Teses e Dissertações
Violência escolar contra professores da Rede Estadual de Ensino de Londrina: caracterização e fatores associados
Francine Nesello, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 30/04/2014
O objetivo deste estudo foi caracterizar manifestações de violência escolar
contra professores e verificar fatores associados a esses eventos. Trata-se de
um estudo epidemiológico do tipo transversal. A população de estudo foi
composta por 789 professores das 20 maiores escolas da Rede Estadual de
Ensino do município de Londrina, que atuavam no ensino fundamental ou
médio por pelo menos um ano. Foram obtidas informações por entrevistas e
por um questionário autorrespondido, no período de agosto de 2012 a junho de
2013. Os dados foram duplamente digitados em banco criado no programa Epi
Info versão 3.5.4 e tabulados usando o programa Statistical Package for the
Social Sciences, versão 19.0. A análise descritiva foi realizada por meio de
frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e de dispersão.
Realizou-se regressão de Poisson pelo método forward, com cálculos de razão
de prevalência e intervalo de confiança de 95% para cada um dos grupos de
violência relatada (psicológica, física e sexual), tendo como variáveis
independentes características sociodemográficas e do trabalho. Dos
professores entrevistados, 71,1% relataram ter sofrido algum tipo de violência
na escola nos 12 meses anteriores à pesquisa. A forma de violência mais
relatada foram insultos e gozações de alunos (55,4%), seguidos de ameaças
(21,4%) e exposição a situações humilhantes ou constrangedoras por colegas
ou superiores (17,5%). As formas menos mencionadas foram agressões
(ocorridas ou tentativas) físicas (7,9%), com armas brancas (0,8%) ou de fogo
(0,5%). Entre os grupos de violência, a psicológica foi a mais frequentemente
reportada (64,1%) e associou-se, após ajustes, à total ou parcial falta de
realização profissional e ao relacionamento ruim ou regular com superiores e
alunos. O grupo de violência física (8,4%) apresentou associação com as
variáveis: lecionar para o nível fundamental, ter contrato do tipo não estatutário
com o Estado e já ter sofrido violência fora da escola. Por fim, a violência
sexual (14,1%) associou-se às características ser do sexo masculino, mais
jovem (< 35 anos), não ter companheiro e ter carga horária elevada com alunos
(≥ 32 horas). Os fatores associados à violência psicológica e física estão mais
relacionados às características do trabalho, enquanto que aqueles associados
à violência sexual, mais às características sociodemográficas. Essas
características podem ser expressão das condições concretas de trabalho e de
vida dos professores estudados e revelam um perfil de docentes mais
vulneráveis à violência, que muitas vezes extrapola o ambiente escolar.
Prevalência e Fatores Associados à Dor Crônica em Professores da Rede Estadual de Londrina-PR
Alessandra Domingos Silva, Arthur Eumann Mesas, Mara Solange Gomes Dellaroza
Data da defesa: 16/05/2014
A sobrecarga do trabalho docente, marcada por longas jornadas de permanência em
pé, muitas vezes em posturas inadequadas, somada a aspectos psicossociais
desfavoráveis da atividade, podem predispor os professores à dor crônica, condição
que interfere na qualidade de vida e do trabalho. Diante disso, o objetivo deste
estudo foi caracterizar os professores da rede estadual de Londrina em relação à
ocorrência de dor crônica, ou seja, que ocorre há 6 meses ou mais, e analisar sua
associação com fatores sociodemográficos, de estilo de vida e de saúde, além de
características profissionais. Os dados utilizados foram obtidos no estudo transversal
PRÓ-MESTRE, cuja população constituiu-se por professores do ensino fundamental
e médio das 20 escolas com maior número de professores da rede estadual de
ensino da cidade de Londrina, entrevistados no período de agosto de 2012 a junho
de 2013. Entre os 964 professores incluídos, 42,6% referiram dor crônica. A
prevalência foi maior entre as mulheres, professores viúvos/divorciados/separados,
que assistiam televisão por mais tempo durante a semana, inativos no tempo livre,
com relato de maior esforço físico em casa e no trabalho, com pior qualidade do
sono, obesos, e que referiram ter diagnóstico de depressão, ansiedade ou de
alguma doença musculoesquelética. Quanto aos fatores relacionados ao trabalho,
associaram-se à dor crônica o maior tempo de atuação na profissão, tipo de contrato
estatutário, absenteísmo por problemas de saúde nos últimos 12 meses, e a menor
capacidade referida para o trabalho. Quando comparadas as associações segundo o
gênero, apenas entre as mulheres observou-se associação entre dor crônica e
situação conjugal, maior tempo assistindo televisão, inatividade física, maior esforço
físico no trabalho, obesidade, maior tempo de profissão, tipo de contrato estatutário,
maior carga horária semanal de trabalho docente e menor capacidade geral e física
para o trabalho. A prevalência de dor crônica foi considerada elevada entre
professores. Ainda que o desenho transversal não permita estabelecer relação
causal entre a dor crônica e os fatores associados, tais características podem
subsidiar a elaboração de estratégias para a redução da incidência e do impacto da
dor crônica em professores, seja mediante orientações de estilo de vida ou
adequações nas condições de trabalho.
Prevalência de obesidade e fatores associados em adultos de 40 anos e mais: estudo de base populacional
Daniele Gonzales Bronzatti Siqueira, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 26/05/2014
Introdução: O excesso de peso, especialmente a obesidade, é um problema de
saúde pública, pelo aumento crescente da prevalência na população e sua
associação com outros agravos como as doenças cardiovasculares e metabólicas
que diminuem a qualidade e a expectativa de vida das pessoas. Certas
características relacionadas ao estilo de vida e às condições sociodemográficas
relacionam-se ao ganho excessivo de peso em todas as fases do curso de vida.
Objetivos: Verificar a prevalência de excesso de peso global e abdominal e os
fatores associados à obesidade abdominal (OA) em adultos a partir de 40 anos de
idade. Métodos: Estudo transversal de base populacional parte de um projeto mais
abrangente (VIGICARDIO), realizado no município de Cambé (PR), com indivíduos
de 40 anos ou mais de idade, residentes em todos os setores censitários urbanos. O
peso (kg), a altura (m) e a circunferência da cintura - CC (cm) foram aferidos no
momento da entrevista no domicílio. O excesso de peso global foi definido pelo
índice de massa corporal (IMC) ≥ 25 kg/m² e a obesidade global (OG) como IMC ≥30
kg/m². O excesso de peso abdominal foi definido como CC ≥80 cm para mulheres e
CC ≥ 94 cm para homens e a OA definida como CC ≥88 cm para mulheres e CC
≥102 cm para homens. Na análise dos fatores associados o desfecho foi a
obesidade abdominal. A análise foi realizada para cada sexo, por meio da regressão
de Poisson hierarquizada baseada em modelo teórico conceitual, com seleção de
variáveis distais (sociodemográficas), intermediárias (hábitos de vida) e proximais
(condições de saúde). Resultados: A prevalência de excesso de peso global na
população foi de 68,3%, sendo 30,0% de OG. Para o excesso de peso abdominal
observou-se prevalência de 73,3% sendo 49,7% de OA. Maiores prevalências de
excesso de peso, tanto global quanto abdominal, foram observadas nas mulheres e
a de OA foi mais que o dobro da verificada entre os homens (RP = 2,29 – IC 95%
1,98-2,65). A prevalência de OA aumentou com a idade para ambos os sexos. As
variáveis que permaneceram associadas à OA, após ajuste, foram a inatividade
física no lazer, idade e hipertensão arterial em ambos os sexos. Classe econômica,
tabagismo e diabetes associaram-se à OA apenas entre as mulheres. Conclusão:
As altas prevalências de excesso de peso global e abdominal para ambos os sexos,
mais elevadas entre as mulheres, assim como a presença de alguns fatores
associados distintos entre os sexos, evidenciam a necessidade de ações
diferenciadas de enfrentamento. Reitera-se a importância do acompanhamento do
estado nutricional na rotina do serviço de saúde por meio de avaliação das medidas
antropométricas, contribuindo para a identificação precoce e suspeição de outros
agravos, o que permite ao profissional de saúde intervir adequadamente.
Implantação dos Núcleos de Apoio a Saúde da Família: atuação da equipe gestora da atenção básica
Paula Roberta Rozada Volponi, Mara Lúcia Garanhani, Brígida Gimenez Carvalho
Data da defesa: 29/05/2014
Os desafios a serem superados pela Atenção Básica (AB) exigem mudanças
substantivas nas práticas de cuidado e nos modos de gerir em saúde, que
sejam capazes de dialogar com as perspectivas democráticas e participativas
da reforma sanitária brasileira e com a integralidade do cuidado. Assim, o
presente estudo tem como objetivo compreender o processo de implantação do
Núcleo de Apoio a Saúde da Família - NASF relacionado às ações dos
gestores da AB e sua potencialidade em constituir-se como um processo de
mudança. Trata-se de um estudo com uma abordagem qualitativa, de caráter
compreensivo. Foi realizado junto aos gestores alocados em cargos oficiais na
Diretoria de Atenção Primária a Saúde de um município de grande porte, sede
de uma das Regionais de Saúde do Paraná. Os instrumentos metodológicos
escolhidos para a coleta das informações foram a observação participante e a
entrevista, realizados em um período entre outubro de 2012 a abril de 2013.
Utilizou-se um roteiro aberto para a observação, as quais foram registradas em
um diário de campo. Realizou-se 15 entrevistas do tipo semi-estruturada,
analisadas por meio da análise de conteúdo. Os resultados revelaram uma
equipe gestora atuando em um cenário político conturbado, com impactos na
estruturação das equipes de ESF e NASF, e na sua forma de gerir, fazendo
com que esforços fossem centrados na reorganização das estruturas
organizacionais, na manutenção e ampliação do número de equipes, na
diminuição da rotatividade profissional, nas capacitações profissionais e na
construção/implementação de protocolos. Diversas características individuais
foram apresentadas, e se relacionaram aos modos de gerir destes gestores.
Modos estes, que ora se aproximavam de práticas gerenciais hegemônicas,
ora relacionavam-se a práticas gerenciais contra-hegemônicas, com iniciativas
em uma perspectiva de gestão contemporânea participativa. Evidenciou-se que
prevalece o desejo pelo apoio matricial (AM) na dimensão assistencial. O
NASF se constituiu em um dispositivo com potencialidade de instituir mudanças
nos processos de trabalho e na produção do cuidado. Juntamente com os
arranjos instituídos a partir dele, foram, em alguns momentos, capazes de
cumprir seu papel, por interrogar os processos de trabalho e as produções do
cotidiano e por trazer novas disputas para o cenário. Nesse sentido,
acreditamos que a gestão deva investir esforços nos espaços relacionais, com
capacidade de abrir-se para uma escuta ativa, de desvelar o que se está
oculto, de reconhecer o conflito, a tensão e a subjetividade. As efetivações
necessárias ao processo de mudança não se darão sem a aproximação e
diálogo nas diversas esferas políticas, sem o distensionamento das disputas de
poder e a criação de dispositivos capazes de construir novas práticas, a fim de
alcançar a integralidade do cuidado.
Processo de trabalho do Núcleo de Apoio à Saúde da Família e o desenvolvimento matricial para a produção do cuidado
Kátia Santos de Oliveira, Regina Melchior, Rossana Staevie Baduy
Data da defesa: 29/05/2014
A Atenção Básica (AB) tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para a expansão e a
consolidação da atenção à saúde no Brasil. Embora considerada de baixa complexidade
tecnológica, as necessidades de saúde trazidas pelos usuários são extremamente complexas.
Diante dessa complexidade e a fim de alcançar a integralidade da atenção e a
interdisciplinaridade das ações, foi proposta pelo Ministério da Saúde a implantação do Núcleo
de Apoio à Saúde da Família (NASF), para atuar junto às equipes de saúde da família (eSF),
com o intuito de transpor a lógica hegemônica e fragmentada do cuidado à saúde. O NASF é
constituído por equipes, com profissionais de diferentes áreas, que devem utilizar ferramentas,
como o apoio matricial, para oferecer tanto retaguarda assistencial quanto suporte técnicopedagógico às eSF. No entanto, esse é um processo em construção, que demanda mudanças
de práticas de todos os profissionais envolvidos em sua implementação. Este estudo teve o
objetivo de compreender como vem se estruturando o processo de trabalho do NASF no
município de Londrina e, em especial, como vem se dando o desenvolvimento do apoio matricial
para a produção do cuidado em saúde. Para tanto, desenvolveu-se uma pesquisa exploratória,
de abordagem qualitativa, com uma equipe NASF do referido município, integrada por
profissional de educação física, farmacêutico, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo. Os
instrumentos de investigação foram a observação, o grupo focal e a análise documental,
colocados em prática de setembro de 2012 a fevereiro de 2013. Para análise do material, foram
utilizados referenciais teóricos de textos oficiais, relacionados ao trabalho do NASF, abrangendo
apoio matricial, cuidado em saúde, trabalho em equipe e outros temas que surgiram durante a
análise. Os resultados foram organizados em três principais categorias: 1. Organização do
trabalho da equipe NASF; 2. Apoio Matricial: concepções, modos de produção, ferramentas e
estratégias utilizadas pela equipe NASF; e 3. Atividades desenvolvidas pelo NASF. Na primeira
categoria, foi descrito o processo vivenciado pelos profissionais do NASF para se inserir na
rotina de trabalho da Unidade Básica de Saúde (UBS); as tensões existentes no cotidiano do
trabalho do NASF na AB e as possibilidade de intercessão entre NASF e eSF, para o
desenvolvimento do trabalho em equipe. Na segunda categoria, foram descritas as ferramentas
utilizadas pelos profissionais do NASF para desenvolver o apoio matricial, destacando-se a
necessidade de encontro entre os profissionais, propiciado pela criação da reunião de
matriciamento, realizada uma vez por mês em cada unidade de atuação dessa equipe. Na
reunião de matriciamento, baseada na discussão de casos, planos terapêuticos eram elaborados
e assumidos como responsabilidade dos profissionais do NASF, havendo pouca apropriação
desse espaço pelos profissionais da eSF. A terceira categoria descreve a organização do
trabalho do NASF. Baseada em atividades centradas nos núcleos profissionais, a partir da
realização de atendimentos individuais, e mesmo de atividades coletivas, eram determinadas
pelas categorias profissionais que se responsabilizavam por sua condução. Na relação NASF e
eSF predomina a lógica do encaminhamento, não havendo, na maioria das vezes,
desenvolvimento conjunto das atividades. Com isso, a produção do cuidado mostrou-se
fragmentada, representando um obstáculo a ser vencido pelas novas práticas. Há necessidade
de apropriação da ferramenta do apoio matricial por parte dos trabalhadores, para ensejar um
movimento em que profissionais das UBS e da equipe NASF atuem com corresponsabilidade, a
fim de atingir a integralidade do cuidado em saúde, a partir de ações interdisciplinares voltadas,
principalmente, às demandas e necessidades trazidas pelos usuários.
Condutas alimentares e fatores associados em professores da Rede Estadual de Ensino de Londrina-PR
Ana Luísa Dias, Arthur Eumann Mesas, Alberto Duran González
Data da defesa: 30/05/2014
A profissão docente é reconhecida por sua importância na formação da
sociedade, porém vem sofrendo grande desvalorização, caracterizando-se como
profissão de ritmo acelerado e estressante e, em alguns casos, de pluriemprego,
resultando em menos tempo para questões relacionadas à saúde como
alimentação, atividade física, sono e lazer. Nesse contexto, evitar certas condutas
alimentares não recomendadas e adotar outras condutas tidas como
recomendadas pode ser difícil tarefa no cotidiano de professores. Vista a
importância social e escassez de trabalhos que estudem as características do
perfil das condutas alimentares adotadas por essa população, objetivou-se
caracterizar as condutas alimentares de professores de Escolas Estaduais de
Londrina, Paraná, e os fatores associados. Realizou-se estudo transversal com
todos os professores atuantes nas 20 escolas estaduais com maior número de
professores de Londrina. Informações foram coletadas por meio de entrevista
individual que incluiu questões sobre alimentação, atividade física, hábitos de
vida, aspectos sociodemográficos e condições de trabalho. Os dados foram
analisados de forma descritiva e as associações estudadas mediante regressão
logística multinomial não ajustada para estimação das odds ratio. Foram incluídos
978 professores, com 68,5% do sexo feminino e média de idade (± desvio padrão)
de 41,5 ± 10 anos, variando de 19 a 68 anos. Quatro em cada dez professores
atuavam em dois vínculos empregatícios, a média de carga horária semanal total
de trabalho foi de 37 horas e 54 minutos, e a maior parte (42,0%) atuava de 40 a
49 horas semanais. Em relação às condutas alimentares, verificou-se que grande
parte dos professores adotava condutas não recomendadas com média
frequência, variando de 40,6% (comer assistindo televisão ou em frente ao
computador) a 58,0% (comer salgadinhos ou doces entre as refeições principais).
Quanto às condutas alimentares recomendadas, uma considerável parcela dos
entrevistados as adotava com alta frequência (sempre ou diariamente), variando
de 44,9% (consumir frutas) a 60,0% (retirar a pele da carne de frango). Com
relação aos fatores associados, observou-se que, de maneira geral, professores
com até 50 anos de idade e que referiram consumo de álcool apresentaram
menor chance de adotar condutas alimentares recomendadas e maior chance de
seguir condutas não recomendadas quando comparado com professores com
idade acima de 50 anos e com os que não consumiam álcool, respectivamente.
Concluiu-se que professores da Rede Estadual que atuam na educação básica
referiram adotar com maiores frequências condutas alimentares que influenciem
positivamente em sua saúde. Além disso, características sociodemográficas e de
estilo de vida parecem ser fatores mais importantes para compreender o
comportamento alimentar desses professores que as condições de trabalho.
Hábitos alimentares de estudantes concluintes de uma instituição de ensino superior privada de Londrina/PR
Lucievelyn Marrone, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 30/05/2014
Introdução: O número de estudantes universitários aumentou nos últimos anos,
tanto nas instituições públicas como privadas. Mas o setor privado é o que concentra
o maior número destes estudantes. Portanto, conhecer os hábitos alimentares e os
fatores associados nesta população é importante para o desenvolvimento de
políticas, programas e intervenções relevantes que ajudem na promoção, prevenção
e controle das doenças crônicas. Objetivo: Analisar os hábitos alimentares de
estudantes concluintes de uma instituição de ensino superior privada do município
de Londrina – PR. Material e método: Estudo transversal com 666 estudantes
universitários concluintes. Foi aplicado um questionário do tipo autorrespondido
sobre características demográficas e socioeconômicas, do curso e trabalho, saúde,
hábitos de vida e alimentares. O consumo inadequado de verdura/legume; frutas;
feijão; substituição de refeições por lanches; refrigerante/suco artificial e frituras
foram consideradas variáveis dependentes. Foram feitos ajustes do modelo de
Poisson para análise estatística das associações, considerando como variável
dependente de cada modelo as variáveis do consumo inadequado, e como variáveis
independentes as características: demográficas e socioeconômicas; do curso e
trabalho; saúde; hábitos de vida e alimentares. Permaneceram no modelo final as
variáveis com p-valor <0,05. Resultados: Os estudantes, em sua maioria, eram do
sexo feminino, com 20 a 24 anos de idade, solteiros, pertencentes à classe
econômica B, 40,9% cursavam a área da saúde, 67,1% estudam no período noturno
e 66,3% trabalhavam ou faziam estágio. Quanto aos hábitos de vida 3/4 não faziam
atividade física regular, 83,5% foram considerados inativos e 62,8% utilizavam o
computador e a televisão mais de 3 horas/dia. Das refeições, a maioria realizava as
três principais <5 dias/semana e no próprio domicílio. Quanto aos fatores associados
ao consumo inadequado, após regressão de Poisson, a substituição de refeições por
lanches foi associada ao hábito de realizar as três principais refeições <5
dias/semana, ao consumo de frituras ≥3 dias/semana e ao consumo de feijão <5
dias/semana. O consumo de frituras ≥3 dias/semana foi associado ao hábito de
substituir refeições por lanches e ao consumo de refrigerante/suco artificial ≥3
dias/semana e também ao consumo inadequado de verdura/legume. A ingestão de
refrigerante/suco artificial ≥3 dias/semana associou-se à idade de 20 a 29 anos, ao
sobrepeso/obesidade, a não fazer atividade física e ao consumo de frutas <5
dias/semana. O consumo de frutas <5 dias/semana foi associado aos homens, aos
inativos, ao fato de destinar ≥3 horas ou mais/dia para televisão ou computador, ao
hábito de fazer as três principais refeições e o consumo de verduras/legumes <5
dias/semana, ao consumo de refrigerante/suco artificial ≥3 dias/semana e ao
consumo de bebida alcoólica. Os fatores associados ao consumo inadequado de
verdura/legume foram a idade de 20 a 29 anos, classe econômica B e C/D e o
consumo inadequado de frituras, feijão e frutas. O consumo inadequado de feijão foi
associado negativamente ao fato de fazer as três principais refeições <5
dias/semana, substituir refeições por lanches ≥3 dias/semana, consumo inadequado
de verdura/legume, sobrepeso/obesidade e o tabagismo. As associações positivas
do consumo inadequado de feijão foram a idade de 20 a 29 anos, a classe
econômica C/D e ainda o horário noturno de estudo. Conclusão: O hábito de
substituir refeições por lanches e o consumo inadequado de frituras não foi
associado a nenhuma característica demográfica ou sócio econômica, apenas a
outros hábitos alimentares inadequados. Já quanto ao refrigerante o estudo indica
que os mais jovens possuem este hábito, assim como os classificados em
sobrepeso e obesidade. Quanto às frutas o estudo mostra que os homens
consomem menos este alimento, assim como quem é considerado inativo. Os mais
jovens e os de classe econômica mais baixa consomem menos verdura ou legume.
No caso do feijão, os estudantes mais jovens, do sexo masculino, de classe
econômica mais baixa, e os que estudam no período noturno tem uma ingestão mais
frequente deste alimento.
Apoio matricial na atenção primária à saúde na perspectiva dos profissionais da estratégia saúde da família
Melissa Aparecida Vernini Yamaguchi, Regina Melchior, Rossana Staevie Baduy
Data da defesa: 30/05/2014
O Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), criado em 2008, é constituído por
equipes com profissionais de diferentes áreas de conhecimento, que devem atuar
em conjunto com as equipes de Saúde da Família (eSF), utilizando ferramentas
como o apoio matricial, para oferecer tanto retaguarda assistencial quanto suporte
técnico-pedagógico às eSF. Contudo, o matriciamento na atenção primária à saúde
é um processo ainda em construção, demanda mudanças de práticas e apresenta
obstáculos em sua implementação. Sendo assim, este estudo teve como objetivo
compreender o apoio matricial desenvolvido pelo NASF sob a perspectiva dos
profissionais das equipes Saúde da Família (eSF). Esta foi uma pesquisa
exploratória, descritiva, do tipo qualitativa, realizada em quatro Unidades Básicas de
Saúde (UBS) do município de Londrina – PR, vinculadas a um NASF. Os sujeitos
foram integrantes das eSF de cada UBS, totalizando 15 participantes, sendo que em
cada UBS foi entrevistado um de cada categoria profissional. Os instrumentos
utilizados no trabalho de campo foram a observação, a entrevista e a análise
documental, e para análise dos resultados foi realizada análise de conteúdo,
segundo Bardin. Da análise das entrevistas emergiram as seguintes categorias:
1.Compreendendo a organização do NASF; 2.Concepção de apoio matricial;
3.Encontro NASF e equipes SF e 4.Aspectos facilitadores e dificultadores do
trabalho do NASF. Os discursos evidenciaram que a organização do trabalho do
NASF era reconhecida pelos profissionais da eSF, pelas agendas e visitas
domiciliares individuais, responsabilização prioritária do NASF pelos grupos com a
comunidade, raros momentos de encontros e interação entre os profissionais do
NASF e eSF. Porém há certa tentativa de articulação de ações e interação entre
esses profissionais. Na relação NASF e eSF ainda predomina a fragmentação do
cuidado e a lógica do encaminhamento. Com relação ao matriciamento, houve
avanço nessa prática, porém os participantes compreendem essa metodologia de
trabalho como sinônimo de uma reunião mensal para discussão de casos somente,
e havia pouca valorização desse espaço pelos profissionais das eSF. Havia
dificuldade no processo de trabalho matricial, devido ao pouco tempo, dos
integrantes do NASF, em cada unidade. A fragmentação do cuidado ainda se mostra
como obstáculo estrutural a ser vencido pelas novas práticas. Há necessidade de
produção de espaços de reflexão e análise do processo de trabalho para os
trabalhadores das equipes de saúde da família e NASF para que possam produzir e
disseminar inovações na prática do apoio matricial.
Internações por doenças do aparelho circulatório sensíveis à atenção primária: tendência das taxas no estado do Paraná
Flavia Guilherme Gonçalves, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 18/06/2014
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são consideradas globalmente uma ameaça
ao desenvolvimento humano. Algumas doenças do aparelho circulatório como a hipertensão
arterial (HA) e insuficiência cardíaca (IC), além de serem classificadas como DCNT, também
são consideradas como condições sensíveis à atenção primária (CSAP), ou seja, internações e
óbitos podem ser evitados se a doença for diagnosticada e tratada oportunamente. As taxas de
internação por CSAP podem ser utilizadas para avaliar indiretamente o funcionamento e a
efetividade do primeiro nível de atenção. O objetivo deste estudo foi analisar a tendência das
taxas de internação por agravos do aparelho circulatório, classificados como CSAP, em
adultos de 40 a 74 anos, residentes no Estado do Paraná entre 2000 e 2012. Realizou-se um
estudo de tendência tanto para o Paraná quanto para as suas macrorregionais de saúde. Os
dados das internações foram obtidos no Sistema de Internação Hospitalar (SIH-SUS) e os de
população foram estimados por interpolação intercensitária dos censos de 2000 e 2010 para o
período de 2001 a 2009, e por projeção demográfica para os anos de 2011 e 2013. Foram
calculadas taxas anuais de internação por sexo para as faixas etárias de 40 a 59 anos e de 60 a
74, bem como para grupos específicos de agravos cardiovasculares. Para a análise da
tendência, foi realizada a regressão polinomial utilizando-se o programa estatístico R.
Ocorreram no Paraná, de 2000 a 2012, 3.754.214 internações pelo SUS, destas, 14,2% foram
classificadas como doenças do aparelho circulatório sensíveis à atenção primária. Quanto à
distribuição proporcional destas internações no Estado e em suas macrorregionais, a IC foi a
causa mais frequente, seguida pela angina, doenças cerebrovasculares e hipertensão arterial.
As taxas médias de internação por angina, doença cerebrovascular e insuficiência cardíaca
para o sexo masculino foram maiores que as do sexo feminino para o Paraná e
macrorregionais de saúde. Já o sexo feminino apresentou maior taxa média de internação por
HA. A faixa etária de 60 a 74 anos foi a que apresentou as maiores taxas de internação para
doenças do aparelho circulatório, com média no Estado de 300,46/104
. Quanto à tendência das
taxas por causas específicas, a angina apresentou tendência crescente, estabilização e novo
período de crescimento para o Paraná e macrorregionais. As doenças cerebrovasculares e a IC
tiveram tendência decrescente seguida de estabilização para o Estado e macrorregionais. Já a
tendência das taxas de internação por HA apresentou comportamentos variados entre as
macrorregionais de saúde e o Estado, como por exemplo: decrescente para a macro CentroLeste-Sul e ascendente, decrescente e estável para as macro Norte e Noroeste. Neste estudo
verificou-se redução das taxas de internação por hipertensão, doença cerebrovascular e IC e
aumento das taxas de internação por angina. Tais constatações indicam que houve melhorias,
porém, ainda há necessidade de ampliar o acesso e a qualidade da atenção prestada pela
atenção primária, bem como fortalecer o trabalho em redes de atenção, especialmente nos
cuidados das doenças cardiovasculares consideradas CSAP.
Acidentes de trabalho com material biológico em equipe de enfermagem de Unidades de Pronto Atendimento: ocorrência, subnotificação e medidas preventivas
Cinthia Marina do Nascimento Domingos, Selma Maffei de Andrade, Alberto Durán González
Data da defesa: 23/07/2014
Os riscos ambientais a que o trabalhador de saúde se expõe são diversos, tais
como: riscos químicos, físicos, ergonômicos e biológicos. O risco biológico é um dos
que mais contribuem para a insalubridade. Após acidente com material biológico, o
trabalhador pode desenvolver várias doenças, como aids e hepatites B (HBV) e C.
Esta pesquisa objetivou analisar a ocorrência de acidentes com material biológico e
sua notificação entre membros da equipe de enfermagem de Unidades de Pronto
Atendimento da rede pública de Londrina, Paraná. Trata-se de um estudo
transversal. Os dados foram coletados entre abril e junho de 2013 por meio de um
formulário com questões relacionadas às características sociodemográficas, do
trabalho e do acidente com material biológico. Para o processamento e tabulação
dos dados foram utilizados os programas Excel, Epi Info versão 3.5.4 e Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS) versão 19.0. Foram entrevistados 224
trabalhadores. Em relação ao esquema vacinal contra hepatite B, 1,3% (n=3)
responderam que não eram vacinados e 1,8% (n=4) declararam ter tomado somente
uma ou duas doses. A realização do exame Anti-Hbs, que avalia a imunidade contra
HBV, foi referida por 149 (67,4%) dos entrevistados. A prevalência de acidentes com
material biológico nos últimos 12 meses foi de 9,4% (n=21). Os procedimentos
invasivos (retirada de acesso venoso, manipulação de instrumentais cirúrgicos,
medicação intramuscular e subcutânea e HGT) foram os mais referidos como
procedimento executado durante o acidente pelos entrevistados (61,9%), seguidos
pelo descarte de materiais (19%). Acidentes percutâneos causados por agulhas de
injeção e cateteres periféricos/centrais foram os mais frequentes (76,1%). A
prevalência de subnotificação de acidente de trabalho com material biológico entre a
equipe de enfermagem foi de 9,5%. Os resultados fornecem informações
importantes para a implementação de ações preventivas, como revisão dos
processos de trabalho, vigilância em relação à imunização contra hepatite B e
capacitação sobre normas de biossegurança.