Teses e Dissertações
Incidência de hipertensão arterial na população de 40 anos ou mais em Cambé – PR: estudo VIGICARDIO 2011 – 2015
Dannyele Cristina da Silva, Ana Maria Rigo SIlva
Data da defesa: 25/04/2018
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial e
complexa, sendo um dos fatores de risco mais importantes para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Este estudo tem como objetivo
analisar a incidência e fatores preditores da Hipertensão Arterial em adultos com
44 anos ou mais residentes em Cambé (PR). Trata-se de estudo com
delineamento longitudinal prospectivo, com quatro anos de seguimento. A
população foi composta por moradores de 40 ou mais anos, do município de
Cambé – PR. A primeira coleta de dados foi realizada em 2011, contou com 1180
participantes e o seguimento ocorreu no ano de 2015 com 885 participantes. Para
este estudo foram investigados 402 indivíduos que fizeram parte das duas coletas
e que eram livres de HAS na linha de base (2011). Em ambas as etapas foram
realizadas aferições da pressão arterial, medidas antropométricas e exames
laboratoriais. A HAS foi definida como a média (três medidas) da pressão arterial
elevada (PAS ≥140 mmHg; PAD ≥90 mmHg) e/ou uso de medicamento antihipertensivo. As análises foram processadas no programa SPSS versão 19.0,
utilizou-se a Regressão de Poisson, com variância robusta para o cálculo do risco
relativo. A incidência de hipertensão arterial foi de 38,8%, 155 casos incidentes.
Após ajustes com as variáveis demográficas, socioeconômicas, hábitos de vida e
condições de saúde, entre as mulheres, ser idoso (acima dos 60 anos) (RR1,50;
IC95% 1,06 – 2,11), a inatividade física no lazer (RR1,73; IC95% 1,16 – 2,56), ter
sobrepeso ou obesidade (RR1,60; IC95% 1,12 – 2,28), níveis elevados de
triglicérides (RR1,70; IC95% 1,20 – 2,39) e níveis elevados de glicose (RR2,14;
IC95% 1,45 – 3,17), estiveram associados à incidência de hipertensão arterial.
Entre os homens após os ajustes apenas os níveis elevados de LDL (RR 1,53;
IC95% 0,99 – 2,39) mantiveram a associação com significância estatística. A
compreensão das causas de uma patologia crônica revela a necessidade de
ampliar as politicas públicas, favorecendo a adoção de hábitos saudáveis. A
diferença nos preditores entre os sexos, reflete a necessidade de conhecer
melhor os determinantes dessa distribuição.
Governança das Ações e Serviços de Média Complexidade em uma Região de Saúde
Edinalva de Moura Ferraz, Brígida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 28/03/2018
Na governança das redes de atenção à saúde em uma região participam múltiplos atores, com
diferentes graus de poder. Na constituição dessa rede, as ações e serviços de média
complexidade (ASMC) têm representado um problema de grande relevância, seja no campo
da gestão ou no campo da assistência, para os diferentes entes governamentais, constituindose em um desafio para a organização da atenção em saúde. Desse modo, esse estudo teve
como objetivo compreender a governança da atenção de média complexidade em uma região
de saúde. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório, desenvolvido na área de
abrangência de uma regional de saúde do norte do Paraná - PR, composta por 17 municípios.
Os dados foram obtidos por meio de oito entrevistas semiestruturadas, sendo cinco com
gestores públicos de saúde, um representante do Gestor Estadual do SUS, o apoiador regional
do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Paraná (COSEMS- PR) e o diretor do
Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS) da região, realizadas no período de novembro de
2016 a maio de 2017. Os dados foram organizados e analisados por meio da análise de
discurso. Os atores que participam do processo de governança das ASMC foram classificados
em atores governamentais e atores de mercado. As reuniões da Comissão Intergestores
Regional (CIR) foram ressaltadas como espaços potentes para a governança das ASMC,
porém são subutilizadas para esse fim. A maior parte das ASMC na região é ofertada por
prestadores privados, porém, a insuficiência de oferta ao SUS, a demanda expressiva para esta
fração da assistência atrelada à baixa resolutividade da atenção básica e a um sistema de
comunicação ineficaz entre os diferentes pontos de atenção, se constituem em fragilidades
para a organização desse nível de atenção e potencializam os desafios envolvidos na
governança dessas ações na região. Dentre esses desafios estão: a falta de solidariedade e de
compartilhamento de responsabilidades entre os entes federativos; a fragilidade do ente
municipal em relação aos demais atores envolvidos na governança; assimetrias de poder, o
frágil planejamento integrado e regionalizado, a não efetivação do Contrato Organizativo da
Ação Pública (COAP) na região; o subfinanciamento do SUS; o incipiente sistema regulatório
e a interferência político partidária. O processo de governança das ações e serviços de média
complexidade se constitui num grande jogo, complexo, permeado por relações sociais de
competição e conflitos entre os atores participantes e que sofre forte influência do jogo
econômico. Para superar esses obstáculos se faz necessário fortalecer a região de saúde e a
cooperação entre os entes, viabilizando políticas de saúde coerentes com a necessidade
coletiva.
Acesso aos serviços de atenção primária à saúde pelos imigrantes bengaleses sob a ótica dos trabalhadores de saúde
Karly Garcia Delamuta, Fernanda de Freitas Mendonça
Data da defesa: 28/03/2018
Em meio ao cenário de intenso movimento migratório mundial, foi observada no
município de Rolândia no Paraná, presença constante de imigrantes de Bangladesh
nos serviços de saúde. Bangladesh é um país ao sul da Ásia, populoso, com baixo
índice de desenvolvimento humano e que 90% de sua população é formada por
muçulmanos. Em 2017, o Brasil se manteve como maior produtor e exportador
mundial de frango halal, ou seja, produzido conforme os princípios do Islã. Neste
contexto, o estado do Paraná destaca-se como o maior produtor de carne de frango
do Brasil. Assim, Rolândia conta com dois grandes frigoríficos de frango, portanto,
uma região atraente para este imigrante ao configurar potencial campo de trabalho.
Com uma população estimada de 700 pessoas, os imigrantes bengaleses em
Rolândia demandam direitos sociais. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender
como acontece o acesso desta população à atenção primária à saúde em Rolândia.
Esta pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa de caráter exploratório e descritivo e
foi realizada com trabalhadores da unidade básica de saúde localizada na região com
maior concentração de bengaleses. Para a coleta de dados, a princípio, foi realizada
observação participante da rotina de trabalho desta unidade durante 1 mês, entre
março e abril de 2017. Em seguida, entre abril e julho de 2017, foram entrevistados
13 trabalhadores que estão vinculados a este serviço há mais de dois anos. Os
entrevistados revelaram que a diferença cultural interfere nos encontros que envolvem
trabalhador de saúde e imigrantes bengaleses e evidenciaram, dentre as barreiras
culturais, o idioma como principal fator dificultador desta relação. Esta condição
desperta nos trabalhadores sentimentos e posturas diversos, alguns se sentem
preparados e outros despreparados para o atendimento desta população. Desta
forma, situações de discriminação se evidenciaram, ainda que alguns trabalhadores
não tenham essa clareza e afirmaram que os imigrantes são bem atendidos. De modo
geral, os participantes relatam que no início da migração era mais difícil a troca de
informações, mas que vivenciaram, com o passar do tempo, melhora na relação dos
bengaleses com a atenção primária à saúde, principalmente porque os imigrantes
passaram a compreender melhor o funcionamento do serviço. Assim, pode-se concluir
que esta relação entre trabalhador e imigrante, bem como a forma de organização do
serviço de saúde interferem diretamente no caminho percorrido pelo imigrante dentro
da atenção primária. Espera-se que este trabalho possa auxiliar na compreensão da
complexidade dos diversos aspectos que envolvem a relação entre os imigrantes
bengaleses e os trabalhadores da atenção primária, bem como ampliar o acesso desta
população.
Atuação dos gestores de saúde no âmbito da relação federativa e da ação consorciada
Sílvia Karla Azevedo Vieira Andrade, Fernanda de Freitas Mendonça, Luiz Cordoni Júnior (in memorian)
Data da defesa: 20/02/2018
A relação federativa é essencialmente dialógica e carece ser compreendida, no intuito
de gerar desenvolvimento aos territórios regionais. Os principais atores deste cenário
são os gestores públicos de saúde, que enfrentam limitações nesta relação.
Considerando o federalismo brasileiro e o processo de redemocratização, que
culminou com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como o advento
da descentralização que ampliou as responsabilidades dos entes municipais e tendo
em vista o processo de regionalização ainda não consolidado, aponta-se como
prioritário o emprego de estratégias de fortalecimento da gestão municipal, sob risco
de seu engessamento e esgotamento potencial. Neste contexto, torna-se imperativo o
aprofundamento nas linhas de definição em que se baseiam as relações entre os
entes gestores e o entendimento de como atuam os consórcios públicos de saúde,
diante desse processo, tendo em vista sua existência, fruto da relação federativa.
Ademais, no contexto das relações, importa desvelar as nuances dos jogos sociais,
como se comportam seus atores e quais jogos predominam, considerando as
relações entre gestores municipais de diferentes portes e junto aos gestores do
âmbito estadual e federal. Trata-se de um estudo qualitativo, de delineamento
analítico, executado por meio da coleta de dados através de grupos focais e
entrevistas junto aos gestores de saúde e representantes das esferas municipal,
estadual e federal, bem como do consórcio de saúde do território. O local de estudo é
a região de Saúde do Médio Paranapanema no Norte do Paraná e a metodologia de
análise se deu por meio da análise do discurso, sendo que o instrumento de análise
teve como enfoque o entendimento acerca dos fenômenos e das construções
ideológicas inseridas nos elementos coletados. A estruturação dos resultados aponta
para duas categorias de análise. A primeira configura-se como a relação federativa no
contexto da saúde, com detalhamento acerca do papel do gestor, as instâncias de
relação federativa, além da relação entre pares e entre diferentes níveis de gestão. A
segunda categoria de análise trata dos arranjos organizativos e da ação consorciada,
cujo detalhamento percorreu a identidade, o papel e a potencialidade do consórcio
público. Os resultados mostraram fragilidade nas relações federativas, a exigência de
um conhecimento denso acerca dos cenários locais, dos avanços normativos e das
ferramentas da relação federativa. Ademais, há evidências de fragilização nas
relações gestoras internas dos municípios e descontinuidades na execução do
planejamento. Outro cenário desvelado foi a falta de participação e o não
protagonismo dos municípios de menor base populacional na tomada de decisões de
forma ativa, no que se refere ao território regional. Outro aspecto resultante do estudo
é o reconhecimento dos gestores acerca da representatividade dos consórcios
públicos vinculada aos municípios. Há evidências acerca da identidade conferida aos
consórcios como ferramentas de apoio à gestão municipal, ressaltando a necessidade
de ampliação de suas ações como instrumento da gestão e no planejamento regional,
por meio de um ambiente, que se possibilita construir, cooperativo e solidário. A partir
do estudo, apontam-se caminhos para o fortalecimento da gestão municipal e do
planejamento regional integrado.
A relação público-privado para a atenção de média complexidade em uma região de saúde
João Felipe Marques da Silva, Brígida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 28/02/2018
O processo de municipalização dos serviços de saúde delegou ao ente municipal a
responsabilidade sobre o sistema de saúde de seu território, principalmente quanto à
coordenação da Atenção Básica. Ocorre que, para garantir a integralidade da
atenção à saúde, princípio e diretriz estruturante do SUS, este ente também assumiu
os serviços de Média Complexidade (MC), e por consequência, a relação com o
prestador privado complementar ao sistema, constituindo, portanto, a relação
público-privado deste nível de atenção. Neste contexto, especialmente em
municípios de pequeno porte (MPP), esta relação ocorre, sobretudo para a compra
de consultas especializadas, procedimentos hospitalares diagnósticos, clínicos e
cirúrgicos, por meio de relação contratual com o setor privado complementar, ainda
que o serviço esteja localizado em outro município ou sob gestão do Estado. A
relação entre os MPP e o serviço privado complementar se constrói em um cenário
de descentralização política-administrativa, sendo diretamente influenciada pelos
resultados da micro e macro organização das políticas de saúde; das matrizes
institucionais sobre o comportamento dos atores sociais e políticos; e pelas práticas
clientelistas vigentes nestes espaços. Nesta perspectiva, esta pesquisa propõe-se
compreender a relação entre gestores públicos e prestadores do sistema privado
complementar para a atenção de MC em uma região de saúde de municípios de
pequeno porte (MPP). Trata-se de um estudo de caso de natureza qualitativa,
realizada nos municípios da região de Ivaiporã (22ª Regional de Saúde do Paraná),
entre o período de dezembro de 2016 a fevereiro de 2017, utilizando entrevistas por
meio de roteiro semiestruturado. Os sujeitos da pesquisa foram os gestores
municipais, prestadores de serviços, membros gestores da regional de saúde,
consórcio intermunicipal de saúde, e apoiador do COSEMS. A análise dos
resultados se deu em duas etapas, a primeira por meio de análise documental, e na
segunda as entrevistas foram submetidas à técnica de análise do discurso proposta
por Martins e Bicudo (2003). A análise possibilitou a caracterização sócio
assistencial da região, e a construção de quatro categorias: demanda;
financiamento; contratos; gestão e planejamento de serviços. Os resultados apontam
que os fatores identificados nas categorias de análise referentes à demanda e ao
financiamento dos serviços de MC, permitem e favorecem a relação; enquanto as
características observadas nas categorias de contrato e gestão, as estabelecem e as
mantém. Estes fatores estão relacionados à organização das políticas de saúde e
das políticas institucionais. Destacam-se, entre outros aspectos, a influência da
formação médica na demanda de serviços de MC e o excesso de intervenções
diagnósticas, além de práticas de reservas de mercado para a assistência médica na
região. Quanto ao financiamento os municípios custeiam os serviços de MC com
recursos próprios, minimizando os investimentos na Atenção Básica. Observa-se,
também, que os contratos são executados em desencontro às normas operacionais
do sistema. A relação público-privado nesta região atravessa e afeta o processo de
regionalização desses municípios; é marcada por forte interdependência entre
gestores públicos e privados; assimetrias de poder; interesses ao acesso; e
benefícios à gestão municipal, a depender da tipificação de contrato entre o
município - exclusivo ou não exclusivo, com o prestador. Entre eles, vantagens,
práticas clientelistas, hierarquizadas, e de maximização de resultados de atores
envolvidos, são possibilitadas pela naturalização destas ações nos espaços em que
ocorrem. Conclui-se que a relação estabelecida fere o comando único do sistema,
possibilita práticas clientelistas, e é reforçada pelo incipiente processo de
planejamento e de medidas regulatórias pela gestão pública municipal e estadual;
além de apresentar a fragilidade do papel do Estado na região, bem como, das
instâncias colegiadas. Os resultados demonstram a necessidade de investir em
ações que favoreçam a governança e o processo de regionalização, a capacidade
regulatória de governos locais, e o controle social nesta região. Esta relação deve
ser aperfeiçoada por tecnologias de gestão, e modalidades de contratos que
possibilitem a integralidade das ações e a autonomia dos municípios perante os
prestadores.
Incidência de autopercepção negativa e positiva de saúde: estudo Vigicardio (2011-2015)
Giovana Frazon de Andrade, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 28/02/2018
Incorporada como medida epidemiológica desde a década de 1950, um dos
indicadores do estado geral de saúde mais utilizados na atualidade é a
autopercepção de saúde. Considerando que a forma como os indivíduos percebem
sua saúde é influenciada por diversos aspectos, investigar estes fatores auxilia a
compreensão das classificações positivas e negativas do estado de saúde. O
objetivo deste estudo foi analisar se alterações nos comportamentos relacionados à
saúde se associam a incidência de autopercepção positiva e negativa de saúde. Foi
realizado um estudo de coorte prospectivo, de base populacional no baseline (2011)
com seguimento realizado em 2015. Foram entrevistados 883 indivíduos de 40 anos
ou mais residentes no município de Cambé-PR. Ambas as coletas de dados foram
por meio de visitas domiciliares com aplicação de questionário semiestruturado. A
variável dependente foi a autopercepção de saúde, mensurada através da pergunta
“Como o(a) senhor(a) classifica seu estado de saúde? Aqueles que responderam
“muito bom” ou “bom” foram considerados com autopercepção positiva de saúde, os
que responderam “regular”, “ruim” ou “muito ruim” com autopercepção negativa. As
variáveis independentes foram mudanças de alguns comportamentos relacionados à
saúde: atividade física no tempo livre (AFTL), consumo de frutas e hortaliças (CFH),
consumo abusivo de álcool (CAA) e tabagismo. A análise de dados foi realizada no
programa Statistical Package for the Social Sciences – SPSS® , onde se calculou o
Risco Relativo (RR) pela regressão de Poisson bruta e ajustada por variáveis
sociodemográficas (modelo 1), sociodemográficas e de saúde (modelo 2) e
sociodemográficas, de saúde e comportamentais (modelo 3). A incidência de
autopercepção negativa de saúde foi de 27,2% e de autopercepção positiva de
saúde foi de 27, 7%. A incidência de autopercepção negativa de saúde associou-se
aos indivíduos que se tornaram inativos (RR=1,74; IC95%1,08–2,80), mantendo-se
no modelo 1 (RR=1,65; IC95%1,04-2,62), modelo 2 (RR=1,92; IC95%1,19-3,10) e
modelo 3 (RR=1,88; IC95%1,17-3,05), aos que deixaram de consumir regularmente
frutas e hortaliças (RR=1,84; IC95%1,16-2,92), mantendo-se no modelo 1 (RR=1,85;
IC95%1,14-3,01), modelo 2 (RR=2,03; IC95%1,25-3,30) e modelo 3 (RR=1,95;
IC95%1,15-3,28) e aos que deixaram de consumir álcool abusivamente (RR=2,29;
IC95%1,03-5,08), mantendo-se no modelo 2 (RR= 2,42; IC95% 1,12-5,25). A
incidência de autopercepção positiva de saúde associou-se aos indivíduos que se
tornaram ativos (RR= 1,48; IC95% 1,03-2,15), mantendo-se no modelo 2 (RR= 1,47;
IC95%1,02-2,13) e aos que deixaram de ser tabagistas no modelo 1 (RR=2,58;
IC95%1,16-5,71), modelo 2 (RR=5,78; 2,18-15,36) e modelo 3 (RR=8,37;
IC95%2,79-25,09). Os indivíduos que passaram a consumir irregularmente frutas e
hortaliças apresentaram menor incidência de autopercepção positiva de saúde no
modelo 1 (RR=0,52; IC95%0,29-0,94), modelo 2 (RR=0,54; IC95%0,31-0,97) e
modelo 3 (RR=0,29; IC95%0,29-0,90). Conclui-se que as mudanças nos
comportamentos relacionados à saúde se associam a mudança na autopercepção
de saúde, fato importante que reforça a orientação de possíveis soluções para
melhora da saúde e bem-estar dos indivíduos e populações.
Cultura de segurança do paciente na atenção primária à saúde, Londrina, Paraná
Lílian Lozada Macedo, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 27/02/2018
Atualmente vivencia-se uma sociedade de risco, em que tecnologias, novos hábitos
de vida e processos de trabalho podem gerar altos e danosos custos para os
indivíduos. A assistência à saúde não fica de fora desses problemas, submetendose a diversos riscos, perigos e danos à integridade do paciente. Estudos e iniciativas
com relação à segurança do paciente no nível hospitalar têm sido desenvolvidos de
forma mais expressiva quando comparados à atenção primária à saúde, apesar de
já se identificar a ocorrência de erros e eventos adversos na atenção primária. Desta
forma, identificou-se a importância de estudos que retratem aspectos relacionados à
cultura de segurança do paciente na atenção básica. O objetivo deste estudo foi
analisar a cultura de segurança do paciente entre trabalhadores da atenção primária
à saúde em município de grande porte do Paraná. Para tal, foi realizado um estudo
transversal com trabalhadores em saúde atuantes da atenção primária do município
de Londrina, Paraná. A obtenção de informações sobre cultura de segurança foi
realizada com o uso do instrumento autopreenchido Medical Office Survey on
Patient Safety Culture, traduzido e adaptado para a realidade brasileira, que avalia
as atitudes e percepções do profissional quanto à segurança do paciente. A análise
dos dados foi realizada com o uso do programa Statistical Package for the Social
Sciences, versão 19.0. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Londrina. Foram entrevistados 550 trabalhadores, maioria
do sexo feminino (83,5%) e com idade média de 42 anos. Detectou-se que as
seções “processo de tralbaho no serviço de saúde”, “comunicação e
acompanhamento dos pacientes” e “serviço de saúde de atuação” apresentaram
avaliações neutras quanto à segurança (51,0%, 65,0% e 73,2%, de respostas
positivas respectivamente). Sobre a avaliação global da qualidade do cuidado,
houve predominância de respostas positivas (79,0%). Destaca-se também que
35,7% dos profissionais avaliaram como muito bom ou excelente a segurança do
paciente. Já em relação ao apoio dos gestores na cultura de segurança, houve
apenas 38,4% de respostas positivas. Trabalhadores das unidades de saúde da
família da região sul avaliaram de forma menos positiva a segurança no que se
refere a comunicação e acompanhamento do paciente, apoio de gestores e aos
aspectos do serviço de saúde em que atuam. Técnicos de enfermagem
apresentaram avaliação menos positiva quanto ao processo de trabalho,
comunicação e acompanhamento do paciente, e aspectos do serviço de saúde.
Sugere-se a modificação das estratégias para melhoria da cultura de segurança do
paciente para estratégias que visem a construção de uma cultura com participação
multiprofissional, de caráter não punitivo e que seja fortificadora das relações
interprofissionais e com o paciente, o que certamente modificará valores, atitudes e
futuras percepções da equipe da atenção primária à saúde.
Fatores de risco para a incidência de diabetes mellitus e pré-diabetes em indivíduos de 40 anos ou mais: um estudo de coorte
Thiago Akira Aditahara, Camilo Molino Guidoni
Data da defesa: 26/02/2018
INTRODUÇÃO: O diabetes mellitus representa um problema na saúde pública
mundial, pois estudos recentes revelam que há uma tendência de crescimento na
prevalência em países em desenvolvimento e desenvolvidos, principalmente devido
ao envelhecimento da população e aos hábitos de vida sedentários. OBJETIVO:
Determinar a incidência e os fatores de risco para a incidência do diabetes mellitus e
do pré-diabetes mellitus na população com idade igual, ou superior, a 40 anos em
um município de médio porte. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Trata-se de um estudo
coorte de base populacional aplicado em 2011 e em 2015 no município de CambéPR, cuja população foi composta por adultos com idade igual, ou superior, a 40
anos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com formulários.
Foram considerados indivíduos com pré-diabetes mellitus (glicemia de jejum entre
≥100mg/dL e <126mg/dL e sem o uso de antidiabéticos e/ou insulina) e diabetes
mellitus (glicemia de jejum ≥126mg/dL e/ou com o uso de antidiabéticos e/ou
insulina). Para a presença do desfecho, após quatro anos, foi considerada a
população que teve a incidência de diabetes mellitus ou de pré-diabetes mellitus, ou
seja, que em 2011 foi classificada como sem diabetes mellitus e em 2015 passou a
apresentar pré-diabetes mellitus ou diabetes mellitus, e a com pré-diabetes mellitus
que passou a apresentar diabetes mellitus em 2015. A análise do risco relativo foi
calculada por meio do método da regressão de Poisson. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual
de Londrina (CAAE 39595614.4.0000.5231). RESULTADOS E DISCUSSÃO: A
população de estudo foi definida em 575 indivíduos, dos quais 20,5% (n=118)
tiveram incidência de diabetes mellitus ou pré-diabetes mellitus. Associaram-se com
o risco de apresentar o desfecho as seguintes variáveis: ser hipertenso (RR: 1,502
IC95% [1,089; 2,071]); possuir excesso de peso (RR: 1,848 IC95% [1,259; 2,713]);
possuir circunferência da cintura (CC) acima do recomendado (RR: 2,012 IC95%
[1,426; 2,839]); e se referir ao seu estado de saúde como de regular a ruim (RR:
1,869 IC95% [1,344; 2,600]). Posteriormente, realizadas análises ajustadas para as
variáveis com p-Valor ≤ 0,200, sendo que tanto o excesso de peso (RRajustado:
1,747 IC95% [1,201; 2,539]) quanto a CC acima do recomendado (RRajustado:
1,761 IC95% [1,234; 2,513]) continuaram significativos após dois ajuste, e se referir
ao seu estado de saúde como de regular a ruim (RRajustado: 1,678 IC95% [1,197 ;
2,353]), após quatro ajustes. CONCLUSÃO: Observa-se elevada incidência para
pré-diabetes e diabetes mellitus associadas a ser hipertenso, possuir excesso de
peso, possuir CC acima do recomendado e referir estado de saúde como regular a
ruim, sendo que estes últimos três são fatores de risco para incidência de diabetes
mellitus ou pré-diabetes mellitus, independente das características
sociodemográficas e do estilo de vida aqui analisados.
Mudança na situação conjugal e associação com a incidência e manutenção de comportamentos positivos de saúde: Estudo Vigicardio (2011-2015)
André Ulian Dall Evedove, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 22/02/2018
trodução: Algumas evidências apontam que a situação conjugal está associada a
indicadores de saúde, em geral, indicando que pessoas com companheiros/as (casadas ou em
união estável) possuem menores taxas de morbimortalidade se comparadas às pessoas sem
companheiros/as (solteiras, divorciadas/separadas ou viúvas). Entretanto, existem poucos
estudos epidemiológicos e longitudinais que associam a transição conjugal com
comportamentos de saúde, principalmente na América Latina. Objetivo: Verificar a
associação entre mudança na situação conjugal com a incidência e a manutenção de
comportamentos positivos de saúde. Métodos: Estudo longitudinal prospectivo, que faz parte
do projeto: ―Incidência de mortalidade, morbidade, internações e modificações nos fatores de
risco para doenças cardiovasculares em amostra de residentes com 40 anos ou mais de idade
em um município de médio porte do Sul do Brasil: Estudo coorte Vigicardio 2011-2015‖
realizado com indivíduos de 40 anos (em 2011) ou mais residentes em Cambé/PR. Para este
estudo, participaram 883 pessoas nos dois momentos da pesquisa. As variáveis dependentes
foram: atividade física no tempo livre, consumo de frutas, consumo de verduras e legumes,
tabagismo e consumo abusivo de álcool. Foram ainda realizadas análises com a combinação
(análise de simultaneidade) dos comportamentos relacionados à saúde considerados. A
variável independente foi a situação conjugal, comparando-se a situação de cada sujeito nos
quatro anos do estudo. Assim, os sujeitos foram divididos em quatro grupos. Grupo 1: pessoas
que tinham companheiro(a) nos dois momentos (n=583); Grupo 2: pessoas que tinham
companheiro(a) em 2011, mas não em 2015 (n=72); Grupo 3: pessoas que não tinham
companheiro(a) nos dois momentos (n=204); Grupo 4 (n=24): pessoas que não tinham
companheiro(a) em 2011 mas tinham em 2015. Assim, o grupo 1 e 3 manteve a mesma
situação conjugal, enquanto os grupos 2 e 4 teve transição na sua situação conjugal. A análise
dos dados, foi feita aos pares (grupo 1 x grupo 3; e grupo 2 x grupo 4), de modo a melhor
explorar a possível associação da manutenção ou incidência de comportamentos positivos
com a mudança na situação conjugal. Além das variáveis dependentes e a independente,
foram consideradas as seguintes variáveis de confusão: sexo, faixa etária, classe econômica e
escolaridade. Os dados foram analisados no Programa SPSS vs. 19, através da regressão de
Poisson bruta e ajustada. Resultados: Os participantes que deixaram de ter companheiro(a)
apresentaram menor incidência de abandono ao tabaco (RR:0,29,IC95%:0,12-0,68), de
consumo regular de frutas (RR:0,43,IC95%:0,20-0,90) e de manutenção de pelo menos dois
comportamentos positivos de saúde (RR:0,80,IC95%:0,70-0,92) do que os sujeitos que
tinham companheiro(a) nas duas coletas. Já os participantes que passaram a ter
companheiro(a) tiveram maior incidência de pelo menos um comportamento positivo de
saúde (RR:1,76,IC95%:1,07-2,88) e maior incidência de consumo regular de frutas
(RR:2,42,IC95%:1,40-4,18) comparados com aqueles que não tinham companheiro(a) em
2011 e 2015. Por outro lado, vale mencionar que algumas variáveis dependentes,
especificamente: atividade física no tempo livre e consumo de verduras e legumes não se
mostraram associadas à mudança na situação conjugal. Conclusão: Tais resultados são
importantes para um melhor planejamento do cuidado à saúde.
Alimentação em pacientes com diabetes com 45 anos ou mais atendidos em atenção primária
Daniele Cristina Fernandes Niehues, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 18/12/2020
Introdução: No Brasil, a prevalência de diabetes é de 8,9% ocupando o 4º lugar na
lista dos países com o maior número de diabéticos no mundo. Mais da metade das
pessoas com a doença têm dificuldades para seguir as recomendações,
principalmente no que se refere à alimentação, tornando-se necessário compreender
as barreiras que dificultam as mudanças no hábito alimentar. Objetivo: Analisar o
perfil da alimentação de pacientes diabéticos atendidos na atenção primária.
Método: Estudo transversal realizado em duas Unidades Básicas de Saúde em
Londrina-PR. A amostra foi composta por 200 adultos com idade igual ou superior a
45 anos, com diabetes e em uso medicamentos antidiabéticos (hipoglicemiantes
orais ou insulina). Os dados foram coletados entre Abril e Julho de 2019 por meio de
entrevista. As barreiras relatadas que dificultam manter os hábitos alimentares para
controle da doença foram levantadas através de pergunta aberta e a partir da
resposta espontânea do entrevistado, a resposta era classificada dentro das opções
previamente definidas baseadas na literatura. Para aqueles indivíduos que não
conseguiam relatar nenhuma dificuldade, foram apresentadas as opções para que o
paciente pudesse elencar qual ou quais dificuldades apresentava em manter os
hábitos alimentares para controle glicêmico. Foram também levantadas informações
sobre características sociodemográficas, utilização de serviço de saúde, padrão
alimentar, tempo de diagnóstico do diabetes e presença de comorbidades. Para a
análise de associação entre as barreiras percebidas e as variáveis sociais e
demográficas foi utilizada a regressão logística binária, com análises brutas e
ajustadas. Resultados: Dos entrevistados, a maioria era do sexo feminino (54,5%),
com idade mínima de 45 anos e máxima de 96 anos, 53,0% se declararam brancos,
59,5% eram casados e 37,0% tinham até quatro anos de estudo. Quanto à
frequência de consumo semanal dos alimentos, viu-se que verduras e legumes são
consumidos de duas a quatro vezes semana; mais da metade dos entrevistados não
consomem doces diariamente, porém o consumo de açúcar diário foi relatado em
42,0% no chá ou café; o pão, biscoito salgado e/ou doce são consumidos pela
maioria dos entrevistados diariamente. Cerca de 55,0% dos entrevistados utiliza
adoçante todos os dias e a maioria não consome produtos diet. As principais
barreiras relatadas para a manutenção da dieta adequada foram o sabor
desagradável ao paladar, falta de hábito individual para ingestão de alimentos
integrais e diet e o alto custo dos alimentos. Foi possível verificar que quem recebeu
visita domiciliar do agente comunitário de saúde e a orientação nutricional tiveram
menos chance de apresentar a barreira e/ou dificuldade de adesão à dieta em
relação a quem não recebeu. Conclusão: Há uma alta prevalência do consumo
inadequado de alimentos pelos pacientes e as principais barreiras e/ou dificuldades
estavam relacionadas às características pessoais, como sexo, faixa etária e
escolaridade.