Teses e Dissertações
Perfil epidemiológico dos usuários de substâncias psicoativas atendidos no CAPS AD, Londrina, PR
Sérgio Ricardo Belon da Rocha Velho, Regina Kazue Tanno de Souza, Dinarte Ballester
Data da defesa: 29/07/2010
Introdução: o tratamento para usuários de álcool e drogas no Sistema Único
de Saúde tem uma história recente no Brasil. Há escassez de estudos que avaliem o
atendimento a usuários de substâncias psicoativas no SUS. Objetivo: analisar as
características dos usuários de substâncias psicoativas no Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas de Londrina, PR. Método: trata-se de um estudo
transversal com 486 indivíduos atendidos no CAPS AD do município de Londrina,
PR no segundo semestre de 2008. A coleta de dados foi realizada pela análise de
relatório dos casos, ficha de acolhimento, caderno de registro diário e relatório de
internação hospitalar. Foram levantados dados sobre variáveis sociodemográficas,
padrão de uso de substâncias psicoativas e variáveis sobre o processo de
atendimento. Para o processamento e a análise dos dados foi utilizado o aplicativo
Epi Info 3.4.3. Resultados: entre os usuários que procuraram tratamento no CAPS
AD observou-se maior proporção de pessoas do sexo masculino (85,4%), na faixa
etária entre 30 e 49 anos (51,0%), que não concluíram o ensino fundamental
(66,8%), referiram como substância manifesta, no momento da triagem,
principalmente o álcool (46,1%) e o crack (44,4%). A proporção de usuários de
álcool mostrou-se maior (89,6%) na faixa etária de 45 a 54 anos. Entre as pessoas
de menor idade ocorreu predomínio de substâncias ilícitas (crack e maconha). A
maioria dos casos veio encaminhada por outros serviços (60,0%) e os serviços de
saúde de média e alta complexidade apresentaram maior proporção de
encaminhamentos (27,7%). Após a triagem, 81,7% permaneceram em tratamento no
CAPS AD. Desses, 49,6% não permaneceram em atendimento por mais de um mês
e 29,7% permaneceram em atendimento por mais de 150 dias. Quanto ao número
de comparecimentos, 32,0% compareceram apenas na triagem e 16,6%, mais de
trinta vezes durante seis meses. Conclusão: os resultados apresentados apontam a
necessidade de aprimorar a atenção ao usuário, melhorando a vinculação desses ao
tratamento.
Acolhimento com avaliação e classificação de risco: análise da demanda atendida no pronto socorro de um hospital escola
Vivian Biazon El Reda Feijó, Luiz Cordoni Junior, Célia Regina Rodrigues Gil
Data da defesa: 20/08/2010
A área de urgência e emergência constitui-se em importante componente da
assistência à saúde. A crescente demanda nos últimos anos e a insuficiente
estruturação da rede de atenção são fatores que têm contribuído para a sobrecarga
dos serviços de urgência e emergência, transformando-os em uma das áreas de
maior problemática do SUS. Diante disso, o Ministério da Saúde instituiu em 2004 o
Programa Nacional de Humanização (PNH), trazendo como proposta ferramentas e
dispositivos que podem efetivamente potencializar a garantia de atenção integral.
Destaca-se como diretriz o acolhimento com avaliação e classificação de risco
(AACR). Considerando a escassez de estudos relacionados ao uso do protocolo de
AACR em serviços de emergência de alta complexidade e sua implantação no Pronto
Socorro do Hospital Universitário de Londrina-PR, este estudo teve como objetivo
geral analisar a demanda que procurou atendimento neste serviço mediante os
critérios do protocolo de AACR e, como objetivos específicos, identificar
características e fatores associados à adequação da demanda quanto à finalidade
assistencial do serviço. A população de estudo foi constituída por 976 pessoas que
procuraram atendimento no período de junho de 2008 a maio de 2009, selecionadas
por amostragem sistemática. Os dados foram coletados das fichas do protocolo de
AACR e das fichas de atendimento médico nos casos em que o desfecho tenha sido
atendimento nesse serviço. Foram digitados e armazenados no programa Epi Info
versão 3.5.1 para Windows e analisados no programa SAS. A associação entre as
variáveis independentes e as variáveis respostas classificação de risco foi avaliada
com o teste de qui-quadrado ou teste exato de Fisher. Foram considerados
adequados à demanda para atendimento no hospital terciário os pacientes
classificados como vermelho, amarelo, e verde; os classificados como azul foram
considerados inadequados. Verifica-se nos resultados que 82% dos pacientes foram
classificados como adequados ao serviço segundo critérios do protocolo. O sexo
predominante foi masculino na faixa etária de 20-59 anos. A procura por atendimento
foi maior nos dias úteis em horário comercial, coincidindo com o turno de maior
procura dos casos menos graves. Na análise estatística verifica-se associação
significativa da variável procedência da demanda, horário de procura para
atendimento com a adequação da demanda. As variáveis clínica responsável pelo
atendimento, destino após atendimento médico, ser acompanhado neste serviço,
SSVV, tempo da queixa, procedimentos realizados e comorbidades apresentam
associação significativa com a classificação de risco atribuída por cores. Conclui-se
com os achados deste estudo que a implantação do AACR contribui na identificação
dos casos mais graves e na organização da demanda. Entretanto, a adequação da
demanda depende também da organização do sistema de saúde local como um todo.
Com base nestas informações, outros serviços de emergência podem ser motivados
a incorporar esta tecnologia de trabalho e de gestão.
Hemovigilância: Eventos transfusionais adversos antes e após implantação de um Comitê Transfusional Hospitalar
Mariza Saito, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 30/08/2010
Os eventos adversos associados ao uso do sangue podem ocorrer mesmo que o sangue e
seus hemocomponentes sejam adequadamente coletados, processados, indicados e
preparados. A hemovigilância é uma ferramenta da segurança transfusional que visa reduzir
os riscos relacionados à transfusão sanguínea e o monitoramento do uso racional do
sangue, que no ambiente hospitalar cabe ao Comitê Transfusional Hospitalar (CTH). Tratase de um estudo avaliativo, tipo antes e após, realizado com o objetivo de analisar as
reações transfusionais notificadas antes e após implantação do CTH no Hemocentro
Regional / Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina, Paraná. Foram
utilizados como fontes de dados os relatórios mensais de transfusões sanguíneas, gerados
pelo Sistema Automatizado de Informações do Hospital Universitário (SADIHU) no
Hemocentro e as fichas de notificação das reações transfusionais ao Sistema de
Notificações da Vigilância Sanitária (NOTIVISA). Foram caracterizadas as transfusões
sanguíneas e seus eventos adversos. Posteriormente, as diferenças nas taxas de incidência
das reações transfusionais (18 meses antes e 18 meses após implantação do CTH) foram
comparadas. Verificou-se que o número de transfusões reduziu em 9,0% e o de reações
transfusionais em 47,1%, no período após implantação do CTH. Não foram registradas
transfusões autólogas. O concentrado de hemácias (CH) e seus produtos (CH Filtrado e CH
Lavado) foram os mais utilizados (63%), com incremento no uso de CH Filtrado (8,7% para
17,9%) e decréscimo do uso de plasma (22,7% para 17,6%) no período pós-CTH. Os
setores onde mais ocorreram transfusões sanguíneas foram aqueles que receberam
pacientes de maior complexidade e a maioria dos receptores foi do sexo masculino (57,3%).
Quanto às reações, entre os hemocomponentes envolvidos, o CH foi responsável pela
grande maioria das reações (74,4%), sendo as reações febris não hemolíticas e as reações
alérgicas as mais frequentes (97%). As reações predominaram em receptores do sexo
feminino (55,6%) e mulheres na faixa etária acima de 60 anos. Quanto à classificação pela
tipagem sanguínea, de acordo com o fenótipo ABO/Rh(D), as reações transfusionais se
distribuíram de acordo com a frequência fenotípica da população geral. 68,4% dos pacientes
que apresentaram reação tinham histórico de transfusão anterior e 91,7% das reações
foram caracterizadas como leve. Apenas um evento foi considerado grave, a reação
hemolítica aguda por incompatibilidade ABO (0,8%). Nenhum óbito por transfusão foi
registrado. A taxa de incidência dos eventos transfusionais adversos foi significativamente
menor no período pós-implantação do CTH (RR: 0,58 IC 95%: 0,41-0,83). Com relação ao
tipo de reação, a taxa de incidência de reação febril não hemolítica foi significativamente
menor no período pós-CTH (RR: 0,55 IC 95%: 0,35-0,86). Embora as taxas de incidência
tenham sido menores, para as reações alérgicas e outros tipos de reações, as diferenças
não foram significativas. Observou-se redução significativa da taxa de incidência das
reações no sexo masculino, porém o risco de ocorrência de reação foi mais elevado entre as
mulheres, quando comparado entre os sexos. Os resultados obtidos reforçam a importância
do CTH, no contexto da hemovigilância, na implementação de estratégias que busquem o
uso racional do sangue, com o decréscimo das reações, como também o estímulo às
notificações de todas as reações transfusionais, preservando o caráter sigiloso, voluntário e
não punitivo do sistema de hemovigilância brasileiro.
Motociclistas atendidos por serviços de atenção préhospitalar em Londrina (PR): características dos acidentes e das vítimas em 1998 e 2010
Flávia Lopes Gabani, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 02/12/2011
Os acidentes com motociclistas crescem concomitantemente ao aumento da frota no
Brasil, tornando suas vítimas representativas na morbimortalidade por acidentes de
trânsito. Desde 1998, com a implantação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB),
iniciativas foram tomadas na tentativa de modificar essa realidade, sendo oportunos
estudos que verifiquem mudanças nos perfis dos acidentes e das vítimas. Dessa
forma, o presente estudo teve por objetivo comparar características dos acidentes e
dos ocupantes de motocicletas atendidos por todos os serviços de atenção préhospitalar de Londrina (PR) em 1998 e 2010. Trata-se de estudo transversal, cujos
resultados foram comparados com pesquisa de 1998. Em ambos os estudos, a fonte
de dados constituiu-se do Registro de Atendimento do Socorrista (RAS). A
população foi composta por 1.576 e 3.968 vítimas em 1998 e 2010,
respectivamente. Houve incremento na frota de motocicletas no município, passando
de 69,9 para 128,1 por mil habitantes. Também aumentou o número de vítimas para
cada mil motos, de 53,1 para 61,1. Quanto às características dos acidentes,
observaram-se maiores proporções de quedas isoladas de moto e de acidentes
entre motocicletas em 2010. Houve maior frequência de vítimas nos dias úteis em
ambos os anos, com leve aumento percentual em 2010 (de 65,1% para 69,4%), e
reduziram-se as proporções de vítimas nos finais de semana (de 34,9% para
30,6%). Em relação ao período de ocorrência do acidente, prevaleceu o da noite nos
dois anos. Porém, houve incremento percentual de vítimas no período diurno (de
51,5% para 56,8%), refletindo maior frequência de acidentes no período da manhã.
O número de vítimas cresceu ao longo dos meses em ambos os anos. Em relação
às regiões de ocorrência, constatou-se leve descentralização pela diminuição da
frequência no Centro, contudo as regiões Norte e Centro abrangeram mais da
metade dos acidentes nos dois anos (de 53,2% para 51,0%). Quanto às
características das vítimas, houve pequeno aumento na proporção de motociclistas
mulheres (de 21,6% para 24,6%), as quais deixaram de predominar como
passageiras, tornando-se principalmente condutoras (de 42,8% para 54,6%). A faixa
etária mais acometida continuou sendo a de 20 a 34 anos. Aumentou a frequência
de informações ignoradas em relação ao uso do capacete (de 1,0% para 24,6%).
Houve redução da proporção na percepção de hálito etílico de 1998 (13,9%) para
2010 (7,1%). Entretanto, a proporção de detecção desse hálito ainda é mais
frequente entre homens, nos meses de janeiro e fevereiro, durante finais de semana
e no período noturno, destacando-se a madrugada. Quanto às lesões, aumentou a
proporção de traumatismos superficiais (de 66,4% para 71,1%) e fraturas (de 11,7%
para 13,5%), e diminuíram as frequências de ferimentos, traumatismos
intracranianos e intratorácicos. Houve redução na proporção de lesões na cabeça,
porém aumentaram as dos membros e múltiplas regiões. Apesar do elevado número
de vítimas em 2010, os acidentes foram, proporcionalmente, de menor gravidade,
evidenciada pelos melhores escores nas escalas de coma e de trauma, além de
menor necessidade de atendimento médico no local da ocorrência. Diminuiu o
coeficiente de letalidade imediato e aumentou a frequência de recusas de
atendimento e/ou encaminhamento. Os resultados apontam mudanças nas
características dos acidentes e das vítimas nos anos, servindo como possível
subsídio para direcionamento de novas ações e estratégias de intensificação das
fiscalizações no trânsito, principalmente em relação aos motociclistas.
Fatores de risco para mortalidade infantil em Londrina (PR): análise hierarquizada em duas coortes de nascidos vivos
Hellen Geremias dos Santos, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 16/02/2012
Nas últimas três décadas, a mortalidade infantil (MI) apresentou declínio importante
em todas as regiões brasileiras, sobretudo entre a parcela mais pobre da população,
com mudanças na composição da taxa de mortalidade infantil e nos fatores
determinantes do óbito infantil. Este estudo buscou identificar e comparar fatores de
risco para MI em Londrina, Paraná, nas coortes de nascidos vivos (NV) de
2000/2001 e de 2007/2008. Para a identificação dos NV, pesquisou-se o banco de
dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e, para a
identificação dos óbitos infantis, os registros do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) e os do Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna e
Infantil (CMPMMI). Os óbitos foram relacionados ao banco de dados do SINASC por
linkage determinístico, por meio do número da Declaração de Nascido Vivo (DN).
Para a análise de regressão logística, foi construído modelo hierárquico conceitual
com fatores em níveis distal (sociodemográficos), intermediário (obstétricos e
assistenciais) e proximal (dos recém-nascidos). A população de estudo constituiu-se
de 15.385 e 13.208 NV em 2000/2001 e em 2007/2008, respectivamente. Foram
identificados, no SIM/CMPMMI, 185 óbitos de NV no primeiro biênio e 148, de NV no
segundo. Em 2000/2001, foi possível parear 97,30% dos óbitos à sua respectiva DN,
e, em 2007/2008, todos os óbitos tiveram sua DN localizada no banco de dados do
SINASC. Exceto para raça/cor da pele do recém-nascido, em 2000/2001, para
antecedentes obstétricos, em 2007/2008, e para presença de malformação
congênita, em ambos os biênios, todos os campos do SINASC apresentaram
completitude superior a 99%. Em relação aos dados sobre mortalidade, nos dois
períodos, observou-se melhor completitude para os registros do CMPMMI (superior
a 95% para as variáveis comuns ao SINASC). Em geral, a MI pouco se alterou nos
anos 2000, havendo redução apenas do componente pós-neonatal. Quanto aos
fatores estudados, no nível distal, foram de risco para MI, em 2000/2001, os fatores
maternos idade < 20 anos e escolaridades insuficiente e intermediária. Em
2007/2008, idades maternas < 20 e ≥ 35 anos foram fatores de risco, enquanto
escolaridades insuficiente e intermediária, protetores. No nível intermediário, em
2000/2001, foram de risco para MI: gestação múltipla, antecedente de filhos mortos
e número insuficiente de consultas de pré-natal, enquanto cesariana foi fator
protetor. Em 2007/2008, apenas gestação múltipla foi de risco. Todos os fatores
proximais (idade gestacional, peso ao nascer, índice de Apgar no quinto minuto e
sexo) associaram-se à maior MI em 2000/2001, e, em 2007/2008, apenas idade
gestacional e índice de Apgar no quinto minuto permaneceram no modelo. Em
síntese, a aplicação da técnica de linkage determinístico viabilizou a identificação de
fatores de risco para MI em ambos os períodos, pelo elevado percentual de
vinculação alcançado e pela excelente completitude das bases de dados
pesquisadas. Foram observadas mudanças nos fatores de risco para a MI nos
biênios analisados, que podem estar relacionadas à ampliação de políticas sociais e
de ações básicas de saúde e a modificações nos padrões reprodutivo e social das
mulheres.
Tendência e características da epidemia de AIDS em um município de grande porte do sul do Brasil: 1986 a 2008
Flaviane Mello Lazarini, Regina Melchior
Data da defesa: 27/02/2012
A AIDS é uma doença reconhecida mundialmente como problema de saúde pública.
O primeiro caso notificado no Brasil foi em 1980. Em Londrina o primeiro registro de
caso de aids residente no município ocorreu em 1986. O objetivo desse estudo foi
analisar as principais características dos casos de aids notificados de Londrina- PR e
a tendência da epidemia de aids no período de 1986 a 2008. Optou-se pela análise
descritiva para mostrar o perfil sociodemográfico, os tipos de critérios de definição de
caso de aids utilizados ao longo dos anos, e as características relacionadas às
categorias de exposição. Os coeficientes de incidência da aids foram calculados
anualmente por sexo e faixa etária e padronizados pela população do ultimo censo
demográfico do Brasil de 2010. Também foi realizada a análise de tendência da aids
por faixa etária e por sexo, dividida em dois períodos (1986-1995 e 1996-2008) para
melhor compreensão do comportamento da epidemia. Os modelos lineares
explicaram melhor a tendência da epidemia de aids nos dois períodos. Foram
calculadas as taxas de incidência com base na Pesquisa de Conhecimentos Atitudes
e Práticas na População Brasileira de 2004, no grupo etário de 14 a 49 anos, para
os subgrupos mais vulneráveis: HSH, UDI, homens heterossexuais e mulheres. Os
resultados mostraram que a escolaridade se concentrou entre quatro e sete anos de
estudo. Na ocupação, em média 70% dos indivíduos exerciam trabalho remunerado.
Desde 1998, mais de 50% dos casos de aids foram notificados utilizando os dois
critérios da ficha de notificação. A transmissão por uso de drogas injetáveis foi
predominante no sexo masculino até 2005. Ocorreu crescimento da epidemia de
aids entre mulheres em todos os anos independente da orientação sexual. No
período de 1986 a 1995 houve incremento das taxas de incidência em quase todas
as faixas etárias e crescimento da epidemia em ambos os sexos (p< 0,001), mais
acentuado no sexo masculino, nas faixas etárias que vão de 14 a 39 anos. No
segundo período na faixa etária de 14 a 29 anos ocorreu queda significativa no sexo
masculino, o incremento passou de 0,88 no primeiro período para -0,87 no segundo.
Destaque para a faixa etária de 50 anos e mais em mulheres que apresentou
aumento significativo (p=0,019). Todas as categorias de exposição apresentaram
queda a partir do período 2000-2002. Os subgrupos UDI e HSH predominaram como
categorias de exposição e no ultimo triênio do estudo HSH ultrapassou UDI. A partir
do ano 2000 a taxa de incidência, na faixa etária de 14 a 49 anos, do grupo de
mulheres superou a do grupo de homens heterossexuais, mostrando a crescente
vulnerabilidade à infecção pelo HIV nesse grupo. O estudo mostrou queda nas taxas
de incidência nas faixas etárias mais jovens e estabilização nas demais idades. O
aumento da proporção de mulheres, especialmente na faixa etária de 50 anos e
mais e de predomínio de HSH entre as categorias de exposição aponta para
necessidade de estratégias diferenciadas para atingir grupos com características
diversas.
Promoção da saúde e processo de trabalho dos profissionais de educação física do Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF
Alisson Marques de Mendonça, Mara Lúcia Garanhani
Data da defesa: 28/02/2012
A definição de promoção da saúde contemporânea tem seu marco na
Conferência de Ottawa no Canadá, em 1986, com o reconhecimento oficial
sobre a influência das questões sociais, políticas e econômicas na
determinação da saúde. O Brasil com o protagonismo do movimento sanitário
também construiu uma política a partir da década de 1980 que incorpora uma
concepção de saúde em sintonia com o movimento mundial. Os profissionais
de educação física apenas recentemente foram inseridos no Sistema Único de
Saúde (SUS) a partir da publicação da Política Nacional de Promoção da
Saúde (PNPS), em 2006, e da criação dos Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (NASF), em 2008, portanto, sua atuação nesse setor ainda é incipiente.
Sendo assim o objetivo do presente estudo foi identificar a concepção de
promoção da saúde dos profissionais de educação física que trabalham no
NASF no município de Londrina, Paraná. Para tanto realizamos uma pesquisa
qualitativa e como técnica de análise dos dados optamos pela análise do tipo
categorial – temática, conforme proposta por Bardin. Todos os profissionais de
educação física do município de Londrina que trabalhavam no NASF, no
momento da investigação foram entrevistados, totalizando 10 profissionais e
destes, três foram observardos. A partir da análise dos dados coletados foram
definidas três categorias: A concepção de promoção da saúde sob o olhar do
profissional de educação física; O processo de trabalho do profissional de
educação física; e A formação do Profissional de Educação Física e a
Promoção da Saúde. Apenas um dos profissionais definiu promoção da saúde
de maneira ampliada, considerando-se o marco representado pela Carta de
Ottawa. Houve confusão conceitual entre prevenção e promoção. O discurso
que coloca ênfase na responsabilização individual, em que a visão
comportamental e o viés biológico predominam, permearam muitas das falas.
O processo de trabalho do profissional de educação física reflete as
dificuldades inerentes à formação voltada predominatemente à dimensão
biológica em detrimento das discussões filósóficas, históricas e sociais na
relação atividade física e saúde. A articulação dos conhecimentos da saúde
coletiva com as teorias pedagógicas progressistas, estas pensadas
originalmente para o setor educacional, podem ensejar novos horizontes para a
prática profissional em educação física junto às Unidades Saúde da Família na
perspectiva da promoção da saúde.
Uso de Substâncias Psicoativas e Condição de Saúde Bucal de Adolescentes em Conflito com a Lei
Marcela Aparecida Tasso Pereira, Dinarte Ballester
Data da defesa: 02/03/2012
O despertar para a adolescência e as mudanças de hábito implicam em riscos para a
saúde bucal. O objetivo deste estudo foi de verificar as condições de saúde dos
adolescentes do CENSE (Centro de Socioeducação) - Foz do Iguaçu com ênfase no uso
de substâncias psicoativas e sua influência na saúde bucal. O estudo transversal foi
realizado com participantes de 12 a 18 anos de idade (n=114), em internação provisória
entre os meses de outubro de 2010 e março de 2011. Foram realizadas entrevistas e
exames por um cirurgião dentista calibrado, buscando avaliar as condições
socioeconômicas, o uso de substâncias psicoativas e aspectos de saúde bucal através dos
índices CPOD (conforme recomendações da OMS) e o instrumento utilizado para
mensurar o impacto das condições bucais na qualidade de vida dos adolescentes no
último ano foi o Oral Health Impact Profile (OHIP-14). Foi feita análise descritiva dos
dados e aplicação do teste qui-quadrado. A maioria dos entrevistados (62,3%) era de
pardos ou negros, com renda familiar até um salário mínimo (50,9%) e não freqüentava
a escola (63,2%). Entre os entrevistados, 78,1% fez uso de substâncias psicoativas no
mês anterior à apreensão. As substâncias consumidas por mais dias no mês foram o
tabaco (12 dias) e a maconha (11 dias), e a idade média de início de uso foi de 13,5 anos
(DP±1,18). Com relação à saúde bucal 31,2% nunca foram ao dentista, o índice CPOD
médio encontrado foi 5,16 (DP±3,34), 12,3% eram livres de cárie e 29,9% apresentaram
índice CPOD maior que 6,0. Entre os adolescentes entrevistados 90% apresentou algum
tipo de impacto da saúde bucal na qualidade de vida referida, medido pelo OHIP-14 ,
60% relatou já ter sentido dor nos dentes ou boca e 62% já se preocupou com os
problemas bucais. A variável renda familiar baixa (p=0,01) e a presença de conflitos
familiares (p=0,01) apresentaram significância com relação ao uso de substâncias
psicoativas. Nesta pesquisa os indivíduos que faziam uso de substâncias psicoativas
apresentaram proporcionalmente um maior impacto referido da saúde bucal na
qualidade de vida, e ainda quanto maior o consumo durante o mês maior foi o impacto
na saúde bucal entre os adolescentes do CENSE-FI. Clinicamente os indivíduos que
não fizeram uso de substância apresentaram maior proporção de elementos dentais
livres de cárie, enquanto os que fizeram uso apresentaram número maior de problemas
dentais. Conclui-se que os adolescentes em internação provisória no CENSE-FI
apresentaram uma condição de saúde bucal pouco satisfatória, com alta prevalência
de impacto na qualidade de vida em decorrência de problemas bucais. O uso de
substâncias psicoativas entre os adolescentes avaliados pode ter influenciar
negativamente a saúde bucal.
Acolhimento da população negra em sofrimento psicossocial pelo candomblé de Londrina-PR
Jackeline Lourenço Aristides, Regina Melchior, Dinarte Ballester
Data da defesa: 07/03/2012
Os negros vivem uma relação de desigualdade socioeconômica em comparação aos
brancos, e isto está diretamente relacionado ao processo saúde doença também
desigual para aquelas pessoas. Como forma de enfrentamento à às mazelas da
escravidão as comunidades de terreiro ficaram conhecidos lócus de produção
cultural e política, bem como espaço de produção de saúde. O candomblé, assim
como outras religiões de matriz africana utilizam o acolhimento em seu cotidiano, e
esse termo é utilizado na atenção e escuta aos sujeitos em sofrimento psicossocial
nesses espaços. Para compreender esse acolhimento foram entrevistadas seis
líderes do candomblé do município de Londrina- PR. Para a interpretação das falas
foi utilizada a análise de discurso que segundo Pêcheux (1998) compreende
considerar a interdiscursividade, ou seja, uma fala individual é carregada de vários
sujeitos e de um contexto histórico e ideológico.O acolhimento nos remete à
iniciação orixá, conforto espiritual, prática de banhos com ervas medicinais, cuidado
aos grupos sociais específicos, abordagem em doenças sexualmente transmissíveis,
encaminhamento aos serviços especializados. As formas de sofrimento psicossocial
mais referidas pelas pessoas acolhidas segundo o relato das líderes, ora possuíam
classificação médica como o etilismo e a depressão, ora eram subjetivações do
sofrimento como “perturbação” e estresse. O acolhimento do sofrimento psicossocial
traz significados como a dialética do material e do espiritual, visita domiciliar,
fragilidade da continuidade na linha do cuidado e racismo e preconceito racial como
causadores de sofrimento. Este trabalho avança na perspectiva de apontar a
necessidade de trabalho em rede, de desconstrução da hospitalização psiquiátrica e
da medicalização, e do enfrentamento do preconceito frente ao candomblé.
Possibilita também compreender como a população negra busca apoio frente ao
sofrimento psicossocial.
Tendência das taxas de internação em menores de cinco anos no período de 1999 a 2010 em Londrina – PR
Kécia Costa, Ana Maria Rigo Silva, Wladithe Organ de Carvalho
Data da defesa: 26/03/2012
A atenção integral à criança constitui uma prioridade entre as políticas de saúde e
um desafio para os gestores. A internação pediátrica gera custos para o sistema de
saúde além de consequências físicas e emocionais para a criança e sua família.
Conhecer a tendência da morbidade hospitalar infantil permite identificar os
principais agravos e possíveis fatores de prevenção, assim subsidia o planejamento
e priorização das ações de saúde e intersetoriais. Esta pesquisa teve como objetivo
analisar a tendência das taxas de internação em menores de cinco anos, residentes
no município de Londrina, no período de 1999 a 2010. Os dados foram obtidos no
sítio eletrônico do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde –
DATASUS. As variáveis selecionadas foram: faixa etária, sexo, natureza e regime do
hospital, tempo de permanência, causa da internação e ocorrência do óbito. Para a
caracterização das internações, os anos do período de estudo foram agrupados em
triênios e utilizada estatística descritiva. As taxas de internação foram calculadas por
todas as causas segundo capítulos da CID-10, por sexo e diagnósticos da lista de
condições sensíveis à atenção primária (CSAP). Em cada faixa etária calcularam-se
as taxas segundo capítulos da CID-10 e lista de CSAP. Para a análise de tendência
das taxas, aplicou-se o modelo linear através do programa SPSS 19.0. Durante o
período de estudo, ocorreram 45.195 internações financiadas pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) em crianças menores de cinco anos, o que representou 11,56% do
total de internações SUS no município. As hospitalizações foram mais frequentes na
faixa etária de 1 a 2 anos (cerca de 32%) e sexo masculino (55%). Mais de 80% das
internações tiveram duração máxima de 7 dias, e o óbito ocorreu em
aproximadamente 2%. A análise de tendência mostrou declínio das taxas de
internação em crianças menores de cinco anos, redução de 4,87 internações por
1000 crianças/ano. O mesmo ocorreu em todas as faixas etárias, exceto para o
período neonatal. As doenças do aparelho respiratório apresentaram as maiores
taxas, exceto no período neonatal e manteve-se estável no período neonatal e pósneonatal. As doenças infecciosas e parasitárias destacaram-se pela redução,
principalmente no período pós-neonatal, com decréscimo de 1,19 internações por
1000 crianças/ano, porém apresentou estabilidade na faixa etária de 3 a 4 anos. A
evolução das internações por CSAP nos menores de cinco anos também apresentou
tendência decrescente exceto para o período neonatal. O principal grupo de CSAP
foram as pneumonias. O decréscimo das taxas apontam para a melhoria das
condições de saúde infantil devido possivelmente à implantação de estratégias de
atenção direcionadas à saúde da criança neste período. Outros estudos serão
necessários para relacionar as hipóteses levantadas com a efetiva diminuição das
internações, além de outros que busquem avaliar a qualidade dos serviços de
atenção primária à criança, que tem como objetivo a prevenção de agravos e
hospitalização.