estudo, 279 lactantes residentes no Município de Londrina - Pr, que tiveram o parto realizado em um dos seis hospitais do Município, com atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), particulares e de convênios privados, e em diferentes níveis de complexidade, no período de junho a agosto de 1.998. Os medicamentos foram identificados e classificados quanto ao risco de utilização durante a lactação, de acordo com a publicação "Amamentação e Medicação Materna - Recomendações sobre Drogas da 8ª Lista Básica de Medicamentos da Organização Mundial da Saúde" (AMM/OMS) e o "Farmacevtiska Specialiteter i Sverige" (FASS), conhecido como Catálogo Sueco de Especialidades Farmacêuticas. Verificou-se que em média, a utilização de medicamentos foi mais freqüente naquelas que tiveram o parto cesárea, do que nas que tiveram parto normal. Os medicamentos mais utilizados no período de internação após o parto até a alta, foram: Diclofenaco (18,3%), Metilergometrina (15,9%), Sulfato ferroso (8,2%), Simeticona (6,1%) e a Dipirona (5,0%). Na alta, os medicamentos mais prescritos foram: Diclofenaco (38,3%), Sulfato ferroso (22,7%), Metilergometrina (11,3%) e a Cefalexina (10,4%). Nas consultas de retorno, os mais prescritos foram os contraceptivos orais: a Noretisterona (38,3%) e a associação de Levonorgestrel e Etinilestradiol (9,7%). Nos 4 meses subseqüentes ao parto, os medicamentos mais utilizados foram: Dipirona (20,3%), Paracetamol (13,5%) e a Noretisterona (3,8%). Do total de medicamentos utilizados, segundo a classificação da AMM/OMS, 20,9% foram considerados compatíveis com a amamentação, 16,4% compatíveis com ressalvas, 7,7% deveriam ser evitados, se possível, 0,8% referidos como sem dados disponíveis e 54,3% não constavam da lista. De acordo com o FASS, 7,8% pertenciam à Classe I, 32,9% Classe II, 10,7% Classe III, 13,4% Classe IV e 35,4% não constavam da lista. Com relação ao número de princípios ativos, em média, 73% dos medicamentos eram monodrogas e 37% associações de 2 a 22 princípios ativos. As associações foram mais freqüentes nos medicamentos utilizados após alta. Entre as monodrogas, 55,3% constavam da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME). Em síntese, pode-se dizer que embora sejam conhecidas as contra-indicações, cerca de 10% dos medicamentos utilizados pertenciam à Classe III ou deveriam ter sido evitados, se possível e, o mais preocupante, cerca de 50% não constavam das listas, não existindo ou sendo ainda insuficientes os estudos realizados. Isto evidencia a necessidade de se difundir a informação sobre os riscos da utilização de medicamentos durante a lactação, e a necessidade de realização de estudos farmacocinéticos e de farmacovigilância, principalmente daqueles mais utilizados e para os quais, não existem estudos suficientes.