Barreiras para o consumo de frutas e de verduras ou legumes em indivíduos de 44 anos ou mais do município de Cambé, Paraná
Graziela M. Campiolo dos Santos, Ana Maria Rigo Silva, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 29/07/2016
Introdução: O consumo insuficiente de frutas, legumes e verduras encontram-se entre os dez principais fatores de risco para a carga global de doenças em todo o mundo. Objetivo: Analisar barreiras percebidas para o consumo de frutas e de verduras ou legumes em uma amostra com 44 anos ou mais do município de Cambé, Paraná. Método: Estudo transversal que faz parte de um projeto mais abrangente denominado “Doenças Cardiovasculares no Estado do Paraná: Mortalidade, Perfil de Risco, Terapia Medicamentosa e Complicações” (VIGICARDIO). Em 2011 foi realizado um estudo de base populacional no município de Cambé (PR), em que foram entrevistados 1180 sujeitos de 40 anos ou mais de idade. Em 2015, os mesmos sujeitos foram novamente procurados e 884 aceitaram participar novamente do estudo. O presente estudo considerou apenas os dados coletados em 2015. Após algumas exclusões por falta de informações a respeito das principais variáveis deste estudo, a amostra foi composta por 877 adultos de 44 anos ou mais de idade. Os dados foram coletados entre março e outubro de 2015 por meio de entrevistas domiciliares. As barreiras para o consumo de frutas e de verduras ou legumes foram levantadas em perguntas sobre cinco possíveis barreiras: não gostar do sabor; família não tem o hábito/costume; custo pesa no orçamento da família; necessidade do preparo e falta de tempo para ir ao mercado/feira com frequência para comprar estes alimentos frescos. Foram também levantadas informações sobre características sociodemográficas e frequência semanal de consumo de frutas, verduras ou legumes. Para a análise de associação entre as barreiras percebidas e as variáveis sociais e demográficas foi utilizada a regressão logística binária, com análises brutas e ajustadas. Resultados: Dos entrevistados, a maioria era do sexo feminino (55,9%), pertenciam à faixa etária de 50 a 59 anos (38,1%), 60,2% se declararam brancos, 44,7% tinham até quatro anos completos de estudo, 64,4% foram classificados no nível econômico C ou inferior e 65,4% referiram ser casados (as). Quanto ao consumo irregular de frutas (menor que cinco dias por semana) a prevalência observada foi de 42,5% sendo superior nos homens, entre os com idade entre 44 e 49 anos, entre os que referiram cor da pele parda/preta/indígena, com 5 a 8 anos de estudo e entre os com menor nível econômico. Em relação ao consumo irregular de verduras ou legumes (menor que cinco dias por semana), a prevalência foi de 30,2% e foi superior entre os homens, entre os que referiram cor da pele parda/preta/indígena, com menor escolaridade e entre os indivíduos com menor nível econômico. Em relação às barreiras para o consumo de frutas, a mais mencionada foi o “custo pesa no orçamento da família", com prevalência de 57,7%. A chance de apresentar esta barreira foi significativamente maior entre as mulheres (OR=1,93; IC95%=1,45-2,57) e nos que tinham escolaridade entre 0 e 4 anos (OR=1,57; IC95%=1,07-2,31). A barreira a "família não tem hábito/costume de consumir frutas" foi citada por 16,4% da amostra e a chance de apresentar esta barreira foi maior entre os indivíduos com idade entre 50 a 59 anos (OR=2,01; IC95%=1,30-3,10). A barreira "falta de tempo para ir ao mercado/feira com frequência para comprar frutas frescas" foi citada por 8,0% da amostra e a chance de apresentar esta barreira foi maior entre as mulheres (OR=1,79; IC95%=1,03-3,12) e entre os que não tinham companheiro (OR=1,92; IC95%=1,14-3,24). A barreira "necessidade de preparo" foi citada por 7,6% da amostra e a chance de apresentar esta barreira foi maior entre os indivíduos da faixa etária de 44 a 49 anos (OR=2,37; IC95%=1,10-5,12) e 50 a 59 anos (OR=2,35; IC95%=1,22-4,51). A barreira “não gostar do sabor das frutas” foi citada por 6,2% da amostra e não foi associada a nenhuma variável sociodemográfica. Quanto às barreiras para o consumo de verduras ou legumes a mais mencionada foi o “custo pesa no orçamento da família", com prevalência de 49,9%. A chance de apresentar esta barreira foi maior entre as mulheres (OR=1,63; IC95%=1,23-2,16), indivíduos com até 4 anos de estudo (OR=1,79; IC95%=1,22-2,63) e com nível econômico B e C (OR=2,01; IC95%=1,01-3,99). A barreira a "família não tem hábito/costume de consumir verduras ou legumes" foi citada por 10,9% da amostra e não foi observada associação com as variáveis sociodemográficas. A barreira "necessidade de preparo" foi citada por 9,7% da amostra e a chance de apresentar esta barreira foi maior entre as mulheres (OR=1,69; IC95%=1,03-2,76). A barreira "falta de tempo para ir ao mercado/feira com frequência para comprar verduras ou legumes frescos" foi citada por 7,6% da amostra e não foi observada associação com as variáveis sociodemográficas. A barreira “não gostar do sabor das verduras ou legumes” foi citada por 6,6% da amostra e a chance de apresentar esta barreira foi maior entre os indivíduos com cor da pele parda/preta/indígena (OR=2,43; IC95%=1,38-4,26). Conclusão: Mais de 40% dos indivíduos apresentava consumo irregular de frutas e 30% o de verduras ou legumes. A principal barreira percebida para o consumo de frutas e de verduras ou legumes foi relacionada ao custo destes alimentos, seguida pela falta de hábito da família. Estes achados podem ajudar na orientação de políticas públicas que objetivem o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras.
Satisfação no trabalho e absenteísmo entre professores da rede estadual de ensino básico de Londrina
Adrieli de Fátima Massaro Levorato, Selma Maffei de Andrade, Edmarlon Girotto
Data da defesa: 29/06/2016
Devido às reformas educacionais e intensificação do trabalho, professores têm enfrentado inúmeros obstáculos na profissão docente. Assim, muitos experimentam insatisfação no trabalho, com prejuízo à sua saúde física e mental, o que pode contribuir para o absenteísmo. Nesse sentido, este estudo objetivou analisar a relação entre satisfação no trabalho e absenteísmo em professores da educação básica. Trata-se de estudo epidemiológico do tipo transversal, com população de estudo composta por professores das 20 escolas da Rede Estadual de Ensino de Londrina-PR com maior número de docentes. A coleta de dados ocorreu entre agosto de 2012 a junho de 2013, por entrevista e preenchimento de um questionário pelos professores. A satisfação no trabalho foi avaliada por meio da escala Occupational Stress Indicator, utilizando o percentil 25 como ponto de corte para definição de menor satisfação. O absenteísmo foi considerado presente quando o professor referiu ter faltado ao trabalho por problema de saúde nos 12 meses anteriores à entrevista. Foram realizadas análises descritivas e por regressão de Poisson, com cálculo de razão de prevalência (RP) e intervalo de confiança (IC) de 95%. Participaram deste estudo 899 professores, com idade média de 42 anos e a maior parte composta por mulheres (68,3%). Os componentes com menores níveis de satisfação foram salário (46,9%), volume de trabalho (29,6%) e oportunidades para atingir aspirações e ambições (21,5%). Os componentes da escala de satisfação no trabalho mais bem avaliados foram: conteúdo do trabalho (58,4%) e relacionamentos (58,1%). Metade dos professores (50,4%) referiu absenteísmo por problema de saúde, com duração principalmente entre 1 e 3 dias (37,5%). Os principais motivos de falta ao trabalho foram doenças respiratórias (22,3%), problemas osteomusculares (14,1%) e transtornos mentais (11,0%). Após análise ajustada, o absenteísmo associou-se com a menor satisfação no trabalho (RP=1,21; IC=1,05-1,39), independentemente das variáveis sexo, idade, tempo de profissão, carga horária de trabalho, percepção quanto ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, dor crônica, doença crônica, capacidade física e mental para o trabalho e qualidade do sono. Também se apresentaram associadas ao absenteísmo a idade superior a 40 anos (RP=1,19; IC=1,01-1,39) e presença de doença crônica (RP=1,65; IC=1,27-2,15). Os resultados mostram associação entre absenteísmo e menor satisfação no trabalho no exercício da profissão docente, independentemente de outras variáveis. Desta forma, tornam-se necessárias medidas para melhorar a satisfação no trabalho docente, como a melhoria das condições e redução da carga de trabalho.
Apego psicológico ao trabalho, sono e outros fatores associados em professores da educação básica
Juliana Moura de Melo, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 28/06/2016
A melhoria da educação pública tem sido tema constante nas agendas do governo e nas exigências da população. Entretanto, apesar de sua relevância social, a profissão docente continua cercada por condições de trabalho desgastantes, que implicam no adoecimento desses profissionais. O apego psicológico ao trabalho (APT), mediante o comprometimento de processos de recuperação do estresse, como o sono, pode ser um elemento importante na relação entre estresse ocupacional e a saúde. Considerando a complexidade desse contexto, o objetivo do presente estudo foi identificar a frequência do apego psicológico ao trabalho e fatores a ele associados, com enfoque para o sono. A população de estudo compreendeu 151 professores atuantes na Educação Básica em Londrina-PR, participantes do estudo PróMestre. Os dados sobre o apego psicológico ao trabalho e avaliação subjetiva do sono foram obtidos por meio do preenchimento de um diário ao longo de 7 dias, realizado pelos professores, e por entrevista, para o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI-BR). A análise objetiva do sono baseou-se no uso de actígrafo, de forma contínua, durante o mesmo período de preenchimento do diário. O APT apresentou elevada frequência na população estudada, sendo que 30,5% dos professores apresentaram APT hoje (questões vivenciadas no dia corrente, antes de dormir), 47% APT amanhã (questões a serem vivenciadas no dia seguinte) e 28,5 % apresentaram APT hoje e amanhã (ambas as situações). As seguintes variáveis se mostraram associadas ao APT hoje: sexo feminino (p=0,013), sintomas depressivos (p=0,000), maior pressão de tempo (p=0,003), maior latência do sono registrada no diário (p=0,013) e pior qualidade do sono (PSQI-BR) (p=0,007). O APT amanhã, por sua vez, associou-se ao sexo feminino (p=0,003), a sintomas depressivos (p=0,000), à ansiedade diagnosticada (p=0,001) e respectivo tratamento (p=0,000), a trabalhar em até dois períodos do dia (p=0,005), à maior pressão de tempo (p=0,002) e pior qualidade do sono (PSQI-BR) (p=0,002). Por fim, foi encontrada associação significativa entre o APT hoje e amanhã e as variáveis: sexo feminino (p=0,004), depressão (p=0,000), ansiedade diagnosticada (p=0,028), trabalhar em até dois períodos do dia (p=0,026), maior pressão de tempo (p=0,002) e pior qualidade do sono (PSQI-BR) (p=0,020). Além de identificar características individuais de professores que apresentam apego psicológico ao trabalho com maior frequência, este estudo permite concluir que pensar em situações do trabalho momentos antes de dormir tem potencial para comprometer a qualidade do sono, o que deve ser considerado na prevenção e no tratamento de distúrbios do sono nessa população.
Retinopatia diabética em indivíduos com diabetes e pré-diabetes no município de Cambé-PR
Ivan Luís Idalgo de Oliveira, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 20/06/2016
Introdução: A retinopatia é uma das complicações mais comuns do diabetes. Esta patologia pode levar à cegueira irreversível, porém, se diagnosticada e tratada precocemente, os danos à visão podem ser reduzidos. Objetivos: Analisar a frequência da retinopatia em participantes do projeto VIGICARDIO - 2015, que apresentam distúrbios hiperglicêmicos há pelo menos 4 anos. Métodos: Estudo transversal, realizado no munícipio de Cambé – PR, entre março e dezembro de 2015. A amostra foi constituída por participantes da primeira fase do programa VIGICARDIO, em 2011, que foram classificados com distúrbios hiperglicêmicos. Os indivíduos foram avaliados em 3 etapas: entrevista, exames laboratoriais e exame de fundo de olho. Os participantes foram estratificados em três grupos: pré-diabetes, diabetes há menos de 4 anos e diabetes há pelo menos 4 anos. Verificou-se associação entre a retinopatia e sua gravidade com os estratos descritos e fatores de risco cardiovascular. Resultados: Participaram do estudo 272 pessoas. O diabetes estava presente em 49,3% da amostra, sendo que 19,9% tornaram-se diabéticos há menos de 4 anos. A retinopatia foi identificada em 61 (22,4%) pessoas, dentre eles 4 (1,5%) de retinopatia diabética não proliferativa severa e 2 (0,7%) de retinopatia diabética proliferativa. A presença de retinopatia nos diferentes estratos foi: 8,0%, 11,1% e 55,0% em pré-diabetes, diabetes há menos de 4 anos e diabetes há pelo menos 4 anos, respectivamente. O descontrole glicêmico, caracterizado pela alteração da hemoglobina glicada, e a hipertensão arterial apresentaram associação com a alteração da retina. Conclusão: A retinopatia está associada ao maior tempo de diabetes, porém, as alterações na retina estão presentes, também, nas fases iniciais e até antes dos indivíduos serem classificados como diabéticos. Portanto, o sistema de saúde deve estar preparado para detectar os indivíduos com possíveis alterações da glicemia, de forma precoce, e buscar o controle dessa glicemia, evitando complicações vasculares como a retinopatia, que devem ser investigadas e tratadas a fim de evitar casos de cegueira.
Comportamentos posturais de professores do ensino básico do município de Londrina, Paraná
Marcelly Barreto Correa, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 23/05/2016
Introdução: Ao desempenhar seu papel fundamental no processo educacional da sociedade, os professores adotam comportamentos posturais que podem gerar consequências para sua saúde. Objetivo: Caracterizar a percepção de comportamentos posturais e fatores associados em professores do ensino básico da rede estadual de Londrina, Paraná. Métodos: Trata-se de um estudo transversal que incluiu professores que atuavam como docente em sala de aula, lecionavam para nível fundamental (anos finais), médio e/ou educação profissional integrada, e que participaram da primeira etapa do estudo PRÓ-MESTRE. A coleta de dados foi realizada em entrevista pré-agendada, com duração de aproximadamente uma hora, constituída por formulário e questionário, contendo questões sobre características sociodemográficas, de estilo de vida, saúde, ocupacionais, ergonômicas, além de perguntas sobre a percepção de comportamentos posturais nas atividades de escrever no quadro, trabalhar sentado e permanecer em postura ortostática (postura em pé). O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina. Foram entrevistados 335 professores no período entre agosto e dezembro de 2014. Os dados foram analisados utilizando-se o programa computacional IBM SPSS, por meio de análise descritiva mediante a distribuição de frequência de variáveis categóricas e análise de associação por meio do Teste de Qui-quadrado. Foram adotados os níveis de significância estatística de p<0,20 (indicativo de possível associação) e p<0,05 (associação estatisticamente significativa). Resultados: A percepção de comportamento postural não recomendado frequente foi identificada em 3,5% dos professores para a posição da coluna ao escrever no quadro, 7,0% para a posição da coluna ao trabalhar sentado, 10% para a posição das pernas ao escrever no quadro e 20% para a posição das pernas ao trabalhar sentado. Em relação à percepção da postura ortostática, 67,5% dos professores referiram adotar com alta frequência postura diferente da considerada como de referência. De maneira geral, os resultados quanto às características sociodemográficas, de estilo de vida e de saúde mostraram que ter idade menor de 43 anos, não praticar atividade física regularmente, avaliar a própria saúde como ruim ou muito ruim, presença de dor crônica musculoesquelética geral ou específica para determinada região do corpo e sentir dor devido à postura tiveram associação significativa (p<0,05) com a adoção de comportamento postural não recomendado frequente em ao menos uma das posições analisadas. Quanto às condições ocupacionais, lecionar em apenas um colégio, apresentar carga horária superior a 20 horas semanais, atuar somente no ensino fundamental, possuir contrato do tipo estatutário, referir absenteísmo por motivo de saúde nos últimos 12 meses e baixa capacidade atual para o trabalho associaram-se com a adoção frequente de pior comportamento postural em ao menos uma das posições analisadas. Já em relação às condições ergonômicas, considerar o desempenho pessoal no trabalho dificultado pela postura, considerar a infraestrutura ruim para o descanso e ser afetado pela posição do corpo em relação ao mobiliário tiveram associação com a adoção do pior comportamento postural. Conclusões: Entre 7% e 67,5% dos professores analisados referiram adotar, com alta frequência, comportamento postural não recomendado em ao menos uma situação habitual no exercício da atividade docente. Os resultados sugerem que certas características individuais, comportamentais e relacionadas com o trabalho podem contribuir para a caracterização dos professores que adotam posturas não recomendadas com maior frequência.
Consórcios Intermunicipais de Saúde e a Implantação do COMUS no Estado do Paraná
Gisele Antoniaconi, Alberto Durán González
Data da defesa: 01/04/2016
Introdução: Os Consórcios Intermunicipais de Saúde (CIS) são os principais responsáveis pela prestação de serviços de Média Complexidade no estado do Paraná. O Programa de Apoio aos Consórcios Intermunicipais de Saúde (COMSUS) foi proposto pela Secretaria de Estado de Saúde com o objetivo de adequação dos CIS ao modelo das Redes de Atenção à Saúde (RAS), por meio de contratualização de metas e repasse de recursos. Objetivo: Compreender a relação entre os Consórcios Intermunicipais de Saúde e a Secretaria de Estado de Saúde na implantação do Programa Estadual de Apoio aos Consórcios Intermunicipais de Saúde no estado do Paraná. Método: Pesquisa qualitativa utilizando como técnica de análise a análise temática proposta por Bardin. A pesquisa desenvolveu-se entre os anos de 2013 e 2015. Foram entrevistados cinco agentes formuladores de políticas de saúde e um representante do CIS, dois CIS participaram de grupos focais. A partir da análise dos dados foram definidas três categorias: Consórcios Intermunicipais de Saúde: características e Relações Anteriores à Implantação do COMSUS; Implantação do COMSUS: caminhos percorridos pelos Consórcios Intermunicipais de Saúde e pela Secretaria de Estado de Saúde; Uma nova relação: mudanças na relação entre os Consórcios Intermunicipais de Saúde e os municípios. Resultado e discussão: O processo de implantação do COMSUS desencadeou nova forma de relacionamento entre os Consórcios e a SESA. Com as adequações às RAS os CIS passaram de prestadores de serviços para parceiros na execução da política de saúde do estado. Porém os Consórcios responderam às propostas de maneiras diferentes. Os CIS melhores estuturados traçaram estratégia de negociação das propostas, objetivando equilibrio entre as ações desenvolvidas pelos CIS e as propostas da SESA. Os Consócios menos estruturados basearam a relação na aceitação das modificações, uma vez que essa era a possibilidade de melhoria do trabalho do CIS. Além das modificações na relação com a SESA o COMSUS influenciou o vínculo dos Consórcios com os municípios, prestadores de serviços e usuários. Considerações Finais:O COMSUS deixa suas primeiras marcas na saúde pública paranaense, traçando caminhos de mudanças que ainda não podem ser avaliadas, mas que já começam a se estruturar.
Estratégias utilizadas por gestores de Municípios de Pequeno Porte para garantia de acesso aos usuários do SUS a serviços de Média Complexidade
Camila Ribeiro Silva, Brígida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 17/03/2016
A organização do sistema de saúde de saúde no Brasil sofreu modificações ao longo dos anos, abrangendo todos os cidadãos a partir da Constituição Federal de 1988. A descentralização do Sistema a nível municipal foi baseada nos princípios de universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde. As ações e procedimentos se dispuseram nos blocos de Atenção Básica (AB) e o de Média e Alta Complexidade (MAC). A municipalização do Sistema, tendo a Atenção Básica como modelo de atenção não foi acompanhada de investimentos proporcionais na organização dos demais níveis de atenção e nem na articulação entre eles. O contexto do financiamento em saúde demonstra grande peso sobre os municípios, que acabam financiando ações e serviços em saúde além da AB, sobretudo nos municípios de pequeno porte (MPP), que em sua maioria não conseguem arrecadar o suficiente para arcar com os procedimentos da AB, nem com os de MAC, para os quais acabam por ter que garantir acesso aos usuários. Os municípios pequenos ficam na dependência de serviços localizados em municípios maiores e faz com que seus gestores tenham que articular diversas estratégias para a garantia de acesso aos serviços de MAC. O Sistema de saúde brasileiro encontra-se fragmentado e essa fragmentação fica mais evidente em municípios de pequeno porte. O estudo objetivou analisar as estratégias dos municípios de pequeno porte para a garantia de acesso a serviços de média complexidade, por meio da metodologia de estudo de caso único, com várias unidades de análise. O caso estudado foi o da 18ª Regional de Saúde do Estado do Paraná, tendo seus 18 municípios de pequeno porte como unidade de análise. A população de estudo foi composta pelos gestores e os responsáveis pela regulação de consultas especializadas de cada município e também a Diretora Administrativa do CISNOP (Consórcio Intermunicipal de Saúde do Estado do Paraná). As especialidades com maior dificuldade de acesso são: Vascular, Proctologia, Geriatria, Endocrinologia, Ortopedia, Neuro-pediatria, Urologia, Reumatologia, Oftalmologia e Otorrinolaringologia Os municípios foram categorizados em alta, média e baixa dependência do Consórcio, conforme o sucesso de suas estratégias para a garantia de acesso a consultas especializadas. As estratégias levantadas foram organizadas em três categorias: sem custo adicional do município; com custo adicional para o município e com custo para o usuário e vão desde compra de serviços diretamente de prestador particular, a terceirização de serviços e também compra de consultas especializadas de outras regionais. A situação da fragmentação do sistema, no que diz respeito à garantia de acesso a serviços especializados não tem perspectiva de solução a médio prazo, assim, ficando o sucesso para a garantia de acesso aos serviços de média complexidade aos usuários, dependendo da capacidade de gestão e governança dos secretários municipais de saúde.
Autopercepção da equipe gestora sobre o preparo para o desempenho da função de gestão em saúde em municípios de pequeno porte
Maria Carolina Bot Bonfim, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes, Fernanda de Freitas Mendonça
Data da defesa: 17/03/2016
A necessidade de avanços na formação de gestores nos serviços públicos de saúde é assunto de debates há anos. A produção dos serviços de saúde depende, dentre outras questões, da existência de profissionais capacitados e motivados em transformar as práticas em saúde. O objetivo deste estudo foi analisar a autopercepção de preparo da equipe gestora para o exercício da gestão nos municípios de pequeno porte da Macrorregião Norte do Paraná. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e transversal. A população de estudo foi composta por 744 profissionais que integravam a equipe de gestão dos 82 municípios de pequeno porte da 16ª, 17ª, 18ª, 19ª e 22ª Regionais de Saúde do Estado do Paraná. Este estudo é um recorte do projeto denominado A gestão do trabalho do SUS em municípios de pequeno porte do Paraná a partir do olhar da equipe gestora. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas presenciais, orientadas por um roteiro estruturado, no período de setembro de 2013 a outubro de 2014. A análise dos dados foi realizada pelo programa EPIINFO, versão 3.5.4, por meio de análise de freqüência e fatores associados à autopercepção de preparo pelo teste quiquadrado. Os resultados revelaram que 40,9% dos gestores possuíam pósgraduação, e a especialização lato sensu específica na área de gestão em saúde foi de 4,4%. A atividade de gestão mais referida foi a relacionada aos sistemas de informações (66,9%). A maioria dos gestores não possuía experiência prévia em gestão (74,9%), no entanto, 97,6% deles referiram sentir-se integralmente ou parcialmente preparados para o exercício da função. Em relação ao preparo obtido, do total de entrevistados, 37,2% atribuem aos cursos ofertados pelas regionais de saúde a principal forma de obtenção de preparo para o cargo e 24,7% a experiência do dia-a-dia. Ter nível superior, experiência anterior em gestão, idade abaixo da média (37,8 anos) e ter realizado algum curso como forma de preparo para atuação na gestão foram fatores associados à autopercepção de preparo. Conclui-se que grande parte dos gestores se sente preparado para a atuação na função e isso pode estar relacionado ao fato de a maioria ter formação na área da saúde. A falta de experiência na função de gestão e a pouca formação específica nessa área propicia que a autopercepção de preparo venha das experiências particulares de cada pessoa. Outra possibilidade está no desconhecimento do quanto é complexa a gestão do SUS, de modo que atuam apenas no sentido de reproduzir o modelo hegemônico vigente. Diante disso, investimentos em qualificação e em estratégias de valorização e reconhecimento das funções de gestão são de fundamental importância, pois um dos desafios do SUS é possuir pessoas que tenham qualificação, seja técnica, seja política, para os diversos cargos de gestão.
Depressão em professores da rede estadual de ensino de Londrina/PR: caracterização e fatores associados
Nathalia K. A. Guimarães de Faria, Alberto Durán González, Camilo Molino Guidoni
Data da defesa: 29/02/2016
A depressão afeta 350 milhões de pessoas mundialmente e é uma doença importante que reflete na família, no trabalho e nas relações pessoais do indivíduo bem como, em casos extremos, pode levar ao suicídio. O desenvolvimento da depressão é influenciado por fatores genéticos, características de personalidade e o meio em que se vive. Condições adversas de trabalho podem contribuir para o desenvolvimento da depressão, bem como por agravos relacionados a ele. A profissão docente apresenta muitos desafios e condições adversas de trabalho. Em diversos países, os transtornos mentais são o principal motivo causador de absenteísmo entre docentes. Pensando na importância dos professores para a sociedade, no ônus relacionado à depressão e na condição adversa de trabalho vivida por muitos professores, o objetivo do estudo foi conhecer a prevalência de depressão e de sintomas depressivos, de acordo com o Inventário de Beck-II (BDI-II), e os fatores associados à depressão em professores da Rede Estadual de Ensino de Londrina/PR. Trezentos e oito professores foram entrevistados, dos quais 34,7% foram considerados depressivos, de acordo com os preceitos previstos pelo BDI-II. A maioria dos considerados depressivos era do sexo, tinham entre 25 e 39 anos de idade, eram casados, possuiam especialização e renda familiar mensal entre R$ 3001,00 e R$ 5000,00. Os principais sintomas assinalados pelos entrevistados foram falta de energia, alterações no padrão do sono, cansaço ou fadiga e autocrítica. As seguintes variáveis relacionadas ao trabalho se mostraram associadas à presença de depressão: ter menos de dez anos de profissão, relatar relacionamento com superiores ou alunos, motivação para chegar ao trabalho e equilíbrio entre vida profissional e pessoal como ruim ou regular e relatar ter sofrido qualquer tipo de violência.
Compreensão do sentido de ser professor readaptado por transtornos psíquicos à luz da fenomenologia heideggeriana
Ana Claudia Petryszyn Assis , Alberto Durán González
Data da defesa: 26/02/2016
Ao longo dos anos, o trabalho docente vem acumulando muitas mudanças as quais tem repercutido negativamente na saúde psíquica e física dos mesmos. Levando a um intenso sofrimento nesta categoria profissional, consequentemente, tem se tornado frequente a readaptação funcional de professores a qual afasta, temporário ou definitivo, o trabalhador de sua função, realocando-o em outro cargo. Com base nisso, o objetivo dessa pesquisa foi compreender o significado do retorno à escola após afastamento definitivo como professor-readaptado por transtornos psíquicos. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado com professores readaptados definitivos de diferentes escolas da rede pública de um munícipio de grande porte do sul do Brasil. A coleta de dados foi realizada no período de dezembro de 2014 e finalizada em junho de 2015. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e submetidos à análise de discurso proposta por Martins e Bicudo, como forma de extração e organização dos dados. Em seguida, foram analisados a luz do referencial filosófico de Martin Heidegger. Também, foram utilizados outros autores, tendo em vista a convergência entre eles. Da análise das entrevistas emergiram quatro categorias: Processo de ruptura do trabalho docente em sala de aula; Retorno ao trabalho como professor readaptado; Serno-mundo como professor readaptado e Ser-com-o-outro no mundo da readaptação. Os entrevistados revelaram que o trabalho antes da readaptação estava sendo marcado pela intensificação do trabalho como docentes, refletido por condições de trabalho ruins, excesso de burocracia e outros levando a um período de afastamentos os quais foram tidos como momentos de quebra do cotidiano dos professores. Após os afastamentos temporários de sala de aula, o habitar o mundo da educação sob nova condição foi marcado por incertezas e sentimentos como o medo frente a essa transição, já que não tinham referências construídas sobre esse ser-no-mundo, pois foram lançados no mundo da educação sob nova condição, se ocupando e preocupando de modos diferentes. Dessa forma, aos que construíram uma nova identidade esta foi marcada por uma utilidade para o coletivo, no qual assumem múltiplas funções para serem reconhecidos. Passando a existir de modo impróprio, retirando, dessa forma, a possibilidade de refletirem sobre esse agir para os outros. O ser-com dos professores readaptados revelaram modos deficientes com-colegas; comoutros-funcionários, com-alunos e com-família, suscitando, portanto, um ser-com inautêntico. Visto que estas relações se demostraram em atitudes preconceituosas, com forte estigma e de exclusão. Também, esta pesquisa permitiu tecer algumas reflexões sobre o processo de readaptação vivenciado pelos professores na qual evidenciou-se a falta de políticas que visem este profissional, tanto no processo quanto no acompanhamento do mesmo nesta situação. Espera-se que os resultados desse estudo possam fornecer subsídios para o conhecimento dessa realidade, buscando ampliar as discussões e alternativas para o atual contexto que esses professores vivenciam.