A Residência Multiprofissional em Saúde da Família: o olhar do trabalhador de saúde
Carolina Milena Domingues, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 02/04/2012
A Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF) surge como uma das possibilidades de integração ensino-serviço com vistas a formação dos profissionais de saúde para atuar na Estratégia Saúde da Família (ESF). Para a consolidação da proposta da RMSF, uma vez que ela forma os profissionais no ambiente de trabalho real, torna – se imprescindível a participação do trabalhador de saúde na produção de serviços integrada ao ensino. Nesse sentido, este estudo buscou revelar a percepção dos trabalhadores das Unidades de Saúde da Família (USF) sobre a RMSF e sobre a atuação destes profissionais na formação dos residentes. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado com trabalhadores de saúde atuantes em Unidades de Saúde da Família (USF) contempladas com a inserção dos residentes da RMSF, em Londrina-PR. Os dados foram coletados entre janeiro e fevereiro de 2011 por meio de entrevistas semi-estruturadas e submetidos a análise de discurso proposta por Martins e Bicudo. Da análise das entrevistas emergiram três categorias: concepções e contribuições da RMSF para mudança do processo de trabalho do trabalhador de saúde da USF; dificuldades percebidas no processo de inserção da RMSF nas USF e participação do trabalhador de saúde no processo de formação do residente. Os discursos revelaram que o significado da RMSF para o trabalhador de saúde permeou o âmbito das concepções sobre o curso, como o fortalecimento das ações pautadas na integralidade, na realização do trabalho em equipe multiprofissional, na potencialização da escuta qualificada, do vínculo, da prevenção, com junção da teoria com a prática. Estas concepções desencadearam a percepção sobre o projeto como uma contribuição que transcende a formação do residente para também mudar as práticas do trabalhador de saúde, consolidando a ESF de acordo com os ideários do SUS. Apesar do significado da residência para os trabalhadores, houve dificuldades no processo de inserção dos residentes nas unidades. Os participantes do estudo enfatizam dentre os percalços sentidos durante o primeiro ano do curso, as formas de inserção dos residentes de Enfermagem e Odontologia nas USF, que aconteceu mediante a saída de profissionais do serviço já atuantes nas equipes para dar lugar aos alunos, e a indefinição do papel dos residentes das categorias profissionais que não atuavam na unidade anteriormente. A principal dificuldade percebida no decorrer dos anos foi o fato do residente assumir a responsabilidade pela assistência e pela USF como um profissional com vínculo empregatício. Ficou evidente na fala dos participantes, a sua grande participação na formação do residente, constituindo-se em um dos atores do curso com maior envolvimento nas atividades cotidianas dos alunos, principalmente por sua experiência e vivência na prática do processo de trabalho de uma unidade. Espera-se que os resultados deste estudo colabore para o conhecimento do cenário de atuação do projeto da RMSF em Londrina, além de enriquecer as produções científicas sobre o tema para manutenção do curso como estratégia na formação do trabalhador para atuar na ESF.
Não adesão ao tratamento medicamentoso contínuo e fatores associados: estudo de base populacional
Fellipe Assan Remondi, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 26/04/2012
Este trabalho investiga os fatores associados a não adesão à terapia medicamentosa contínua, entre eles a complexidade da farmacoterapia, em indivíduos de 40 anos e mais de idade. Foi realizado um inquérito transversal de base populacional em Cambé/PR. A adesão à terapia foi avaliada pela escala de 4 itens de Morisky, Green e Levine e a complexidade pelo Índice de Complexidade da Farmacoterapia. Analisaram-se também variáveis sociodemográficas, de condições de saúde, de utilização dos serviços de saúde e do uso de medicamentos. Após análise bruta, foram construídos modelos multivariados de regressão linear generalizada de Poisson com estimação robusta da variância para descrever a associação entre as variáveis e a não adesão. Foram entrevistados 1180 indivíduos, dos quais 78% utilizaram medicamentos nos 15 dias anteriores a entrevista e em 55% registrou-se o uso contínuo. Foram analisados 639 indivíduos, com predominância do sexo feminino, idade entre 40 e 59 anos, baixa escolaridade. A cobertura da Estratégia de Saúde da Família foi de 57,6% e 14,5% dos entrevistados relataram ter tido descontinuidade no acesso aos medicamentos. A resposta mais frequente dentre as perguntas realizadas para mensurar a não adesão foi a referente aos esquecimentos (45,9%). A prevalência de não adesão foi de 63,5%. A complexidade terapêutica teve valor médio de 8,1 pontos, e adotou-se o percentil 80 para definição dos casos de maior complexidade. Após análise ajustada, permaneceram associados a não adesão (p<0,05): não ser acompanhado pelo agente comunitário de saúde, ter tido descontinuidade no acesso aos medicamentos e a elevada frequência de utilização dos medicamentos ao longo do dia. Os resultados indicam uma alta prevalência da não adesão com possíveis impactos negativos para os indivíduos e para a sociedade. A partir destes dados, se fazem necessárias estratégias que visem potencializar o trabalho das equipes de saúde da família, a garantia do acesso gratuito e contínuo aos medicamentos e a simplificação do número de doses diárias para minimização deste problema de saúde pública.
Características antropométricas de crianças de 6 a 23 meses de idade e fatores associados a desvios nutricionais
Cybele Renata Trevisan e Silva, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 27/04/2012
O crescimento infantil é um dos melhores indicadores de saúde e seu acompanhamento constitui uma das prioridades na atenção a esse grupo populacional. O objetivo geral desse trabalho foi realizar uma avaliação antropométrica de crianças de seis a vinte e três meses de idade residentes na área de abrangência de uma unidade básica de saúde (UBS) de Londrina-PR e identificar fatores associados aos desvios nutricionais. Como objetivo complementar, comparou-se a avaliação do estado nutricional utilizando-se os referenciais NCHS de 1977 e OMS de 2006. Estudo transversal, com amostra de 268 crianças identificadas no SINASC, Ficha A e outros registros do serviço. Os desfechos estudados foram excesso de peso e baixa estatura, definidos por meio de percentil e escore z, segundo referencial proposto pela OMS em 2006. As variáveis independentes foram as relacionadas às crianças, às mães, às condições sociossanitárias, ao acesso ao serviço e a algumas características alimentares. Realizou-se análise descritiva, e, para a associação entre as variáveis, foi utilizado o teste de qui-quadrado, com correção de Yates e teste exato de Fisher. Entre as crianças avaliadas, observou-se maior proporção de sexo masculino (53,7%), de peso adequado de nascimento (94,8%) e de crianças que são cuidadas pela mãe (63,1%). A maioria das crianças faz acompanhamento na UBS (75,4%), e 91,7% iniciaram a puericultura antes de 30 dias de vida. Encontrou-se também uma frequência alta de ingestão de biscoitos salgados industrializados (59,3%), refrigerante (59,7%) e doces (69,4%). Na avaliação antropométrica verificou-se prevalência de 14,9% de risco de sobrepeso, 7,1% de sobrepeso e obesidade, 2,6% de déficit de peso e 4,1% de baixa estatura. Na comparação entre os dois referenciais, verificou-se maior sensibilidade do referencial OMS de 2006 tanto no diagnóstico de excesso de peso na relação peso para estatura, quanto no de baixa estatura. Os fatores que se associaram significativamente na análise bivariada ao excesso de peso no índice peso para estatura foram: quem cuida a maior parte do tempo da criança não é a mãe, trabalho materno e a não convivência da mãe com o companheiro. Em relação ao déficit de estatura, a prevalência do desfecho foi significativamente mais elevada entre as crianças cujo cuidador não é a mãe. A maior importância do excesso de peso em relação ao déficit sugere transição nutricional em curso, e o seu envolvimento com doenças crônicas não transmissíveis aponta a necessidade de ações efetivas em faixas etárias de vida cada vez mais precoces.
Incapacidade funcional entre adultos de 40 anos ou manis idade: Estudo de base populacional
Cristhiane Yumi Yonamine, Tiemi Matsuo, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 30/05/2012
O envelhecimento populacional é um fenômeno que concorre para um aumento da prevalência das doenças crônicas e da incapacidade funcional. Envelhecer mantendo todas as funções não significa problema para o indivíduo ou para a comunidade, entretanto, quando a autonomia funcional começa a deteriorar, os problemas começam a surgir. A incapacidade funcional é um importante indicador de saúde, uma vez que reflete a piora da qualidade de vida e os graves impactos sociais, tais como a institucionalização e o aumento do uso de serviços de saúde. O presente estudo teve por objetivo analisar a prevalência e os fatores associados à incapacidade funcional entre adultos residentes na região urbana do município de Cambé, Paraná. Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, realizado com adultos de 40 anos ou mais de idade, no período de fevereiro a junho de 2011. As variáveis dependentes pesquisadas foram os fatores associados à dificuldade de subir e descer escadas e os fatores associados à autonomia funcional em dois grupos etários. A população foi composta de 1336 sujeitos elegíveis, dos quais 1180 foram entrevistados. A prevalência da incapacidade funcional encontrada nas atividades básicas de vida diária apresentou-se baixa e aumentou progressivamente com a idade. As dificuldades mais frequentes referem-se às atividades de urinar (5%), subir e descer escada (24%), ler ou enxergar (78,3%), memorizar (28,9%) e lavar roupa (23,4%). Os fatores associados à dificuldade de subir e descer escada foram: ser do sexo feminino, não ter trabalho remunerado, pertencer à classe econômica C, D ou E, não praticar atividade física no lazer, ter histórico de doenças crônicas, ter histórico de quedas nos últimos 12 meses e ser obeso. Observou-se que 46,5% das pessoas estudadas apresentavam a autonomia funcional preservada e alguns fatores associados à autonomia funcional foram distintos entre idosos e não idosos. Ter trabalho remunerado, praticar atividade física no lazer e não ter histórico de artrite/artrose foram comuns a ambos os grupos, mas a escolaridade e a ausência de histórico de diabetes associaram-se apenas na faixa etária de 40 a 59 anos, enquanto que histórico de problemas na coluna relacionou-se apenas às pessoas de 60 ou mais anos de idade. Os resultados apontam a necessidade de ampliar as ações e as estratégias assistenciais, principalmente na atenção básica, visto a magnitude de algumas dificuldades que interferem na autonomia funcional e os fatores associados à incapacidade e à autonomia funcional.
Uso de medicamentos por mulheres com 40 anos ou mais em município do sul do Brasil
Raphaela Cardoso de Oliveira, Monica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 30/05/2012
Diversos estudos têm demonstrado que as mulheres utilizam mais medicamentos do que os homens, além de os usarem de forma expressiva. Essa pesquisa teve como objetivo conhecer e analisar a prevalência do uso de medicamentos entre as mulheres com 40 anos ou mais residentes no município de Cambé, Paraná. Esse estudo é um recorte do Projeto VIGICARDIO que estuda as “Doenças Cardiovasculares no Estado do Paraná: mortalidade, perfil de risco, terapia medicamentosa e complicações” da Universidade Estadual de Londrina. Compreendeu um estudo transversal de base populacional realizado no município de Cambé, Paraná, no ano de 2011. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais realizadas no domicílio ou em outro local sugerido pelo entrevistado. Foram convidadas 714 mulheres, sendo 642 efetivamente entrevistadas. As perdas totalizaram 3,22% e as recusas, 6,86%. Dentre as mulheres entrevistadas, 85,4% utilizaram algum medicamento nos últimos 15 dias anteriores a entrevista. Foi observada associação bivariada entre o uso de medicamentos e ter 60 anos ou mais (RP=1,11), possuir emprego (RP=1,16), perceber sua saúde ruim ou muito ruim (RP=1,15) mesmo quando comparada com pessoas da mesma idade (RP=1,09), estar na menopausa (RP=1,16), estar acima do peso (IMC=1,08). Além dessas variáveis, as doenças relatadas também apresentaram associação bivariada, foram elas artrite/artrose/reumatismo (RP=1,17), colesterol elevado (RP=1,13), depressão (RP=1,13), diabetes (RP=1,12, hipertensão (RP=1,20) e ter problema de coluna (RP=1,13). Em relação a utilização serviços de saúde, verificou-se resultados estatisticamente significativos para a mulher que consultou o médico nos últimos 2 e 12 meses (RP=1,19 e 1,46, respectivamente) e passou por internação no último ano (RP=1,16). Os grupos farmacológicos mais prevalentes compreenderam os do sistema cardiovascular, sistema nervoso e para o trato alimentar e metabolismo, respectivamente. Os profissionais médico e dentista foram os maiores responsáveis pelas indicações (85,5%). A partir dos resultados obtidos, é possível repensar as práticas de educação em saúde sobre o uso de medicamentos e as políticas públicas que têm como objetivo aumentar a qualidade de vida da população no seu processo natural de envelhecimento.
Características das vítimas de acidente de transporte terrestre, lesões e benefícios concedidos entre segurados do Instituto Nacional do Seguro Social de Cambé em 2011
Flávio Henrique Muzzi Sant'anna, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 27/07/2012
Introdução: Acidentes de transporte terrestre são notórios causadores de morbimortalidade na atualidade. A análise desses agravos entre os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é pertinente para se compreender a natureza desse fenômeno e lhe vislumbrar soluções, a partir de estrato economicamente ativo da realidade brasileira. Objetivo: Analisar as características das vítimas de acidentes de transporte terrestre, lesões e benefícios concedidos entre segurados do INSS de Cambé (PR) em 2011. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo e transversal. A população foi composta por segurados do INSS vítimas de acidentes de transporte terrestre, que tiveram benefício concedido em perícia médica inicial na Agência da Previdência Social de Cambé em 2011. Utilizaram-se os sistemas SUIBE, PLENUS e SABI como fontes de dados, os quais foram transcritos em formulário específico e digitados duplamente no programa Epi Info®. Os dois primeiros sistemas forneceram informações necessárias para exclusão de homônimos e para levantamento dos valores dos benefícios. Por meio do SABI foi possível acesso aos laudos médicos das perícias consideradas na casuística. Resultados: Das 241 vítimas analisadas, 81,7% eram do sexo masculino, 71,1% tinham entre 18 e 39 anos, e 76,3% residiam em Cambé. Quanto às características relacionadas às profissões das vítimas, 75,9% eram empregados, sendo que mais da metade (55,2%) eram trabalhadores da indústria e do comércio. Dos acidentes de transporte, 96,7% foram acidentes de trânsito, tendo como dias mais frequentes de ocorrência o sábado (23,7%) seguido do domingo (17,8%). Das vítimas, 79,3% eram condutores, prevalecendo em ambos os sexos, sendo maior no masculino (85,6%) do que no feminino (58,1%). Os ocupantes de motocicletas prevaleceram (72,2%), tendo como tipos de acidentes mais comuns as colisões de carros com motos (29,9%) e as quedas de motos (25,7%). Das lesões, 80,5% foram fraturas, sendo os membros os segmentos mais afetados (89,6%), seguidos da cabeça (5,4%). Dos acidentes, 19,9% foram de trabalho, sendo que desses, 70,8% foram de trajeto. Em relação ao tempo de incapacidade, prevaleceu de 91 a 120 dias (33,2%). Dos valores mensais em benefícios, 87,6% estiveram entre R$ 545,00 e R$ 1.107,52, tendo o gasto total chegado a R$ 818.503,27. Conclusão: O perfil dessa população em muito se assemelha com a população em geral envolvida em acidentes de transporte terrestre, sobretudo de trânsito. Entretanto, como se trata de população específica, e a qual reflete estrato economicamente ativo da população, medidas preventivas e intervenções específicas podem ser direcionadas a partir desses achados. Propõe-se a Cartilha Paz no Trânsito como forma de intervenção na realidade pela mudança de comportamento e das relações humanas no trânsito.
Caracterização dos gerentes e práticas gerenciais na atenção primária à saúde em municípios de pequeno porte da região norte do Paraná
Regina Hitomi Fukuda Ohira, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 01/08/2012
Com o processo de municipalização, decorrente da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), torna-se necessário a organização local para garantir a saúde como direito da população. O objetivo deste estudo é caracterizar o perfil dos gerentes da atenção primária à saúde (APS) e descrever as práticas gerenciais nos serviços de APS em 49 municípios de pequeno porte das 16ª, 17ª e 18ª Regionais de Saúde do Paraná. Trata-se de um estudo de natureza descritiva, no qual foi aplicado questionário semi-estruturado para 90 gerentes. Para análise estatística, utilizou-se o programa EpiInfo 3.5.1, e o desfecho nos resultados não foi homogêneo, visto que algumas questões não obtiveram 100% de respostas dos participantes. O perfil dos gerentes aponta 91,1% do sexo feminino, 50,0% com idade predominante entre 21 a 30 anos e 75,6% pós graduados. Quanto ao ingresso no emprego, 70,0% foram por meio de concurso público/teste seletivo, com atuação profissional de 40,0% acima de 5 anos, 43,4% inseridos na APS acima de 5 anos e 32,2% na unidade básica de saúde atual há menos de 1 ano. Sobre treinamento específico para desempenho da função gerencial, 71,1% não fizeram nenhum curso, mas 37,7% já atuaram como gerentes. Quanto às práticas gerenciais citadas, 85,6% realizavam reunião com a equipe; 77,8% conheciam metas e indicadores de saúde de 2010; 73,3% planejavam as ações; 70,0% realizavam reunião com a comunidade; 64,5% discutiam as metas e indicadores com os trabalhadores da unidade; 61,1% conheciam os indicadores de saúde de 2009; 61,1% realizavam avaliação das ações e serviços de saúde; 54,4% realizavam educação permanente em saúde com os trabalhadores, mas somente 37,8% realizavam avaliação dos trabalhadores. Conclui-se que o cargo de gerência não está instituído, os participantes realizavam práticas gerenciais informalmente e há falta de profissionalização para o desempenho desta função já que somente 23,3% relataram ter feito curso de gestão.
Epidemia da infecção pelo vírus influenza A/H1N1 em municípios do norte do Paraná em 2009
Ronaldo Silveira Paiva, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 15/08/2012
Em 2009 ocorreu a circulação de um novo vírus influenza (tipo A subtipo H1N1), que rapidamente evoluiu para uma pandemia e apresentou diferentes comportamentos epidemiológicos nos países e nas regiões do Brasil. Este trabalho procurou descrever o comportamento epidemiológico deste vírus pandêmico nos municípios que compõem a 17a Regional de Saúde do Estado do Paraná no ano de 2009. Foi realizado estudo observacional e a população pesquisada foi formada pelos casos notificados de Influenza Pandêmica (H1N1) 2009 nos municípios da região em 2009. A fonte de informação foi o banco de dados da 17ª Regional de Saúde. Os resultados do trabalho mostraram que foram confirmados 14.606 casos na região, sendo 562 confirmados laboratorialmente. A grande maioria dos casos ocorreu em indivíduos jovens, sendo 67,3% dos casos em pessoas com menos de 30 anos. A faixa etária que acumulou o maior número de casos foi a com idade entre 20 e 29 anos, com 22,8% dos casos. A maior incidência por faixa etária foi a de crianças com menos de 3 anos (4.616,68 casos/100.000 habitantes). Os adultos com idade entre 50 e 59 anos foram o grupo com o maior coeficiente de mortalidade por faixa etária. Houve predomínio dos casos no sexo feminino (54%). O pico do número de casos na região no ano de 2009 foi na semana 35. As comorbidades mais frequentes foram a pneumopatia crônica (11,41%), hipertensão arterial sistêmica (3,43%) e cardiopatia crônica (3,11%). Do total de pacientes, 7,72% eram tabagistas e 2,53% gestantes. Houve grande variação dos coeficientes de incidência, coeficiente de mortalidade, taxa de hospitalização e taxa de letalidade entre os municípios da região. Os fatores associados à hospitalização, síndrome respiratória aguda grave e óbito foram semelhantes a estudos nacionais e internacionais. O estudo mostrou que o coeficiente de incidência e algumas características demográficas da doença na região foram semelhantes ao estado do Paraná, porém a mortalidade e a letalidade apresentaram valores bem inferiores ao estado, mais próximas aos dados nacionais. Tais resultados indicam a importância de estudos epidemiológicos regionais para a correta dimensão das doenças nestes locais.
Dermatomicoses em idosos de uma instituição de longa permanência em Londrina, Paraná
Marcia Cristina Moreira Menoncin, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 18/12/2013
O crescimento da população idosa tem incentivado medidas políticas para a melhoria da saúde e da qualidade de vida de idosos em instituições de longa permanência. Este estudo teve como objetivo analisar as dermatomicoses em idosos de uma instituição de longa permanência do município de Londrina – Paraná. Os dados foram coletados mediante aplicação de formulário e exame físico da pele e das mucosas. A população foi constituída por 89 indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, com idade média de 75,6 anos e tempo médio de institucionalização de 7,2 anos. O sexo masculino representou 57,3% dos indivíduos e o feminino, 42,7%. A maior parte (61,8%) estava alocada em enfermarias, devido ao maior grau de dependência funcional. Identificou-se elevada prevalência das dermatomicoses (67,4%), sendo mais frequentes nos idosos masculinos, responsáveis por 66,4% dos casos. A maioria apresentou apenas uma infecção, e os pés foram o local de maior detecção (48,3%). Observou-se associação entre a presença de infecção e o tipo de habitação, com maior prevalência na população dos quartos, considerada funcionalmente independente e cujos cuidados de higiene eram realizados de forma autônoma. Apenas 7% dos idosos infectados se queixaram de prurido no local da lesão. Concluiu-se que as dermatomicoses são desordens de grande representatividade na população idosa institucionalizada e que medidas preventivas precisam ser reconhecidas e implementadas, destacando-se a monitorização e supervisão do autocuidado praticado por idosos independentes.
Avaliação da atenção às pessoas com hipertensão e ou diabetes no município de Cambé – PR
Bárbara Radigonda, Regina Kazue Tanno de Souza, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 27/02/2014
Introdução: O perfil de morbidade e de mortalidade caracterizado pelas doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial e diabetes mellitus, que são eventos significativos à demanda dos serviços de saúde, exige a adoção de ações adequadas e oportunas. Objetivo: Este estudo buscou avaliar a atenção às pessoas com diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município de Cambé – PR. Material e métodos: A população de estudo foi constituída por 687 pessoas com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus identificados em estudo de base populacional (VIGICARDIO). Determinou-se como dimensões de avaliação: o reconhecimento do indivíduo pela unidade, o acompanhamento e atendimento prestado e o controle da pressão arterial e/ou da glicemia. Para avaliar as dimensões foram analisados o prontuário, as Fichas A e B do Sistema de Informação da Atenção Básica, o cartão de aprazamento e a ficha do SIS HiperDia. Foi construída uma matriz de indicadores cujos resultados verificados foram comparados ao padrão estabelecido. Os resultados foram julgados de acordo com os percentuais obtidos: excelente (100-90%), satisfatório (89-70%), regular (69-50%) e crítico (<50%). Realizou-se também análise dos fatores associados ao reconhecimento, cobertura de consulta médica e controle da pressão arterial. Resultados: Verificou-se reconhecimento abaixo do desejável (63,7%). A frequência de reconhecimento foi mais elevada entre as mulheres, indivíduos com 60 anos ou mais, com baixa escolaridade, pertencentes à classe econômica C, D ou E, que não trabalham, consideram seu estado de saúde regular, ruim ou muito ruim e que utilizam a UBS. O acompanhamento foi caracterizado pela consulta médica com baixo registro de consulta de enfermagem. Observou-se que a proporção de realização de pelo menos uma consulta médica nos últimos 12 meses foi significativamente mais elevada entre as mulheres, nos indivíduos com baixa escolaridade, pertencentes à classe econômica C, D ou E e que utilizam a UBS. A análise do atendimento revelou registro precário de atividades técnicas e orientações. A frequência de controle da pressão arterial foi significativamente maior entre as mulheres, indivíduos com baixa escolaridade e em pessoas com baixo risco cardiovascular. A maioria dos indicadores de todas as dimensões obtiveram resultados considerados regulares ou críticos. Conclusão: Os resultados indicam que o processo de atenção às pessoas com hipertensão e/ou diabetes está direcionado principalmente aos indivíduos que utilizam a UBS e apontam a necessidade de outras estratégias para melhorar a qualidade da atenção e ampliar a inserção da população ainda não contemplada pelo serviço.