Teses e Dissertações
Organização do trabalho em uma Unidade de Urgência: percepção dos enfermeiros a partir da implantação do acolhimento com avaliação e classificação de risco
Fernanda da Silva Floter Godoy, Mara Lucia Garanhani
Data da defesa: 12/07/2010
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que teve por objetivos conhecer o trabalho de
uma unidade de urgência após a implantação do Acolhimento com Avaliação e
Classificação de Risco (AACR), as repercussões sobre o processo de trabalho do
enfermeiro, os sentimentos vivenciados e as estratégias defensivas utilizadas por
estes profissionais. Participaram da pesquisa dez enfermeiros de um hospital
universitário localizado no interior do Estado do Paraná. A coleta de dados ocorreu
nos meses de julho e agosto de 2009. Foram realizadas entrevistas
semiestruturadas, que continham questões norteadoras fundamentadas no
referencial teórico. Optou-se pela gravação em fita cassete e, em seguida, as falas
foram transcritas na íntegra. Para a análise dos discursos e construção das
categorias, utilizou-se a técnica fundamentada na estrutura do fenômeno situado, e
a discussão foi realizada utilizando algumas contribuições da Psicodinâmica do
Trabalho. A análise das dez entrevistas desvelou quatro categorias, sendo três
analíticas e uma empírica. As categorias versam sobre os temas: processo de
trabalho e as repercussões do AACR em uma unidade de urgência, os sentimentos
vivenciados por estes profissionais, as estratégias defensivas utilizadas pelos
enfermeiros e as atitudes necessárias para o trabalho em uma unidade de urgência
com AACR. O ambiente da unidade de urgência mostrou-se similar às outras
realidades vivenciadas e descritas em literatura. O AACR trouxe modificações
significativas para o processo de trabalho dos enfermeiros, permitindo organizar a
fila de espera e priorizando os casos mais graves. Os sentimentos de prazer foram
identificados como contribuição para o diagnóstico precoce, alívio da dor e na
recuperação do paciente e no relacionamento com a equipe de enfermagem. As
vivências de sentimentos de sofrimento estão relacionadas com a intensificação do
trabalho, o relacionamento com a equipe médica, o medo e a insegurança em fazer
a contra-referência dos usuários. As estratégias defensivas utilizadas pelos
enfermeiros evidenciaram essencialmente ações individuais: buscar apoio na prática
religiosa, o convívio com familiares e amigos e a prática de esportes. Observou-se,
nesta pesquisa, a presença de ambiguidade de sentimentos de prazer e sofrimento
na vivência do AACR. Os resultados deste estudo mostram as repercussões que o
AACR proporciona em unidades de urgência, no que diz respeito à organização da
demanda e à priorização dos casos com critérios baseados na gravidade, ou seja,
no risco de vida. O conhecimento dos fatores que levam aos sentimentos de prazer
e sofrimento neste trabalho pode abrir novas possibilidades para refletir sobre esta
prática, contribuindo para a realização de um processo mais participativo e inovador.
Gestão hospitalar: análise de desempenho de um hospital universitário e de ensino antes e após a contratualização com o Sistema Único de Saúde
Jeremias Bequer Brizola, Luiz Cordoni Junior, Célia Regina Rodrigues Gil
Data da defesa: 13/07/2010
A forma predominante de remuneração utilizada pelo Sistema Único de Saúde ainda
é o pagamento por produção com base em tabelas. Desde 2004 a Reforma do
Sistema Atenção Hospitalar Brasileira e a política de hospitais de ensino prevê a
contratualização destes hospitais com os gestores loco-regionais em nova lógica de
financiamento, visando melhorar a eficiência e efetividade dos mesmos, com foco
em resultados. O estudo avalia a performance de um hospital universitário e de
ensino antes e após a contratualização. Trata-se de uma pesquisa avaliativa,
descritiva e exploratória, de abordagem quantitativa. Foram definidas as dimensões
de estrutura e resultado e oito categorias analíticas: instalações e equipamentos,
recursos humanos, receita, produção, produtividade, custos, qualidade e
ensino/pesquisa, e respectivos indicadores com base nos propostos por Bittar, nas
diretrizes para a contratualização, nos critérios para avaliação institucional, na
padronização de censo hospitalar e nos parâmetros assistenciais estabelecidos pelo
Ministério da Saúde. O protótipo do instrumento foi apreciado por seis gerentes e
assessores envolvidos com o processo no Hospital em estudo. Foi realizada análise
comparativa do desempenho nos três anos antes (2002-2004) e três anos após
(2006-2008) a contratualização. Os resultados mostram algumas mudanças: na
dimensão estrutura, houve melhora nas categorias instalações e equipamentos e
receita, e piora na categoria recursos humanos; na dimensão resultado, houve
melhora nas categorias produção e ensino e pesquisa, e piora nas categorias custo
e qualidade; e não houve alteração de desempenho na categoria produtividade. Os
principais resultados atribuíveis à contratualização foram: aumento dos
equipamentos cadastráveis no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde,
aumento dos procedimentos ambulatoriais e hospitalares de alta complexidade,
ampliação da oferta de consultas especializadas na central de regulação e aumento
da receita.
Atuação do Ministério Público Estadual de Londrina na área da saúde pública: análise das demandas e atividades
Paulo César Vieira Tavares, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 22/07/2010
O tema do presente trabalho versa sobre a atuação do Ministério Público Estadual
de Londrina na área da saúde pública, mais precisamente acerca das atividades
desenvolvidas pela 24ª. Promotoria de Justiça da Comarca de Londrina, no Estado
do Paraná, durante o período de 1º de fevereiro de 2008 a 31 de julho de 2008.
Almejou-se elucidar quais são as principais atribuições e características do Ministério
Público, qual é a demanda que chega ao Ministério Público e como essa instituição
desempenha as suas funções nessa área. Trata-se de uma pesquisa documental
exploratória, que restringiu-se às demandas, vinculadas ao Sistema Único de Saúde,
que provocaram a instauração de procedimentos administrativos no âmbito da
instituição. Nessa análise foram consideradas as demandas segundo sua origem,
tipo, desfechos e encaminhamentos realizados. Verificou-se, nesse estudo, que as
demandas que chegaram ao Ministério Público têm natureza predominantemente
individual e não coletiva, e que dizem respeito a deficiências nas ações de saúde,
particularmente no campo de atuação da vigilância sanitária; a dificuldades de
acesso à atenção especializada e à obtenção de medicamentos de alto custo e até
mesmo daqueles inseridos na relação de medicamentos essenciais, relativos à
atenção básica; e a relações interpessoais conflituosas entre o profissional médico e
os pacientes/familiares. No que se refere ao desfecho dos procedimentos
administrativos instaurados – objeto desse estudo -, oitenta e um por cento (81%)
foram arquivados com resolução dos problemas ou com o recebimento de
esclarecimentos satisfatórios. Depreendendo-se, assim, que a maioria dos casos
acaba sendo resolvida ou esclarecida no âmbito do Ministério Público, sendo, nesse
caso, desnecessária a intervenção do Poder Judiciário para a resolução do
problema de saúde.
Perfil epidemiológico dos usuários de substâncias psicoativas atendidos no CAPS AD, Londrina, PR
Sérgio Ricardo Belon da Rocha Velho, Regina Kazue Tanno de Souza, Dinarte Ballester
Data da defesa: 29/07/2010
Introdução: o tratamento para usuários de álcool e drogas no Sistema Único
de Saúde tem uma história recente no Brasil. Há escassez de estudos que avaliem o
atendimento a usuários de substâncias psicoativas no SUS. Objetivo: analisar as
características dos usuários de substâncias psicoativas no Centro de Atenção
Psicossocial Álcool e Drogas de Londrina, PR. Método: trata-se de um estudo
transversal com 486 indivíduos atendidos no CAPS AD do município de Londrina,
PR no segundo semestre de 2008. A coleta de dados foi realizada pela análise de
relatório dos casos, ficha de acolhimento, caderno de registro diário e relatório de
internação hospitalar. Foram levantados dados sobre variáveis sociodemográficas,
padrão de uso de substâncias psicoativas e variáveis sobre o processo de
atendimento. Para o processamento e a análise dos dados foi utilizado o aplicativo
Epi Info 3.4.3. Resultados: entre os usuários que procuraram tratamento no CAPS
AD observou-se maior proporção de pessoas do sexo masculino (85,4%), na faixa
etária entre 30 e 49 anos (51,0%), que não concluíram o ensino fundamental
(66,8%), referiram como substância manifesta, no momento da triagem,
principalmente o álcool (46,1%) e o crack (44,4%). A proporção de usuários de
álcool mostrou-se maior (89,6%) na faixa etária de 45 a 54 anos. Entre as pessoas
de menor idade ocorreu predomínio de substâncias ilícitas (crack e maconha). A
maioria dos casos veio encaminhada por outros serviços (60,0%) e os serviços de
saúde de média e alta complexidade apresentaram maior proporção de
encaminhamentos (27,7%). Após a triagem, 81,7% permaneceram em tratamento no
CAPS AD. Desses, 49,6% não permaneceram em atendimento por mais de um mês
e 29,7% permaneceram em atendimento por mais de 150 dias. Quanto ao número
de comparecimentos, 32,0% compareceram apenas na triagem e 16,6%, mais de
trinta vezes durante seis meses. Conclusão: os resultados apresentados apontam a
necessidade de aprimorar a atenção ao usuário, melhorando a vinculação desses ao
tratamento.
Acolhimento com avaliação e classificação de risco: análise da demanda atendida no pronto socorro de um hospital escola
Vivian Biazon El Reda Feijó, Luiz Cordoni Junior, Célia Regina Rodrigues Gil
Data da defesa: 20/08/2010
A área de urgência e emergência constitui-se em importante componente da
assistência à saúde. A crescente demanda nos últimos anos e a insuficiente
estruturação da rede de atenção são fatores que têm contribuído para a sobrecarga
dos serviços de urgência e emergência, transformando-os em uma das áreas de
maior problemática do SUS. Diante disso, o Ministério da Saúde instituiu em 2004 o
Programa Nacional de Humanização (PNH), trazendo como proposta ferramentas e
dispositivos que podem efetivamente potencializar a garantia de atenção integral.
Destaca-se como diretriz o acolhimento com avaliação e classificação de risco
(AACR). Considerando a escassez de estudos relacionados ao uso do protocolo de
AACR em serviços de emergência de alta complexidade e sua implantação no Pronto
Socorro do Hospital Universitário de Londrina-PR, este estudo teve como objetivo
geral analisar a demanda que procurou atendimento neste serviço mediante os
critérios do protocolo de AACR e, como objetivos específicos, identificar
características e fatores associados à adequação da demanda quanto à finalidade
assistencial do serviço. A população de estudo foi constituída por 976 pessoas que
procuraram atendimento no período de junho de 2008 a maio de 2009, selecionadas
por amostragem sistemática. Os dados foram coletados das fichas do protocolo de
AACR e das fichas de atendimento médico nos casos em que o desfecho tenha sido
atendimento nesse serviço. Foram digitados e armazenados no programa Epi Info
versão 3.5.1 para Windows e analisados no programa SAS. A associação entre as
variáveis independentes e as variáveis respostas classificação de risco foi avaliada
com o teste de qui-quadrado ou teste exato de Fisher. Foram considerados
adequados à demanda para atendimento no hospital terciário os pacientes
classificados como vermelho, amarelo, e verde; os classificados como azul foram
considerados inadequados. Verifica-se nos resultados que 82% dos pacientes foram
classificados como adequados ao serviço segundo critérios do protocolo. O sexo
predominante foi masculino na faixa etária de 20-59 anos. A procura por atendimento
foi maior nos dias úteis em horário comercial, coincidindo com o turno de maior
procura dos casos menos graves. Na análise estatística verifica-se associação
significativa da variável procedência da demanda, horário de procura para
atendimento com a adequação da demanda. As variáveis clínica responsável pelo
atendimento, destino após atendimento médico, ser acompanhado neste serviço,
SSVV, tempo da queixa, procedimentos realizados e comorbidades apresentam
associação significativa com a classificação de risco atribuída por cores. Conclui-se
com os achados deste estudo que a implantação do AACR contribui na identificação
dos casos mais graves e na organização da demanda. Entretanto, a adequação da
demanda depende também da organização do sistema de saúde local como um todo.
Com base nestas informações, outros serviços de emergência podem ser motivados
a incorporar esta tecnologia de trabalho e de gestão.
Hemovigilância: Eventos transfusionais adversos antes e após implantação de um Comitê Transfusional Hospitalar
Mariza Saito, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 30/08/2010
Os eventos adversos associados ao uso do sangue podem ocorrer mesmo que o sangue e
seus hemocomponentes sejam adequadamente coletados, processados, indicados e
preparados. A hemovigilância é uma ferramenta da segurança transfusional que visa reduzir
os riscos relacionados à transfusão sanguínea e o monitoramento do uso racional do
sangue, que no ambiente hospitalar cabe ao Comitê Transfusional Hospitalar (CTH). Tratase de um estudo avaliativo, tipo antes e após, realizado com o objetivo de analisar as
reações transfusionais notificadas antes e após implantação do CTH no Hemocentro
Regional / Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina, Paraná. Foram
utilizados como fontes de dados os relatórios mensais de transfusões sanguíneas, gerados
pelo Sistema Automatizado de Informações do Hospital Universitário (SADIHU) no
Hemocentro e as fichas de notificação das reações transfusionais ao Sistema de
Notificações da Vigilância Sanitária (NOTIVISA). Foram caracterizadas as transfusões
sanguíneas e seus eventos adversos. Posteriormente, as diferenças nas taxas de incidência
das reações transfusionais (18 meses antes e 18 meses após implantação do CTH) foram
comparadas. Verificou-se que o número de transfusões reduziu em 9,0% e o de reações
transfusionais em 47,1%, no período após implantação do CTH. Não foram registradas
transfusões autólogas. O concentrado de hemácias (CH) e seus produtos (CH Filtrado e CH
Lavado) foram os mais utilizados (63%), com incremento no uso de CH Filtrado (8,7% para
17,9%) e decréscimo do uso de plasma (22,7% para 17,6%) no período pós-CTH. Os
setores onde mais ocorreram transfusões sanguíneas foram aqueles que receberam
pacientes de maior complexidade e a maioria dos receptores foi do sexo masculino (57,3%).
Quanto às reações, entre os hemocomponentes envolvidos, o CH foi responsável pela
grande maioria das reações (74,4%), sendo as reações febris não hemolíticas e as reações
alérgicas as mais frequentes (97%). As reações predominaram em receptores do sexo
feminino (55,6%) e mulheres na faixa etária acima de 60 anos. Quanto à classificação pela
tipagem sanguínea, de acordo com o fenótipo ABO/Rh(D), as reações transfusionais se
distribuíram de acordo com a frequência fenotípica da população geral. 68,4% dos pacientes
que apresentaram reação tinham histórico de transfusão anterior e 91,7% das reações
foram caracterizadas como leve. Apenas um evento foi considerado grave, a reação
hemolítica aguda por incompatibilidade ABO (0,8%). Nenhum óbito por transfusão foi
registrado. A taxa de incidência dos eventos transfusionais adversos foi significativamente
menor no período pós-implantação do CTH (RR: 0,58 IC 95%: 0,41-0,83). Com relação ao
tipo de reação, a taxa de incidência de reação febril não hemolítica foi significativamente
menor no período pós-CTH (RR: 0,55 IC 95%: 0,35-0,86). Embora as taxas de incidência
tenham sido menores, para as reações alérgicas e outros tipos de reações, as diferenças
não foram significativas. Observou-se redução significativa da taxa de incidência das
reações no sexo masculino, porém o risco de ocorrência de reação foi mais elevado entre as
mulheres, quando comparado entre os sexos. Os resultados obtidos reforçam a importância
do CTH, no contexto da hemovigilância, na implementação de estratégias que busquem o
uso racional do sangue, com o decréscimo das reações, como também o estímulo às
notificações de todas as reações transfusionais, preservando o caráter sigiloso, voluntário e
não punitivo do sistema de hemovigilância brasileiro.
Motociclistas atendidos por serviços de atenção préhospitalar em Londrina (PR): características dos acidentes e das vítimas em 1998 e 2010
Flávia Lopes Gabani, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 02/12/2011
Os acidentes com motociclistas crescem concomitantemente ao aumento da frota no
Brasil, tornando suas vítimas representativas na morbimortalidade por acidentes de
trânsito. Desde 1998, com a implantação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB),
iniciativas foram tomadas na tentativa de modificar essa realidade, sendo oportunos
estudos que verifiquem mudanças nos perfis dos acidentes e das vítimas. Dessa
forma, o presente estudo teve por objetivo comparar características dos acidentes e
dos ocupantes de motocicletas atendidos por todos os serviços de atenção préhospitalar de Londrina (PR) em 1998 e 2010. Trata-se de estudo transversal, cujos
resultados foram comparados com pesquisa de 1998. Em ambos os estudos, a fonte
de dados constituiu-se do Registro de Atendimento do Socorrista (RAS). A
população foi composta por 1.576 e 3.968 vítimas em 1998 e 2010,
respectivamente. Houve incremento na frota de motocicletas no município, passando
de 69,9 para 128,1 por mil habitantes. Também aumentou o número de vítimas para
cada mil motos, de 53,1 para 61,1. Quanto às características dos acidentes,
observaram-se maiores proporções de quedas isoladas de moto e de acidentes
entre motocicletas em 2010. Houve maior frequência de vítimas nos dias úteis em
ambos os anos, com leve aumento percentual em 2010 (de 65,1% para 69,4%), e
reduziram-se as proporções de vítimas nos finais de semana (de 34,9% para
30,6%). Em relação ao período de ocorrência do acidente, prevaleceu o da noite nos
dois anos. Porém, houve incremento percentual de vítimas no período diurno (de
51,5% para 56,8%), refletindo maior frequência de acidentes no período da manhã.
O número de vítimas cresceu ao longo dos meses em ambos os anos. Em relação
às regiões de ocorrência, constatou-se leve descentralização pela diminuição da
frequência no Centro, contudo as regiões Norte e Centro abrangeram mais da
metade dos acidentes nos dois anos (de 53,2% para 51,0%). Quanto às
características das vítimas, houve pequeno aumento na proporção de motociclistas
mulheres (de 21,6% para 24,6%), as quais deixaram de predominar como
passageiras, tornando-se principalmente condutoras (de 42,8% para 54,6%). A faixa
etária mais acometida continuou sendo a de 20 a 34 anos. Aumentou a frequência
de informações ignoradas em relação ao uso do capacete (de 1,0% para 24,6%).
Houve redução da proporção na percepção de hálito etílico de 1998 (13,9%) para
2010 (7,1%). Entretanto, a proporção de detecção desse hálito ainda é mais
frequente entre homens, nos meses de janeiro e fevereiro, durante finais de semana
e no período noturno, destacando-se a madrugada. Quanto às lesões, aumentou a
proporção de traumatismos superficiais (de 66,4% para 71,1%) e fraturas (de 11,7%
para 13,5%), e diminuíram as frequências de ferimentos, traumatismos
intracranianos e intratorácicos. Houve redução na proporção de lesões na cabeça,
porém aumentaram as dos membros e múltiplas regiões. Apesar do elevado número
de vítimas em 2010, os acidentes foram, proporcionalmente, de menor gravidade,
evidenciada pelos melhores escores nas escalas de coma e de trauma, além de
menor necessidade de atendimento médico no local da ocorrência. Diminuiu o
coeficiente de letalidade imediato e aumentou a frequência de recusas de
atendimento e/ou encaminhamento. Os resultados apontam mudanças nas
características dos acidentes e das vítimas nos anos, servindo como possível
subsídio para direcionamento de novas ações e estratégias de intensificação das
fiscalizações no trânsito, principalmente em relação aos motociclistas.
Fatores de risco para mortalidade infantil em Londrina (PR): análise hierarquizada em duas coortes de nascidos vivos
Hellen Geremias dos Santos, Selma Maffei de Andrade, Arthur Eumann Mesas
Data da defesa: 16/02/2012
Nas últimas três décadas, a mortalidade infantil (MI) apresentou declínio importante
em todas as regiões brasileiras, sobretudo entre a parcela mais pobre da população,
com mudanças na composição da taxa de mortalidade infantil e nos fatores
determinantes do óbito infantil. Este estudo buscou identificar e comparar fatores de
risco para MI em Londrina, Paraná, nas coortes de nascidos vivos (NV) de
2000/2001 e de 2007/2008. Para a identificação dos NV, pesquisou-se o banco de
dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e, para a
identificação dos óbitos infantis, os registros do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) e os do Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna e
Infantil (CMPMMI). Os óbitos foram relacionados ao banco de dados do SINASC por
linkage determinístico, por meio do número da Declaração de Nascido Vivo (DN).
Para a análise de regressão logística, foi construído modelo hierárquico conceitual
com fatores em níveis distal (sociodemográficos), intermediário (obstétricos e
assistenciais) e proximal (dos recém-nascidos). A população de estudo constituiu-se
de 15.385 e 13.208 NV em 2000/2001 e em 2007/2008, respectivamente. Foram
identificados, no SIM/CMPMMI, 185 óbitos de NV no primeiro biênio e 148, de NV no
segundo. Em 2000/2001, foi possível parear 97,30% dos óbitos à sua respectiva DN,
e, em 2007/2008, todos os óbitos tiveram sua DN localizada no banco de dados do
SINASC. Exceto para raça/cor da pele do recém-nascido, em 2000/2001, para
antecedentes obstétricos, em 2007/2008, e para presença de malformação
congênita, em ambos os biênios, todos os campos do SINASC apresentaram
completitude superior a 99%. Em relação aos dados sobre mortalidade, nos dois
períodos, observou-se melhor completitude para os registros do CMPMMI (superior
a 95% para as variáveis comuns ao SINASC). Em geral, a MI pouco se alterou nos
anos 2000, havendo redução apenas do componente pós-neonatal. Quanto aos
fatores estudados, no nível distal, foram de risco para MI, em 2000/2001, os fatores
maternos idade < 20 anos e escolaridades insuficiente e intermediária. Em
2007/2008, idades maternas < 20 e ≥ 35 anos foram fatores de risco, enquanto
escolaridades insuficiente e intermediária, protetores. No nível intermediário, em
2000/2001, foram de risco para MI: gestação múltipla, antecedente de filhos mortos
e número insuficiente de consultas de pré-natal, enquanto cesariana foi fator
protetor. Em 2007/2008, apenas gestação múltipla foi de risco. Todos os fatores
proximais (idade gestacional, peso ao nascer, índice de Apgar no quinto minuto e
sexo) associaram-se à maior MI em 2000/2001, e, em 2007/2008, apenas idade
gestacional e índice de Apgar no quinto minuto permaneceram no modelo. Em
síntese, a aplicação da técnica de linkage determinístico viabilizou a identificação de
fatores de risco para MI em ambos os períodos, pelo elevado percentual de
vinculação alcançado e pela excelente completitude das bases de dados
pesquisadas. Foram observadas mudanças nos fatores de risco para a MI nos
biênios analisados, que podem estar relacionadas à ampliação de políticas sociais e
de ações básicas de saúde e a modificações nos padrões reprodutivo e social das
mulheres.
Tendência e características da epidemia de AIDS em um município de grande porte do sul do Brasil: 1986 a 2008
Flaviane Mello Lazarini, Regina Melchior
Data da defesa: 27/02/2012
A AIDS é uma doença reconhecida mundialmente como problema de saúde pública.
O primeiro caso notificado no Brasil foi em 1980. Em Londrina o primeiro registro de
caso de aids residente no município ocorreu em 1986. O objetivo desse estudo foi
analisar as principais características dos casos de aids notificados de Londrina- PR e
a tendência da epidemia de aids no período de 1986 a 2008. Optou-se pela análise
descritiva para mostrar o perfil sociodemográfico, os tipos de critérios de definição de
caso de aids utilizados ao longo dos anos, e as características relacionadas às
categorias de exposição. Os coeficientes de incidência da aids foram calculados
anualmente por sexo e faixa etária e padronizados pela população do ultimo censo
demográfico do Brasil de 2010. Também foi realizada a análise de tendência da aids
por faixa etária e por sexo, dividida em dois períodos (1986-1995 e 1996-2008) para
melhor compreensão do comportamento da epidemia. Os modelos lineares
explicaram melhor a tendência da epidemia de aids nos dois períodos. Foram
calculadas as taxas de incidência com base na Pesquisa de Conhecimentos Atitudes
e Práticas na População Brasileira de 2004, no grupo etário de 14 a 49 anos, para
os subgrupos mais vulneráveis: HSH, UDI, homens heterossexuais e mulheres. Os
resultados mostraram que a escolaridade se concentrou entre quatro e sete anos de
estudo. Na ocupação, em média 70% dos indivíduos exerciam trabalho remunerado.
Desde 1998, mais de 50% dos casos de aids foram notificados utilizando os dois
critérios da ficha de notificação. A transmissão por uso de drogas injetáveis foi
predominante no sexo masculino até 2005. Ocorreu crescimento da epidemia de
aids entre mulheres em todos os anos independente da orientação sexual. No
período de 1986 a 1995 houve incremento das taxas de incidência em quase todas
as faixas etárias e crescimento da epidemia em ambos os sexos (p< 0,001), mais
acentuado no sexo masculino, nas faixas etárias que vão de 14 a 39 anos. No
segundo período na faixa etária de 14 a 29 anos ocorreu queda significativa no sexo
masculino, o incremento passou de 0,88 no primeiro período para -0,87 no segundo.
Destaque para a faixa etária de 50 anos e mais em mulheres que apresentou
aumento significativo (p=0,019). Todas as categorias de exposição apresentaram
queda a partir do período 2000-2002. Os subgrupos UDI e HSH predominaram como
categorias de exposição e no ultimo triênio do estudo HSH ultrapassou UDI. A partir
do ano 2000 a taxa de incidência, na faixa etária de 14 a 49 anos, do grupo de
mulheres superou a do grupo de homens heterossexuais, mostrando a crescente
vulnerabilidade à infecção pelo HIV nesse grupo. O estudo mostrou queda nas taxas
de incidência nas faixas etárias mais jovens e estabilização nas demais idades. O
aumento da proporção de mulheres, especialmente na faixa etária de 50 anos e
mais e de predomínio de HSH entre as categorias de exposição aponta para
necessidade de estratégias diferenciadas para atingir grupos com características
diversas.
Promoção da saúde e processo de trabalho dos profissionais de educação física do Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF
Alisson Marques de Mendonça, Mara Lúcia Garanhani
Data da defesa: 28/02/2012
A definição de promoção da saúde contemporânea tem seu marco na
Conferência de Ottawa no Canadá, em 1986, com o reconhecimento oficial
sobre a influência das questões sociais, políticas e econômicas na
determinação da saúde. O Brasil com o protagonismo do movimento sanitário
também construiu uma política a partir da década de 1980 que incorpora uma
concepção de saúde em sintonia com o movimento mundial. Os profissionais
de educação física apenas recentemente foram inseridos no Sistema Único de
Saúde (SUS) a partir da publicação da Política Nacional de Promoção da
Saúde (PNPS), em 2006, e da criação dos Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (NASF), em 2008, portanto, sua atuação nesse setor ainda é incipiente.
Sendo assim o objetivo do presente estudo foi identificar a concepção de
promoção da saúde dos profissionais de educação física que trabalham no
NASF no município de Londrina, Paraná. Para tanto realizamos uma pesquisa
qualitativa e como técnica de análise dos dados optamos pela análise do tipo
categorial – temática, conforme proposta por Bardin. Todos os profissionais de
educação física do município de Londrina que trabalhavam no NASF, no
momento da investigação foram entrevistados, totalizando 10 profissionais e
destes, três foram observardos. A partir da análise dos dados coletados foram
definidas três categorias: A concepção de promoção da saúde sob o olhar do
profissional de educação física; O processo de trabalho do profissional de
educação física; e A formação do Profissional de Educação Física e a
Promoção da Saúde. Apenas um dos profissionais definiu promoção da saúde
de maneira ampliada, considerando-se o marco representado pela Carta de
Ottawa. Houve confusão conceitual entre prevenção e promoção. O discurso
que coloca ênfase na responsabilização individual, em que a visão
comportamental e o viés biológico predominam, permearam muitas das falas.
O processo de trabalho do profissional de educação física reflete as
dificuldades inerentes à formação voltada predominatemente à dimensão
biológica em detrimento das discussões filósóficas, históricas e sociais na
relação atividade física e saúde. A articulação dos conhecimentos da saúde
coletiva com as teorias pedagógicas progressistas, estas pensadas
originalmente para o setor educacional, podem ensejar novos horizontes para a
prática profissional em educação física junto às Unidades Saúde da Família na
perspectiva da promoção da saúde.