Campanha de vacinação seletiva contra o sarampo em abril de 1992 no município de Maringá, PR: Uma reflexão
Maria Rita de Almeida Garcia, Enezilda de Lima
Data da defesa: 31/05/1996
Este estudo procurou compreender o porquê da opção do município de Maringá, Estado do Paraná, pela vacinação seletiva contra o sarampo, no ano de 1992, à revelia da Campanha Nacional Indiscriminada, encaminhada pelo Ministério da Saúde. A reflexão pautou-se pelo estudo aprofundado das campanhas de vacinação, através do reestudo das políticas de saúde no Brasil. O caminho histórico foi sendo construído pela análise das políticas sanitárias, da história da cidade, história do sarampo e a história da vacina anti-sarampo. A revisão dos dados epidemiológicos do sarampo no Brasil, no Paraná e em Maringá, auxiliou na compreensão e melhor conhecimento do comportamento da doença nas últimas décadas. O estudo dos documentos oficiais das autoridades sanitárias nacionais, estaduais e municipais, bem como, análise da leitura da imprensa, da população e dos profissionais dos serviços de Maringá, constituíram a parte fundamental do presente trabalho. A análise revelou que a opção pela seletividade por não considerar dados importantes como: incorporação pela população da importância da vacina, princípios epidemiológicos e o cumprimento da orientação administrativa, resultou em situação conflituosa entre as instâncias envolvidas.
Avaliação do egresso do curso de medicina da Universidade Estadual de Londrina, PR.
Márcia Hiromi Sakai, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 12/03/1997
A crise da saúde brasileira é, em parte, decorrente da organização dos serviços de saúde e seu modelo assistencial e da prática exercida pelos recursos humanos em saúde (RHS) e sua formação. Apesar do avanço obtido com o Sistema Único de Saúde (SUS), a assistência à saúde, especialmente a prática médica baseada no modelo flexneriano, vem se mostrando inadequada para a resolução dos problemas de saúde da população, em que pese o saldo positivo que obteve em sua evolução. Vários segmentos da sociedade e organizações nacionais e internacionais vêm discutindo propostas com o novo paradigma em construção em nível de serviços e de formação, bem como a importância da relação entre a prática e a formação. Desta forma, a análise sobre os egressos poderia fornecer subsídios para se entender melhor a relação entre a prática e a formação. Em virtude disso, o objetivo geral foi a avaliação dos egressos do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina, quanto à sua formação e prática profissional. Através da coleta de dados com questionário pelo sistema de postagem, conforme desenho transversal, e de entrevistas do tipo aberta na técnica da história de vida tópica, obteve-se uma abordagem quanti-qualitativa, para melhor retrato da realidade. Os resultados foram; os ex-alunos são jovens, com o aumento da participação da mulher, urbanos, especializados e 56,6% assalariados do setor público. Quanto à graduação, relataram que a formação foi boa na prática, mas fraca na teoria; com falta de integração básico-clínico, teórico-prático e pesquisa; sobrecarga no internato; docentes pouco capacitados em metodologias de ensino e o mínimo de atividades extra-muros. A inserção no mercado de trabalho é tardia, pois 73,6% fizeram residência médica. A discussão atual é a necessidade de formação de médicos gerais e especialistas para a resolução dos problemas de saúde da população como médicos, ao exercerem a prática, depararam-se com as seguintes dificuldades: em um primeiros momento, a escola não os preparou para a realidade fora dos muros da Universidade; além disso, a ética foi a questão mais levantada, seguida de conhecimentos variados, relação médico-paciente e morte. Nas entrevistas, houve referências ao uso abusivo de tecnologias, por parte dos médicos. Completando os resultados, os egressos sugeriram vários itens, baseados em suas experiências, para contribuírem na melhoria do ensino, tais como a inclusão no currículo de discussões sobre o uso racional de tecnologias, ética, mercado de trabalho, incentivo à pesquisa e capacitação docente, entre outras. Resgataram ainda o compromisso da Universidade, que não é somente com a graduação, mas também com a educação permanente dos profissionais da saúde. Em suma, os resultados apontam para a necessidade de reformulações no aparelho formador e a maioria dos problemas e sugestões levantados, estão em consonância com as propostas da Educação Médica.
Vítimas de acidentes de trânsito ocorridos no perímetro urbano de Maringá, PR.1995.
Dorotéia Fátima de Paula Soares, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 06/08/1997
Com o objetivo de caracterizar as vítimas de acidentes de trânsito ocorridos no perímetro urbano de Maringá, foram analisadas 1.547 vítimas de acidentes de trânsito registradas nos boletins de ocorrência, em 1995, que receberam atendimento hospitalar, somadas às vítimas que morreram no local do acidente. As vítimas foram caracterizadas segundo variáveis de interesse epidemiológico que possibilitaram conhecer o perfil das mesmas, o atendimento prestado, os óbitos ocorridos até 180 dias do acidente, as lesões e as principais partes do corpo afetadas. Os resultados encontrados permitiram mostrar o predomínio de vítimas do sexo masculino (70,59%), maior frequência na faixa etária de 20 - 29 anos e maior percentual de vítimas na categoria de motociclistas. Foi observado que 62,99% das vítimas receberam atendimento ambulatorial e das vítimas internadas encontrou-se uma média baixa em dias de internação. O maior percentual de vítimas eram residentes em Maringá e das não residentes as mais freqüentes eram de Sarandi, município próximo a Maringá. A taxa de letalidade encontrada foi de 4,14%, quando analisada por categoria a maior letalidade foi observada entre os pedestres e quando analisada por município de residência, a maior taxa foi verificada em vítimas de Sarandi. Das 64 vítimas fatais, observou-se que os óbitos se concentraram no sexo masculino, na faixa etária de 20 - 29 anos e na categoria de motociclistas. Observou-se uma representatividade maior de óbitos nas primeiras 24 horas do acidente (68,75%) e apenas um óbito entre 30 a 180 dias do acidente (1,56%). No socorro às vítimas no local do acidente, verificou-se a importância dos bombeiros, que removeram o maior percentual de vítimas. Constatou-se um sub-registro de vítimas fatais no boletim de ocorrência de acidentes de trânsito em 39,06%, e em relação a outra fonte de dados, “Controle estatístico dos acidentes de trânsito no perímetro urbano de Maringá”, um sub-registro de 7,81%. A cabeça foi a região do corpo mais afetada tanto para o total das vítimas, como para as vítimas fatais. O tipo de lesão mais freqüente foi ferimento para o total das vítimas e traumatismo interno para as vítimas fatais.
Perfil das intoxicações exógenas infantis em Maringá e região
José Carlos Amador, Zuleika Thomson
Data da defesa: 13/08/1997
Realizou-se um estudo retrospectivo no Centro de Controle de Intoxicações (CCI) de Maringá, no ano de 1995. Fazem parte desse estudo 194 casos de intoxicações agudas exógenas em menores de 14 anos. A análise dos dados aponta a predominância do sexo masculino (56,8%) sobre o feminino (42,2%). Observamos que o grupo etário mais sujeito a acidentes tóxicos está compreendido entre 1 e 4 anos (65,5%). A pesquisa aponta como maior causador de intoxicação os medicamentos (47%), sendo os mais usuais os anticonvulsivantes e ansiolíticos e também os principais responsáveis pela variável gravidade. As espécies comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta) 50%, e o pinhão paraguaio (Jatropha curcas) 40%, foram responsáveis pela quase totalidade das intoxicações por plantas. Percebemos que a maioria das intoxicações envolvem o uso de apenas um produto (94,3%) e, dentre os casos estudados, verificou-se que 81,9% foram classificados como acidentais, enquanto 3,6% figuram como tentativa de suicídio. A ingestão foi a principal via de intoxicação. A maioria dos casos são oriundos da cidade de Maringá (80,5%), sendo o Hospital Universitário de Maringá (80,5%), sendo o Hospital Universitário responsável por (58,7%) dos atendimentos, somente as informações, obtidas no CCI de Maringá foram suficientes para a resolução de 13,9% dos casos, não havendo necessidade de procurar nenhum outro serviço médico. Os dados da zona rural e urbana são semelhantes. Os defensivos agrícolas mantém uma estreita relação entre a data do acidente e o início da cultura a que se destina. Pudemos constatar que não há variação durante os meses do ano, sendo sábado o dia em que há maior número de casos, os horários em que há maior incidência de casos são aqueles imediatamente anterior ou após as principais refeições. Constatamos, ainda, que apesar de determinadas regiões apresentarem a inclusão de determinadas substâncias que não fizeram parte desta pesquisa como por exemplo: álcool, picadas de animais peçonhentos. Poucas regiões estudadas (São Domingos, Índia) apresentaram diferenças importantes quanto à incidência do produto tóxico. Entretanto, as variáveis: via de intoxicação, gravidade, idade, sexo, tiveram um comportamento muito semelhante na comparação com o perfil de outras regiões
Mortalidade por causas externas: Uma das formas de expressão de violência social
Marilda Sirani de Oliveira, Sebastião Jorge Chamé
Data da defesa: 10/09/1997
O estudo tem por objetivo principal dimensionar o problema da mortalidade por causas violentas no município de Marília, período de 1979 a 1994. Busca caracterizar a Violência Social como problema de Saúde Pública, através da análise do impacto negativo causado no cotidiano dos cidadãos. Utiliza registros históricos do comportamento coletivo em tempo de peste, e dada a semelhança, denomina-a de “Peste Moderna”, apressada, seletiva e causadora de traumatismo psíquico na sociedade. Procede a análise das dificuldades no enfrentamento dos problemas de saúde, neste final de século, em função da sociedade que introduz em seu ambiente novos riscos à saúde, decorrentes da crescente, rápida e complexa incorporação tecnológica, determinando um “modo de andar a vida” mecanizado, apressado, frio, com profundas mudanças no campo da moralidade e da ética, e a medicina por sua vez, tenta alcançar todos estes fatores, criando modelos e modos de intervenções diretas ou indiretas em nível clínico e/ou cirúrgico, não significando porém, melhoria da qualidade de vida. Aborda o fenômeno da violência a partir da análise da mortalidade por causas externas e sua tendência, utilizando informações provenientes do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde. As causas de morte são agrupadas de acordo com a Classificação Internacional de Doenças, com as mortes violentas categorizadas em: acidentes de trânsito, homicídios, suicídios, quedas acidentais, afogamentos, outros acidentes e outras violências. Comparam-se os dados de mortes violentas com os das mortes por doenças do aparelho circulatório, respiratório, neoplásicas e as infecto-parasitárias, no mesmo período. Apresenta os dados em proporções e taxas, segundo o sexo e os diferentes grupos etários. Redimensiona o perfil encontrado com base no cálculo dos Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVPs) entre as idades de 1 a 70 anos, total e desagregado por sexo. Os resultados mostram a mortalidade por causas violentas ocupando a quarta posição no obituário geral do município com proporção de 10,54%. A evolução aponta um lento e insidioso crescimento, com deslocamento da mortalidade para idades mais jovens e para a disseminação crescente entre as mulheres. Constitui-se em uma das principais causas de morte nos grupos etários mais jovens, com uma sobremortalidade masculina expressiva em todas as categorias de mortes violentas. Os acidentes de trânsito são apontados como vilão da saúde pública local, configurando-se na causa externa de maior risco, em ambos os sexos. A importância relativa das causas de morte sofre uma modificação significativa, quando da utilização do indicador “Anos Potenciais de Vida Perdidos”, pois o método valoriza as mortes que ocorrem nas fases precoces da vida. As causas externas emergem como a principal causa de morte, responsável por 42,4% dos APVPs. Salienta-se a importância da utilização deste indicador de mortalidade, pelo planejamento, na definição de prioridades. Tendo em vista que a inclusão dos acidentes de trânsito na agenda de saúde do Município, enquanto uma causa de morte evitável, pode reduzir de forma significativa as mortes por causas externas, propõe-se ao Município a implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica dos Acidentes de Trânsito, visando subsidiar sua prevenção e controle.
O trânsito e seus novos centauros
Maria Cecília Cordeiro Dellatorre, Sebastião Jorge Chamé
Data da defesa: 19/09/1997
Este trabalho tem como objetivo conhecer os significados do objeto carro, de dirigir , do cumprimento às normas, das responsabilidades, o enfrentamento da possibilidade de morrer e matar, as visões diferentes quanto ao gênero. O papel dos pais na autorização para transgredir, da escola, do respeito ao coletivo, entre adolescentes que começaram a dirigir antes dos dezoito anos, pertencentes à classe média e média alta. Utilizou-se para tanto, entrevistas com adolescentes com idade entre 15 e 21 anos. A análise destas entrevistas mostrou que aprenderam a dirigir com idades variando entre 8 e 13 anos, e foram aos poucos sendo liberados, ganhando a sonhada liberdade de ir e vir, com autorização dos pais para transgredir. As adolescentes vêem o carro como meio de transporte, mas ao mesmo tempo são incentivadoras de que os meninos desempenhem papéis audaciosos e compartilham com um misto de medo e prazer destes riscos. Os adolescentes cumpridores das normas são discriminados. As normas, conhecem todas, e escolhem quais cumprir. O carro é carregado de significados, e ao mesmo tempo a sua posse é busca de identidade. A segurança de transgredir vem da certeza que “meu pai vai pagar” eventuais prejuízos materiais ou de vítimas. As leis existentes não são suficientes para reprimir seus atos, e a polícia é para ser desafiada. A certeza da proteção da família, faz com que ousem mais em suas cidades de origem. Para proteção usam armas no carro e acreditam que o álcool não compromete a capacidade de dirigir. A escola se omite, quanto a ilegalidade de seus alunos. A possibilidade de morrer ou matar é um problema improvável e não refletido. Como Centauros, os jovens formam um corpo único adolescente/carro e são nesta forma algozes e vítimas, que morrem e matam em cumplicidade com uma sociedade indiferente.
Cesárea: frequencia, alguns fatores que a determinam e consequencias maternas e perinatais, Maringá, PR.1995
Regina Lúcia Dalla Torre Silva, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 16/12/1997
O presente trabalho, discute a elevada taxa de partos cirúrgicos realizados nos hospitais de Maringá no ano de 1995. Tendo como objetivo de se conhecer a freqüência de partos cirúrgicos e os fatores que estão influenciando a sua realização. Caracteriza ainda a população de mulheres que estão sendo submetidas aos partos abdominais levantadas as complicações mais comuns deste procedimento no período puerperal bem como a freqüência da síndrome do medo, desconforto respiratório nos RN. Foram estudados 2498 partos hospitalares realizados no município de Maringá no ano de 1995. Utilizando como fonte de dados o sistema de informação sobre nascidos vivos e os prontuários hospitalares. Os partos foram caracterizados seguindo as variáveis do RN: sexo, peso, índice de apgar; da mãe: idade, procedência, paridade e escolaridade da gestação: número de consultas pré-natais; institucionais: estabelecimento de ocorrência do parto, tipo de financiamento hospitalar; do atendimento ao parto: tipo de parto, uso de antibióticos profiláticos, horário da realização do parto, indicação clínica da cesárea, realização de laqueadura no momento do parto. Encontrou-se uma freqüência de 79.8% de cesáreas, 20.2% de partos normais e 0.4% foram realizados com o auxílio de fórceps. As principais indicações clínicas das cesáreas foram as cesáreas por repetição seguida por trabalho de parto complicado por sofrimento fetal e desproporção conhecida ou suspeitada do feto (desproporção céfalo-pélvica ou feto-pélvica). A alta incidência de cesáreas e a proporção maior de partos cirúrgicos encontrada nas pacientes particulares, com maior escolaridade, que realizaram o maior número de consultas durante o pré-natal e a realização da maioria das cesáreas no período matutino, nos mostram que fatores não técnicos tem influenciado a alta incidência de partos cirúrgicos. Foram encontrados também relação entre realização de laqueadura e partos cirúrgicos e utilização inadequada de antibióticos profiláticos. As intercorrências mais comuns no período puerperal para a população total foram as retenções urinárias e complicações anestésicas seguidas de hemorragias e infecções puerperais. Em relação ao RN encontrou-se com maior freqüência a síndrome do desconforto respiratório nos partos cirúrgicos. A média de permanência hospitalar da mãe para todos os partos foi de 3,2 dias, sendo 2,4 dias para partos normais e 3,4 para cesáreas.
Desnutrição energético-proteica e formas de apropriação do solo-estudo de caso em áreas de reforma agrária no estado do Paraná
Terezinha Maria Mafioletti, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 22/01/1998
Objetivando avaliar os níveis de saúde nas diferentes formas de organização das áreas de reforma agrária do Estado do Paraná: acampamentos, ocupações, assentamentos individuais e coletivos, utilizou-se como indicador de saúde a Desnutrição Energético-Proteica em crianças menores de cinco anos. Foram estudadas 487 crianças pertencentes a 373 famílias em 25 projetos diferentes e 10 Municípios. As famílias foram caracterizadas segundo variáveis sócio-econômicas, demográficas, educacionais e ambientais. Obteve-se a avaliação nutricional das crianças através da análise dos índices Peso/Idade, Peso/Altura e Altura/Idade. A caracterização da população estudada revela baixa escolaridade, predominância de famílias com 3 a 5 filhos, quase a totalidade das crianças possui cartão de vacinação (97,6%) destes 91.2% estão com o cartão em dia. Quando necessário a assistência médica 93,0% das mães procuram as Unidades do SUS. A maioria das residências são de madeira e 76.6% delas tem instalação elétrica. A renda média mensal das famílias residentes nos acampamentos é de R$ 54,35, nas ocupações R$ 37,25, nos assentamentos individuais, R$ 278,33 e nos assentamentos coletivos R$ 572,50. A caracterização da desnutrição revela predominância de déficits de estatura em relação aos déficits ponderais. O estudo comparado do estado nutricional destas populações ao se analisar o conjunto, encontra-se desfavorável ao se comparar com a região Sul do país e com o Estado do Paraná, ficando mais próximo das prevalências do Norte e Nordeste do país. Quando distribuído por grupo constata-se que as prevalência mais elevadas estão nos grupos de acampamentos e ocupações, já os assentamentos individuais e coletivos apresentam prevalências mais favoráveis. Ao analisar a relação do estado nutricional infantil através do índice Peso/Idade, encontrou-se associação com as variáveis energia elétrica, intervalo partal, tipo de projeto e renda. Em relação ao índice Altura/Idade encontrou-se associação para renda e tipo de projeto. Ao examinar os grupos separadamente, os resultados mostram uma importante associação do estado nutricional infantil, principalmente quando analisado o índice Peso/Idade, com a renda e a forma de inserção das famílias à estrutura de produção através do acesso ao uso do solo para a obtenção do alimento.
Perfil dos usuários de fármacos anti-hipertensivos e acesso a estes medicamentos em unidade básica de saúde de Maringá, PR.
Raquel Soares Tasca, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 28/07/1998
O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil dos usuários de fármacos antihipertensivo (FAH) em unidade básica de saúde em Maringá. Neste estudo, realizado no Núcleo Integrado de Saúde II - Mandacarú em Maringá - Pr, durante três meses, foram entrevistados 429 usuários de fármacos antihipertensivos e o perfil destes, caracterizado visando posterior estudo de utilização de medicamentos pela rede pública de saúde. No NIS II - Mandacarú foi encontrada uma predominância da prescrição de monoterapia (46,2%), e associação de duas drogas 46,4% de FAH. Dos 429 usuários de FAH entrevistados 65,7% eram do sexo feminino, sendo que da amostragem estudada 31,3% dos indivíduos usuários destes fármacos encontravam-se na faixa etária de 60-69 anos. Para, o sexo feminino a faixa etária de maior prevalência destes fármacos foi a de 50-69 anos (40,4%) e para o sexo masculino foi a faixa etária de 60-79 anos (18,9%). O motivo de consulta ou a queixa para estes usuários de medicamentos antihipertensivos foi: 80,3% relataram como motivo de consulta a necessidade do medicamento para controle da pressão arterial, sendo que 51,1% foram mulheres e 29,2% homens. Dos usuários de FAH, 88,4% correspondem a indivíduos analfabetos e com primário completo e incompleto; e 87,8% tem renda per capita mensal de 0-1 salário mínimo. A classe farmacológica de maior freqüência foi de diuréticos (48,1%) sendo que a hidroclorotiazida correspondeu a 41,7% das prescrições. Diabetes foi a doença associada a hipertensão arterial de maior freqüência (25,9%). A maior parte das prescrições de fármacos antihipertensivos tece acesso parcial aos medicamentos, 59,0% no NIS II - Mandacarú; 25,4%, teve acesso total e 15,6% não teve acesso a medicação antihipertensiva prescrita. Com relação ao local de acesso a medicamentos o NIS II - Mandacarú foi responsável por 87,2%, o CRS 2,1% e apenas 6,1% dos usuários compram o medicamento quando não há disponibilidade no NIS. Da prescrição de fármacos antihipertensão no NIS II - Mandacarú, 95,3% correspondeu aos FAH da farmácia básica paranaense e da padronização da SMSM, contudo 11,4% das prescrições dos usuários não tiveram acesso a estes medicamentos, 26,6% tiveram aceso total e 62,0% tiveram acesso parcial. Os dados obtidos permitem caracterizar e traçar perfil dos usuários de fármacos antihipertensivos acompanhados na rede pública de saúde no NIS II - Mandacarú, em Maringá - Pr.
Construindo uma metodologia de trabalho no setor saúde: uma proposta de formação profissional continuada de trabalhadores.
Grace Jacqueline Aquiles Barbosa, Odária Battini
Data da defesa: 27/08/1998
Este trabalho representa uma aproximação inicial do processo de desvelamento do pensar sobre o significado da prática de enfermagem no Hospital Universitário Regional de Maringá. Para isto utilizamos como suporte a metodologia da pesquisa-ação. Assim através de uma construção coletiva de pesquisa-intervenção, os enfermeiros daquele hospital buscaram, pela via de reflexão-ação, compreender os elementos que configuram sua prática, os pontos de esgotamento da mesma e as possibilidades de sua superação. Esta reflexão deu-se pela análise da teoria que a fundamenta, baseada na premissa da unidade teoria-prática. Nele podem estar evidenciados limites, mas, seguramente, está também contido um novo modo de agir e pensar uma prática profissional determinada, não mais centrada em si, mas voltada para um compromisso de defesa de princípios de eqüidade, de solidariedade, de liberdade e de emancipação.