Uso de medicamentos por mulheres com 40 anos ou mais em município do sul do Brasil
Raphaela Cardoso de Oliveira, Monica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 30/05/2012
Diversos estudos têm demonstrado que as mulheres utilizam mais medicamentos do que os homens, além de os usarem de forma expressiva. Essa pesquisa teve como objetivo conhecer e analisar a prevalência do uso de medicamentos entre as mulheres com 40 anos ou mais residentes no município de Cambé, Paraná. Esse estudo é um recorte do Projeto VIGICARDIO que estuda as “Doenças Cardiovasculares no Estado do Paraná: mortalidade, perfil de risco, terapia medicamentosa e complicações” da Universidade Estadual de Londrina. Compreendeu um estudo transversal de base populacional realizado no município de Cambé, Paraná, no ano de 2011. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais realizadas no domicílio ou em outro local sugerido pelo entrevistado. Foram convidadas 714 mulheres, sendo 642 efetivamente entrevistadas. As perdas totalizaram 3,22% e as recusas, 6,86%. Dentre as mulheres entrevistadas, 85,4% utilizaram algum medicamento nos últimos 15 dias anteriores a entrevista. Foi observada associação bivariada entre o uso de medicamentos e ter 60 anos ou mais (RP=1,11), possuir emprego (RP=1,16), perceber sua saúde ruim ou muito ruim (RP=1,15) mesmo quando comparada com pessoas da mesma idade (RP=1,09), estar na menopausa (RP=1,16), estar acima do peso (IMC=1,08). Além dessas variáveis, as doenças relatadas também apresentaram associação bivariada, foram elas artrite/artrose/reumatismo (RP=1,17), colesterol elevado (RP=1,13), depressão (RP=1,13), diabetes (RP=1,12, hipertensão (RP=1,20) e ter problema de coluna (RP=1,13). Em relação a utilização serviços de saúde, verificou-se resultados estatisticamente significativos para a mulher que consultou o médico nos últimos 2 e 12 meses (RP=1,19 e 1,46, respectivamente) e passou por internação no último ano (RP=1,16). Os grupos farmacológicos mais prevalentes compreenderam os do sistema cardiovascular, sistema nervoso e para o trato alimentar e metabolismo, respectivamente. Os profissionais médico e dentista foram os maiores responsáveis pelas indicações (85,5%). A partir dos resultados obtidos, é possível repensar as práticas de educação em saúde sobre o uso de medicamentos e as políticas públicas que têm como objetivo aumentar a qualidade de vida da população no seu processo natural de envelhecimento.
Características das vítimas de acidente de transporte terrestre, lesões e benefícios concedidos entre segurados do Instituto Nacional do Seguro Social de Cambé em 2011
Flávio Henrique Muzzi Sant'anna, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 27/07/2012
Introdução: Acidentes de transporte terrestre são notórios causadores de morbimortalidade na atualidade. A análise desses agravos entre os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é pertinente para se compreender a natureza desse fenômeno e lhe vislumbrar soluções, a partir de estrato economicamente ativo da realidade brasileira. Objetivo: Analisar as características das vítimas de acidentes de transporte terrestre, lesões e benefícios concedidos entre segurados do INSS de Cambé (PR) em 2011. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo e transversal. A população foi composta por segurados do INSS vítimas de acidentes de transporte terrestre, que tiveram benefício concedido em perícia médica inicial na Agência da Previdência Social de Cambé em 2011. Utilizaram-se os sistemas SUIBE, PLENUS e SABI como fontes de dados, os quais foram transcritos em formulário específico e digitados duplamente no programa Epi Info®. Os dois primeiros sistemas forneceram informações necessárias para exclusão de homônimos e para levantamento dos valores dos benefícios. Por meio do SABI foi possível acesso aos laudos médicos das perícias consideradas na casuística. Resultados: Das 241 vítimas analisadas, 81,7% eram do sexo masculino, 71,1% tinham entre 18 e 39 anos, e 76,3% residiam em Cambé. Quanto às características relacionadas às profissões das vítimas, 75,9% eram empregados, sendo que mais da metade (55,2%) eram trabalhadores da indústria e do comércio. Dos acidentes de transporte, 96,7% foram acidentes de trânsito, tendo como dias mais frequentes de ocorrência o sábado (23,7%) seguido do domingo (17,8%). Das vítimas, 79,3% eram condutores, prevalecendo em ambos os sexos, sendo maior no masculino (85,6%) do que no feminino (58,1%). Os ocupantes de motocicletas prevaleceram (72,2%), tendo como tipos de acidentes mais comuns as colisões de carros com motos (29,9%) e as quedas de motos (25,7%). Das lesões, 80,5% foram fraturas, sendo os membros os segmentos mais afetados (89,6%), seguidos da cabeça (5,4%). Dos acidentes, 19,9% foram de trabalho, sendo que desses, 70,8% foram de trajeto. Em relação ao tempo de incapacidade, prevaleceu de 91 a 120 dias (33,2%). Dos valores mensais em benefícios, 87,6% estiveram entre R$ 545,00 e R$ 1.107,52, tendo o gasto total chegado a R$ 818.503,27. Conclusão: O perfil dessa população em muito se assemelha com a população em geral envolvida em acidentes de transporte terrestre, sobretudo de trânsito. Entretanto, como se trata de população específica, e a qual reflete estrato economicamente ativo da população, medidas preventivas e intervenções específicas podem ser direcionadas a partir desses achados. Propõe-se a Cartilha Paz no Trânsito como forma de intervenção na realidade pela mudança de comportamento e das relações humanas no trânsito.
Caracterização dos gerentes e práticas gerenciais na atenção primária à saúde em municípios de pequeno porte da região norte do Paraná
Regina Hitomi Fukuda Ohira, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 01/08/2012
Com o processo de municipalização, decorrente da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), torna-se necessário a organização local para garantir a saúde como direito da população. O objetivo deste estudo é caracterizar o perfil dos gerentes da atenção primária à saúde (APS) e descrever as práticas gerenciais nos serviços de APS em 49 municípios de pequeno porte das 16ª, 17ª e 18ª Regionais de Saúde do Paraná. Trata-se de um estudo de natureza descritiva, no qual foi aplicado questionário semi-estruturado para 90 gerentes. Para análise estatística, utilizou-se o programa EpiInfo 3.5.1, e o desfecho nos resultados não foi homogêneo, visto que algumas questões não obtiveram 100% de respostas dos participantes. O perfil dos gerentes aponta 91,1% do sexo feminino, 50,0% com idade predominante entre 21 a 30 anos e 75,6% pós graduados. Quanto ao ingresso no emprego, 70,0% foram por meio de concurso público/teste seletivo, com atuação profissional de 40,0% acima de 5 anos, 43,4% inseridos na APS acima de 5 anos e 32,2% na unidade básica de saúde atual há menos de 1 ano. Sobre treinamento específico para desempenho da função gerencial, 71,1% não fizeram nenhum curso, mas 37,7% já atuaram como gerentes. Quanto às práticas gerenciais citadas, 85,6% realizavam reunião com a equipe; 77,8% conheciam metas e indicadores de saúde de 2010; 73,3% planejavam as ações; 70,0% realizavam reunião com a comunidade; 64,5% discutiam as metas e indicadores com os trabalhadores da unidade; 61,1% conheciam os indicadores de saúde de 2009; 61,1% realizavam avaliação das ações e serviços de saúde; 54,4% realizavam educação permanente em saúde com os trabalhadores, mas somente 37,8% realizavam avaliação dos trabalhadores. Conclui-se que o cargo de gerência não está instituído, os participantes realizavam práticas gerenciais informalmente e há falta de profissionalização para o desempenho desta função já que somente 23,3% relataram ter feito curso de gestão.
Epidemia da infecção pelo vírus influenza A/H1N1 em municípios do norte do Paraná em 2009
Ronaldo Silveira Paiva, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 15/08/2012
Em 2009 ocorreu a circulação de um novo vírus influenza (tipo A subtipo H1N1), que rapidamente evoluiu para uma pandemia e apresentou diferentes comportamentos epidemiológicos nos países e nas regiões do Brasil. Este trabalho procurou descrever o comportamento epidemiológico deste vírus pandêmico nos municípios que compõem a 17a Regional de Saúde do Estado do Paraná no ano de 2009. Foi realizado estudo observacional e a população pesquisada foi formada pelos casos notificados de Influenza Pandêmica (H1N1) 2009 nos municípios da região em 2009. A fonte de informação foi o banco de dados da 17ª Regional de Saúde. Os resultados do trabalho mostraram que foram confirmados 14.606 casos na região, sendo 562 confirmados laboratorialmente. A grande maioria dos casos ocorreu em indivíduos jovens, sendo 67,3% dos casos em pessoas com menos de 30 anos. A faixa etária que acumulou o maior número de casos foi a com idade entre 20 e 29 anos, com 22,8% dos casos. A maior incidência por faixa etária foi a de crianças com menos de 3 anos (4.616,68 casos/100.000 habitantes). Os adultos com idade entre 50 e 59 anos foram o grupo com o maior coeficiente de mortalidade por faixa etária. Houve predomínio dos casos no sexo feminino (54%). O pico do número de casos na região no ano de 2009 foi na semana 35. As comorbidades mais frequentes foram a pneumopatia crônica (11,41%), hipertensão arterial sistêmica (3,43%) e cardiopatia crônica (3,11%). Do total de pacientes, 7,72% eram tabagistas e 2,53% gestantes. Houve grande variação dos coeficientes de incidência, coeficiente de mortalidade, taxa de hospitalização e taxa de letalidade entre os municípios da região. Os fatores associados à hospitalização, síndrome respiratória aguda grave e óbito foram semelhantes a estudos nacionais e internacionais. O estudo mostrou que o coeficiente de incidência e algumas características demográficas da doença na região foram semelhantes ao estado do Paraná, porém a mortalidade e a letalidade apresentaram valores bem inferiores ao estado, mais próximas aos dados nacionais. Tais resultados indicam a importância de estudos epidemiológicos regionais para a correta dimensão das doenças nestes locais.
Dermatomicoses em idosos de uma instituição de longa permanência em Londrina, Paraná
Marcia Cristina Moreira Menoncin, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 18/12/2013
O crescimento da população idosa tem incentivado medidas políticas para a melhoria da saúde e da qualidade de vida de idosos em instituições de longa permanência. Este estudo teve como objetivo analisar as dermatomicoses em idosos de uma instituição de longa permanência do município de Londrina – Paraná. Os dados foram coletados mediante aplicação de formulário e exame físico da pele e das mucosas. A população foi constituída por 89 indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, com idade média de 75,6 anos e tempo médio de institucionalização de 7,2 anos. O sexo masculino representou 57,3% dos indivíduos e o feminino, 42,7%. A maior parte (61,8%) estava alocada em enfermarias, devido ao maior grau de dependência funcional. Identificou-se elevada prevalência das dermatomicoses (67,4%), sendo mais frequentes nos idosos masculinos, responsáveis por 66,4% dos casos. A maioria apresentou apenas uma infecção, e os pés foram o local de maior detecção (48,3%). Observou-se associação entre a presença de infecção e o tipo de habitação, com maior prevalência na população dos quartos, considerada funcionalmente independente e cujos cuidados de higiene eram realizados de forma autônoma. Apenas 7% dos idosos infectados se queixaram de prurido no local da lesão. Concluiu-se que as dermatomicoses são desordens de grande representatividade na população idosa institucionalizada e que medidas preventivas precisam ser reconhecidas e implementadas, destacando-se a monitorização e supervisão do autocuidado praticado por idosos independentes.
Avaliação da atenção às pessoas com hipertensão e ou diabetes no município de Cambé – PR
Bárbara Radigonda, Regina Kazue Tanno de Souza, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 27/02/2014
Introdução: O perfil de morbidade e de mortalidade caracterizado pelas doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial e diabetes mellitus, que são eventos significativos à demanda dos serviços de saúde, exige a adoção de ações adequadas e oportunas. Objetivo: Este estudo buscou avaliar a atenção às pessoas com diabetes mellitus e/ou hipertensão arterial pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município de Cambé – PR. Material e métodos: A população de estudo foi constituída por 687 pessoas com hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus identificados em estudo de base populacional (VIGICARDIO). Determinou-se como dimensões de avaliação: o reconhecimento do indivíduo pela unidade, o acompanhamento e atendimento prestado e o controle da pressão arterial e/ou da glicemia. Para avaliar as dimensões foram analisados o prontuário, as Fichas A e B do Sistema de Informação da Atenção Básica, o cartão de aprazamento e a ficha do SIS HiperDia. Foi construída uma matriz de indicadores cujos resultados verificados foram comparados ao padrão estabelecido. Os resultados foram julgados de acordo com os percentuais obtidos: excelente (100-90%), satisfatório (89-70%), regular (69-50%) e crítico (<50%). Realizou-se também análise dos fatores associados ao reconhecimento, cobertura de consulta médica e controle da pressão arterial. Resultados: Verificou-se reconhecimento abaixo do desejável (63,7%). A frequência de reconhecimento foi mais elevada entre as mulheres, indivíduos com 60 anos ou mais, com baixa escolaridade, pertencentes à classe econômica C, D ou E, que não trabalham, consideram seu estado de saúde regular, ruim ou muito ruim e que utilizam a UBS. O acompanhamento foi caracterizado pela consulta médica com baixo registro de consulta de enfermagem. Observou-se que a proporção de realização de pelo menos uma consulta médica nos últimos 12 meses foi significativamente mais elevada entre as mulheres, nos indivíduos com baixa escolaridade, pertencentes à classe econômica C, D ou E e que utilizam a UBS. A análise do atendimento revelou registro precário de atividades técnicas e orientações. A frequência de controle da pressão arterial foi significativamente maior entre as mulheres, indivíduos com baixa escolaridade e em pessoas com baixo risco cardiovascular. A maioria dos indicadores de todas as dimensões obtiveram resultados considerados regulares ou críticos. Conclusão: Os resultados indicam que o processo de atenção às pessoas com hipertensão e/ou diabetes está direcionado principalmente aos indivíduos que utilizam a UBS e apontam a necessidade de outras estratégias para melhorar a qualidade da atenção e ampliar a inserção da população ainda não contemplada pelo serviço.
Adaptação transcultural e validação da ferramenta “Newest Vital Sign” para avaliação do letramento em saúde em professores.
Renne Rodrigues, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 07/03/2014
Letramento em saúde (LS) é uma habilidade cognitivo-intelectual para obtenção e processamento de informações em saúde. Constitui um fator que pode influenciar diferentes desfechos em saúde, uma vez que se baseia em capacidades cognitivas essenciais para o entendimento de informações sobre saúde. Por essa razão, estudos que investigam o LS têm sido realizados em diferentes populações, evidenciando-se associações com estilo de vida, comorbidades e mortalidade. Nesse contexto, os professores constituem um grupo populacional de especial interesse, pois avaliar o LS desses profissionais poderia ajudar a compreender certas relações entre saúde, estilo de vida e o trabalho docente e, além disso, a identificar hábitos e comportamentos modificáveis e subgrupos que necessitem de maior atenção à saúde. Até o presente momento, não se encontra no Brasil instrumento validado adequado para a avaliação do LS em professores. Assim, este trabalho visa à adaptação transcultural e validação, para aplicação em professores, da ferramenta de avaliação do LS Newest Vital Sign, composta por seis questões e de aplicação simples e rápida. Foram seguidas as etapas para adaptação transcultural: tradução, retradução e revisão por um Comitê de Especialistas. O teste de validação final foi realizado em 301 professores de educação básica da rede estadual de ensino de Londrina, Estado do Paraná, Brasil, avaliando-se consistência interna e validade de constructo. Como resultado, a ferramenta em validação apresentou boa adaptação transcultural, com alfa de Cronbach de 0,74. A validade de constructo foi evidenciada frente às características da população, de modo que o LS inadequado associou-se à maior idade, não observação de informações nutricionais e pior estado de saúde autorreferido. Com base nesses resultados, concluiu-se que a ferramenta Newest Vital Sign, na versão em Português do Brasil (NVS-BR), possui boa validade em professores da educação básica e pode ser utilizada para rastreamento de letramento em saúde inadequado.
Níveis de manganês e fatores associados em população urbana com 40 anos ou mais em município do Sul do Brasil
Ana Lívia Carvalho da Silva Fukushigue, Monica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 13/03/2014
O manganês (Mn) é um elemento traço essencial. Porém, em determinadas concentrações pode ser tóxico à saúde humana. Os efeitos adversos ocasionados por altas exposições ao Mn, principalmente em ambientes ocupacionais, são bem conhecidos e documentados. Entretanto, os relacionados à exposição ambiental, apesar de epidemiologicamente evidentes, são poucos conhecidos. Nesse contexto, os estudos de biomonitorização humana podem ser usados para identificar e quantificar a exposição e o risco ao metal. Diante disso, esse estudo objetivou estabelecer os níveis basais de Mn em sangue e verificar a ocorrência de uma possível associação entre os níveis sanguíneos de Mn e fatores sociodemográficos, econômicos, relacionados ao estilo de vida e hipertensão. Trata-se de um estudo transversal de base populacional, com uma amostra representativa, integrante do projeto “Doenças Cardiovasculares no Estado do Paraná: mortalidade, perfil de risco, terapia medicamentosa e complicações”- VIGICARDIO. Investigou-se 958 indivíduos de 40 anos ou mais, residentes em uma área urbana de um município do sul do Brasil. As concentrações sanguíneas de Mn foram determinadas pela técnica de Espectrometria de Massas com Plasma de Argônio indutivamente Acoplado (ICP-MS). A pressão arterial sistólica e diastólica foi aferida por meio do equipamento digital Omron HEN 742 de acordo com as orientações da VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. A média e a mediana referente aos níveis sanguíneos de Mn foram 12,6 e 12,3 µg.L-1 , respectivamente. Verificou-se que os níveis de Mn tendem a diminuir com a idade (p< 0,05). No entanto, não houve correlações entre as concentrações do metal e as demais variáveis. O presente estudo contribui para a determinação dos valores basais de Mn em sangue na população urbana no Brasil, o que é fundamental para a identificação de grupos populacionais de risco, quando apresentarem desvios em relação à média da população. Este estudo reforça o caráter preventivo da Saúde Ambiental.
Condições de trabalho, cargas de trabalho e absenteísmo em professores da rede pública do Paraná
Natália Paludeto Guerreiro, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes, Alberto Durán González
Data da defesa: 28/03/2014
Cada vez mais é necessário aprofundamento e compreensão da dinâmica entre trabalho e saúde, e na profissão docente não é diferente. Apesar de ser considerado trabalho intelectual, ele demanda uma série de exigências físicas e psíquicas que somadas às condições de trabalho desfavoráveis, podem desencadear o adoecimento e ter como consequência o absenteísmo. Este estudo teve como objetivo analisar condições de trabalho, cargas de trabalho e absenteísmo em professores. Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal quantitativo e integrou um projeto chamado “Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da Rede Pública do Paraná” PRÓ-MESTRE. A população de estudo foi constituída por 1061 professores do ensino fundamental e/ou ensino médio das 20 maiores escolas da rede estadual de ensino da cidade de Londrina - PR, sendo entrevistados 978 professores. A coleta de dados foi realizada entre agosto de 2012 e julho de 2013 por estudantes de graduação, mestrado e doutorado envolvidos no projeto, utilizando um formulário de entrevista e um questionário. A maioria dos professores entrevistados era do sexo feminino (68,5%), viviam com companheiros (60%), com média de idade de 41,5 anos (DP 10) e possuíam pós-graduação nível especialização (73,1%). Quanto às características profissionais, 68,7% eram estatutários e 31,3% não estatutários, 42,9% trabalhavam em até dois locais de trabalho, 64,2% lecionavam em pelo menos dois turnos e 41,7% atuavam tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio. Mais de 80% dos professores relataram bom relacionamento com os superiores, professores e alunos. Aspectos como remuneração (62,8%), quantidade de alunos por sala (68,4%), manutenção e conservação de equipamentos (50,8%), infraestrutura para preparo de atividades (52,5%) e infraestrutura predial (51,5%) foram relatados como negativos (ruim/regular). Em relação às cargas de trabalho, a exposição ao ruído dentro da sala de aula (61,5%), o tempo que permanece em pé (52,7%), as condições para escrever no quadro de giz (42,6%), o ritmo e a intensidade do trabalho (50,3%), o número de tarefas realizadas e a atenção e responsabilidades exigidas (51,4%), assim como o tempo disponível para preparar as atividades (60,9%), afeta muito sua saúde e condições de trabalho. O absenteísmo foi referido por 51,9% dos entrevistados, e os principais motivos de afastamento foram: problemas respiratórios (20,7%), problemas osteomusculares (13,8%) e transtornos mentais (10,8%). Estes fatores sinalizaram sobre as condições de trabalho e saúde dos professores da rede Estadual do Paraná, podendo servir como subsídio para o desenvolvimento de políticas públicas que visem melhorias, modificando não só o cenário em que estão inseridos, como também, valorizando seu papel e sua importância perante a sociedade.
Prevalência, reconhecimento, tratamento medicamentoso e controle da hipertensão arterial e do diabetes mellitus no município de Cambé – PR.
Camila Rocha Machado, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 25/04/2014
Introdução: As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Entre os fatores de risco modificáveis destacam-se o diabetes mellitus e a hipertensão arterial. Conhecer as taxas de reconhecimento dessas condições na população, bem como de seu controle por meio da terapia medicamentosa pode aprimorar as medidas de detecção e acompanhamento na atenção básica. Objetivo: Analisar a prevalência, o reconhecimento, o tratamento, e o controle da hipertensão arterial e do diabetes mellitus na população de 40 anos ou mais residente no município de Cambé-PR. Método: Estudo transversal de base populacional, com 1.180 participantes com 40 anos ou mais, residentes na área urbana do município de Cambé, Paraná. O diabetes mellitus foi determinado por meio do autorrelato, uso de hipoglicemiantes ou glicemia em jejum alterada e a hipertensão arterial pelo autorrelato e uso de medicamentos não específicos, uso de medicamentos específicos ou aferição da pressão arterial. Resultados: A prevalência de hipertensão foi de 56,4%, desses 70,7% reconheciam, entre os que reconheciam 83,8% tratavam e dos que tratavam 38,4% estavam com os níveis pressóricos normais. Quanto ao diabetes, a prevalência encontrada foi de 13,7%, dos quais 65,2% conheciam a condição, destes 88,4% tratavam e entre os que tratavam 34,2% estavam com os valores da glicemia em jejum abaixo de 126mg/dl. Os fatores associados ao reconhecimento da hipertensão foram não exercer atividade ocupacional (p=0,003), não consumir álcool de maneira excessiva (p=0,047), utilizar a Unidade Básica de Saúde (p=0,005), consultar o médico (p<0,001), ser obeso (p=0,005) e ter diabetes (P<0,001). Considerações finais: Os resultados indicam alta prevalência de hipertensão arterial e elevada frequência de tratamento medicamentoso entre os que reconhecem. Porém, apontam a necessidade de estratégias voltadas para melhorar o reconhecimento da hipertensão e do diabetes e principalmente do controle entre os que tratam, no sentido de aumentar o impacto das ações de saúde na qualidade de vida e na ocorrência de eventos cardiovasculares na população.