Teses e Dissertações
Níveis de chumbo em leite e sangue de doadoras de banco de leite em município do sul do Brasil
Gina Ayumi Kobayashy Koyashiki, Monica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 29/05/2008
A produção científica brasileira sobre efeitos adversos do chumbo na população em geral é
escassa. O chumbo, substância potencialmente tóxica, tornou-se um problema de saúde
pública em função de seus efeitos, principalmente envolvendo o sistema nervoso central e
efeitos sobre a síntese da heme. O objetivo deste estudo foi avaliar o grau de exposição ao
chumbo de doadoras de Banco de Leite do município de Londrina, Paraná, estimando-se os
níveis do metal em amostras de leite e sangue. Trata-se de um estudo transversal conduzido
no período de janeiro a julho de 2007. Foram recrutadas todas as mães que estavam
cadastradas como doadoras no referido banco de leite e incluídas no estudo 92 voluntárias que
atendiam aos seguintes critérios de inclusão: sadias sem doença crônica, com bebês nascidos a
termo, em período de amamentação entre 15 e 210 dias e moradoras no município estudado.
O chumbo no leite e no sangue foi quantificado utilizando-se a técnica de ICP-MS
(espectrometria de massa com plasma de argônio indutivamente acoplado). Todas as mães
assinaram um termo de consentimento aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Londrina. A mediana das concentrações de chumbo nas amostras de
leite foi igual a 3,0 µg/L, variando de 1,0 a 8,0 µg/L, enquanto que para o chumbo em sangue
foi igual a 2,7 µg/dL, variando de 1,0 a 5,5 µg/dL. Na análise de correlação de Spearman
foram observadas correlações significativas, embora modestas, entre concentração de chumbo
no sangue e no leite (rs=0,207, p=0,048), hemoglobina e atividade da ALAD (rs=-0,264,
p=0,011 ), nível de chumbo no sangue e idade materna (rs=0,227, p=0,029) e, para
hematócrito e hemoglobina, a correlação foi mais alta (rs=0,837, p<0,001). Não foram
encontradas associações estatisticamente significativas entre as concentrações de chumbo em
leite e sangue e variáveis demográficas estudadas, obtidas por meio entrevistas e formulário
testado. A relação chumbo no leite/sangue observada foi igual a 0,11. Em geral, os valores
encontrados no presente estudo são semelhantes aos obtidos em população não exposta em
outros países, e estão dentro da faixa considerada de normalidade.
Avaliação de serviço público de odontologia no município de Cambé, Paraná
Vera Lúcia Ribeiro de Carvalho Bueno, Luiz Cordoni Júnior
Data da defesa: 06/06/2008
Em Cambé, Paraná, equipes Saúde Bucal foram incluídas no Programa Saúde da Família com
a finalidade de reorientar práticas em saúde. O objetivo desta dissertação é elaborar e aplicar
estratégia de avaliação em serviço público de odontologia neste município. A metodologia
usada foi o estudo de caso histórico-organizacional. Para o planejamento da avaliação foram
desenvolvidos o modelo-lógico do serviço e uma matriz que apresenta dimensões de análise,
critérios, indicadores, pontuações, parâmetros e fontes de informação. Para tal, foram
coletadas informações partindo da triangulação de métodos (observação, entrevista e análise
documental) e realizadas três oficinas de trabalho no decorrer do processo. A matriz subsidiou
o desenvolvimento de um instrumento de coleta de dados que foi aplicado em uma Unidade
Saúde da Família. O período de estudo foi de novembro de 2006 a julho de 2007. Como
resultado se obteve um fluxograma que retrata demanda espontânea, oferta organizada
assistencial da atenção básica e especializada, demanda de programas pré-existentes,
atividades coletivas, e uma matriz com duas dimensões de análise, doze critérios e vinte e
quatro indicadores. A pontuação geral obtida para a unidade avaliada foi classificada como
“aceitável”, em escala de parâmetros de quatro classes (crítico, regular, aceitável e
satisfatório). A Equipe Saúde Bucal participa de oficinas de Educação Permanente em Saúde
e reuniões semanais com a equipe Saúde da Família, mas não realiza atividades
multidisciplinares com freqüência. Conclui-se que o desenvolvimento dos indicadores
proporcionou o planejamento de uma avaliação adequada à realidade estudada. O
comprometimento dos sujeitos com o novo modo de se praticar a odontologia está sendo
conquistado à medida que o processo de trabalho vai sendo discutido, avaliado e aprimorado.
Aleitamento materno: prevalência e fatores associados em áreas de atuação de Equipes de Saúde da Família
Maria Fernanda Tenório Campana, Zuleika Thomson, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 06/06/2008
O Programa de Saúde da Família (PSF), considerado estratégia incremental do
SUS, nas suas bases prioriza as ações de proteção e promoção à saúde de forma
integral e contínua. Em relação à amamentação, as equipes do PSF podem
desenvolver atividades educativas, desde a gestação até o estabelecimento e da
amamentação, bem como em sua manutenção. O padrão de amamentação varia
com o local e com as características da população e dos serviços de saúde. Desta
forma, esta pesquisa teve por objetivo estimar a prevalência do aleitamento materno
(AM) e do aleitamento materno exclusivo (AME) e investigar os fatores associados à
prática da amamentação no sexto mês da criança em áreas de atuação de Equipes
de Saúde da Família (ESF). Trata-se de um estudo transversal, realizado por meio
de inquérito domiciliar. As principais variáveis de estudo foram as relacionadas às
características demográficas e socioeconômicas dos binôminos mãe-filho, à
alimentação da criança, e à assistência à saúde durante o período pré e pós-natal.
Foram entrevistadas 241 mães de crianças nascidas entre setembro de 2006 e
fevereiro de 2007, residentes em uma das cinco regionais de saúde do município de
Maringá-PR, selecionadas a partir do Sistema de Informações de Nascidos Vivos e
registros dos Agentes Comunitários de Saúde. As entrevistas foram realizadas aos
180 dias de vida da criança (± 7 dias). A análise da associação entre as variáveis
independentes e a prática da amamentação (AM + AME) no sexto mês foi realizada
a partir do teste de Qui-quadrado com correção de Yates ou pelo teste exato de
Fisher (p<0,05). Os resultados revelaram prevalência elevada de AM (66,8%) e
baixíssima de AME (2,9%). O abandono do AME foi expressivo apenas a partir do
quarto mês. Associaram-se negativamente à prática da amamentação, o baixo peso
ao nascer (p= 0,004), a idade gestacional inferior a 37 semanas (p=0,02) e o tempo
de internação hospitalar após o nascimento superior a sete dias (p=0,003).
Nenhuma variável relacionada às características da assistência a saúde associou-se
significativamente. A orientação sobre AM foi positivamente referida por 55% das
mães durante o pré-natal, 74,4% durante a internação, 56,9% no momento da alta e
por apenas 28,2% durante as visitas domiciliares por profissionais das ESF. A visita
domiciliar no puerpério foi baixa (42,5%). Concluiu-se que a situação privilegiada da
amamentação no sexto mês na área estudada sugere maior influência de fatores
sócio-culturais. Porém, acredita-se que a atuação efetiva dos profissionais das ESF
priorizando a captação das necessidades das mães, por meio da escuta qualificada,
possa elevar a duração do AM, especialmente de sua forma exclusiva.
A Formação Superior e as Conferências Nacionais de Recursos Humanos em Saúde
Daniel Carlos da Silva e Almeida, Márcio José de Almeida , Mara Lúcia Garanhani
Data da defesa: 13/06/2008
Esta pesquisa buscou resgatar e aprofundar a discussão sobre a formação profissional em saúde a
fim de contribuir para a compreensão da realidade e das políticas instituídas. O objetivo foi
analisar as propostas e os problemas relacionados à formação superior em saúde, no âmbito da
graduação, nas Conferências Nacionais de Recursos Humanos em Saúde (CNRHS). Para isso,
foram utilizados como objetos de análise os relatórios finais dessas Conferências. A abordagem
utilizada foi qualitativa e para a análise dos dados optou-se pelo método da análise de conteúdo
preconizado por Bardin, no qual as informações analisadas foram codificadas em categorias por
meio da análise temática. Essas categorias versaram sobre o perfil profissional, as práticas de
ensino-aprendizagem e a articulação ensino-serviço-comunidade. As CNRHS foram fóruns de
manifestação do controle social sobre as políticas relacionadas ao tema que contaram com a
participação de diversos atores. Suas propostas acompanharam o processo de reorientação da
atenção e da formação em saúde ditado por esses atores ao longo de vinte anos. Apesar dos
problemas apontados na análise documental, pode-se inferir que a questão da formação dos
profissionais de saúde se encontra em evolução, tanto no campo político e teórico como no
prático, e hoje se constitui uma política legitimada. Assim, esse trabalho contribui demonstrando
a evolução da formação dos profissionais de saúde, mesmo aquém das necessidades de mudança,
e evidencia a complexidade da gestão do trabalho no SUS, a sua relação com as instituições de
ensino, que não são homogêneas entre si; com os serviços, representados por gestores e
profissionais; e com as políticas intergovernamentais articuladas entre Ministério da Saúde e
Ministério da Educação.
Adesão ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família, Londrina, PR
Edmarlon Girotto, Selma Maffei de Andrade, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 17/06/2008
A hipertensão arterial é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares.
Para o seu controle são necessárias medidas farmacológicas e não-farmacológicas,
como alimentação e atividade física. Contudo, a adesão ao tratamento é o grande
desafio dos profissionais e serviços de saúde, especialmente na atenção básica.
Nesse sentido, este estudo teve por objetivo determinar a adesão ao tratamento
anti-hipertensivo e identificar fatores associados a esta condição. A população de
estudo foi composta por hipertensos de 20 a 79 anos, cadastrados na Unidade de
Saúde da Família Vila Ricardo, no município de Londrina, Paraná. A coleta de dados
ocorreu de janeiro a junho de 2007, com amostra sistemática e aleatória de
hipertensos. Foram colhidas informações auto-referidas, além das medidas de
pressão arterial e das circunferências abdominal e do quadril. Foram entrevistados
385 hipertensos, sendo 62,6% mulheres e 37,4% homens, com idade média de 58,9
anos. Cerca de 50,0% dos entrevistados tinham no máximo 3ª série do ensino
fundamental completa, 46,0% pertenciam à classificação econômica D ou E e 57,4%
referiram não possuir trabalho remunerado. Entre os entrevistados, 84,2% relataram
utilizar medicamentos para controle da hipertensão, 8,3% abandonaram o
tratamento e 7,5% alegaram que não houve prescrição de medicamentos. A adesão
ao tratamento farmacológico foi encontrada em 59,0% dos hipertensos. O
esquecimento (32,2%), a normalização da pressão arterial (21,2%) e os efeitos
adversos (13,7%) foram os principais motivos alegados para a não-adesão. Com
relação ao tratamento não-farmacológico, 17,7% e 69,1% dos hipertensos referiram
ser aderentes à atividade física regular e a mudanças na alimentação,
respectivamente. A adesão à atividade física regular associou-se ao sexo masculino,
à maior escolaridade, à presença de diabetes, à ausência de colesterol elevado, à
relação cintura-quadril e circunferência abdominal normais, ao índice de massa
corporal < 25 kg/m2
, ao mínimo de uma consulta ao ano e a uma medida da pressão
arterial ao mês. A adesão a modificações na alimentação esteve associada ao sexo
feminino, à menor escolaridade, ao acesso a plano de saúde, ao não-tabagismo ou
ex-tabagismo, ao não-consumo ou consumo irregular de bebidas alcoólicas, ao nãoabandono do tratamento medicamentoso, ao mínimo de uma consulta ao ano e a
uma medida da pressão arterial ao mês. Na análise multivariada, os fatores
independentemente associados à adesão ao tratamento farmacológico foram: a
faixa etária de 50 a 79 anos (Razão de Chances [OR]=4,673), o não-consumo ou
consumo irregular de bebidas alcoólicas (OR=4,608), a realização de consultas
médicas em intervalos máximos de um ano (OR=1,908) e a ausência de trabalho
remunerado (OR=1,792). Os resultados indicam uma baixa adesão ao tratamento
anti-hipertensivo, especialmente à atividade física regular, e sugerem a implantação
de estratégias que visem estimular a adesão às medidas de controle da hipertensão
arterial.
Pessoas vivendo com HIV/aids: vivências do tratamento anti-retroviral
Gisele dos Santos Carvalho, Regina Melchior
Data da defesa: 02/07/2008
O tratamento anti-retroviral atual tornou a aids uma doença crônica. Apesar desta
conquista, a adesão à terapia anti-retroviral ainda sofre influência de vários fatores,
que devem ser analisados para o desenvolvimento de novas estratégias de adesão
e para o aprimoramento daquelas já existentes. Este estudo teve por objetivo
compreender a vivência das pessoas infectadas pelo HIV com o tratamento antiretroviral. Foram realizadas entrevistas individuais semi-estruturadas com dez
usuários de um centro de doenças infecciosas em uma cidade de médio porte do
Paraná. Os discursos, após serem transcritos, foram analisados pela análise de
conteúdo proposta por Bardin. Os resultados foram apresentados em quatro
categorias: Descobrir-se HIV positivo, “E agora?” – Vivendo e convivendo com o
HIV, Interação com o tratamento anti-retroviral e Estratégias de adesão ao
tratamento. A primeira categoria descreve como se deu a descoberta do vírus e
quais sentimentos estiveram envolvidos com este momento. Na segunda categoria,
desvela-se a relação da pessoa infectada pelo HIV com o próprio vírus e com as
pessoas de seu cotidiano. A categoria Interação com o tratamento anti-retroviral
incorpora as experiências com as medicações, no início e no decorrer do tratamento,
e o papel do serviço de saúde diante as dificuldades vivenciadas pelas pessoas
infectadas pelo vírus e quanto à adesão à terapia. A última categoria traz as
estratégias desenvolvidas pelos entrevistados que ajudam a aderir ao tratamento.
Concluiu-se que, apesar da diminuição do número de doses e comprimidos – em
comparação com os esquemas terapêuticos anteriores – ter minimizado em muito as
dificuldades relacionadas à tomada da medicação, a adesão aos anti-retrovirais
ainda representa a superação de obstáculos relacionados aos medicamentos e à
convivência com o HIV. As estratégias para aderir ao tratamento levantadas pelas
pessoas que fazem uso das medicações podem fornecer aos profissionais de saúde
meios para auxiliar outros pacientes a adaptarem o tratamento ao seu estilo de vida.
O investimento do poder público em estratégias de intervenção tem resultado em
melhoras na adesão. O fortalecimento da relação entre os profissionais de saúde e
as pessoas que vivem com o HIV constitui outro ponto decisivo na adesão ao
tratamento.
Asma em municípios do Paraná: Análise de internações hospitalares e avaliação de um programa de atenção à saúde
Tatiane Almeida do Carmo, Darli Antonio Soares
Data da defesa: 25/07/2008
A asma, considerada problema de saúde pública, tem estimulado a implantação de
programas de controle deste agravo por todo o país. Este estudo teve por objetivo
avaliar o impacto de programas de controle da asma em municípios paranaenses e a
efetividade do Programa de Controle da Asma no município de Londrina, Paraná.
Realizou-se um estudo dividido em duas fases. A primeira foi realizada com um
estudo de séries temporais desenvolvido com dados secundários do Sistema de
Informações Hospitalares de seis municípios do estado do Paraná. O material de
estudo foi constituído por internações por asma e crise asmática ocorridas entre
1998 e 2006. Na segunda fase realizou-se um estudo de coorte retrospectiva com a
seleção de Unidades de Saúde da Família (USF) de Londrina cujos programas
estavam em fases diferentes de consolidação. Foram selecionadas intencionalmente
três USF, uma com programa consolidado e duas com programa não-consolidado. A
coleta de dados foi realizada por meio de um formulário estruturado aplicado no
domicílio dos entrevistados. Os resultados encontrados na fase I mostraram uma
tendência de redução das internações em todos os municípios estudados.
Municípios com programa de asma apresentaram coeficientes de internação
inferiores em comparação aos municípios sem programa. A queda das internações
nos municípios com programa foi maior que a dos municípios sem programa no
período após a implantação dos programas de asma. Na fase II foram entrevistados
313 asmáticos, 168 inscritos na USF com programa consolidado e 145 cadastrados
nas USF com programa não-consolidado. Houve predominância, em ambos os tipos
de USF, de pacientes do sexo feminino, na faixa etária de 15 a 59 anos, com menos
de nove anos de estudo e pertencentes às classes econômicas C, D ou E. A USF
com programa considerado consolidado apresentou melhor organização do
Programa, com menor relato de taxa de abandono (20,8% em comparação a 36,6%
das outras), maior participação de pacientes em grupos (32,1% versus 2,1%) e
maior relato de recebimento de visitas domiciliares (48,2% versus 0%). Na amostra
estudada também houve diferença significativa (p<0,001) na utilização de
broncodilatadores e no número de atendimentos de urgência entre os asmáticos
cadastrados nas USF com programa consolidado e não-consolidado. Dos asmáticos
inscritos na USF com programa consolidado, 55,4% referiram uso de broncodilatador
em comparação a 74,5% dos inscritos na USF com programa não-consolidado. Em
relação aos atendimentos de urgência, os resultados encontrados foram 29,2% e
55,9% respectivamente para as USF com programa consolidado e não-consolidado.
Um programa de controle da asma bem organizado pode resultar na redução dos
atendimentos de urgência decorrentes de crises asmáticas, contribuindo na melhoria
dos indicadores de saúde, bem como para a elevação da qualidade de vida dos
asmáticos.
Aspectos demográficos e mortalidade de populações indígenas do Estado do Mato Grosso do Sul
Maria Evanir Vicente Ferreira, Tiemi Matsuo, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 30/04/2010
causas, verificou-se diferença na importância das causas de morte
entre as populações, caracterizada pela maior importância das doenças infecciosas
e parasitárias na estrutura de óbitos da população indígena. Na comparação dos
coeficientes, os homens indígenas apresentaram taxas mais elevadas para as
causas externas, doenças do aparelho respiratório e doenças infecciosas e
parasitárias. Porém, entre as mulheres, as taxas só foram significativamente mais
elevadas para as causas externas e doenças infecciosas e parasitárias. A
população indígena também apresentou especificidade na mortalidade por causas
externas, representado pela grande importância de lesões autoprovocadas
intencionalmente (suicídios) na juventude. Os resultados obtidos permitem
evidenciar que as condições de saúde da população indígena são piores que a da
população total do Estado. Tais constatações sugerem desigualdade nas condições
de vida entre as populações estudadas.
Risco de ulceração em pés de portadores de Diabetes Mellitus em Londrina, Paraná: caracterização do cuidado na atenção básica, prevalência e fatores associados
Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Selma Maffei de Andrade , Maria do Carmo Lourenço Haddad
Data da defesa: 30/04/2010
O portador de diabetes mellitus (DM) tem, aproximadamente, 15% de possibilidade
de desenvolver ulcerações nos pés durante sua vida. Aproximadamente 40 a 60%
das amputações não traumáticas de membros inferiores são realizadas em
portadores de diabetes. A prevenção desse agravo constitui-se um grande desafio
para os profissionais de saúde. Esta pesquisa objetivou analisar ações de prevenção
de úlceras em pés de portadores de diabetes desenvolvidas na atenção básica de
Londrina (PR), a prevalência e fatores associados ao maior risco de ulceração em
pés de portadores de DM. O estudo foi desenvolvido em duas etapas. Na primeira,
realizada em dezembro de 2008, entrevistaram-se as coordenadoras das 39
Unidades de Saúde da Família (USFs) da zona urbana de Londrina. Na segunda
etapa, foram entrevistados e examinados, entre dezembro de 2008 e março de
2009, portadores de DM acompanhados em duas USFs, uma com ações de
prevenção de complicações nos pés e outra sem essas ações instituídas. Os
prontuários desses portadores de DM também foram consultados. Observou-se que
48,7% das USFs desenvolviam ações de prevenção, sendo a mais frequente a
consulta de orientação, seguida da avaliação de enfermagem. Em 84,2% destas
USFs, as ações preventivas foram instituídas havia menos de um ano. As ações
estavam totalmente sistematizadas em somente 15,8% das USFs. Foram avaliados
337 portadores de diabetes, sendo 60,0% mulheres. A idade média foi de 64,6 anos,
37,1% tinham menos de quatro anos de escolaridade e 68,2% classificavam-se na
classe econômica C. A prevalência de pé em risco de ulceração foi de 27,9%, sendo
maior na USF sem ações de prevenção (29,7%) do que na USF com estas ações
(26,1%). A ausência de ações de prevenção de complicações nos pés associou-se à
escolaridade menor que quatro anos (p=0,024), cor da pele autorreferida como
preta/parda (p=0,002), hipertensão arterial (p=0,026), corte de unhas inadequado
(p=0,019), uso de calçados inadequados no momento da entrevista (p=0,005), uso
diário autorreferido de calçados inadequados (p=0,046), micose interdigital (p=0,003)
e micose de unha (p=0,001). Na análise multivariada, os fatores independentemente
associados à prevalência de maior risco de ulceração foram: diagnóstico de diabetes
há mais de 10 anos (OR=1,88), histórico de infarto agudo do miocárdio (OR=3,46)
ou de acidente vascular encefálico (OR=2,47), presença de calosidades (OR=1,87) e
de micose de unha (OR=1,79). Os resultados indicam que apenas metade das USFs
do município realiza ações de prevenção de complicações nos pés de portadores de
DM e uma parcela ainda menor as executa de forma sistematizada. A comparação
entre os portadores de DM cadastrados nas duas USF estudadas revelou diferenças
significativas quanto ao autocuidado com os pés e à presença de doenças
dermatológicas, indicando possível efeito dessas ações no maior autocuidado e na
redução desses agravos. A alta prevalência de maior risco de ulceração em pés de
portadores de DM acompanhados na atenção primária e os fatores associados a
essa condição indicam que políticas e ações na atenção básica devem ser
instituídas, buscando o melhor controle da doença e o estímulo de hábitos de
autocuidado com os pés entre os portadores de DM.
Caracterização dos usuários de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos em uma Unidade Básica de Saúde: análise do uso irregular de medicamentos e das condições de saúde bucal
Ana Carolina Bertin de Almeida Lopes, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 26/05/2010
A Organização Mundial da Saúde considera que as doenças crônicas, como as
doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus assumiram caráter epidêmico,
acompanhado pelo aumento no consumo de medicamentos para sua prevenção e
tratamento. As doenças periodontais, especialmente a periodontite, têm sido
relacionadas à presença e à evolução do diabetes mellitus e das doenças
cardiovasculares. Este estudo teve como objetivos caracterizar os usuários de
medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos de uma Unidade Básica de Saúde
(UBS) e avaliar as condições de saúde bucal desses usuários. Realizou-se um
estudo transversal com 397 indivíduos maiores de 18 anos que retiraram
medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos na UBS Centro Social Urbano
(CSU), no município de Londrina, PR. As informações foram obtidas através de
formulário com questões estruturadas, semi-estruturadas e abertas com dados autoreferidos. A média de idade encontrada foi de 63,9 anos, a maioria do sexo feminino
(65,5%), com escolaridade de um a quatro anos (44,6%), e classes
socioeconômicas (ABEP) predominantes C1, C2 e D (78,4%). Os anti-hipertensivos
mais utilizados foram os inibidores da enzima de conversão de angiotensina (IECA)
(63,5%), os diuréticos tiazídicos (54,9%) e os betabloqueadores (27,7%). Entre os
antidiabéticos o mais consumido foi o cloridrato de metformina (23,2%). A
prevalência de uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos foi
de 35,8% e teve como principal motivo relatado o esquecimento. Os diabéticos
consumiram em média 3,9 medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos e os
hipertensos 1,6. Na análise multivariada o trabalho remunerado (não exercer) e a
coexistência da hipertensão arterial e do diabetes mellitus apresentaram associação
independente ao uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos.
Em relação às condições de saúde bucal identificou-se 35% de prevalência de
edentulismo e associação das variáveis faixa etária (ser idoso) e ter hipertensão
arterial e diabetes mellitus com o risco periodontal (sangramento gengival e/ou
mobilidade dentária). Apesar da amostra estudada representar uma população
específica que utiliza medicamentos e que recebeu diagnóstico de hipertensão
arterial e/ou de diabetes mellitus, os resultados apresentados evidenciaram que uma
proporção significativa dos usuários fazia uso irregular de medicamentos
cardiovasculares e antidiabéticos e que as condições de saúde bucal analisadas
foram insatisfatórias. Dessa forma, a promoção do uso racional de medicamentos,
das medidas não medicamentosas e a atenção à saúde bucal devem ser priorizadas
em portadores de doenças crônicas.