Uso de Substâncias Psicoativas e Condição de Saúde Bucal de Adolescentes em Conflito com a Lei
Marcela Aparecida Tasso Pereira, Dinarte Ballester
Data da defesa: 02/03/2012
O despertar para a adolescência e as mudanças de hábito implicam em riscos para a saúde bucal. O objetivo deste estudo foi de verificar as condições de saúde dos adolescentes do CENSE (Centro de Socioeducação) - Foz do Iguaçu com ênfase no uso de substâncias psicoativas e sua influência na saúde bucal. O estudo transversal foi realizado com participantes de 12 a 18 anos de idade (n=114), em internação provisória entre os meses de outubro de 2010 e março de 2011. Foram realizadas entrevistas e exames por um cirurgião dentista calibrado, buscando avaliar as condições socioeconômicas, o uso de substâncias psicoativas e aspectos de saúde bucal através dos índices CPOD (conforme recomendações da OMS) e o instrumento utilizado para mensurar o impacto das condições bucais na qualidade de vida dos adolescentes no último ano foi o Oral Health Impact Profile (OHIP-14). Foi feita análise descritiva dos dados e aplicação do teste qui-quadrado. A maioria dos entrevistados (62,3%) era de pardos ou negros, com renda familiar até um salário mínimo (50,9%) e não freqüentava a escola (63,2%). Entre os entrevistados, 78,1% fez uso de substâncias psicoativas no mês anterior à apreensão. As substâncias consumidas por mais dias no mês foram o tabaco (12 dias) e a maconha (11 dias), e a idade média de início de uso foi de 13,5 anos (DP±1,18). Com relação à saúde bucal 31,2% nunca foram ao dentista, o índice CPOD médio encontrado foi 5,16 (DP±3,34), 12,3% eram livres de cárie e 29,9% apresentaram índice CPOD maior que 6,0. Entre os adolescentes entrevistados 90% apresentou algum tipo de impacto da saúde bucal na qualidade de vida referida, medido pelo OHIP-14 , 60% relatou já ter sentido dor nos dentes ou boca e 62% já se preocupou com os problemas bucais. A variável renda familiar baixa (p=0,01) e a presença de conflitos familiares (p=0,01) apresentaram significância com relação ao uso de substâncias psicoativas. Nesta pesquisa os indivíduos que faziam uso de substâncias psicoativas apresentaram proporcionalmente um maior impacto referido da saúde bucal na qualidade de vida, e ainda quanto maior o consumo durante o mês maior foi o impacto na saúde bucal entre os adolescentes do CENSE-FI. Clinicamente os indivíduos que não fizeram uso de substância apresentaram maior proporção de elementos dentais livres de cárie, enquanto os que fizeram uso apresentaram número maior de problemas dentais. Conclui-se que os adolescentes em internação provisória no CENSE-FI apresentaram uma condição de saúde bucal pouco satisfatória, com alta prevalência de impacto na qualidade de vida em decorrência de problemas bucais. O uso de substâncias psicoativas entre os adolescentes avaliados pode ter influenciar negativamente a saúde bucal.
Acolhimento da população negra em sofrimento psicossocial pelo candomblé de Londrina-PR
Jackeline Lourenço Aristides, Regina Melchior, Dinarte Ballester
Data da defesa: 07/03/2012
Os negros vivem uma relação de desigualdade socioeconômica em comparação aos brancos, e isto está diretamente relacionado ao processo saúde doença também desigual para aquelas pessoas. Como forma de enfrentamento à às mazelas da escravidão as comunidades de terreiro ficaram conhecidos lócus de produção cultural e política, bem como espaço de produção de saúde. O candomblé, assim como outras religiões de matriz africana utilizam o acolhimento em seu cotidiano, e esse termo é utilizado na atenção e escuta aos sujeitos em sofrimento psicossocial nesses espaços. Para compreender esse acolhimento foram entrevistadas seis líderes do candomblé do município de Londrina- PR. Para a interpretação das falas foi utilizada a análise de discurso que segundo Pêcheux (1998) compreende considerar a interdiscursividade, ou seja, uma fala individual é carregada de vários sujeitos e de um contexto histórico e ideológico.O acolhimento nos remete à iniciação orixá, conforto espiritual, prática de banhos com ervas medicinais, cuidado aos grupos sociais específicos, abordagem em doenças sexualmente transmissíveis, encaminhamento aos serviços especializados. As formas de sofrimento psicossocial mais referidas pelas pessoas acolhidas segundo o relato das líderes, ora possuíam classificação médica como o etilismo e a depressão, ora eram subjetivações do sofrimento como “perturbação” e estresse. O acolhimento do sofrimento psicossocial traz significados como a dialética do material e do espiritual, visita domiciliar, fragilidade da continuidade na linha do cuidado e racismo e preconceito racial como causadores de sofrimento. Este trabalho avança na perspectiva de apontar a necessidade de trabalho em rede, de desconstrução da hospitalização psiquiátrica e da medicalização, e do enfrentamento do preconceito frente ao candomblé. Possibilita também compreender como a população negra busca apoio frente ao sofrimento psicossocial.
Tendência das taxas de internação em menores de cinco anos no período de 1999 a 2010 em Londrina – PR
Kécia Costa, Ana Maria Rigo Silva, Wladithe Organ de Carvalho
Data da defesa: 26/03/2012
A atenção integral à criança constitui uma prioridade entre as políticas de saúde e um desafio para os gestores. A internação pediátrica gera custos para o sistema de saúde além de consequências físicas e emocionais para a criança e sua família. Conhecer a tendência da morbidade hospitalar infantil permite identificar os principais agravos e possíveis fatores de prevenção, assim subsidia o planejamento e priorização das ações de saúde e intersetoriais. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a tendência das taxas de internação em menores de cinco anos, residentes no município de Londrina, no período de 1999 a 2010. Os dados foram obtidos no sítio eletrônico do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS. As variáveis selecionadas foram: faixa etária, sexo, natureza e regime do hospital, tempo de permanência, causa da internação e ocorrência do óbito. Para a caracterização das internações, os anos do período de estudo foram agrupados em triênios e utilizada estatística descritiva. As taxas de internação foram calculadas por todas as causas segundo capítulos da CID-10, por sexo e diagnósticos da lista de condições sensíveis à atenção primária (CSAP). Em cada faixa etária calcularam-se as taxas segundo capítulos da CID-10 e lista de CSAP. Para a análise de tendência das taxas, aplicou-se o modelo linear através do programa SPSS 19.0. Durante o período de estudo, ocorreram 45.195 internações financiadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em crianças menores de cinco anos, o que representou 11,56% do total de internações SUS no município. As hospitalizações foram mais frequentes na faixa etária de 1 a 2 anos (cerca de 32%) e sexo masculino (55%). Mais de 80% das internações tiveram duração máxima de 7 dias, e o óbito ocorreu em aproximadamente 2%. A análise de tendência mostrou declínio das taxas de internação em crianças menores de cinco anos, redução de 4,87 internações por 1000 crianças/ano. O mesmo ocorreu em todas as faixas etárias, exceto para o período neonatal. As doenças do aparelho respiratório apresentaram as maiores taxas, exceto no período neonatal e manteve-se estável no período neonatal e pósneonatal. As doenças infecciosas e parasitárias destacaram-se pela redução, principalmente no período pós-neonatal, com decréscimo de 1,19 internações por 1000 crianças/ano, porém apresentou estabilidade na faixa etária de 3 a 4 anos. A evolução das internações por CSAP nos menores de cinco anos também apresentou tendência decrescente exceto para o período neonatal. O principal grupo de CSAP foram as pneumonias. O decréscimo das taxas apontam para a melhoria das condições de saúde infantil devido possivelmente à implantação de estratégias de atenção direcionadas à saúde da criança neste período. Outros estudos serão necessários para relacionar as hipóteses levantadas com a efetiva diminuição das internações, além de outros que busquem avaliar a qualidade dos serviços de atenção primária à criança, que tem como objetivo a prevenção de agravos e hospitalização.
A Residência Multiprofissional em Saúde da Família: o olhar do trabalhador de saúde
Carolina Milena Domingues, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 02/04/2012
A Residência Multiprofissional em Saúde da Família (RMSF) surge como uma das possibilidades de integração ensino-serviço com vistas a formação dos profissionais de saúde para atuar na Estratégia Saúde da Família (ESF). Para a consolidação da proposta da RMSF, uma vez que ela forma os profissionais no ambiente de trabalho real, torna – se imprescindível a participação do trabalhador de saúde na produção de serviços integrada ao ensino. Nesse sentido, este estudo buscou revelar a percepção dos trabalhadores das Unidades de Saúde da Família (USF) sobre a RMSF e sobre a atuação destes profissionais na formação dos residentes. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado com trabalhadores de saúde atuantes em Unidades de Saúde da Família (USF) contempladas com a inserção dos residentes da RMSF, em Londrina-PR. Os dados foram coletados entre janeiro e fevereiro de 2011 por meio de entrevistas semi-estruturadas e submetidos a análise de discurso proposta por Martins e Bicudo. Da análise das entrevistas emergiram três categorias: concepções e contribuições da RMSF para mudança do processo de trabalho do trabalhador de saúde da USF; dificuldades percebidas no processo de inserção da RMSF nas USF e participação do trabalhador de saúde no processo de formação do residente. Os discursos revelaram que o significado da RMSF para o trabalhador de saúde permeou o âmbito das concepções sobre o curso, como o fortalecimento das ações pautadas na integralidade, na realização do trabalho em equipe multiprofissional, na potencialização da escuta qualificada, do vínculo, da prevenção, com junção da teoria com a prática. Estas concepções desencadearam a percepção sobre o projeto como uma contribuição que transcende a formação do residente para também mudar as práticas do trabalhador de saúde, consolidando a ESF de acordo com os ideários do SUS. Apesar do significado da residência para os trabalhadores, houve dificuldades no processo de inserção dos residentes nas unidades. Os participantes do estudo enfatizam dentre os percalços sentidos durante o primeiro ano do curso, as formas de inserção dos residentes de Enfermagem e Odontologia nas USF, que aconteceu mediante a saída de profissionais do serviço já atuantes nas equipes para dar lugar aos alunos, e a indefinição do papel dos residentes das categorias profissionais que não atuavam na unidade anteriormente. A principal dificuldade percebida no decorrer dos anos foi o fato do residente assumir a responsabilidade pela assistência e pela USF como um profissional com vínculo empregatício. Ficou evidente na fala dos participantes, a sua grande participação na formação do residente, constituindo-se em um dos atores do curso com maior envolvimento nas atividades cotidianas dos alunos, principalmente por sua experiência e vivência na prática do processo de trabalho de uma unidade. Espera-se que os resultados deste estudo colabore para o conhecimento do cenário de atuação do projeto da RMSF em Londrina, além de enriquecer as produções científicas sobre o tema para manutenção do curso como estratégia na formação do trabalhador para atuar na ESF.
Não adesão ao tratamento medicamentoso contínuo e fatores associados: estudo de base populacional
Fellipe Assan Remondi, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 26/04/2012
Este trabalho investiga os fatores associados a não adesão à terapia medicamentosa contínua, entre eles a complexidade da farmacoterapia, em indivíduos de 40 anos e mais de idade. Foi realizado um inquérito transversal de base populacional em Cambé/PR. A adesão à terapia foi avaliada pela escala de 4 itens de Morisky, Green e Levine e a complexidade pelo Índice de Complexidade da Farmacoterapia. Analisaram-se também variáveis sociodemográficas, de condições de saúde, de utilização dos serviços de saúde e do uso de medicamentos. Após análise bruta, foram construídos modelos multivariados de regressão linear generalizada de Poisson com estimação robusta da variância para descrever a associação entre as variáveis e a não adesão. Foram entrevistados 1180 indivíduos, dos quais 78% utilizaram medicamentos nos 15 dias anteriores a entrevista e em 55% registrou-se o uso contínuo. Foram analisados 639 indivíduos, com predominância do sexo feminino, idade entre 40 e 59 anos, baixa escolaridade. A cobertura da Estratégia de Saúde da Família foi de 57,6% e 14,5% dos entrevistados relataram ter tido descontinuidade no acesso aos medicamentos. A resposta mais frequente dentre as perguntas realizadas para mensurar a não adesão foi a referente aos esquecimentos (45,9%). A prevalência de não adesão foi de 63,5%. A complexidade terapêutica teve valor médio de 8,1 pontos, e adotou-se o percentil 80 para definição dos casos de maior complexidade. Após análise ajustada, permaneceram associados a não adesão (p<0,05): não ser acompanhado pelo agente comunitário de saúde, ter tido descontinuidade no acesso aos medicamentos e a elevada frequência de utilização dos medicamentos ao longo do dia. Os resultados indicam uma alta prevalência da não adesão com possíveis impactos negativos para os indivíduos e para a sociedade. A partir destes dados, se fazem necessárias estratégias que visem potencializar o trabalho das equipes de saúde da família, a garantia do acesso gratuito e contínuo aos medicamentos e a simplificação do número de doses diárias para minimização deste problema de saúde pública.
Características antropométricas de crianças de 6 a 23 meses de idade e fatores associados a desvios nutricionais
Cybele Renata Trevisan e Silva, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 27/04/2012
O crescimento infantil é um dos melhores indicadores de saúde e seu acompanhamento constitui uma das prioridades na atenção a esse grupo populacional. O objetivo geral desse trabalho foi realizar uma avaliação antropométrica de crianças de seis a vinte e três meses de idade residentes na área de abrangência de uma unidade básica de saúde (UBS) de Londrina-PR e identificar fatores associados aos desvios nutricionais. Como objetivo complementar, comparou-se a avaliação do estado nutricional utilizando-se os referenciais NCHS de 1977 e OMS de 2006. Estudo transversal, com amostra de 268 crianças identificadas no SINASC, Ficha A e outros registros do serviço. Os desfechos estudados foram excesso de peso e baixa estatura, definidos por meio de percentil e escore z, segundo referencial proposto pela OMS em 2006. As variáveis independentes foram as relacionadas às crianças, às mães, às condições sociossanitárias, ao acesso ao serviço e a algumas características alimentares. Realizou-se análise descritiva, e, para a associação entre as variáveis, foi utilizado o teste de qui-quadrado, com correção de Yates e teste exato de Fisher. Entre as crianças avaliadas, observou-se maior proporção de sexo masculino (53,7%), de peso adequado de nascimento (94,8%) e de crianças que são cuidadas pela mãe (63,1%). A maioria das crianças faz acompanhamento na UBS (75,4%), e 91,7% iniciaram a puericultura antes de 30 dias de vida. Encontrou-se também uma frequência alta de ingestão de biscoitos salgados industrializados (59,3%), refrigerante (59,7%) e doces (69,4%). Na avaliação antropométrica verificou-se prevalência de 14,9% de risco de sobrepeso, 7,1% de sobrepeso e obesidade, 2,6% de déficit de peso e 4,1% de baixa estatura. Na comparação entre os dois referenciais, verificou-se maior sensibilidade do referencial OMS de 2006 tanto no diagnóstico de excesso de peso na relação peso para estatura, quanto no de baixa estatura. Os fatores que se associaram significativamente na análise bivariada ao excesso de peso no índice peso para estatura foram: quem cuida a maior parte do tempo da criança não é a mãe, trabalho materno e a não convivência da mãe com o companheiro. Em relação ao déficit de estatura, a prevalência do desfecho foi significativamente mais elevada entre as crianças cujo cuidador não é a mãe. A maior importância do excesso de peso em relação ao déficit sugere transição nutricional em curso, e o seu envolvimento com doenças crônicas não transmissíveis aponta a necessidade de ações efetivas em faixas etárias de vida cada vez mais precoces.
Incapacidade funcional entre adultos de 40 anos ou manis idade: Estudo de base populacional
Cristhiane Yumi Yonamine, Tiemi Matsuo, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 30/05/2012
O envelhecimento populacional é um fenômeno que concorre para um aumento da prevalência das doenças crônicas e da incapacidade funcional. Envelhecer mantendo todas as funções não significa problema para o indivíduo ou para a comunidade, entretanto, quando a autonomia funcional começa a deteriorar, os problemas começam a surgir. A incapacidade funcional é um importante indicador de saúde, uma vez que reflete a piora da qualidade de vida e os graves impactos sociais, tais como a institucionalização e o aumento do uso de serviços de saúde. O presente estudo teve por objetivo analisar a prevalência e os fatores associados à incapacidade funcional entre adultos residentes na região urbana do município de Cambé, Paraná. Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, realizado com adultos de 40 anos ou mais de idade, no período de fevereiro a junho de 2011. As variáveis dependentes pesquisadas foram os fatores associados à dificuldade de subir e descer escadas e os fatores associados à autonomia funcional em dois grupos etários. A população foi composta de 1336 sujeitos elegíveis, dos quais 1180 foram entrevistados. A prevalência da incapacidade funcional encontrada nas atividades básicas de vida diária apresentou-se baixa e aumentou progressivamente com a idade. As dificuldades mais frequentes referem-se às atividades de urinar (5%), subir e descer escada (24%), ler ou enxergar (78,3%), memorizar (28,9%) e lavar roupa (23,4%). Os fatores associados à dificuldade de subir e descer escada foram: ser do sexo feminino, não ter trabalho remunerado, pertencer à classe econômica C, D ou E, não praticar atividade física no lazer, ter histórico de doenças crônicas, ter histórico de quedas nos últimos 12 meses e ser obeso. Observou-se que 46,5% das pessoas estudadas apresentavam a autonomia funcional preservada e alguns fatores associados à autonomia funcional foram distintos entre idosos e não idosos. Ter trabalho remunerado, praticar atividade física no lazer e não ter histórico de artrite/artrose foram comuns a ambos os grupos, mas a escolaridade e a ausência de histórico de diabetes associaram-se apenas na faixa etária de 40 a 59 anos, enquanto que histórico de problemas na coluna relacionou-se apenas às pessoas de 60 ou mais anos de idade. Os resultados apontam a necessidade de ampliar as ações e as estratégias assistenciais, principalmente na atenção básica, visto a magnitude de algumas dificuldades que interferem na autonomia funcional e os fatores associados à incapacidade e à autonomia funcional.
Uso de medicamentos por mulheres com 40 anos ou mais em município do sul do Brasil
Raphaela Cardoso de Oliveira, Monica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 30/05/2012
Diversos estudos têm demonstrado que as mulheres utilizam mais medicamentos do que os homens, além de os usarem de forma expressiva. Essa pesquisa teve como objetivo conhecer e analisar a prevalência do uso de medicamentos entre as mulheres com 40 anos ou mais residentes no município de Cambé, Paraná. Esse estudo é um recorte do Projeto VIGICARDIO que estuda as “Doenças Cardiovasculares no Estado do Paraná: mortalidade, perfil de risco, terapia medicamentosa e complicações” da Universidade Estadual de Londrina. Compreendeu um estudo transversal de base populacional realizado no município de Cambé, Paraná, no ano de 2011. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas individuais realizadas no domicílio ou em outro local sugerido pelo entrevistado. Foram convidadas 714 mulheres, sendo 642 efetivamente entrevistadas. As perdas totalizaram 3,22% e as recusas, 6,86%. Dentre as mulheres entrevistadas, 85,4% utilizaram algum medicamento nos últimos 15 dias anteriores a entrevista. Foi observada associação bivariada entre o uso de medicamentos e ter 60 anos ou mais (RP=1,11), possuir emprego (RP=1,16), perceber sua saúde ruim ou muito ruim (RP=1,15) mesmo quando comparada com pessoas da mesma idade (RP=1,09), estar na menopausa (RP=1,16), estar acima do peso (IMC=1,08). Além dessas variáveis, as doenças relatadas também apresentaram associação bivariada, foram elas artrite/artrose/reumatismo (RP=1,17), colesterol elevado (RP=1,13), depressão (RP=1,13), diabetes (RP=1,12, hipertensão (RP=1,20) e ter problema de coluna (RP=1,13). Em relação a utilização serviços de saúde, verificou-se resultados estatisticamente significativos para a mulher que consultou o médico nos últimos 2 e 12 meses (RP=1,19 e 1,46, respectivamente) e passou por internação no último ano (RP=1,16). Os grupos farmacológicos mais prevalentes compreenderam os do sistema cardiovascular, sistema nervoso e para o trato alimentar e metabolismo, respectivamente. Os profissionais médico e dentista foram os maiores responsáveis pelas indicações (85,5%). A partir dos resultados obtidos, é possível repensar as práticas de educação em saúde sobre o uso de medicamentos e as políticas públicas que têm como objetivo aumentar a qualidade de vida da população no seu processo natural de envelhecimento.
Características das vítimas de acidente de transporte terrestre, lesões e benefícios concedidos entre segurados do Instituto Nacional do Seguro Social de Cambé em 2011
Flávio Henrique Muzzi Sant'anna, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 27/07/2012
Introdução: Acidentes de transporte terrestre são notórios causadores de morbimortalidade na atualidade. A análise desses agravos entre os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é pertinente para se compreender a natureza desse fenômeno e lhe vislumbrar soluções, a partir de estrato economicamente ativo da realidade brasileira. Objetivo: Analisar as características das vítimas de acidentes de transporte terrestre, lesões e benefícios concedidos entre segurados do INSS de Cambé (PR) em 2011. Metodologia: Trata-se de estudo descritivo e transversal. A população foi composta por segurados do INSS vítimas de acidentes de transporte terrestre, que tiveram benefício concedido em perícia médica inicial na Agência da Previdência Social de Cambé em 2011. Utilizaram-se os sistemas SUIBE, PLENUS e SABI como fontes de dados, os quais foram transcritos em formulário específico e digitados duplamente no programa Epi Info®. Os dois primeiros sistemas forneceram informações necessárias para exclusão de homônimos e para levantamento dos valores dos benefícios. Por meio do SABI foi possível acesso aos laudos médicos das perícias consideradas na casuística. Resultados: Das 241 vítimas analisadas, 81,7% eram do sexo masculino, 71,1% tinham entre 18 e 39 anos, e 76,3% residiam em Cambé. Quanto às características relacionadas às profissões das vítimas, 75,9% eram empregados, sendo que mais da metade (55,2%) eram trabalhadores da indústria e do comércio. Dos acidentes de transporte, 96,7% foram acidentes de trânsito, tendo como dias mais frequentes de ocorrência o sábado (23,7%) seguido do domingo (17,8%). Das vítimas, 79,3% eram condutores, prevalecendo em ambos os sexos, sendo maior no masculino (85,6%) do que no feminino (58,1%). Os ocupantes de motocicletas prevaleceram (72,2%), tendo como tipos de acidentes mais comuns as colisões de carros com motos (29,9%) e as quedas de motos (25,7%). Das lesões, 80,5% foram fraturas, sendo os membros os segmentos mais afetados (89,6%), seguidos da cabeça (5,4%). Dos acidentes, 19,9% foram de trabalho, sendo que desses, 70,8% foram de trajeto. Em relação ao tempo de incapacidade, prevaleceu de 91 a 120 dias (33,2%). Dos valores mensais em benefícios, 87,6% estiveram entre R$ 545,00 e R$ 1.107,52, tendo o gasto total chegado a R$ 818.503,27. Conclusão: O perfil dessa população em muito se assemelha com a população em geral envolvida em acidentes de transporte terrestre, sobretudo de trânsito. Entretanto, como se trata de população específica, e a qual reflete estrato economicamente ativo da população, medidas preventivas e intervenções específicas podem ser direcionadas a partir desses achados. Propõe-se a Cartilha Paz no Trânsito como forma de intervenção na realidade pela mudança de comportamento e das relações humanas no trânsito.
Caracterização dos gerentes e práticas gerenciais na atenção primária à saúde em municípios de pequeno porte da região norte do Paraná
Regina Hitomi Fukuda Ohira, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 01/08/2012
Com o processo de municipalização, decorrente da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), torna-se necessário a organização local para garantir a saúde como direito da população. O objetivo deste estudo é caracterizar o perfil dos gerentes da atenção primária à saúde (APS) e descrever as práticas gerenciais nos serviços de APS em 49 municípios de pequeno porte das 16ª, 17ª e 18ª Regionais de Saúde do Paraná. Trata-se de um estudo de natureza descritiva, no qual foi aplicado questionário semi-estruturado para 90 gerentes. Para análise estatística, utilizou-se o programa EpiInfo 3.5.1, e o desfecho nos resultados não foi homogêneo, visto que algumas questões não obtiveram 100% de respostas dos participantes. O perfil dos gerentes aponta 91,1% do sexo feminino, 50,0% com idade predominante entre 21 a 30 anos e 75,6% pós graduados. Quanto ao ingresso no emprego, 70,0% foram por meio de concurso público/teste seletivo, com atuação profissional de 40,0% acima de 5 anos, 43,4% inseridos na APS acima de 5 anos e 32,2% na unidade básica de saúde atual há menos de 1 ano. Sobre treinamento específico para desempenho da função gerencial, 71,1% não fizeram nenhum curso, mas 37,7% já atuaram como gerentes. Quanto às práticas gerenciais citadas, 85,6% realizavam reunião com a equipe; 77,8% conheciam metas e indicadores de saúde de 2010; 73,3% planejavam as ações; 70,0% realizavam reunião com a comunidade; 64,5% discutiam as metas e indicadores com os trabalhadores da unidade; 61,1% conheciam os indicadores de saúde de 2009; 61,1% realizavam avaliação das ações e serviços de saúde; 54,4% realizavam educação permanente em saúde com os trabalhadores, mas somente 37,8% realizavam avaliação dos trabalhadores. Conclui-se que o cargo de gerência não está instituído, os participantes realizavam práticas gerenciais informalmente e há falta de profissionalização para o desempenho desta função já que somente 23,3% relataram ter feito curso de gestão.