Teses e Dissertações
Epidemia da infecção pelo vírus influenza A/H1N1 em municípios do norte do Paraná em 2009
Ronaldo Silveira Paiva, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 15/08/2012
Em 2009 ocorreu a circulação de um novo vírus influenza (tipo A subtipo H1N1), que
rapidamente evoluiu para uma pandemia e apresentou diferentes comportamentos
epidemiológicos nos países e nas regiões do Brasil. Este trabalho procurou
descrever o comportamento epidemiológico deste vírus pandêmico nos municípios
que compõem a 17a Regional de Saúde do Estado do Paraná no ano de 2009. Foi
realizado estudo observacional e a população pesquisada foi formada pelos casos
notificados de Influenza Pandêmica (H1N1) 2009 nos municípios da região em 2009.
A fonte de informação foi o banco de dados da 17ª Regional de Saúde. Os
resultados do trabalho mostraram que foram confirmados 14.606 casos na região,
sendo 562 confirmados laboratorialmente. A grande maioria dos casos ocorreu em
indivíduos jovens, sendo 67,3% dos casos em pessoas com menos de 30 anos. A
faixa etária que acumulou o maior número de casos foi a com idade entre 20 e 29
anos, com 22,8% dos casos. A maior incidência por faixa etária foi a de crianças
com menos de 3 anos (4.616,68 casos/100.000 habitantes). Os adultos com idade
entre 50 e 59 anos foram o grupo com o maior coeficiente de mortalidade por faixa
etária. Houve predomínio dos casos no sexo feminino (54%). O pico do número de
casos na região no ano de 2009 foi na semana 35. As comorbidades mais
frequentes foram a pneumopatia crônica (11,41%), hipertensão arterial sistêmica
(3,43%) e cardiopatia crônica (3,11%). Do total de pacientes, 7,72% eram tabagistas
e 2,53% gestantes. Houve grande variação dos coeficientes de incidência,
coeficiente de mortalidade, taxa de hospitalização e taxa de letalidade entre os
municípios da região. Os fatores associados à hospitalização, síndrome respiratória
aguda grave e óbito foram semelhantes a estudos nacionais e internacionais. O
estudo mostrou que o coeficiente de incidência e algumas características
demográficas da doença na região foram semelhantes ao estado do Paraná, porém
a mortalidade e a letalidade apresentaram valores bem inferiores ao estado, mais
próximas aos dados nacionais. Tais resultados indicam a importância de estudos
epidemiológicos regionais para a correta dimensão das doenças nestes locais.
Dermatomicoses em idosos de uma instituição de longa permanência em Londrina, Paraná
Marcia Cristina Moreira Menoncin, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 18/12/2013
O crescimento da população idosa tem incentivado medidas políticas para a
melhoria da saúde e da qualidade de vida de idosos em instituições de longa
permanência. Este estudo teve como objetivo analisar as dermatomicoses em idosos
de uma instituição de longa permanência do município de Londrina – Paraná. Os
dados foram coletados mediante aplicação de formulário e exame físico da pele e das
mucosas. A população foi constituída por 89 indivíduos com idade igual ou superior a
60 anos, com idade média de 75,6 anos e tempo médio de institucionalização de 7,2
anos. O sexo masculino representou 57,3% dos indivíduos e o feminino, 42,7%. A
maior parte (61,8%) estava alocada em enfermarias, devido ao maior grau de
dependência funcional. Identificou-se elevada prevalência das dermatomicoses
(67,4%), sendo mais frequentes nos idosos masculinos, responsáveis por 66,4% dos
casos. A maioria apresentou apenas uma infecção, e os pés foram o local de maior
detecção (48,3%). Observou-se associação entre a presença de infecção e o tipo de
habitação, com maior prevalência na população dos quartos, considerada
funcionalmente independente e cujos cuidados de higiene eram realizados de forma
autônoma. Apenas 7% dos idosos infectados se queixaram de prurido no local da
lesão. Concluiu-se que as dermatomicoses são desordens de grande
representatividade na população idosa institucionalizada e que medidas preventivas
precisam ser reconhecidas e implementadas, destacando-se a monitorização e
supervisão do autocuidado praticado por idosos independentes.
Avaliação da atenção às pessoas com hipertensão e ou diabetes no município de Cambé – PR
Bárbara Radigonda, Regina Kazue Tanno de Souza, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 27/02/2014
Introdução: O perfil de morbidade e de mortalidade caracterizado pelas doenças
crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial e diabetes mellitus, que são
eventos significativos à demanda dos serviços de saúde, exige a adoção de ações
adequadas e oportunas. Objetivo: Este estudo buscou avaliar a atenção às pessoas com
diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do
Município de Cambé – PR. Material e métodos: A população de estudo foi constituída
por 687 pessoas com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus identificados em estudo
de base populacional (VIGICARDIO). Determinou-se como dimensões de avaliação: o
reconhecimento do indivíduo pela unidade, o acompanhamento e atendimento prestado
e o controle da pressão arterial e/ou da glicemia. Para avaliar as dimensões foram
analisados o prontuário, as Fichas A e B do Sistema de Informação da Atenção Básica,
o cartão de aprazamento e a ficha do SIS HiperDia. Foi construída uma matriz de
indicadores cujos resultados verificados foram comparados ao padrão estabelecido. Os
resultados foram julgados de acordo com os percentuais obtidos: excelente (100-90%),
satisfatório (89-70%), regular (69-50%) e crítico (<50%). Realizou-se também análise
dos fatores associados ao reconhecimento, cobertura de consulta médica e controle da
pressão arterial. Resultados: Verificou-se reconhecimento abaixo do desejável (63,7%).
A frequência de reconhecimento foi mais elevada entre as mulheres, indivíduos com 60
anos ou mais, com baixa escolaridade, pertencentes à classe econômica C, D ou E, que
não trabalham, consideram seu estado de saúde regular, ruim ou muito ruim e que
utilizam a UBS. O acompanhamento foi caracterizado pela consulta médica com baixo
registro de consulta de enfermagem. Observou-se que a proporção de realização de pelo
menos uma consulta médica nos últimos 12 meses foi significativamente mais elevada
entre as mulheres, nos indivíduos com baixa escolaridade, pertencentes à classe
econômica C, D ou E e que utilizam a UBS. A análise do atendimento revelou registro
precário de atividades técnicas e orientações. A frequência de controle da pressão
arterial foi significativamente maior entre as mulheres, indivíduos com baixa
escolaridade e em pessoas com baixo risco cardiovascular. A maioria dos indicadores de
todas as dimensões obtiveram resultados considerados regulares ou críticos.
Conclusão: Os resultados indicam que o processo de atenção às pessoas com
hipertensão e/ou diabetes está direcionado principalmente aos indivíduos que utilizam a
UBS e apontam a necessidade de outras estratégias para melhorar a qualidade da
atenção e ampliar a inserção da população ainda não contemplada pelo serviço.
Adaptação transcultural e validação da ferramenta “Newest Vital Sign” para avaliação do letramento em saúde em professores.
Renne Rodrigues, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 07/03/2014
Letramento em saúde (LS) é uma habilidade cognitivo-intelectual para
obtenção e processamento de informações em saúde. Constitui um fator que
pode influenciar diferentes desfechos em saúde, uma vez que se baseia em
capacidades cognitivas essenciais para o entendimento de informações sobre
saúde. Por essa razão, estudos que investigam o LS têm sido realizados em
diferentes populações, evidenciando-se associações com estilo de vida,
comorbidades e mortalidade. Nesse contexto, os professores constituem um
grupo populacional de especial interesse, pois avaliar o LS desses profissionais
poderia ajudar a compreender certas relações entre saúde, estilo de vida e o
trabalho docente e, além disso, a identificar hábitos e comportamentos
modificáveis e subgrupos que necessitem de maior atenção à saúde. Até o
presente momento, não se encontra no Brasil instrumento validado adequado
para a avaliação do LS em professores. Assim, este trabalho visa à adaptação
transcultural e validação, para aplicação em professores, da ferramenta de
avaliação do LS Newest Vital Sign, composta por seis questões e de aplicação
simples e rápida. Foram seguidas as etapas para adaptação transcultural:
tradução, retradução e revisão por um Comitê de Especialistas. O teste de
validação final foi realizado em 301 professores de educação básica da rede
estadual de ensino de Londrina, Estado do Paraná, Brasil, avaliando-se
consistência interna e validade de constructo. Como resultado, a ferramenta
em validação apresentou boa adaptação transcultural, com alfa de Cronbach
de 0,74. A validade de constructo foi evidenciada frente às características da
população, de modo que o LS inadequado associou-se à maior idade, não
observação de informações nutricionais e pior estado de saúde autorreferido.
Com base nesses resultados, concluiu-se que a ferramenta Newest Vital Sign,
na versão em Português do Brasil (NVS-BR), possui boa validade em
professores da educação básica e pode ser utilizada para rastreamento de
letramento em saúde inadequado.
Níveis de manganês e fatores associados em população urbana com 40 anos ou mais em município do Sul do Brasil
Ana Lívia Carvalho da Silva Fukushigue, Monica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 13/03/2014
O manganês (Mn) é um elemento traço essencial. Porém, em determinadas concentrações
pode ser tóxico à saúde humana. Os efeitos adversos ocasionados por altas exposições ao
Mn, principalmente em ambientes ocupacionais, são bem conhecidos e documentados.
Entretanto, os relacionados à exposição ambiental, apesar de epidemiologicamente
evidentes, são poucos conhecidos. Nesse contexto, os estudos de biomonitorização humana
podem ser usados para identificar e quantificar a exposição e o risco ao metal. Diante disso,
esse estudo objetivou estabelecer os níveis basais de Mn em sangue e verificar a ocorrência
de uma possível associação entre os níveis sanguíneos de Mn e fatores sociodemográficos,
econômicos, relacionados ao estilo de vida e hipertensão. Trata-se de um estudo transversal
de base populacional, com uma amostra representativa, integrante do projeto “Doenças
Cardiovasculares no Estado do Paraná: mortalidade, perfil de risco, terapia medicamentosa e
complicações”- VIGICARDIO. Investigou-se 958 indivíduos de 40 anos ou mais, residentes em
uma área urbana de um município do sul do Brasil. As concentrações sanguíneas de Mn
foram determinadas pela técnica de Espectrometria de Massas com Plasma de Argônio
indutivamente Acoplado (ICP-MS). A pressão arterial sistólica e diastólica foi aferida por
meio do equipamento digital Omron HEN 742 de acordo com as orientações da VI Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão. A média e a mediana referente aos níveis sanguíneos de Mn
foram 12,6 e 12,3 µg.L-1
, respectivamente. Verificou-se que os níveis de Mn tendem a
diminuir com a idade (p< 0,05). No entanto, não houve correlações entre as concentrações
do metal e as demais variáveis. O presente estudo contribui para a determinação dos valores
basais de Mn em sangue na população urbana no Brasil, o que é fundamental para a
identificação de grupos populacionais de risco, quando apresentarem desvios em relação à
média da população. Este estudo reforça o caráter preventivo da Saúde Ambiental.
Condições de trabalho, cargas de trabalho e absenteísmo em professores da rede pública do Paraná
Natália Paludeto Guerreiro, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes, Alberto Durán González
Data da defesa: 28/03/2014
Cada vez mais é necessário aprofundamento e compreensão da dinâmica entre
trabalho e saúde, e na profissão docente não é diferente. Apesar de ser considerado
trabalho intelectual, ele demanda uma série de exigências físicas e psíquicas que
somadas às condições de trabalho desfavoráveis, podem desencadear o
adoecimento e ter como consequência o absenteísmo. Este estudo teve como
objetivo analisar condições de trabalho, cargas de trabalho e absenteísmo em
professores. Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal quantitativo e
integrou um projeto chamado “Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da
Rede Pública do Paraná” PRÓ-MESTRE. A população de estudo foi constituída por
1061 professores do ensino fundamental e/ou ensino médio das 20 maiores escolas
da rede estadual de ensino da cidade de Londrina - PR, sendo entrevistados 978
professores. A coleta de dados foi realizada entre agosto de 2012 e julho de 2013
por estudantes de graduação, mestrado e doutorado envolvidos no projeto,
utilizando um formulário de entrevista e um questionário. A maioria dos professores
entrevistados era do sexo feminino (68,5%), viviam com companheiros (60%), com
média de idade de 41,5 anos (DP 10) e possuíam pós-graduação nível
especialização (73,1%). Quanto às características profissionais, 68,7% eram
estatutários e 31,3% não estatutários, 42,9% trabalhavam em até dois locais de
trabalho, 64,2% lecionavam em pelo menos dois turnos e 41,7% atuavam tanto no
ensino fundamental quanto no ensino médio. Mais de 80% dos professores
relataram bom relacionamento com os superiores, professores e alunos. Aspectos
como remuneração (62,8%), quantidade de alunos por sala (68,4%), manutenção e
conservação de equipamentos (50,8%), infraestrutura para preparo de atividades
(52,5%) e infraestrutura predial (51,5%) foram relatados como negativos
(ruim/regular). Em relação às cargas de trabalho, a exposição ao ruído dentro da
sala de aula (61,5%), o tempo que permanece em pé (52,7%), as condições para
escrever no quadro de giz (42,6%), o ritmo e a intensidade do trabalho (50,3%), o
número de tarefas realizadas e a atenção e responsabilidades exigidas (51,4%),
assim como o tempo disponível para preparar as atividades (60,9%), afeta muito sua
saúde e condições de trabalho. O absenteísmo foi referido por 51,9% dos
entrevistados, e os principais motivos de afastamento foram: problemas respiratórios
(20,7%), problemas osteomusculares (13,8%) e transtornos mentais (10,8%). Estes
fatores sinalizaram sobre as condições de trabalho e saúde dos professores da rede
Estadual do Paraná, podendo servir como subsídio para o desenvolvimento de
políticas públicas que visem melhorias, modificando não só o cenário em que estão
inseridos, como também, valorizando seu papel e sua importância perante a
sociedade.
Prevalência, reconhecimento, tratamento medicamentoso e controle da hipertensão arterial e do diabetes mellitus no município de Cambé – PR.
Camila Rocha Machado, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 25/04/2014
Introdução: As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo.
Entre os fatores de risco modificáveis destacam-se o diabetes mellitus e a
hipertensão arterial. Conhecer as taxas de reconhecimento dessas condições na
população, bem como de seu controle por meio da terapia medicamentosa pode
aprimorar as medidas de detecção e acompanhamento na atenção básica. Objetivo:
Analisar a prevalência, o reconhecimento, o tratamento, e o controle da hipertensão
arterial e do diabetes mellitus na população de 40 anos ou mais residente no
município de Cambé-PR. Método: Estudo transversal de base populacional, com
1.180 participantes com 40 anos ou mais, residentes na área urbana do município
de Cambé, Paraná. O diabetes mellitus foi determinado por meio do autorrelato, uso
de hipoglicemiantes ou glicemia em jejum alterada e a hipertensão arterial pelo
autorrelato e uso de medicamentos não específicos, uso de medicamentos
específicos ou aferição da pressão arterial. Resultados: A prevalência de
hipertensão foi de 56,4%, desses 70,7% reconheciam, entre os que reconheciam
83,8% tratavam e dos que tratavam 38,4% estavam com os níveis pressóricos
normais. Quanto ao diabetes, a prevalência encontrada foi de 13,7%, dos quais
65,2% conheciam a condição, destes 88,4% tratavam e entre os que tratavam
34,2% estavam com os valores da glicemia em jejum abaixo de 126mg/dl. Os fatores
associados ao reconhecimento da hipertensão foram não exercer atividade
ocupacional (p=0,003), não consumir álcool de maneira excessiva (p=0,047), utilizar
a Unidade Básica de Saúde (p=0,005), consultar o médico (p<0,001), ser obeso
(p=0,005) e ter diabetes (P<0,001). Considerações finais: Os resultados indicam
alta prevalência de hipertensão arterial e elevada frequência de tratamento
medicamentoso entre os que reconhecem. Porém, apontam a necessidade de
estratégias voltadas para melhorar o reconhecimento da hipertensão e do diabetes e
principalmente do controle entre os que tratam, no sentido de aumentar o impacto
das ações de saúde na qualidade de vida e na ocorrência de eventos
cardiovasculares na população.
Violência escolar contra professores da Rede Estadual de Ensino de Londrina: caracterização e fatores associados
Francine Nesello, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 30/04/2014
O objetivo deste estudo foi caracterizar manifestações de violência escolar
contra professores e verificar fatores associados a esses eventos. Trata-se de
um estudo epidemiológico do tipo transversal. A população de estudo foi
composta por 789 professores das 20 maiores escolas da Rede Estadual de
Ensino do município de Londrina, que atuavam no ensino fundamental ou
médio por pelo menos um ano. Foram obtidas informações por entrevistas e
por um questionário autorrespondido, no período de agosto de 2012 a junho de
2013. Os dados foram duplamente digitados em banco criado no programa Epi
Info versão 3.5.4 e tabulados usando o programa Statistical Package for the
Social Sciences, versão 19.0. A análise descritiva foi realizada por meio de
frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e de dispersão.
Realizou-se regressão de Poisson pelo método forward, com cálculos de razão
de prevalência e intervalo de confiança de 95% para cada um dos grupos de
violência relatada (psicológica, física e sexual), tendo como variáveis
independentes características sociodemográficas e do trabalho. Dos
professores entrevistados, 71,1% relataram ter sofrido algum tipo de violência
na escola nos 12 meses anteriores à pesquisa. A forma de violência mais
relatada foram insultos e gozações de alunos (55,4%), seguidos de ameaças
(21,4%) e exposição a situações humilhantes ou constrangedoras por colegas
ou superiores (17,5%). As formas menos mencionadas foram agressões
(ocorridas ou tentativas) físicas (7,9%), com armas brancas (0,8%) ou de fogo
(0,5%). Entre os grupos de violência, a psicológica foi a mais frequentemente
reportada (64,1%) e associou-se, após ajustes, à total ou parcial falta de
realização profissional e ao relacionamento ruim ou regular com superiores e
alunos. O grupo de violência física (8,4%) apresentou associação com as
variáveis: lecionar para o nível fundamental, ter contrato do tipo não estatutário
com o Estado e já ter sofrido violência fora da escola. Por fim, a violência
sexual (14,1%) associou-se às características ser do sexo masculino, mais
jovem (< 35 anos), não ter companheiro e ter carga horária elevada com alunos
(≥ 32 horas). Os fatores associados à violência psicológica e física estão mais
relacionados às características do trabalho, enquanto que aqueles associados
à violência sexual, mais às características sociodemográficas. Essas
características podem ser expressão das condições concretas de trabalho e de
vida dos professores estudados e revelam um perfil de docentes mais
vulneráveis à violência, que muitas vezes extrapola o ambiente escolar.
Prevalência e Fatores Associados à Dor Crônica em Professores da Rede Estadual de Londrina-PR
Alessandra Domingos Silva, Arthur Eumann Mesas, Mara Solange Gomes Dellaroza
Data da defesa: 16/05/2014
A sobrecarga do trabalho docente, marcada por longas jornadas de permanência em
pé, muitas vezes em posturas inadequadas, somada a aspectos psicossociais
desfavoráveis da atividade, podem predispor os professores à dor crônica, condição
que interfere na qualidade de vida e do trabalho. Diante disso, o objetivo deste
estudo foi caracterizar os professores da rede estadual de Londrina em relação à
ocorrência de dor crônica, ou seja, que ocorre há 6 meses ou mais, e analisar sua
associação com fatores sociodemográficos, de estilo de vida e de saúde, além de
características profissionais. Os dados utilizados foram obtidos no estudo transversal
PRÓ-MESTRE, cuja população constituiu-se por professores do ensino fundamental
e médio das 20 escolas com maior número de professores da rede estadual de
ensino da cidade de Londrina, entrevistados no período de agosto de 2012 a junho
de 2013. Entre os 964 professores incluídos, 42,6% referiram dor crônica. A
prevalência foi maior entre as mulheres, professores viúvos/divorciados/separados,
que assistiam televisão por mais tempo durante a semana, inativos no tempo livre,
com relato de maior esforço físico em casa e no trabalho, com pior qualidade do
sono, obesos, e que referiram ter diagnóstico de depressão, ansiedade ou de
alguma doença musculoesquelética. Quanto aos fatores relacionados ao trabalho,
associaram-se à dor crônica o maior tempo de atuação na profissão, tipo de contrato
estatutário, absenteísmo por problemas de saúde nos últimos 12 meses, e a menor
capacidade referida para o trabalho. Quando comparadas as associações segundo o
gênero, apenas entre as mulheres observou-se associação entre dor crônica e
situação conjugal, maior tempo assistindo televisão, inatividade física, maior esforço
físico no trabalho, obesidade, maior tempo de profissão, tipo de contrato estatutário,
maior carga horária semanal de trabalho docente e menor capacidade geral e física
para o trabalho. A prevalência de dor crônica foi considerada elevada entre
professores. Ainda que o desenho transversal não permita estabelecer relação
causal entre a dor crônica e os fatores associados, tais características podem
subsidiar a elaboração de estratégias para a redução da incidência e do impacto da
dor crônica em professores, seja mediante orientações de estilo de vida ou
adequações nas condições de trabalho.
Prevalência de obesidade e fatores associados em adultos de 40 anos e mais: estudo de base populacional
Daniele Gonzales Bronzatti Siqueira, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 26/05/2014
Introdução: O excesso de peso, especialmente a obesidade, é um problema de
saúde pública, pelo aumento crescente da prevalência na população e sua
associação com outros agravos como as doenças cardiovasculares e metabólicas
que diminuem a qualidade e a expectativa de vida das pessoas. Certas
características relacionadas ao estilo de vida e às condições sociodemográficas
relacionam-se ao ganho excessivo de peso em todas as fases do curso de vida.
Objetivos: Verificar a prevalência de excesso de peso global e abdominal e os
fatores associados à obesidade abdominal (OA) em adultos a partir de 40 anos de
idade. Métodos: Estudo transversal de base populacional parte de um projeto mais
abrangente (VIGICARDIO), realizado no município de Cambé (PR), com indivíduos
de 40 anos ou mais de idade, residentes em todos os setores censitários urbanos. O
peso (kg), a altura (m) e a circunferência da cintura - CC (cm) foram aferidos no
momento da entrevista no domicílio. O excesso de peso global foi definido pelo
índice de massa corporal (IMC) ≥ 25 kg/m² e a obesidade global (OG) como IMC ≥30
kg/m². O excesso de peso abdominal foi definido como CC ≥80 cm para mulheres e
CC ≥ 94 cm para homens e a OA definida como CC ≥88 cm para mulheres e CC
≥102 cm para homens. Na análise dos fatores associados o desfecho foi a
obesidade abdominal. A análise foi realizada para cada sexo, por meio da regressão
de Poisson hierarquizada baseada em modelo teórico conceitual, com seleção de
variáveis distais (sociodemográficas), intermediárias (hábitos de vida) e proximais
(condições de saúde). Resultados: A prevalência de excesso de peso global na
população foi de 68,3%, sendo 30,0% de OG. Para o excesso de peso abdominal
observou-se prevalência de 73,3% sendo 49,7% de OA. Maiores prevalências de
excesso de peso, tanto global quanto abdominal, foram observadas nas mulheres e
a de OA foi mais que o dobro da verificada entre os homens (RP = 2,29 – IC 95%
1,98-2,65). A prevalência de OA aumentou com a idade para ambos os sexos. As
variáveis que permaneceram associadas à OA, após ajuste, foram a inatividade
física no lazer, idade e hipertensão arterial em ambos os sexos. Classe econômica,
tabagismo e diabetes associaram-se à OA apenas entre as mulheres. Conclusão:
As altas prevalências de excesso de peso global e abdominal para ambos os sexos,
mais elevadas entre as mulheres, assim como a presença de alguns fatores
associados distintos entre os sexos, evidenciam a necessidade de ações
diferenciadas de enfrentamento. Reitera-se a importância do acompanhamento do
estado nutricional na rotina do serviço de saúde por meio de avaliação das medidas
antropométricas, contribuindo para a identificação precoce e suspeição de outros
agravos, o que permite ao profissional de saúde intervir adequadamente.