Teses e Dissertações
Estratégias de Promoção da Saúde na Primeira Infância: Tecendo Redes Locais
Camila Sighinolfi de Moura, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 02/05/2022
Os primeiros anos de vida são como a fundação de uma casa e, ao investir na primeira infância, investimos na sociedade como um todo. Nesse sentido, essa pesquisa objetivou analisar intervenções, estratégias e recursos utilizados para a realização de ações de Promoção da Saúde na Primeira infância, à luz da intersetorialidade, em um território da Atenção Primária à Saúde (APS) em um município de grande porte do norte do Paraná. Foi realizada uma pesquisa de abordagem qualitativa exploratória na qual o percurso metodológico foi estruturado para que, cada momento da pesquisa, subsidiasse o melhor direcionamento para a realização do Grupo Focal. Dessa forma, utilizando-se de informações obtidas através de coleta de dados primários e secundários, a seleção dos atores sociais se deu a partir da delimitação do universo amostral, da seleção e caracterização do Território de estudo e, proveniente dessa análise foram selecionados os atores sociais que mantinham vínculos mais expressivos com o território. Assim, o grupo focal foi realizado com oito atores sociais da rede local e analisado à luz de Bardin (2011). O material coletado foi organizado a partir das falas dos participantes que compartilharam suas vivências e experiências e, derivadas de sua análise, emergiram quatro categorias: 1) Demanda “mais Pititiquinha” e a situação de saúde na primeira infância: da clínica ao social; 2) PueriCULTURA: Ritalina para Todo Mundo 3) Rede de Nó(s): criando laços intersetoriais e 4) MultiplicAÇÃO: estratégias locais de promoção da saúde na primeira infância. O conjunto de ideias centrais fez vir à tona a visão de uma Primeira Infância demarcada por barreiras relacionadas ao aumento das demandas de ordem sociais e clínicas; a eclosão de transtornos “psiquiátricos”; as repercussões das tecnologias e mídias digitais nas relações humanas; as dificuldades da rede para lidar com os pais na construção da parentalidade e no desenvolvimento infantil, principalmente diante do modelo biomédico e da lacuna de formação, da sobrecarga e do sucateamento do trabalho; dos recursos insuficientes e, da persistência mal sucedida de articulação com os conselhos e participação popular, dificultando iniciativas intersetoriais. Frente a essas adversidades, a pesquisa identificou dispositivos potencializadores de Saúde para fomentar o trabalho intersetorial e a realização de ações de Promoção da Saúde na Primeira Infância demonstradas por esforços incansáveis, coletivos e individuais, de forma intra e intersetorial, que foram desde uma sequência de encaminhamentos médicos, avaliações, ações clínico-assistenciais, vacinas, até ações lúdicas na puericultura, projetos de construção de hortas e compostagem e a proposição de grupos familiares intergeracionais na Educação, na Saúde, e na Assistência Social. As estratégias ratificam a importância do estabelecimento de redes locais de cogestão e a potência da Promoção da Saúde na Primeira Infância no enfrentamento dos Determinantes Sociais da Saúde.
Atividade física no tempo livre, barreiras e apoio social em imigrantes angolanos residentes no Brasil.
Celma Marília da Natividade Leão Chingulo, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 06/04/2022
Introdução: A atividade física, conforme tem sido conceituada no âmbito da saúde pública, é um importante fator de prevenção e promoção de saúde, envolvendo pessoas que se movem, agindo e atuando em espaços e contextos culturalmente específicos e influenciados por diversos aspectos, emoções, ideias, instruções e relacionamentos. No entanto, ainda não se sabe como se dá esse comportamento em populações imigrantes, sobretudo no contexto brasileiro. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo investigar os aspectos relacionados a prática de atividade física no tempo livre, barreiras para a prática de atividade física e o apoio social em imigrantes angolanos residentes no Brasil. Métodos: Trata-se de um estudo de delineamento transversal. Para se chegar à amostra do estudo, fez-se o recrutamento dos participantes por meio das associações de estudantes angolanos que tinham grupo virtual, nos quais a pesquisadora principal tinha contato prévio. Foi realizado o contato com associações de sete estados (Ceará, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Pernambuco), e a população estimada foi de 674 imigrantes. Destes 674, obteve-se resposta de 302 indivíduos (45%). Após as exclusões, por não residirem atualmente no Brasil ou por variáveis incompletas, foram considerados no estudo 247 indivíduos (37%). Para este estudo, foram utilizadas variáveis demográficas e de saúde, o apoio social, barreiras para a prática de atividade física e a atividade física. Para a mensuração do apoio social, utilizou-se a escala Medical Outcomes Study of Social Support Scale (MOS-SSS), que é composto por 4 dimensões do apoio social, material, emocional/informação, afetivo e interação social positiva, cada uma com três categorias (alto, médio e baixo), e para fins de análise, foi necessária a dicotomização; para a atividade física no tempo livre, utilizou-se a versão longa do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ). Foram considerados ativos no tempo livre aqueles que pontuaram ≥ 150minutos/semanais; para as barreiras para a prática de atividade física, utilizou-se instrumento de Reichert (2004) que apresenta oito barreiras, e além dessas, incluiu-se uma barreira relacionada com o ambiente. As análises foram realizadas pelo programa Statistical Package for the Social Sciences (IBM SPSS) versão 25.0, a partir de elementos da estatística descritiva, teste qui-quadrado e razão de prevalência a partir da regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: Entre os principais achados do estudo estão: 1) a maioria dos participantes foi classificado como sendo fisicamente ativo no tempo livre (66,4%), e houve maior prevalência de atividade física em indivíduos do sexo masculino do que na população feminina (70,6% e 50,9%, respectivamente); 2) para as dimensões afetiva, interação social positiva e emocional/informação, a maioria dos participantes apresentou apoio alto, e para o apoio material, cerca de 47,4% apresentou apoio médio; 3) foram identificadas pelo menos quatro barreiras para a atividade física com prevalência maior que 25%, sentir preguiça ou cansaço (41,7%), falta de dinheiro (36,4%), medo de se machucar realizando atividade física (29,1%), e falta de companhia (25,9%). A maioria dos participantes apresentou pelo menos uma barreira (80,1%); 4) dentre as quatro dimensões do apoio social estudadas, houve associação entre a prática de atividade física com apenas uma das dimensões, o apoio emocional/informação, após ajustado pelas variáveis demográficas e de saúde,
sendo que aqueles que tinham maior apoio emocional e de informação apresentaram uma maior prevalência de prática de atividade física no tempo livre (RP=1,25, IC95%=1,04-1,50); 5) as barreiras associadas à prática de atividade física foram: sentir preguiça ou cansaço, gostar de praticar e tempo livre, sendo que os indivíduos que não referiram ter a barreira tiveram maior prevalência de atividade física no tempo livre- não sentir preguiça ou cansaço (RP= 1,38, IC95%= 1,12-1,70); gostar de praticar atividade física (RP= 2,22, IC95%= 1,20-4,13); e ter tempo livre para a prática de atividade física (RP=1,65, IC95%=1,13-2,45); 6) aqueles que referiram nenhuma barreira ou uma barreira tiveram maior prevalência de prática de atividade física no tempo livre do que aqueles que tinham quatro ou mais barreiras - nenhuma barreira (RP=1,90, IC95%=1,23-2,95) e, uma barreira (RP=1,62, IC95%=1,04-2,53). Conclusão: No presente estudo, a maior parte da amostra foi considerada fisicamente ativa no tempo livre, sendo que houve maior prevalência de prática de atividade física em homens do que nas mulheres. Além disso, houve quatro barreiras para a prática de atividade física com prevalência superior a 25%, sentir preguiça ou cansaço para fazer atividades físicas, a falta de dinheiro, o medo de se machucar e a falta de companhia. Por fim, ser fisicamente ativo no tempo livre se associou com altos níveis de apoio emocional e de informação, gosto pela prática de atividade física, ter tempo livre e não sentir preguiça ou cansaço.
Repercussões do financiamento e da organização dos serviços de saúde bucal para o modelo de atenção odontológica na macrorregião Norte do Paraná.
Caroline Pagani Martins, Fernanda de Freitas Mendonça
Data da defesa: 24/02/2022
A conjuntura crítica perpetrada pela crise política e econômica ocorrida no Brasil em 2014 se somou a ascensão de um governo federal fortemente direcionado ao neoliberalismo, resultando em reformas econômicas centradas na austeridade fiscal, alterações emblemáticas na política de Atenção Básica (AB) e novas regras de financiamento federal do Sistema Único de Saúde (SUS). A compreensão dos efeitos dessas novas conformações para a assistência odontológica é imprescindível. Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar as repercussões do financiamento e da organização dos serviços de saúde bucal para o modelo de atenção odontológica na macrorregião Norte do Paraná. Para tanto, realizou-se um estudo de natureza quanti-qualitativa desenvolvido em dois movimentos. O primeiro, quantitativo, foi constituído por um estudo descritivo e exploratório que, por meio de dados secundários, buscou avaliar indicadores de saúde bucal da macrorregião Norte do Paraná entre 2013 e 2019, identificando possíveis desafios para a consolidação dos pressupostos da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB). No segundo movimento, qualitativo, foram entrevistados presencialmente entre julho e outubro de 2021, a partir de um roteiro semiestruturado, 29 gestores de saúde de 16 municípios da macrorregião Norte do Paraná. Utilizando-se o método de análise de discurso preconizado por Martins e Bicudo em 2005, foi investigada a percepção desses gestores sobre os principais desafios enfrentados na consolidação dos pressupostos da PNSB na atenção odontológica. Os resultados apontam um cenário atual preocupante para a macrorregião Norte do Paraná, com quedas abruptas no quantitativo de procedimentos individuais e ações coletivas, na contratualização de equipes de saúde bucal (eSB) e nas coberturas de eSB e de primeira consulta odontológica programática. Demonstram também que a organização da saúde bucal macrorregião analisada ainda prioriza condutas atreladas a modelos considerados ineficazes e ineficientes por serem produtivistas e curativistas, enquanto as Redes de Atenção à Saúde Bucal (RASB) se encontram fragilizadas devido aos amplos vazios assistenciais e pela dificuldade da Atenção Básica (AB) em atuar como coordenadora do cuidado. Ademais, outros problemas identificados foram a opção por modalidades de contratação menos estáveis e mais precarizadas, como a “pejotização”, o rompimento com as equipes multiprofissionais e a reordenação do trabalho com vistas ao cumprimento de metas, em uma perspectiva focalizada e produtivista, desconsiderando as reais necessidades dos territórios. A continuidade de políticas públicas de caráter universal que se pautam pela equidade é fundamental para os avanços em termos de acesso, utilização e resolutividade dos serviços. Dessa forma, a atual situação da PNSB suscita preocupação pois, caso não passe a ser financiada adequadamente e a receber priorização política, poderá se traduzir tão somente em uma política residual e focalizada.
Repercussões do contexto sócio-político, sanitário e normativo para a oferta e organização de serviços da Atenção Básica na Macrorregião Norte do Paraná
Wellington Pereira Lopes, Brígida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 17/03/2022
Introdução: A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) se deu um contexto político
de redemocratização do país, quando se encerrava um ciclo ditatorial e se iniciava o
período democrático, marcado por manifestações, reinvindicações e participação
popular em busca de melhorias em diversos aspectos. O contexto de implementação
do Sistema Único de Saúde (SUS) foi marcado por políticas normativas seguindo a
lógica federativa do país por meio da descentralização e participação de todos os
entes federados. Apesar dos diversos avanços nos útimos anos, questões
relacionadas a crise política, avanço do neoliberalismo e crises sanitárias têm
influenciado diretamente as mudanças ocorridas no SUS. Esse trabalho teve como
objetivo: Analisar as possíveis repercussões do contexto sócio-político, sanitário e
normativo para a oferta e organização de serviços da AB na macrorregião norte do
Estado do Paraná. Metodologia: Estudo de caráter compreensivo, realizado em dois
movimentos distintos. O primeiro, de caráter quantitativo descritivo, por meio de dados
secundários, disponibilizados pelo Ministério da Saúde (MS) no sistema Espaço para
Informação e Acesso para o Sistema da Atenção Básica (e-gestor), sobre número e
cobertura de equipes estratégicas da Atenção Básica (AB), referente ao período 2011
a 2019. O segundo movimento, de caráter qualitativo, foi realizado em 16 municípios
da macrorregião norte do Paraná. Os sujeitos da pesquisa foram coordenadores
municipais da Atenção Básica (AB) e secretários municipais de saúde entrevistados
por meio de roteiro semiestruturado, que continha questões que versavam sobre a
organização da atenção básica e gestão do trabalho e foram realizadas no periodo de
julho a outubro de 2021. Para análise e interpretação dos dados, foi utilizado o método
de análise de discurso. Resultados: Houve aumento no quantitativo e na cobertura,
tanto da Estatégia Saúde da Familia (eSF), quanto das demais equipes estratégicas
entre os anos de 2011 a 2019, porém os resultados apontam estagnação e até
mesmo redução para algumas estratégias nos anos subsequentes. O crescimento das
ideias neoliberais, a reforma trabalhista e contextos políticos, econômicos e sociais no
período da formulação da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) de 2017,
refletiram em flexibilização da forma de contratação e na estrutura das composições
das equipes, afetando principalmente os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que
sofreram redução do quantitativo de profissionais e da cobertura populacional. Na
macrorregião norte do Paraná,a maioria dos municípios estudados manteve a
organização da AB por meio das eSF, e em apenas três municípios verificou-se a
existência de Equipes de Atenção Primária (eAP). Em relação às formas de
contratação nesses municípios, notou-se aumento dos vínculos precáriosQuanto a
percepção dos gestores sobre o desempenho e tipo de vínculo contratual, observouse
que alguns gestores não identificam diferença entre a atuação de profissionais com
vínculos distintos, entretanto houve ênfase por de alguns gestores que profissionais
terceirizados e com vínculo de trabalho mais frágil tem melhor desempenho do que
profissionais com estabilidade no trabalho. Observou-se que a crise sanitária da
Covid-19 interferiu diretamente na organização e oferta de serviços da AB, além disso,
a crise do federalismo brasileiro marcada por conflitos intergovernamentais provocou
atraso na organização da AB para atuar frente a pandemia por Covid-19. Apesar disso
houve organização por meio de unidades sentinelas de atendimento a pessoas
sintomáticas respiratórias, unidades de coleta de exames e unidades de atendimento
regular aos pacientes. Os serviços ofertados foram: tele-atendimento, rastreamento
de casos suspeitos e casos confirmados, atendimento de pacientes com sintomas
respiratórios nas unidades de referência, atendimento de rotina nas demais unidades, população do território, entrega ou envio por e-mail de receitas médicas de uso
continuo aos pacientes crônicos para minimizar aglomerações, incentivo ao programa
de imunização e atendimento psicológico. Conclusão: Os resultados permitem inferir
que a PNAB 2017 não possibilitou o fortalecimento da AB com foco na eSF; que o
cenário político, sanitário, econômico e social vivenciado pelos municípios nos últimos
anos, interferiu diretamente na forma de contratação dos profissionais, na percepção
dos gestores em relação ao desempenho e vínculo de trabalho e que a crise entre os
entes federativos, especialmente a descooordenação, refletiu de forma negativa na
organização da AB para o combate da Covid-19.
Regionalização e cooperação nas estratégias de contratualização no SUS
João Felipe Marques da Silva, Brígida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 11/03/2022
A multiplicidade de modelos institucionais de gestão e prestação de serviços de saúde no Brasil mostra-se como um importante aspecto do processo de regionalização do SUS, especialmente em municípios de pequeno porte. A etapa de contratualização desses modelos institucionais apresenta-se como estratégia para o acesso dos usuários à atenção especializada ambulatorial e hospitalar; constitui-se como fase obrigatória para a oferta de serviços de saúde; e, encontra-se envolvida por diferentes formas de cooperação entre os entes federados e desses com distintas modalidades de prestação de serviços. Cada uma delas revela uma série de elementos, com regras e formatações institucionais, além de critérios contratuais distintos a depender de sua natureza jurídica. Ainda, são produtos de um determinado contexto histórico, reflexo de reformas constitucionais e administrativas, consequência da implementação de políticas específicas, bem como de demais aspectos relacionados às relações público-privadas. Nesse contexto, os processos de regionalização e contratualização dos serviços de saúde são variáveis dependentes, condicionados por fatores diversos, entre eles, as desigualdades e iniquidades na oferta, e a diversidade de atores e prestadores públicos e privados com ou sem fins lucrativos disponíveis no território. Dessa forma, ao considerar que a região de saúde é o lócus principal de organização do SUS com vistas à garantia constitucional da integralidade da atenção, essa pesquisa apresenta como objetivo principal, compreender como as estratégias de contratualização das modalidades institucionais de gestão e prestação de serviços para a assistência à saúde relacionam-se com a cooperação e com o processo de regionalização do SUS em regiões formadas por municípios de pequeno porte. Trata-se de um estudo de casos múltiplos, de caráter qualitativo, desenvolvido entre os meses de dezembro de 2019 a janeiro de 2021 na macrorregião norte do Paraná (16ª, 17ª, 18ª, 19ª e 22ª regionais de saúde), por meio do levantamento de dados secundários e entrevistas, utilizando-se de roteiro semiestruturado. Os sujeitos da pesquisa foram: gestores municipais, prestadores de serviços, técnicos das regionais de saúde, gestor estadual, diretor do consórcio público, representantes do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS), e membro do controle social. As entrevistas foram submetidas à análise hermenêutica crítica, e os dados foram interpretados com apoio do referencial de análise de políticas. Os resultados foram organizados em seis capítulos, um fruto de revisão documental e outros cinco, representando os casos elencados para investigação: a) o caso da administração pública direta (HPP), b) o caso dos hospitais sem fins lucrativos, c) o caso dos hospitais com fins lucrativos, d) o caso da fundação estatal de direito privado (FEDP), e, e) o caso do consórcio público de saúde (CPS). O capítulo de revisão documental apresenta os antecedentes do processo de contratualização e regionalização de serviços no âmbito do SUS; propõe uma classificação a respeito das modalidades de contratos entre entes federados; e realiza um debate acerca da gestão do SUS e de estratégias de contratualização com vistas à regionalização e à direção única. Os demais capítulos apontam para diferentes formas de cooperação entre os entes envolvidos, a depender do caso (cooperação técnica, interfederativa, contratual, lucrativa, entre outras), bem como as modalidades que favorecem ou não o processo de regionalização nas regiões de estudo. Observa-se também que as formas de contratualização das modalidades discutidas estão diretamente relacionadas ao fato de os municípios envolvidos deterem ou não a gestão do teto de média e alta complexidade (MAC). Além disso, destacam-se entre os casos analisados: forte empresariamento e benefícios jurídicos-legais relacionados às modalidades institucionais de gestão e prestação de serviços; características mistas (top-down e bottom-up) de implantação da política de regionalização; concepções distintas entre os atores envolvidos a respeito da privatização e terceirização dos serviços de saúde; legislações e normativas capazes de formar grupos e arenas de interesse no financiamento público; provisão de profissionais de saúde por meio da terceirização e da precarização de vínculos; e, ainda, ausência na atualização e lacunas na legislação de políticas de contratualização. Conclui-se que não há como discutir o processo de regionalização sem relacioná-lo à contratualização dos serviços, e sobretudo, às políticas públicas que os envolvem. Nessa perspectiva, a regionalização e a contratualização são, mutuamente, variáveis dependentes. Portanto, para o fortalecimento desse processo, advoga-se a favor da construção de um instrumento contratual de cooperação, que permita, a partir do planejamento territorial, a contratualização de serviços de abrangência microrregional ou regional, com segurança jurídica, e alocação de recursos tripartite, com a participação e apoio de núcleos específicos nas universidades públicas. Advoga-se também, por políticas que minimizem as iniquidades de determinados modelos de gestão, por meio de critérios que fortaleçam, entre outros: a participação popular; as especificidades contratuais regionais; a integralidade da atenção; os mecanismos de regulação e governança; e os espaços de negociação e articulação gestora. Há ainda a necessidade de fortalecer a gestão pública a partir de arranjos e serviços voltados ao público e não ao mercado.
A influência das Novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação em Atenção Primária à Saúde em cursos de Medicina do Paraná
Luciana Osorio Cavalli, Brígida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 21/07/2021
Introdução: Mudanças na formação profissional médica vêm sendo discutidas nas últimas décadas, entre elas, a superação do modelo de formação biomédico, fragmentado, com enfoque na especialização e hospitalocêntrico, que motivou várias entidades e instituições nacionais e internacionais a proporem recomendações para um novo modelo de formação, voltado para inserção na Atenção Primária à Saúde (APS). No Brasil, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de 2001 e 2014, principalmente, propõem a inserção nos primeiros anos e longitudinal na APS para desenvolver as habilidades e competências dos egressos dos cursos de Medicina. Objetivo: Analisar a formação para a APS, dos cursos de Medicina, no estado do Paraná, relacionado às últimas DCNs. Metodologia: A metodologia utilizada foi um estudo desenvolvido em três fases: 1) Scoping Review para verificar o que já havia sido descrito pela literatura sobre o assunto; 2) Exploratório e descritivo – levantamento das escolas e das grades curriculares, avaliando-as de acordo com a diretriz curricular; 3) Qualitativo – Entrevista com coordenadores de cursos para compreender como foi construído e está sendo implementado o projeto político-pedagógico (PPP). Os dados foram analisados subsidiados pelo referencial teórico de Bourdieu. Resultados: Os resultados foram apresentados em formato de três artigos científicos: 1) A Formação Médica na APS: Uma Revisão de Literatura 2) A Formação Médica na APS no Paraná; 3) A Formação Médica para a APS em quatro escolas do Paraná: a percepção dos coordenadores de curso. O primeiro artigo tratou de uma scoping review e identificou uma maioria de artigos publicados a partir de 2015, sendo que, as DCNs aparecem como principal motivador para mudança curricular, com 100% das escolas apresentando inserção precoce, 76,5% no primeiro semestre, 47,1% ao longo de oito semestres e com objetivo de aprendizado que vai ao encontro das diretrizes. Porém, a falta de estrutura das unidades, da formação dos preceptores e convênios precários apareceram como aspectos negativos. O segundo artigo retrata a análise dos PPPs de dez cursos de Medicina do Paraná, apresenta que 100% dos currículos analisados referem inserção na APS, sendo 80% por oito semestres, 100% inserem durante o internato, porém em 30% não acontece pelo período preconizado pelas DCNs; os objetivos da inserção, no entanto, obedecem às DCNs. O terceiro artigo apresenta que em 100% dos PPPs analisados também há a inserção na APS ainda no primeiro ano, sendo que em 75% deles por oito semestres, porém verifica-se na entrevista que em 50% destas o tempo de inserção prática é inferior ao descrito no PPP. Conclusão: Percebe-se, nos artigos brasileiros estudados e nos PPPs avaliados, que a formação médica na graduação atende ao preconizado pelas DCNs de 2014, pelos autores e pelas experiências internacionais. Verificam-se avanços importantes em relação ao ensino para a APS nos cursos estudados em relação à adequação ao preconizado nas diretrizes, mas há algumas divergências entre o que aparece no PPPs dos cursos e a inserção dos estudantes em estágios práticos. Reforça-se a importância da valorização desses espaços para os docentes e discentes.
A efetivação dos atributos da atenção primária à saúde: uma análise dos dados do programa nacional de melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica e sua relação com mortalidade infantil no Brasil.
Marla Fabiula de Barros Hatisuka, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 20/07/2021
Objetivo: Analisar a relação entre a efetivação da Atenção Primária à Saúde, na perspectiva do usuário, e a classificação de desempenho das equipes de saúde, no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) com a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI). Método: Trata-se de uma pesquisa avaliativa, transversal e de abordagem quantitativa. A população do estudo foi composta por usuários que participaram do 3º ciclo do PMAQ e que responderam ao Módulo III – Entrevista na Unidade de Saúde com o Usuário. Também, foram analisados os dados da classificação de desempenho das unidades de saúde que participaram do programa. Para a análise da TMI, a população do estudo foram os óbitos de menores de um ano e o total de nascidos vivos dos anos de 2015 a 2017. Para a análise dos atributos essenciais da Atenção Básica (AB), foi realizada a correspondência entre as questões contidas no Módulo III, com as definições dos atributos essenciais definidos pela pesquisadora Bárbara Starfield (2002). Para a análise de certificação, as unidades, classificadas acima de boa, foram agrupadas em uma única variável renomeada como “boa classificação de desempenho”. Para verificar a associação entre as porcentagens de unidades com boa classificação de desempenho e a TMI, foi realizado o teste de coeficiente de correlação de Pearson, assim também foram realizadas análises de similaridade entre as variáveis estudadas e os Estados da Federação. Para verificar a diferença nas médias dos atributos essenciais, segundo o porte populacional, foi realizado o teste de ANOVA de uma via e, para verificar quais grupos diferiram entre si, foi utilizado o teste de post-hoc de Tukey. Também foi utilizado o teste de coeficiente de correlação de Pearson,sendo adotado nível de significância de 5%, para verificar a relação entre a TMI e as médias dos atributos. Resultados: Existe correlação negativa de intensidade moderada (-0,534) e significante (p=0,005) entre a certificação das equipes e a TMI. Na análise de similaridade, obteve-se a formação de quatro grupos, sendo o grupo, com as menores porcentagens de unidades com boa classificação de desempenho e maior média da TMI, composto por cinco Estados, todos da região Norte. A análise da diferença de médias demonstrou que existem diferenças no alcance dos atributos essenciais, nos diferentes portes populacionais, na percepção de seus usuários, principalmente nos atributos de primeiro contato e longitudinalidade. Também revela que existe relação negativa entre a TMI e o alcance dos atributos, com resultado mais expressivo entre o atributo de primeiro contato e as metrópoles. Conclusões:Existe relação entre a certificação da equipe de saúde com a TMI, assim como existem diferenças nos alcances dos atributos essenciais da AB, na percepção dos usuários, de acordo com o porte populacional. São grandes os desafios, para que se consiga atingir a efetivação da qualidade da AB no Brasil, sobretudo no contexto político neoliberal com redução dos gastos públicos, principalmente nas políticas sociais.
Gênero e fatores associados aos comportamentos de saúde: estudo com amostras das capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal
André Ulian Dall Evedove, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 22/02/2022
OBJETIVO: Analisar gênero e os fatores associados à adoção dos comportamentos de saúde em adultos brasileiros (≥18 anos) das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, mediante a dois objetivos específicos: 1.Verificar a desigualdade na prática de atividade física no tempo livre entre homens e mulheres (≥18 anos) das capitais brasileiras de 2010 a 2019; 2.Comparar a prevalência de comportamentos de risco (CR) à saúde em homens idosos (≥60 anos) viúvos com as de idosos com companheira, solteiros e divorciados/separados, bem como a prevalência de CR em idosos viúvos conforme faixa etária, escolaridade e raça/cor. MÉTODOS: Tese estruturada conforme modelo escandinavo onde para cada objetivo específico construiu-se um artigo com métodos, resultados e conclusões próprias. Os dados utilizados foram da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL). O primeiro, com dados de uma década (2010 a 2019), teve como tema a desigualdade da prática de atividade física no tempo livre entre homens e mulheres (n=512.968). Em ambos os estudos foi calculada a Razão de Prevalência (RP) a partir da regressão de Poisson. Para o artigo um, foram ainda calculadas a medida de desigualdade absoluta em pontos percentuais e a regressão de Prais-Winsten para verificar a tendência ao longo do período estudado. Com dados de 2016 e 2017, o segundo teve como tema a viuvez em homens idosos (n=11.185) e comportamentos de risco à saúde: inatividade física no tempo livre; consumo irregular de frutas, verduras e legumes; tabagismo e consumo abusivo de álcool. RESULTADOS: Artigo 1) A desigualdade relativa da prática da atividade física no tempo livre foi maior nos mais jovens (18 a 24 anos; RP média=2,09) e menor nos sujeitos de 45 a 64 anos (RP média=1,14). Na escolaridade, foi maior no grupo intermediário (9 a 11 anos; RP média=1,67) e menor no mais baixo (0 a 8 anos; RP média=1,41). Houve diminuição das desigualdades relativas no geral (-0,72 pontos percentuais (p.p/ano), nos grupos etários de 18 a 24 anos (-0,74 p.p/ano), 25 a 34 anos (-0,73 p.p/ano), 35 a 44 anos (-0,82 p.p/ano) e no grupo de escolaridade intermediária (-0,86 p.p/ano). Apesar dessa redução, tanto a desigualdade absoluta como a relativa se mantiveram maiores nesses grupos. Artigo 2) Comparando com idosos viúvos o tabagismo foi menor nos com companheira (RP=0,68; IC95%:0,52-0,90). Quando considerados somente os viúvos, na comparação com os de 60 a 69 anos, observou-se menor inatividade física no tempo livre nos de 70 a 79 anos (RP=0,86; IC95%:0,74-0,98), menor consumo irregular de frutas, verduras e legumes (RP=0,78; IC95%:0,66-0,93), tabagismo (RP=0,32; IC95%:0,15-0,65) e consumo abusivo de álcool (RP=0,35; IC95%:0,15-0,83) nos mais velhos (≥80 anos). Na comparação com viúvos de maior escolaridade (≥12 anos), os dos grupos intermediário e mais baixo foram mais inativos no tempo livre (RP=1,16; IC95%:1,00-1,35 e RP=1,15; IC95%:1,00-1,31, respectivamente) e tiveram maior consumo irregular de frutas, verduras e legumes (RP=1,31; IC95%:1,04-1,65 e RP=1,60; IC95%:1,31-1,94, respectivamente). CONSIDERAÇÕES FINAIS: No primeiro artigo, apesar da redução significativa da desigualdade nos sujeitos de 18 a 44 anos e nos de escolaridade intermediária, as diferenças permaneceram maiores nesses grupos. No segundo artigo observou-se relação moderada da viuvez na comparação com outras situações conjugais. Considerando somente idosos viúvos, os mais velhos e de maior escolaridade tiveram menores CR. Sugere-se que ações e políticas de promoção de comportamentos saudáveis devem ser planejadas considerando a relação da desigualdade de gênero com outros fatores, como a situação conjugal, faixa etária e escolaridade.
Desfechos associados ao início tardio da nutrição enteral e a mudanças na assistência ventilatória mecânica: estudo de coorte retrospectiva em uma Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica
Arnildo Linck Júnior, Selma Maffei de Andrade, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 27/07/2021
Introdução: As unidades de terapia intensiva pediátricas (UTIP) têm a função de oferecer a
assistência necessária à criança gravemente enferma, visando a sua recuperação com
qualidade de vida. Para tanto, exige equipe multiprofissional especializada, protocolos de
atenção atualizados e tecnologias apropriadas. Objetivo: Este estudo teve por objetivo
analisar desfechos associados ao início tardio da nutrição enteral e a mudanças na assistência
ventilatória mecânica em uma UTIP de hospital de ensino de alta complexidade no Sul do
Brasil. Método: Trata-se de estudo de coorte retrospectiva de internações ocorridas nos anos
de 2012 a 2017 na UTIP do Hospital Universitário (HU) de Londrina, Paraná, com
seguimento até 31 de dezembro de 2019. As informações foram obtidas de prontuários
médicos e do sistema eletrônico do hospital. No primeiro estudo, a variável independente foi
o início tardio da nutrição enteral (após 24 horas de internação), e os desfechos foram tempo
de internação na UTIP e no hospital, incidência de infecções relacionadas à assistência à
saúde (IRAS) e óbito. No segundo, a variável independente foi o período em que ocorreu a
internação na UTIP, antes ou após a adoção de um conjunto de medidas (aquisição de
equipamentos, aumento de horas por dia de assistência fisioterápica e instituição de um
protocolo de atenção) visando melhorar a assistência a crianças em ventilação pulmonar
mecânica (VPM), tendo como desfecho o tempo de ventilação pulmonar mecânica (VPM) por
mais de sete dias. O programa Statistical Package for Social Sciences, versão 19, foi usado
para análises estatísticas. Modelos de Poisson com variância robusta com ajustes progressivos
foram construídos, com apresentação de riscos relativos (RR) brutos e ajustados, e seus
respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: Das 1.223 internações
identificadas, foram localizados os prontuários de 1.182 (96,6%). Excluíram-se, no primeiro
estudo, as internações com menos de 24 horas ou com mais de 24 meses de duração e aquelas
com óbito antes de iniciar a nutrição enteral; no segundo, internações com óbito e em VPM
por mais de 100 dias. Foram analisadas 840 internações no primeiro estudo, e 532 no
segundo. Após todos os ajustes, o início tardio da nutrição enteral foi fator de risco
significativo para tempo de internação acima da mediana tanto na UTIP (RR=1,15;
IC95%=1,01-1,31) como no hospital (RR=1,22; IC95%=1,05-1,43) e para maior incidência
de IRAS (RR=1,33; IC95%=1,06-1,66); a associação com óbito, porém, perdeu significância
após ajuste por indicadores de gravidade (RR=1,11; IC95%=0,73-1,87). No segundo estudo,
as internações que ocorreram após a adoção das medidas para melhorar a assistência a
crianças em VPM apresentaram menor risco de permanência no respirador por mais de sete
dias (RR=0,67; IC95%=0,49-0,92). Conclusão: Os resultados sugerem que algumas condutas
em UTIP, como iniciar precocemente a nutrição por via enteral e adotar medidas para
melhorar a assistência às crianças em VPM, podem contribuir para a redução de IRAS e do
tempo de internação e de VPM, proporcionando liberação mais precoce de leitos e ampliando
o acesso a crianças que necessitem de assistência de alta complexidade.
Síndrome de Burnout e o consumo de álcool e substâncias ilícitas por estudantes universitários
Giovana Frazon de Andrade, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 07/12/2021
Introdução: Os estudantes universitários apresentam vulnerabilidades em razão do
desenvolvimento de conflitos intelectuais e emocionais relacionados ao ambiente
acadêmico, e estes podem causar efeitos estressores que se manifestam na forma
de burnout acadêmico. Na tentativa de atenuar o sentimento de esgotamento
emocional, o uso de álcool e substâncias ilícitas podem se apresentar como uma
estratégia de enfrentamento, e desta forma, se torna importante compreender as
motivações do uso de álcool e substâncias ilícitas na vertente do burnout
acadêmico. Objetivo: Analisar a relação entre a Síndrome de Burnout (SB) e o
consumo de álcool e substâncias ilícitas por estudantes universitários. Métodos:
Tese em modelo escandinavo contendo dois artigos. No artigo 1 foi realizado uma
revisão sistemática sobre a relação entre SB e consumo de álcool e/ou substâncias
ilícitas em estudantes universitários nas bases de dados: Biblioteca Virtual em
Saúde, PubMed, Web of Science, PsycNet e Scopus, com as palavras-chave:
alcohol*, drink*, crack, marijuana, cannabis, cocaine, amphetamine*, psychoactive*,
stimulant*, substance*, drug*, hallucinog*, heroin*, ecstasy, inhalant*, Burnout,
accomplishment, depersonalization, exhaustion, undergraduate*, student*, universit*,
graduate* e academic*, nas línguas português, inglês e espanhol, sem limitação de
ano e baseado no protocolo PRISMA. No artigo 2 foi realizado um estudo transversal
com 3.060 estudantes matriculados em cursos de graduação da Universidade
Estadual de Londrina, entrevistados no ano de 2019. Verificou-se o
abuso/dependência de álcool e substâncias ilícitas por meio do questionário ASSIST
e a presença de SB por meio do questionário Copenhagen Inventory Burnout (CBI-
S) pontuada em tercis e categorizada em “baixa pontuação”, média pontuação” e
“alta pontuação”. A análise entre as variáveis foi por meio da Regressão de Poisson
com Razão de Prevalência (RP) e Intervalo de Confiança 95% (IC95%).
Resultados: Artigo 1 - Entre os 2.269 artigos identificados, 16 atenderam aos
critérios de inclusão. Todos os estudos eram transversais e avaliaram estudantes da
área da saúde. Destes, 12 estudos encontraram associação entre as variáveis,
sendo o consumo de álcool e substâncias ilícitas relacionado à SB. Artigo 2 - Em
relação ao abuso/dependência de álcool e de substâncias ilícitas, foi identificada a
prevalência de 24,5% e 16,9%, respectivamente. O abuso/dependência de álcool
apresentou associação significativa com a alta pontuação do burnout total e todos os
seus domínios, e na média pontuação do burnout total, burnout pessoal e
relacionado aos professores. Em relação ao abuso/dependência de substâncias
ilícitas, encontrou-se associação significativa com a alta pontuação do burnout total,
burnout relacionado aos estudos, relacionado as colegas e relacionado aos
professores, e com a média pontuação do burnout total e burnout pessoal.
Conclusão: Concluiu-se que há associação entre SB e consumo de álcool e
substâncias ilícitas, indicando que é possível que esgotamento emocional de
universitários possam ser um preditor para o consumo das substâncias analisadas.