Teses e Dissertações
Características e consequências de acidentes de trânsito para motociclistas após um ano do acidente, Londrina (PR)
Daniela Wosiack da Silva, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 17/02/2014
Este estudo teve o objetivo de analisar consequências de acidentes de trânsito para
motociclistas e fatores associados à alteração no desempenho das atividades laborais após um
ano do acidente. Trata-se de um estudo longitudinal, no qual foram identificados todos os
motociclistas atendidos pelos serviços de atenção pré-hospitalar do município de Londrina,
PR, e encaminhados a dois hospitais terciários do município no período de 1o
de abril de 2010
a 31 de março de 2011, com realização de entrevista um ano após o acidente. A Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) foi utilizada para avaliar a
funcionalidade dos motociclistas após 12 meses do acidente. Foram realizadas análises
descritivas e de associação, por regressão logística binária hierarquizada, entre o relato, pelos
motociclistas, de alteração no desempenho das atividades laborais em decorrência do acidente
(variável dependente) e as seguintes variáveis independentes: características
sociodemográficas, do acidente, assistenciais e outras consequências do acidente. As análises
estatísticas foram realizadas usando o programa SPSS 19.0. Foram entrevistados 242
motociclistas após um ano da ocorrência do acidente. Houve predomínio de motociclistas do
sexo masculino (74,4%) e com idade inferior a 35 anos (66,1%). O tempo de internação
variou de 0 a 32 dias e 44,3% receberam alta após a internação. A maior parte dos acidentes
(56,6%) envolveu trajetos relacionados ao trabalho. Quase 80% dos motociclistas estudados
referiram ter medo de envolvimento em novo acidente. Dos condutores, 26,4% deixaram de
dirigir moto, especialmente por medo de se envolver em novo acidente (62,5%) e por sequelas
físicas (25%). A maioria (91,3%) dos 219 motociclistas com ocupação profissional no
momento do acidente relatou necessidade de afastamento do trabalho, 35,6% referiram
alterações no desempenho de suas atividades laborais e 12,8% necessidade de mudança de
ocupação devido ao acidente. Dores constantes residuais foram relatadas pela maioria dos
motociclistas entrevistados (58,3%), sendo mais acometidos os membros inferiores e
superiores, segmentos que também apresentaram maior frequência de deficiências,
principalmente de força muscular e de mobilidade das articulações com percentuais superiores
a 30%. Os 242 motociclistas apresentaram dificuldades principalmente em atividades
relacionadas à “Mobilidade”, destacando-se, com prevalências próximas a 20%, as atividades
“Levantar e carregar objetos” e “Andar”. Em mais de 10% dos casos, os motociclistas
referiram dificuldades para “Dirigir” e nas atividades relacionadas à “Recreação e lazer”. Na
análise de regressão logística hierarquizada, foram fatores de risco para o relato de alteração
na forma de trabalhar dos motociclistas: baixa escolaridade (Odds ratio [OR]=3,42),
realização de tratamento de fisioterapia (OR=3,99) e ocorrência de lesão em região de
membros superiores (OR=2,45). Ser do sexo masculino foi fator de proteção para o desfecho
analisado (OR=0,46). A investigação das consequências dos acidentes de trânsito para os
participantes do presente estudo revelou um quadro bastante preocupante de
comprometimento da saúde física e emocional de muitos motociclistas, além de limitações
funcionais no desempenho das atividades pessoais e profissionais
Condições de saúde e utilização de serviços odontológicos entre adultos de 40 anos ou mais: estudo de base populacional
Maria Luiza Hiromi Iwakura Kasai, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 05/12/2013
O presente estudo teve por objetivo analisar as condições de saúde bucal e a
utilização de serviços odontológicos entre adultos de 40 anos ou mais e fatores
associados. Realizou-se estudo transversal de base populacional, com amostra
representativa de 1180 indivíduos residentes na região urbana de Cambé, no
período de fevereiro a junho de 2011. Esta pesquisa faz parte de um estudo mais
abrangente – Projeto VigiCardio. Foram calculadas medidas de associação
expressas pelas razões de prevalências (RP) brutas e ajustadas, estimadas por
modelos de regressão de Poisson univariados e múltiplos, com estimadores
robustos de variância. A média de idade dos indivíduos foi de 54,6 anos e 54,4%
eram mulheres. O edentulismo total foi observado em 22,7% dos indivíduos, a
prevalência de mais de doze dentes perdidos foi de 49,7% e a média de dentes
perdidos foi igual a 15,6 (mediana de 12,0). A necessidade de tratamento dentário
atual foi citada por 67,6%, e 37,8% consultaram o dentista há três anos ou mais. No
modelo final, após análise ajustada pela regressão de Poisson os fatores que
permaneceram significativamente associados aos desfechos foram: a) perda
dentária superior a 12 dentes: ser do sexo feminino (RP=1,397; IC95%:
1,243;1,570); ter mais de 60 anos de idade (RP = 1,730; IC95%: 1,551;1,931); ter
cursado até 7 anos de estudo (RP = 2,074; IC95%: 1,710;2,516); e ter realizado a
última consulta com o dentista há três anos ou mais (RP = 1,297; IC95%:
1,161;1,449); b) consulta ao dentista há três anos ou mais: ser do sexo feminino (RP
= 0,710; IC95%: 0,575;0,877); ter cursado até 7 anos de estudo (RP = 2,076; IC95%:
1,627;2,648); possuir alguma prótese dentária (RP = 0,702; IC95%: 0,571;0,862);e
necessitar de tratamento dentário atual (RP = 2,155; IC95%: 1,520;3,056); c)
necessidade de tratamento dentário atual: última consulta ao dentista há três anos
ou mais (RP = 1,174; IC95%: 1,095;1,260); sangramento na gengiva (RP = 1,132;
IC95%: 1,049;1,222); presença de dente amolecido (RP = 1,117; IC95%:
1,038;1,203); e insatisfação com os dentes/boca (RP = 1,517; IC95%: 1,381;1,666).
Os resultados aqui apresentados apontam desigualdade no acesso aos serviços
odontológicos e iniquidade na atenção, e indicam a necessidade de ampliação da
oferta de serviços odontológicos e das opções de tratamento no âmbito do SUS à
população adulta idosa e não idosa.
Associação entre capital social e comportamentos relacionados à saúde: estudo de base populacional
Mathias Roberto Loch, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 07/08/2013
Estudos que investigam a relação entre comportamentos relacionados à saúde com
o capital social (CS) são escassos, especialmente na América Latina. O objetivo
deste trabalho foi verificar a relação entre indicadores de CS e a prevalência de
determinados comportamentos relacionados à saúde. Realizou-se estudo
transversal, de base populacional, com indivíduos com 40 anos ou mais de um
município de médio porte da região Sul do Brasil. Os dados foram coletados no
primeiro semestre de 2011. Para este estudo, foram considerados dados de 1081
sujeitos. Os comportamentos investigados foram: inatividade física no lazer (INFL),
baixo consumo de frutas e/ou verduras (BCFV), tabagismo (TAB) e consumo
abusivo de álcool (CAA), além de análise de simultaneidade dos comportamentos
citados. A INFL foi avaliada a partir do modelo de estágio de mudança de
comportamento e as questões relacionadas aos demais comportamentos foram
retiradas do questionário aplicado pelo sistema de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) do Ministério da
Saúde do Brasil. Os indicadores de CS foram selecionados a partir do Questionário
Integrado para medir CS (QI-MCS): número de amigos e de pessoas que
emprestariam dinheiro em caso de necessidade, confiança nas pessoas do bairro,
frequência com que as pessoas no bairro se ajudam, segurança no bairro e
participação cívica ou comunitária. Foi ainda construído um escore de CS, baseado
nos indicadores isolados. Os dados foram analisados no Programa SPSS vs. 19, por
meio da regressão logística, realizando-se análise bruta e ajustada (p<0,05). Após
os ajustes, a INFL esteve associada ao número de amigos, confiança nas pessoas
do bairro, frequência com que as pessoas no bairro se ajudam, segurança no bairro,
participação comunitária e o escore de CS. O BCFV associou-se à participação
comunitária e ao escore de CS. O TAB se mostrou associado à frequência com que
as pessoas no bairro se ajudam e ao escore de CS. Apenas a frequência com que
as pessoas no bairro se ajudam esteve associada ao CAA. Em todas as
associações mencionadas, os sujeitos com menor CS tinham maior chance de
apresentarem os comportamentos negativos. Observou-se ainda que quanto maior o
CS, menor o número médio de comportamentos negativos. Sujeitos com maior CS
apresentaram em média 1,47 (DP=0,11) comportamentos negativos, enquanto os
com menor CS tinham média de 2,13 (DP=0,23) comportamentos negativos. Este
estudo mostrou uma associação moderada entre diferentes indicadores de CS e os
comportamentos relacionados à saúde investigados, sendo mais evidente a relação
com a INFL e em menor grau com o BCFV e o TAB. A relação do CS com o CAA foi
menos evidente. Recomenda-se que as políticas de promoção de comportamentos
saudáveis considerem o nível e as características do CS de cada lugar e busquem
implementar ações que contribuam para a criação de sociedades civis mais
organizadas, inclusive porque estas podem representar um aspecto positivo para a
adoção dos comportamentos considerados positivos para a saúde.
Grupos de educação em saúde como espaço de construção de corresponsabilidades: um estudo de caso
Fernanda de Freitas Mendonça, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 20/12/2012
O objetivo desse estudo foi analisar as atividades de grupo de educação em saúde
desenvolvidas pelas Equipes de Saúde da Família (ESF) como espaços de
constituição de sujeitos corresponsáveis. Trata-se de um estudo quanti-qualitativo
que utilizou a metodologia de estudo de caso para melhor apreensão do objeto de
pesquisa. O estudo foi realizado no município de Campo Mourão e a coleta de dados
ocorreu no período de novembro de 2010 a fevereiro de 2011. Durante esse período,
foram realizadas duas etapas de coleta de dados. A primeira quantitativa realizada
com todos os profissionais vinculados à ESF por meio de um formulário e a segunda
qualitativa desenvolvida com usuários dos grupos de educação em saúde por meio
de entrevista. Os dados quantitativos foram analisados por meio de medidas de
ocorrência, já os qualitativos com o uso da técnica de análise de discurso proposta
por Martins e Bicudo. Os resultados revelaram que a maioria das ESF realizava o
grupo de educação em saúde, contudo, verificou-se traços da pedagogia de
transmissão de conhecimentos com foco, predominantemente, em assuntos que
tratam apenas das doenças. Em relação às potencialidades e desafios para a produção
de corresponsabilidades, verificou-se a presença de algumas dualidades, sobretudo,
relacionadas ao aprendizado e à alteração no estilo de vida. Em geral, os que mais se
destacaram como elementos que favorecem a construção de corresponsabilidades
foram: a disposição do usuário de aprender e assumir o autocuidado bem como a
valorização do conhecimento adquirido; a utilização do saber popular; a construção
de conhecimento; a alteração no estilo de vida e manutenção do controle da doença; e
o apoio social. Por outro lado, a utilização de metodologias pouco participativas, a
dificuldade de aprendizado dos usuários, o discreto interesse em mudar a forma de
realização dos grupos e a incipiente utilização de instrumentos de avaliação surgiram
como elementos que dificultam a produção de sujeitos corresponsáveis. Diante disso,
embora os grupos de educação em saúde tenham o potencial de produção de
corresponsabilidade, isso só irá ocorrer na medida em que forem compreendidos
pelos seus diferentes atores, e adotados como estratégias de gestão em paralelo com a
formulação de políticas públicas que ofereçam as condições mínimas para que as
mudanças implicadas no processo de educação em saúde sejam concretizadas
Primodoadores de sangue: retornos para doação e inaptidão temporária
Leonardo Di Colli, Luiz Cordoni Júnior
Data da defesa: 17/12/2012
A grande demanda por sangue nos serviços de saúde e a sua falta nos serviços de hemoterapia
tem se tornado grave problema de saúde pública. A doação de sangue deve ser voluntária e
altruísta e a doação de repetição é a forma em que há melhor qualidade do sangue coletado,
devendo ser motivada para que os doadores compareçam aos serviços para manutenção dos
estoques reguladores. Este estudo de delineamento transversal e de coorte teve por objetivo
analisar as principais características sociodemográficas, fatores que interferem no retorno de
primodoadores aos serviços para uma nova doação e a prevalência das causas de inaptidão.
Os dados foram obtidos do Banco de Dados do Hemonúcleo de Apucarana e do Sistema
Estadual de Controle Hemoterápico do Paraná – SHTWEB e analisados pelo programa SPSS,
versão 19. Foram analisados 8.299 primodoadores que entraram no Hemonúcleo de
Apucarana (PR), no período de 2005 a 2009 e foram acompanhados no período de 2005 a
junho de 2011. Do total de primodoadores 35,6% foram considerados inaptos. As principais
prevalências das causas de inaptidão temporária foram anemia/hematócrito baixo (10,4%),
contato sexual com parceiro(a) não fixo(a) (7,1%), autoexclusão (4,7%), inacessibilidade de
veias e ou fluxo insuficiente (3,4%), exclusão médica (3,1%), hipertensão (2,6%) e hipotensão
(1,3%). No sexo feminino, prevaleceram anemia/hematócrito baixo e a hipotensão; e no sexo
masculino, predominaram condições de risco por comportamento sexual e hipertensão. No
seguimento, 41,5% do total da coorte retornaram ao serviço para outra doação, dentre os aptos
50% retornaram e dentre os temporariamente inaptos, 26,1%; doadores com Rh negativo e
doadores com idade menor de 19 anos retornaram mais rapidamente ao serviço. Também
retornaram mais rapidamente aqueles que haviam sido considerados temporariamente inaptos
por hipotensão. Os principais fatores impeditivos do retorno foram a idade mais avançada e a
procedência mais distante. Os primodoadores aptos apresentaram maior risco proporcional de
retorno e dentre as causas de inaptidão a hipotensão, seguida de doadores que apresentaram
comportamento de risco para o vírus da imunodeficiência humana. Este estudo mostrou
diminuição significativa de primodoadores que retornam ao serviço para outras doações e
identificou grupos com maior frequência de retorno. Estratégias devem ser direcionadas a
estes grupos no sentido de torná-los fidelizados aos serviços. A triagem clínica e os trabalhos
educativos são fundamentais para que as informações repassadas ao doador contribuam para o
seu retorno para outras doações.
Excesso de peso em adolescentes: associações com características próprias e de seus pais ou responsáveis
Diego Giulliano Destro Christofaro, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 29/08/2012
O excesso de peso tem se tornado um dos maiores problemas da saúde pública na atualidade.
A alta prevalência de excesso de peso tem sido detectada não apenas na população adulta,
mas também nas populações mais jovens. Dessa forma, é importante conhecer fatores que
possam contribuir para esse problema em adolescentes. Este estudo transversal teve como
objetivo examinar a associação entre o excesso de peso em adolescentes e fatores
sociodemográficos e comportamentais dos próprios adolescentes e de seus pais ou
responsáveis. Foram avaliados 1231 adolescentes e, pelo menos, um dos seus pais ou
responsáveis em seis escolas da região central de Londrina-PR. As informações dos
adolescentes foram coletadas nas escolas mediante aplicação de questionários e medidas
objetivas de peso e estatura. O excesso de peso nos adolescentes foi identificado segundo
valores de referência específicos para sexo e idade preconizados na literatura especializada.
Para a obtenção dos dados dos pais ou responsáveis, utilizaram-se questionários. A
prevalência de excesso de peso nos adolescentes que participaram do estudo foi de 18,5%.
Nos pais ou responsáveis do sexo masculino, a prevalência de excesso de peso foi de 70,7%,
enquanto que nas mães ou responsáveis do sexo feminino foi de 54,9%. Na análise bivariada,
observou-se associação entre o excesso de peso dos adolescentes e seus comportamentos
sedentários (p<0,001) e baixo consumo de doces (p=0,003). Quando consideradas as
características dos pais, o excesso de peso de pais e mães e o baixo consumo de verduras por
parte dos pais (sexo masculino) associaram-se ao excesso de peso nos adolescentes. Na
análise multivariada, com ajuste de variáveis de confusão, mantiveram-se associadas ao
excesso de peso dos adolescentes: comportamento sedentário dos adolescentes, baixo
consumo de doces desses jovens, excesso de peso dos pais de ambos os sexos e baixo
consumo de verdura dos pais ou responsáveis do sexo masculino. No modelo multivariado
final, foram associados ao excesso de peso dos adolescentes, de forma independente entre si:
baixa escolaridade da mãe (OR= 1,85); excesso de peso do pai (OR=1,62); excesso de peso da
mãe (OR= 2,68); o sedentarismo dos adolescentes (OR=2,30); alto consumo de doces dos
adolescentes (OR=0,46); e o baixo consumo de verduras do pai (OR=1,53). Os achados do
presente estudo indicam que características e comportamentos dos pais ou responsáveis
podem contribuir para o aumento do índice de massa corporal nos adolescentes. Estratégias
para conter o aumento da prevalência de excesso de peso em idades precoces devem ser
focadas também nas famílias e não apenas nos adolescentes.
Bem-estar emocional e doenças crônicas: associação da autopercepção da felicidade, amor e bom humor à condição de saúde de adulto e idosos de Matinhos, Paraná
Milene Zanoni da Silva Vosgerau, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 16/05/2012
Este estudo, de base populacional e delineamento transversal, teve como objetivo analisar a associação de desfechos relacionados ao bem-estar emocional como autopercepção
de felicidade, amor e bom humor à presença de hipertensão arterial, diabetes mellitus,
depressão e dor crônica. A população de estudo consistiu em adultos com 40 anos ou
mais residentes permanentemente no município de Matinhos/PR. A coleta de dados, que
utilizou dados dos setores censitários do IBGE, foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com questões referentes às variáveis socioeconômicas e demográficas, estilo
de vida, fatores relacionados a emoções e situações positivas, religião, espiritualidade e
crenças pessoais, saúde autorreferida, consumo contínuo de medicamentos e uso dos serviços de saúde. Para análise estatística utilizou-se a regressão logística, cujos desfechos
foram os indicadores de bem estar emocional. Entrevistou-se 638 indivíduos entre abril e
julho de 2011. A perda foi de 4,5%. Como resultado, mais da metade dos entrevistados
tinham entre 40 e 59 anos (58,9%), não chegaram a concluir o primeiro grau (57,5%), não
tem vínculo empregatício (60,6%) e foram classificados no estrato C da ABEP (57,1%),
sendo que 29,8% das famílias tem renda inferior a R$ 600,00. Do total de entrevistados,
apenas 32,6% apresentaram escores ≥ 30, que segundo a classificação escala de satisfação
com vida (SWLS) são considerados como extremamente satisfeitos. A média do escore na
SWLS foi de 25,38 [dp=6,04], sendo que o maior preditor para a autopercepção positiva
da felicidade foi menor intensidade da dor crônica. Com relação ao amor, 82,1% referiram
se sentirem amados sempre por seus familiares e amigos. A frequência de bom humor,
ou seja, sorrir sempre ou na maior parte das vezes foi de 75,5%. No desfecho conjugado de bem-estar emocional – felicidade, amor e bom humor – a prevalência encontrada
foi 24,9%. Os fatores ‘dor crônica’ e ‘depressão’ se mantiveram associados inversamente
ao bem-estar emocional, o que aponta que estas patologias atuam como marcadores relevantes de baixa qualidade de vida, ao passo que, valores, crenças religiosas e renda
– questões vinculadas às dimensões espirituais, existenciais e materiais – se mostraram
como significativos indicadores positivos de bem-estar emocional. A partir dos achados
da investigação, foi possível identificar contribuições e desafios para concepção do objeto
saúde, prática clínica e políticas públicas da perspectiva positiva para o campo da saúde
coletiva. Sugere-se que seja inserida a reflexão acerca dos fatores de promoção da saúde e
indicadores positivos na formação permanente dos profissionais de saúde, com intuito de
consolidar movimentos importantes para o Sistema Único de Saúde, tais como Estratégia
Saúde da Família, Cidades Saudáveis e Redes de Cuidados em Saúde.
Ser-docente na área da saúde: uma abordagem à luz da fenomenologia heideggeriana
Alberto Durán González, Mara Lúcia Garanhani, Marcio José de Almeida
Data da defesa: 15/05/2012
Introdução: As instituições de ensino superior possuem o grande desafio de revisar seu papel na educação dos profissionais de saúde. A formação do docente para a docência nas universidades, em especial na área da saúde, é dada em nível de pós-graduação em áreas técnicas específicas. Muitas vezes os docentes na área da saúde assumem a docência sem nenhuma preparação prévia. Os docentes possuem papel importante no resgate do papel da universidade como espaço de formação técnica e libertadora. Inquietação: Compreender as formas de se tornar docente na área da saúde e os modos de ser-docente no mundo da educação na área da saúde. Métodos: Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa com referencial da fenomenologia heideggeriana. Realizaram-se 15 entrevistas semiestruturadas com docentes que atuavam, há pelo menos um ano, em um dos cinco cursos de graduação do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual de Londrina. Nos critérios de seleção dos entrevistados buscou-se a diversidade de cursos, níveis de carreira docente e de tipos de vínculos com a instituição. Resultados e Discussão: Docentes relataram que o desejo pela docência existia quando da possibilidade de entrada no mundo da educação, entretanto outros docentes relataram que o status e a necessidade de um segundo emprego foram os estímulos para a entrada na docência. No início da atuação, os docentes buscaram referências na impessoalidade da cotidianidade do mundo da educação para subsidiar a construção do ser- docente. Observou-se um movimento entre a impropriedade e a propriedade nos modos de ser-docente. Os docentes requisitaram programas de desenvolvimento docente, entretanto, solicitam ações focadas na instrumentalização pedagógica. Os docentes demonstraram importante sofrimento no finar da docência. Quando questionados, designam o cuidado pelo finar da docência à instituição de ensino ou buscam artimanhas para permanecer no mundo da educação. Considerações Provisórias: Os modos próprios e impróprios de ser-docente compuseram um movimento que se relacionou às „disposições‟ e à impessoalidade do mundo da educação na área da saúde. O desenvolvimento docente é solicitado como forma de instrumentalização e, em geral, as demandas não apresentaram em seu bojo a análise existencial e o „ser-com‟. A formação de professores é uma ação contínua, progressiva e envolve uma perspectiva individual e uma perspectiva institucional. Individual porque sempre está atrelada ao modo de ser-docente. Institucional porque deve ser interesse da universidade apoiar o desenvolvimento de seus docentes para resgatar e recriar seu papel sócio-histórico. Em geral, o ser-docente não possui o finar da docência como uma possibilidade constante da existência no mundo da educação. Quando o docente se preocupa com a construção do seu ser-docente sem se esquecer da busca pelo seu ser „si-mesmo‟ ele existe no mundo da educação de modo próprio e apresenta modos libertários de „ser-com‟. Nesse particular o movimento entre propriedade e impropriedade também existirá, entretanto, quando na impropriedade, o ser-docente pode perceber-se mais rapidamente impróprio e resgatar a contínua jornada pela compreensão de seu ser „si-mesmo‟.