Adesão ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família, Londrina, PR
Edmarlon Girotto, Selma Maffei de Andrade, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 17/06/2008
A hipertensão arterial é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares. Para o seu controle são necessárias medidas farmacológicas e não-farmacológicas, como alimentação e atividade física. Contudo, a adesão ao tratamento é o grande desafio dos profissionais e serviços de saúde, especialmente na atenção básica. Nesse sentido, este estudo teve por objetivo determinar a adesão ao tratamento anti-hipertensivo e identificar fatores associados a esta condição. A população de estudo foi composta por hipertensos de 20 a 79 anos, cadastrados na Unidade de Saúde da Família Vila Ricardo, no município de Londrina, Paraná. A coleta de dados ocorreu de janeiro a junho de 2007, com amostra sistemática e aleatória de hipertensos. Foram colhidas informações auto-referidas, além das medidas de pressão arterial e das circunferências abdominal e do quadril. Foram entrevistados 385 hipertensos, sendo 62,6% mulheres e 37,4% homens, com idade média de 58,9 anos. Cerca de 50,0% dos entrevistados tinham no máximo 3ª série do ensino fundamental completa, 46,0% pertenciam à classificação econômica D ou E e 57,4% referiram não possuir trabalho remunerado. Entre os entrevistados, 84,2% relataram utilizar medicamentos para controle da hipertensão, 8,3% abandonaram o tratamento e 7,5% alegaram que não houve prescrição de medicamentos. A adesão ao tratamento farmacológico foi encontrada em 59,0% dos hipertensos. O esquecimento (32,2%), a normalização da pressão arterial (21,2%) e os efeitos adversos (13,7%) foram os principais motivos alegados para a não-adesão. Com relação ao tratamento não-farmacológico, 17,7% e 69,1% dos hipertensos referiram ser aderentes à atividade física regular e a mudanças na alimentação, respectivamente. A adesão à atividade física regular associou-se ao sexo masculino, à maior escolaridade, à presença de diabetes, à ausência de colesterol elevado, à relação cintura-quadril e circunferência abdominal normais, ao índice de massa corporal < 25 kg/m2 , ao mínimo de uma consulta ao ano e a uma medida da pressão arterial ao mês. A adesão a modificações na alimentação esteve associada ao sexo feminino, à menor escolaridade, ao acesso a plano de saúde, ao não-tabagismo ou ex-tabagismo, ao não-consumo ou consumo irregular de bebidas alcoólicas, ao nãoabandono do tratamento medicamentoso, ao mínimo de uma consulta ao ano e a uma medida da pressão arterial ao mês. Na análise multivariada, os fatores independentemente associados à adesão ao tratamento farmacológico foram: a faixa etária de 50 a 79 anos (Razão de Chances [OR]=4,673), o não-consumo ou consumo irregular de bebidas alcoólicas (OR=4,608), a realização de consultas médicas em intervalos máximos de um ano (OR=1,908) e a ausência de trabalho remunerado (OR=1,792). Os resultados indicam uma baixa adesão ao tratamento anti-hipertensivo, especialmente à atividade física regular, e sugerem a implantação de estratégias que visem estimular a adesão às medidas de controle da hipertensão arterial.
Pessoas vivendo com HIV/aids: vivências do tratamento anti-retroviral
Gisele dos Santos Carvalho, Regina Melchior
Data da defesa: 02/07/2008
O tratamento anti-retroviral atual tornou a aids uma doença crônica. Apesar desta conquista, a adesão à terapia anti-retroviral ainda sofre influência de vários fatores, que devem ser analisados para o desenvolvimento de novas estratégias de adesão e para o aprimoramento daquelas já existentes. Este estudo teve por objetivo compreender a vivência das pessoas infectadas pelo HIV com o tratamento antiretroviral. Foram realizadas entrevistas individuais semi-estruturadas com dez usuários de um centro de doenças infecciosas em uma cidade de médio porte do Paraná. Os discursos, após serem transcritos, foram analisados pela análise de conteúdo proposta por Bardin. Os resultados foram apresentados em quatro categorias: Descobrir-se HIV positivo, “E agora?” – Vivendo e convivendo com o HIV, Interação com o tratamento anti-retroviral e Estratégias de adesão ao tratamento. A primeira categoria descreve como se deu a descoberta do vírus e quais sentimentos estiveram envolvidos com este momento. Na segunda categoria, desvela-se a relação da pessoa infectada pelo HIV com o próprio vírus e com as pessoas de seu cotidiano. A categoria Interação com o tratamento anti-retroviral incorpora as experiências com as medicações, no início e no decorrer do tratamento, e o papel do serviço de saúde diante as dificuldades vivenciadas pelas pessoas infectadas pelo vírus e quanto à adesão à terapia. A última categoria traz as estratégias desenvolvidas pelos entrevistados que ajudam a aderir ao tratamento. Concluiu-se que, apesar da diminuição do número de doses e comprimidos – em comparação com os esquemas terapêuticos anteriores – ter minimizado em muito as dificuldades relacionadas à tomada da medicação, a adesão aos anti-retrovirais ainda representa a superação de obstáculos relacionados aos medicamentos e à convivência com o HIV. As estratégias para aderir ao tratamento levantadas pelas pessoas que fazem uso das medicações podem fornecer aos profissionais de saúde meios para auxiliar outros pacientes a adaptarem o tratamento ao seu estilo de vida. O investimento do poder público em estratégias de intervenção tem resultado em melhoras na adesão. O fortalecimento da relação entre os profissionais de saúde e as pessoas que vivem com o HIV constitui outro ponto decisivo na adesão ao tratamento.
Asma em municípios do Paraná: Análise de internações hospitalares e avaliação de um programa de atenção à saúde
Tatiane Almeida do Carmo, Darli Antonio Soares
Data da defesa: 25/07/2008
A asma, considerada problema de saúde pública, tem estimulado a implantação de programas de controle deste agravo por todo o país. Este estudo teve por objetivo avaliar o impacto de programas de controle da asma em municípios paranaenses e a efetividade do Programa de Controle da Asma no município de Londrina, Paraná. Realizou-se um estudo dividido em duas fases. A primeira foi realizada com um estudo de séries temporais desenvolvido com dados secundários do Sistema de Informações Hospitalares de seis municípios do estado do Paraná. O material de estudo foi constituído por internações por asma e crise asmática ocorridas entre 1998 e 2006. Na segunda fase realizou-se um estudo de coorte retrospectiva com a seleção de Unidades de Saúde da Família (USF) de Londrina cujos programas estavam em fases diferentes de consolidação. Foram selecionadas intencionalmente três USF, uma com programa consolidado e duas com programa não-consolidado. A coleta de dados foi realizada por meio de um formulário estruturado aplicado no domicílio dos entrevistados. Os resultados encontrados na fase I mostraram uma tendência de redução das internações em todos os municípios estudados. Municípios com programa de asma apresentaram coeficientes de internação inferiores em comparação aos municípios sem programa. A queda das internações nos municípios com programa foi maior que a dos municípios sem programa no período após a implantação dos programas de asma. Na fase II foram entrevistados 313 asmáticos, 168 inscritos na USF com programa consolidado e 145 cadastrados nas USF com programa não-consolidado. Houve predominância, em ambos os tipos de USF, de pacientes do sexo feminino, na faixa etária de 15 a 59 anos, com menos de nove anos de estudo e pertencentes às classes econômicas C, D ou E. A USF com programa considerado consolidado apresentou melhor organização do Programa, com menor relato de taxa de abandono (20,8% em comparação a 36,6% das outras), maior participação de pacientes em grupos (32,1% versus 2,1%) e maior relato de recebimento de visitas domiciliares (48,2% versus 0%). Na amostra estudada também houve diferença significativa (p<0,001) na utilização de broncodilatadores e no número de atendimentos de urgência entre os asmáticos cadastrados nas USF com programa consolidado e não-consolidado. Dos asmáticos inscritos na USF com programa consolidado, 55,4% referiram uso de broncodilatador em comparação a 74,5% dos inscritos na USF com programa não-consolidado. Em relação aos atendimentos de urgência, os resultados encontrados foram 29,2% e 55,9% respectivamente para as USF com programa consolidado e não-consolidado. Um programa de controle da asma bem organizado pode resultar na redução dos atendimentos de urgência decorrentes de crises asmáticas, contribuindo na melhoria dos indicadores de saúde, bem como para a elevação da qualidade de vida dos asmáticos.
Aspectos demográficos e mortalidade de populações indígenas do Estado do Mato Grosso do Sul
Maria Evanir Vicente Ferreira, Tiemi Matsuo, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 30/04/2010
causas, verificou-se diferença na importância das causas de morte entre as populações, caracterizada pela maior importância das doenças infecciosas e parasitárias na estrutura de óbitos da população indígena. Na comparação dos coeficientes, os homens indígenas apresentaram taxas mais elevadas para as causas externas, doenças do aparelho respiratório e doenças infecciosas e parasitárias. Porém, entre as mulheres, as taxas só foram significativamente mais elevadas para as causas externas e doenças infecciosas e parasitárias. A população indígena também apresentou especificidade na mortalidade por causas externas, representado pela grande importância de lesões autoprovocadas intencionalmente (suicídios) na juventude. Os resultados obtidos permitem evidenciar que as condições de saúde da população indígena são piores que a da população total do Estado. Tais constatações sugerem desigualdade nas condições de vida entre as populações estudadas.
Risco de ulceração em pés de portadores de Diabetes Mellitus em Londrina, Paraná: caracterização do cuidado na atenção básica, prevalência e fatores associados
Maira Sayuri Sakay Bortoletto, Selma Maffei de Andrade , Maria do Carmo Lourenço Haddad
Data da defesa: 30/04/2010
O portador de diabetes mellitus (DM) tem, aproximadamente, 15% de possibilidade de desenvolver ulcerações nos pés durante sua vida. Aproximadamente 40 a 60% das amputações não traumáticas de membros inferiores são realizadas em portadores de diabetes. A prevenção desse agravo constitui-se um grande desafio para os profissionais de saúde. Esta pesquisa objetivou analisar ações de prevenção de úlceras em pés de portadores de diabetes desenvolvidas na atenção básica de Londrina (PR), a prevalência e fatores associados ao maior risco de ulceração em pés de portadores de DM. O estudo foi desenvolvido em duas etapas. Na primeira, realizada em dezembro de 2008, entrevistaram-se as coordenadoras das 39 Unidades de Saúde da Família (USFs) da zona urbana de Londrina. Na segunda etapa, foram entrevistados e examinados, entre dezembro de 2008 e março de 2009, portadores de DM acompanhados em duas USFs, uma com ações de prevenção de complicações nos pés e outra sem essas ações instituídas. Os prontuários desses portadores de DM também foram consultados. Observou-se que 48,7% das USFs desenvolviam ações de prevenção, sendo a mais frequente a consulta de orientação, seguida da avaliação de enfermagem. Em 84,2% destas USFs, as ações preventivas foram instituídas havia menos de um ano. As ações estavam totalmente sistematizadas em somente 15,8% das USFs. Foram avaliados 337 portadores de diabetes, sendo 60,0% mulheres. A idade média foi de 64,6 anos, 37,1% tinham menos de quatro anos de escolaridade e 68,2% classificavam-se na classe econômica C. A prevalência de pé em risco de ulceração foi de 27,9%, sendo maior na USF sem ações de prevenção (29,7%) do que na USF com estas ações (26,1%). A ausência de ações de prevenção de complicações nos pés associou-se à escolaridade menor que quatro anos (p=0,024), cor da pele autorreferida como preta/parda (p=0,002), hipertensão arterial (p=0,026), corte de unhas inadequado (p=0,019), uso de calçados inadequados no momento da entrevista (p=0,005), uso diário autorreferido de calçados inadequados (p=0,046), micose interdigital (p=0,003) e micose de unha (p=0,001). Na análise multivariada, os fatores independentemente associados à prevalência de maior risco de ulceração foram: diagnóstico de diabetes há mais de 10 anos (OR=1,88), histórico de infarto agudo do miocárdio (OR=3,46) ou de acidente vascular encefálico (OR=2,47), presença de calosidades (OR=1,87) e de micose de unha (OR=1,79). Os resultados indicam que apenas metade das USFs do município realiza ações de prevenção de complicações nos pés de portadores de DM e uma parcela ainda menor as executa de forma sistematizada. A comparação entre os portadores de DM cadastrados nas duas USF estudadas revelou diferenças significativas quanto ao autocuidado com os pés e à presença de doenças dermatológicas, indicando possível efeito dessas ações no maior autocuidado e na redução desses agravos. A alta prevalência de maior risco de ulceração em pés de portadores de DM acompanhados na atenção primária e os fatores associados a essa condição indicam que políticas e ações na atenção básica devem ser instituídas, buscando o melhor controle da doença e o estímulo de hábitos de autocuidado com os pés entre os portadores de DM.
Caracterização dos usuários de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos em uma Unidade Básica de Saúde: análise do uso irregular de medicamentos e das condições de saúde bucal
Ana Carolina Bertin de Almeida Lopes, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 26/05/2010
A Organização Mundial da Saúde considera que as doenças crônicas, como as doenças cardiovasculares e o diabetes mellitus assumiram caráter epidêmico, acompanhado pelo aumento no consumo de medicamentos para sua prevenção e tratamento. As doenças periodontais, especialmente a periodontite, têm sido relacionadas à presença e à evolução do diabetes mellitus e das doenças cardiovasculares. Este estudo teve como objetivos caracterizar os usuários de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e avaliar as condições de saúde bucal desses usuários. Realizou-se um estudo transversal com 397 indivíduos maiores de 18 anos que retiraram medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos na UBS Centro Social Urbano (CSU), no município de Londrina, PR. As informações foram obtidas através de formulário com questões estruturadas, semi-estruturadas e abertas com dados autoreferidos. A média de idade encontrada foi de 63,9 anos, a maioria do sexo feminino (65,5%), com escolaridade de um a quatro anos (44,6%), e classes socioeconômicas (ABEP) predominantes C1, C2 e D (78,4%). Os anti-hipertensivos mais utilizados foram os inibidores da enzima de conversão de angiotensina (IECA) (63,5%), os diuréticos tiazídicos (54,9%) e os betabloqueadores (27,7%). Entre os antidiabéticos o mais consumido foi o cloridrato de metformina (23,2%). A prevalência de uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos foi de 35,8% e teve como principal motivo relatado o esquecimento. Os diabéticos consumiram em média 3,9 medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos e os hipertensos 1,6. Na análise multivariada o trabalho remunerado (não exercer) e a coexistência da hipertensão arterial e do diabetes mellitus apresentaram associação independente ao uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos. Em relação às condições de saúde bucal identificou-se 35% de prevalência de edentulismo e associação das variáveis faixa etária (ser idoso) e ter hipertensão arterial e diabetes mellitus com o risco periodontal (sangramento gengival e/ou mobilidade dentária). Apesar da amostra estudada representar uma população específica que utiliza medicamentos e que recebeu diagnóstico de hipertensão arterial e/ou de diabetes mellitus, os resultados apresentados evidenciaram que uma proporção significativa dos usuários fazia uso irregular de medicamentos cardiovasculares e antidiabéticos e que as condições de saúde bucal analisadas foram insatisfatórias. Dessa forma, a promoção do uso racional de medicamentos, das medidas não medicamentosas e a atenção à saúde bucal devem ser priorizadas em portadores de doenças crônicas.
Educação em saúde: o cotidiano da equipe de Saúde da Família
Elisangela Pinafo, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 28/05/2010
A educação em saúde se faz presente no cotidiano da Atenção Básica, sendo uma prática fundamental no contexto da Estratégia Saúde da Família. Nela, o conhecimento no campo da saúde atinge o cotidiano da vida das pessoas, sendo intermediado pela ação do profissional de saúde. Por constituir-se instrumento de trabalho da equipe de saúde da família, esta pesquisa teve como objetivo analisar a prática da educação em saúde no cotidiano da equipe de saúde da família, identificando suas concepções, facilidades e dificuldades. Trata-se de um estudo de caso qualitativo, realizado com duas equipes de saúde da família de um município de pequeno porte, no Paraná. Os dados foram coletados nos meses de abril a junho de 2009, por meio de observação e entrevistas semi-estruturadas. Da análise dos discursos e das observações emergiram três categorias: Concepção de educação em saúde; A prática cotidiana da educação em saúde e Expectativas quanto às práticas de educação em saúde na Atenção Básica. Os entrevistados demonstraram compreender a importância da prática da educação em saúde em seu cotidiano e mostraram reconhecer a importância do seu papel enquanto educador. O modelo de transmissão do conhecimento e o modelo curativo de assistência à saúde encontram-se fortemente arraigados na concepção e nas práticas de educação em saúde apresentada pelos profissionais da equipe de saúde da família. A prática educativa ocorre tanto de maneira informal quanto formal, sendo identificadas estratégias, potencialidades e fragilidades em sua condução. Percebeu-se um movimento de mudança na concepção de educação em saúde por parte de alguns profissionais, que apresentaram uma concepção que vai em direção ao aprendizado mútuo e o respeito aos conhecimentos prévios da população, porém esta ocorre de forma incipiente. Verificou-se a necessidade de maior valorização do papel do trabalhador enquanto sujeito propulsor de mudanças, ampliar a educação em saúde para o fortalecimento da participação social e da autonomia dos usuários em direção a uma transformação no modelo de atenção em saúde vigente.
Prevalência e Fatores Associados à Doença Periodontal em Puérperas, Londrina – PR
Carolina de Alcântara Lopes dos Santos, Zuleika Thomson, Ana Maria Rigo Silva
Data da defesa: 16/06/2010
A doença periodontal é considerada um problema de saúde pública em todo o mundo devido à alta incidência e prevalência, e afeta grande parte da população. Nos estágios mais avançados, se não tratada, leva a perda dentária interferindo diretamente na qualidade de vida das pessoas. Tendo em vista que as alterações hormonais da gestação podem interferir no início e progressão da doença periodontal, a pesquisa teve como objetivos: estimar a prevalência da doença periodontal em puérperas e determinar a gravidade; verificar os fatores associados à doença periodontal. Trata-se de um estudo transversal, cuja população foram todas as puérperas, residentes em Londrina, Paraná, que tiveram seus partos em maternidade pública, que atende parturientes de baixo e médio risco, nos meses de maio e junho de 2009. Os dados foram obtidos por meio de entrevista e exame clínico odontológico. A classificação da doença periodontal foi realizada pelo Índice Periodontal Comunitário (IPC). A variável dependente foi a presença da doença periodontal (gengivite e periodontite) e as variáveis independentes envolveram características sociodemográficas, cuidados com a saúde bucal e condições de saúde e hábitos maternos antes e durante a gestação. Na análise estatística foi utilizada a regressão de Poisson. Houve 41 exclusões e 15 (3,1%) perdas, totalizando uma amostra final de 472 entrevistas realizadas. A maioria das puérperas (66,3%) tinha entre 20 e 34 anos, idade média de 24,3 anos; 64,6% estudaram, no mínimo, até o fundamental completo; 72,7% eram brancas; quanto à classificação econômica (ABEP), a maioria pertencia à classe C (71,4%), 65,3% não trabalhavam fora e somente 25,6% viviam com mais que um salário mínimo. A prevalência da doença periodontal observada foi de 41,1%, entre estas, 42,8% apresentavam bolsa periodontal de 4-5 mm. Na análise multivariada, a idade de 20 anos ou mais, a baixa escolaridade (até quatro anos de estudo), o sangramento gengival anterior à gestação (auto-referido) e o hábito de fumar há mais de 10 anos foram significativamente associadas à doença periodontal (p<0,05). Os resultados apresentados sugerem a necessidade de melhoria no acesso ao atendimento odontológico às gestantes, tanto na atenção básica, como nos serviços odontológicos especializados, garantindo ações de promoção, prevenção e tratamento odontológico resolutivo e de qualidade.
Prevalência e fatores associados à má oclusão na dentição decídua em crianças de Pedra Preta, MT
Juliana Mariano Massuia, Wladithe Organ Carvalho
Data da defesa: 17/06/2010
A elevada prevalência de má oclusão na população alcança posição de destaque na escala de prioridades e problemas de saúde bucal no Brasil, e, por isso deve ser considerada dentro da área de atenção dos serviços de Saúde Pública, em decorrência das implicações fisiológicas e sociais integradas da boca. Este estudo teve por objetivo estimar a prevalência de má oclusão na dentição decídua e examinar fatores a ela associados. Realizou-se um estudo transversal do tipo inquérito epidemiológico, no município de Pedra Preta, Mato Grosso. A coleta de dados foi composta por duas etapas: entrevista com a mãe e/ou responsável e exame clínico odontológico da criança. As entrevistas foram realizadas por duas auxiliares previamente treinadas e pela pesquisadora principal e o exame clínico por um cirurgião dentista previamente treinado e calibrado (Kappa intraexaminador: 0,96). Foram incluídas todas as crianças residentes nas áreas de abrangência das Unidades de Saúde da Família (USF) do município, na faixa etária de três a cinco anos e meio de idade. A coleta de dados ocorreu entre os meses de abril e junho de 2009 e a população de estudo foi constituída por 374 crianças. O desfecho do estudo foi a presença de má oclusão, e, os critérios de classificação das oclusões normais e das más oclusões foram: relação terminal dos segundos molares decíduos, relação de caninos, relação transversal, trespasses e presença/ausência de apinhamento. A oclusão foi classificada como normal quando: a relação terminal dos segundos molares decíduos se encontrava em plano reto e/ou mesial com o canino em classe I; havia ausência de apinhamento, de mordida cruzada e/ou aberta; com sobremordida e sobressaliência normais; com medidas positivas de até 2 mm. Para análise estatística, utilizou-se a regressão de Poisson. A prevalência de má oclusão foi de 53,2% (IC 95%:48,3; 58,6), os tipos mais frequentes foram o apinhamento, a sobressaliência e a mordida aberta anterior; e o hábito bucal mais prevalente foi a mamadeira. Verificou-se associação negativa de má oclusão com as seguintes variáveis: perfil facial do tipo côncavo/convexo, arco maxilar em forma de V, presença de hábitos bucais e aleitamento materno exclusivo ≤ 3 meses. A prevalência de má oclusão na dentição decídua foi elevada, entretanto alguns fatores associados são evitáveis: o diagnóstico precoce e medidas preventivas podem impedir e/ou interceptar o estabelecimento destas alterações, ainda, na dentição decídua.
Formação dos Trabalhadores da Saúde na Residência Multiprofissional em Saúde da Família: uma cartografia da dimensão política
Carolina Pereira Lobato, Regina Melchior
Data da defesa: 28/06/2010
No intuito de colaborar com o debate das Residências Multiprofissionais em Saúde, o presente estudo buscou compreender, através do olhar cartográfico, de que forma a residência contempla a dimensão política na formação dos trabalhadores. Fala-se da dimensão política como reconhecimento das relações de poder existentes na formação dos trabalhadores e lugar em que as intencionalidades da formação se explicitam. É nesta dimensão que a função social do trabalhador e das instituições formadoras pode ser debatida, sendo lugar de disputa dos projetos de saúde e sociedade colocados em pauta pelos sujeitos em formação. Para tanto, vivenciou-se o processo educativo de um programa de residência no interior de São Paulo. A experiência ocorreu em janeiro e fevereiro de 2009. Além dos diários de bordo, foram realizadas entrevistas a 14 sujeitos envolvidos no processo educativo, bem como análise de alguns documentos oficiais relacionados ao Programa e às Residências Multiprofissionais em Saúde. A análise foi dividida em três cartografias: cartografia da dimensão política nas relações nas práticas pedagógicas, nas relações nas práticas de gestão e nas relações no cuidado. Para a compreensão de como a Residência contempla a politicidade na formação, analisaram-se alguns acontecimentos de um território vivo reconhecendo as linhas de força presentes nos encontros entre os sujeitos envolvidos na produção do cuidado e na produção pedagógica na formação dos trabalhadores da saúde. Seja na micropolítica dos serviços, da relação entre educadores e educandos nos espaços pedagógicos, ou na macropolítica, nos rumos da Política de Educação Permanente no Brasil, reconhecer os interesses em disputa e as relações de poder existentes se faz necessário. Para tanto, os processos educativos devem considerar as linhas de força que disputam os diversos projetos de saúde e de sociedade que permeiam os discursos e práticas. Ressalta-se, assim, a necessidade de formar agentes micropolíticos para o fortalecimento do SUS, tanto para disputar a qualificação das práticas no mundo do cuidado como para tensionar o fortalecimento do SUS como política pública. Neste sentido, as residências podem ser potentes dispositivos para a formação do trabalhador da saúde em defesa do SUS.