Consumo de medicamentos entre adultos residentes na área de abrangência de uma Unidade Saúde da Família
Milene Zanoni da Silva, Darli Antonio Soares
Data da defesa: 30/01/2008
Objetivo: Determinar a prevalência e os fatores associados ao consumo de medicamentos entre adultos de 20 e 59 anos. Método: Estudo transversal de base populacional. Foram entrevistados 374 indivíduos da área de abrangência de uma Unidade Saúde da Família de Ponta Grossa (PR), entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007. O período recordatório utilizado foi dos últimos 7 dias. Os medicamentos foram classificados segundo Anatomical Therapeutic Chemical Code. Os testes de qui-quadrado e de regressão logística foram utilizados para análise estatística. Resultados: A prevalência de consumo de medicamentos foi de 67,1%. A utilização variou entre 1 e 17 medicamentos. As classes terapêuticas mais consumidas foram analgésicos e a dipirona foi o princípio ativo mais usado. Após análise multivariada, as variáveis que permaneceram associadas significativamente foram: sexo, autopercepção de saúde, presença de doenças crônicas e filiação a plano de saúde. Conclusão: A prevalência de consumo de medicamentos foi semelhante ao encontrado em outros estudos. Os achados desta pesquisa poderão contribuir para nortear as ações das equipes saúde da família.
Insegurança alimentar de beneficiários de programas de transferência de renda
Francielle Richetti Anschau, Tiemi Matsuo
Data da defesa: 30/01/2008
O quadro de insegurança alimentar do Brasil é um dos mais preocupantes do mundo e sua superação deve-se pautar na elaboração de políticas públicas intersetoriais. Este estudo teve por objetivo determinar a prevalência de insegurança alimentar de famílias beneficiárias de programas de transferência de renda e estabelecer associações entre a insegurança alimentar e as características sócio-demográficas das famílias. A população de estudo foi constituída por 421 famílias beneficiárias de programas de transferência de renda, residentes no município de Toledo-PR. Os dados foram coletados entre dezembro de 2006 e fevereiro de 2007, em visitas domiciliares com entrevista, mediante consentimento livre e esclarecido. Os instrumentos de coleta de dados foram a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), Questionário de Classificação Econômica (ABEP) e um questionário complementar. A presença de 4 a 6 moradores no domicílio foi observada em 69,1% dos casos e 94,3% apresentaram 1 ou mais moradores com idade inferior a 18 anos. Em 29,4% dos domicílios a renda per capita foi de R$ 150,01 ou mais e 88,6% dos entrevistados se disseram cadastrados em algum programa de transferência de renda; destes, 86,9% são beneficiários do Bolsa Família. Segundo a classificação econômica, 67,9% se enquadraram nas Classes D ou E. Em relação aos chefes de domicílio, 75,1% são do sexo masculino. A 4ª série não foi concluída por 45,6% dos chefes e cerca de 50% trabalhavam de maneira informal ou estavam desempregados. A insegurança alimentar esteve presente em 74,6% das famílias, das quais 5,9% apresentaram insegurança severa e 23,8% moderada. Quanto maior a renda média per capita, mais distante a família se apresenta da insegurança alimentar (p<0,0001). Conforme análise bivariada, as demais variáveis relacionadas à insegurança alimentar moderada ou severa foram: classe econômica D ou E (p<0,0001), presença de moradores menores de 18 anos no domicílio (p=0,0017), famílias que se dizem beneficiárias de programas de transferência de renda (p=0029), baixa escolaridade (p=0,0176) e o trabalho informal ou o desemprego (p=0,0003) do chefe do domicílio. Após o controle das variáveis na análise multivariada, mantiveram a associação a classificação econômica D ou E (OR=2,74 – I.C.1,57 a 4,80), a presença 5 ou mais moradores no domicílio (OR=1,83 - I.C. 1,15 a 2,89) e o trabalho informal ou desemprego do responsável pelo domicílio (OR=1,81 – I.C. 1,14 a 2,86). A elevada prevalência de insegurança alimentar moderada ou severa indica a necessidade de maior atenção às políticas públicas, de forma a auxiliar na melhoria da geração de emprego e renda, na inclusão de bens de consumo e serviços para as famílias e, no acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, de forma a garantir a segurança alimentar.
Formação de facilitadores de educação permanente em saúde: Percepções de tutores e facilitadores
Fernanda de Freitas Mendonça, Elisabete de Fátima Polo de Almeida Nunes
Data da defesa: 20/02/2008
O Ministério da Saúde (MS) instituiu a política de Educação Permanente em Saúde (EPS) como estratégia de transformação das práticas de saúde e de formação dos profissionais. Para tanto, houve a criação dos pólos de EPS, como instância locoregionais. Apesar de toda essa estruturação surgiram dificuldades para trabalhar a educação permanente. Dessa forma, como estratégia de fortalecimento da implementação da EPS iniciou-se a formação de tutores e facilitadores de EPS em todo o país. A formação de tutores e facilitadores de EPS é uma iniciativa recente, logo não se conhece como esses atores estão lidando com a responsabilidade de produzir mudanças no processo de trabalho. Com base nisso, o objetivo dessa pesquisa é analisar a percepção de tutores e facilitadores sobre a Educação Permanente em Saúde e sobre suas atuações no processo de implementação dessa política. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado com tutores e facilitadores de EPS, em Londrina – PR, no período de dezembro de 2006 a janeiro de 2007. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas e submetidos à análise de discurso proposta por Martins e Bicudo. Da análise das entrevistas emergiram quatro categorias: Percebendo o processo de formação de facilitadores de EPS; Compreensão da EPS; Ser Tutor e Facilitador de EPS e Vivenciando o processo de mudança. Os entrevistados revelaram que o processo de formação de facilitadores de EPS teve diversas limitações, dentre elas, a greve dos profissionais de saúde, o sentimento de falta de apoio da gestão e a persistência de práticas hegemônicas. Por conta disso, os participantes enfatizaram em seus discursos as dificuldades e necessidades que têm vivenciado para implementar a EPS. Essas necessidades e dificuldades influenciaram a percepção de tutores e facilitadores acerca de seu papel. Para os sujeitos, só haverá mudanças significativas no processo de trabalho quando a EPS for institucionalizadal. Apesar dos percalços, os sujeitos conseguiram compreender e reconhecer a importância da política de EPS e da formação de facilitadores. Os participantes deram destaque para: ampliação do olhar sobre o processo de trabalho em saúde, reflexão, autocrítica e crescimento pessoal e profissional. Espera-se que os resultados desse estudo possam fornecer subsídios para o enfrentamento dos desafios que se colocam no desenvolvimento EPS e fortalecer esse processo, sobretudo, no atual contexto, em que as discussões em torno da EPS voltam a ocupar um espaço na agenda da gestão, devido à publicação da nova portaria 1996 GM/MS.
A violência e suas possibilidades de enfrentamento: o olhar de lideranças comunitárias
Márcia Caroline Portela Amaro, Selma Maffei de Andrade, Mara Lúcia Garanhani
Data da defesa: 29/02/2008
Desde a década de 80 assistimos a uma escalada da violência urbana no Brasil. A violência tornou-se hoje um dos mais sérios problemas da Saúde Coletiva, chegando a ser, em alguns locais do país, juntamente com outras causas externas, a segunda causa de mortes. A cidade de Londrina – PR vem assistindo a um preocupante aumento dos índices de violência, que tem levado lideranças da cidade a se mobilizarem. O objetivo desta pesquisa foi identificar qual o olhar que lideranças comunitárias têm sobre a violência e quais estratégias de enfrentamento visualizam nas suas realidades. Abordou-se também a visão das lideranças sobre a atuação do setor saúde no problema. Foram entrevistadas 25 lideranças de duas regiões periféricas da cidade, diferentes sob o aspecto da mobilização popular. Foi um estudo exploratório, de abordagem qualitativa, com entrevistas semi-estruturadas. As lideranças foram escolhidas a partir do processo chamado de “bola de neve” ou amostragem em rede. Foram realizadas entrevistas até que se atingiu a saturação das convergências entre as respostas. A técnica de análise dos dados foi a de Bardin. Entre os resultados, levantou-se que a visão das lideranças sobre a violência está permeada de contradições e mecanismos de defesa, como a naturalização e a negação da violência. Entre as estratégias de enfrentamento, na comunidade menos mobilizada predomina a reivindicação dirigida às autoridades. Na mais mobilizada, o que se destaca é a prática de parcerias com outros setores da sociedade, inclusive com o governo. A atuação dos profissionais de saúde é vista como precária, porém com possibilidades de melhora através da formação de parcerias com a comunidade. Este estudo contribuiu para identificar as estratégias que a comunidade pode utilizar para prevenir a violência, ajudando assim a reduzir as mazelas deixadas por esta na sociedade.
Mudança na Formação Superior de Profissionais de Saúde: experiências de ativadores do Paraná
Alberto Durán Gonzalez, Marcio José de Almeida
Data da defesa: 14/03/2008
O curso de especialização em ativação de processos de mudança na formação superior dos profissionais de saúde surge como estratégia de ampliação e intensificação do movimento pró-mudança já existente no cenário do ensinoaprendizagem da área saúde no Brasil. Buscava-se a ampliação, por meio da inserção de novos atores comprometidos com as novas propostas, e a intensificação, por meio do próprio modelo metodológico apresentado pelo curso. Modelo que priorizava a participação ativa, crítica e reflexiva, além da construção coletiva do conhecimento. Analisou-se a percepção de participantes do curso de ativadores quanto à participação no curso, implantação dos processos de mudança e as perspectivas do movimento pró-mudança. Tratou-se de um estudo qualitativo com período de coleta de dados entre março e abril de 2007. Foram sujeitos de pesquisa egressos residentes no Paraná. Trabalhou-se inicialmente com dados de fontes secundárias, os trabalhos de conclusão de curso (TCC) e, posteriormente, com dados de fontes primárias, entrevistas semi-estruturadas realizadas com os autores de TCC que se caracterizassem como planos de ação. Dos 57 egressos do Paraná, 25 enviaram seus TCC para a primeira análise e 21 foram entrevistados. Todos os participantes da pesquisa eram do sexo feminino. A análise dos manifestos possibilitou evidenciar que o curso ajudou a identificar o desconforto vivenciado na realidade das participantes, forneceu ferramentas para a mudança e propiciou sua experiência de utilização. As entrevistadas confirmaram a importância da integração entre as competências abordadas no curso, porém apontaram ser difícil a interação na realidade. Algumas ativadoras encontraram facilidades humanas, administrativas e/ou financeiras no início da implantação do plano de ação, entretanto não se caracterizaram como suficientes para a mudança nos cenários locais. Barreiras estruturais, metodológicas, administrativas, financeiras e principalmente humanas também se mostraram presentes. A pouca disponibilidade de diversos atores e o acréscimo de atividades no trabalho cotidiano limitaram diversas experiências. Estratégias de convencimento, motivação e de informação se mostraram eficientes na superação de algumas dificuldades. As ativadoras passaram por um momento de desarticulação interpessoal que bloqueou processos mais profundos de transformação. Isoladas em suas aldeias, acreditam que o movimento pró-mudança foi impulsionado, mas não na velocidade esperada ou desejada. Políticas públicas de estímulo a mudança na formação devem articular e apoiar este novo ator, fortalecendo os inúmeros processos iniciados pelos ativadores qualificados pelo curso.
Adequação da demanda atendida em serviço de urgência de média complexidade em Londrina, Paraná, Brasil
Ricardo de Oliveira, Regina Kazue Tanno de Souza, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 30/04/2008
A hierarquização da atenção à saúde estabelece fluxos assistenciais ascendentes iniciando-se por serviços de menor complexidade. Entretanto, estudos demonstram a existência de um funcionamento desordenado e desvios dos fluxos nesse sistema. Assim, os serviços de urgência são excessivamente utilizados, acarretando filas e atendimento de alto percentual de casos inadequados. Dada a escassez de pesquisas abordando o tema da urgência no país, este estudo teve por objetivo caracterizar e classificar a demanda atendida no Pronto Atendimento Municipal em Londrina-PR (PAM), segundo a adequação dos casos ao papel assistencial do serviço. A população de estudo foi constituída por 394 pessoas, selecionadas por meio de amostragem sistemática, que procuraram o PAM em duas semanas do mês de julho de 2007. Os dados foram coletados após as consultas médicas por entrevistadores devidamente treinados, e as informações foram registradas em banco de dados do aplicativo Epi Info versão 3.4 para Windows. Para a classificação dos casos quanto à sua adequação foram utilizados critérios explícitos (situações objetivamente definidas) e implícitos (a critério do médico consultante). A análise de associação entre as variáveis independentes e a adequação ao serviço foi realizada a partir da classificação por critérios explícitos utilizando-se o teste de qui-quadrado (χ2 ). Verificou-se, entre os principais resultados, discreto predomínio de pessoas do sexo feminino (55,6%), na faixa etária entre 20 e 39 anos (45,9%) com apenas o nível fundamental de ensino (51,7%), inseridas no mercado de trabalho, não beneficiárias de plano de saúde. A maioria das pessoas procurou o PAM espontaneamente (77,1%) e, entre os casos referenciados, as UBS foram os serviços que mais encaminharam (76,0%). O transporte coletivo foi o mais utilizado (46,7%) e 79% das pessoas tiveram alta após a consulta no PAM. Dos casos analisados, 54,3% foram considerados adequados segundo os critérios classificatórios explícitos. Os fatores associados significativamente (p<0,05) à adequação ao serviço foram: idade igual ou superior a 60 anos, inserção no mercado de trabalho, ser usuário de unidades básicas de saúde e procura por outros serviços previamente ao atendimento no PAM para o mesmo problema. Quando comparados os diferentes critérios de classificação da demanda, verificou-se concordância de 81,4% (estatística Kappa = 0,62), considerada substancialmente concordante. Apesar da demanda espontânea ter sido predominante (77,1%), a realidade observada no PAM de Londrina revelou que há uma adequação razoável da demanda à natureza do serviço, fato pouco observado em estudos semelhantes.
Níveis de chumbo em leite e sangue de doadoras de banco de leite em município do sul do Brasil
Gina Ayumi Kobayashy Koyashiki, Monica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 29/05/2008
A produção científica brasileira sobre efeitos adversos do chumbo na população em geral é escassa. O chumbo, substância potencialmente tóxica, tornou-se um problema de saúde pública em função de seus efeitos, principalmente envolvendo o sistema nervoso central e efeitos sobre a síntese da heme. O objetivo deste estudo foi avaliar o grau de exposição ao chumbo de doadoras de Banco de Leite do município de Londrina, Paraná, estimando-se os níveis do metal em amostras de leite e sangue. Trata-se de um estudo transversal conduzido no período de janeiro a julho de 2007. Foram recrutadas todas as mães que estavam cadastradas como doadoras no referido banco de leite e incluídas no estudo 92 voluntárias que atendiam aos seguintes critérios de inclusão: sadias sem doença crônica, com bebês nascidos a termo, em período de amamentação entre 15 e 210 dias e moradoras no município estudado. O chumbo no leite e no sangue foi quantificado utilizando-se a técnica de ICP-MS (espectrometria de massa com plasma de argônio indutivamente acoplado). Todas as mães assinaram um termo de consentimento aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina. A mediana das concentrações de chumbo nas amostras de leite foi igual a 3,0 µg/L, variando de 1,0 a 8,0 µg/L, enquanto que para o chumbo em sangue foi igual a 2,7 µg/dL, variando de 1,0 a 5,5 µg/dL. Na análise de correlação de Spearman foram observadas correlações significativas, embora modestas, entre concentração de chumbo no sangue e no leite (rs=0,207, p=0,048), hemoglobina e atividade da ALAD (rs=-0,264, p=0,011 ), nível de chumbo no sangue e idade materna (rs=0,227, p=0,029) e, para hematócrito e hemoglobina, a correlação foi mais alta (rs=0,837, p<0,001). Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre as concentrações de chumbo em leite e sangue e variáveis demográficas estudadas, obtidas por meio entrevistas e formulário testado. A relação chumbo no leite/sangue observada foi igual a 0,11. Em geral, os valores encontrados no presente estudo são semelhantes aos obtidos em população não exposta em outros países, e estão dentro da faixa considerada de normalidade.
Avaliação de serviço público de odontologia no município de Cambé, Paraná
Vera Lúcia Ribeiro de Carvalho Bueno, Luiz Cordoni Júnior
Data da defesa: 06/06/2008
Em Cambé, Paraná, equipes Saúde Bucal foram incluídas no Programa Saúde da Família com a finalidade de reorientar práticas em saúde. O objetivo desta dissertação é elaborar e aplicar estratégia de avaliação em serviço público de odontologia neste município. A metodologia usada foi o estudo de caso histórico-organizacional. Para o planejamento da avaliação foram desenvolvidos o modelo-lógico do serviço e uma matriz que apresenta dimensões de análise, critérios, indicadores, pontuações, parâmetros e fontes de informação. Para tal, foram coletadas informações partindo da triangulação de métodos (observação, entrevista e análise documental) e realizadas três oficinas de trabalho no decorrer do processo. A matriz subsidiou o desenvolvimento de um instrumento de coleta de dados que foi aplicado em uma Unidade Saúde da Família. O período de estudo foi de novembro de 2006 a julho de 2007. Como resultado se obteve um fluxograma que retrata demanda espontânea, oferta organizada assistencial da atenção básica e especializada, demanda de programas pré-existentes, atividades coletivas, e uma matriz com duas dimensões de análise, doze critérios e vinte e quatro indicadores. A pontuação geral obtida para a unidade avaliada foi classificada como “aceitável”, em escala de parâmetros de quatro classes (crítico, regular, aceitável e satisfatório). A Equipe Saúde Bucal participa de oficinas de Educação Permanente em Saúde e reuniões semanais com a equipe Saúde da Família, mas não realiza atividades multidisciplinares com freqüência. Conclui-se que o desenvolvimento dos indicadores proporcionou o planejamento de uma avaliação adequada à realidade estudada. O comprometimento dos sujeitos com o novo modo de se praticar a odontologia está sendo conquistado à medida que o processo de trabalho vai sendo discutido, avaliado e aprimorado.
Aleitamento materno: prevalência e fatores associados em áreas de atuação de Equipes de Saúde da Família
Maria Fernanda Tenório Campana, Zuleika Thomson, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 06/06/2008
O Programa de Saúde da Família (PSF), considerado estratégia incremental do SUS, nas suas bases prioriza as ações de proteção e promoção à saúde de forma integral e contínua. Em relação à amamentação, as equipes do PSF podem desenvolver atividades educativas, desde a gestação até o estabelecimento e da amamentação, bem como em sua manutenção. O padrão de amamentação varia com o local e com as características da população e dos serviços de saúde. Desta forma, esta pesquisa teve por objetivo estimar a prevalência do aleitamento materno (AM) e do aleitamento materno exclusivo (AME) e investigar os fatores associados à prática da amamentação no sexto mês da criança em áreas de atuação de Equipes de Saúde da Família (ESF). Trata-se de um estudo transversal, realizado por meio de inquérito domiciliar. As principais variáveis de estudo foram as relacionadas às características demográficas e socioeconômicas dos binôminos mãe-filho, à alimentação da criança, e à assistência à saúde durante o período pré e pós-natal. Foram entrevistadas 241 mães de crianças nascidas entre setembro de 2006 e fevereiro de 2007, residentes em uma das cinco regionais de saúde do município de Maringá-PR, selecionadas a partir do Sistema de Informações de Nascidos Vivos e registros dos Agentes Comunitários de Saúde. As entrevistas foram realizadas aos 180 dias de vida da criança (± 7 dias). A análise da associação entre as variáveis independentes e a prática da amamentação (AM + AME) no sexto mês foi realizada a partir do teste de Qui-quadrado com correção de Yates ou pelo teste exato de Fisher (p<0,05). Os resultados revelaram prevalência elevada de AM (66,8%) e baixíssima de AME (2,9%). O abandono do AME foi expressivo apenas a partir do quarto mês. Associaram-se negativamente à prática da amamentação, o baixo peso ao nascer (p= 0,004), a idade gestacional inferior a 37 semanas (p=0,02) e o tempo de internação hospitalar após o nascimento superior a sete dias (p=0,003). Nenhuma variável relacionada às características da assistência a saúde associou-se significativamente. A orientação sobre AM foi positivamente referida por 55% das mães durante o pré-natal, 74,4% durante a internação, 56,9% no momento da alta e por apenas 28,2% durante as visitas domiciliares por profissionais das ESF. A visita domiciliar no puerpério foi baixa (42,5%). Concluiu-se que a situação privilegiada da amamentação no sexto mês na área estudada sugere maior influência de fatores sócio-culturais. Porém, acredita-se que a atuação efetiva dos profissionais das ESF priorizando a captação das necessidades das mães, por meio da escuta qualificada, possa elevar a duração do AM, especialmente de sua forma exclusiva.
A Formação Superior e as Conferências Nacionais de Recursos Humanos em Saúde
Daniel Carlos da Silva e Almeida, Márcio José de Almeida , Mara Lúcia Garanhani
Data da defesa: 13/06/2008
Esta pesquisa buscou resgatar e aprofundar a discussão sobre a formação profissional em saúde a fim de contribuir para a compreensão da realidade e das políticas instituídas. O objetivo foi analisar as propostas e os problemas relacionados à formação superior em saúde, no âmbito da graduação, nas Conferências Nacionais de Recursos Humanos em Saúde (CNRHS). Para isso, foram utilizados como objetos de análise os relatórios finais dessas Conferências. A abordagem utilizada foi qualitativa e para a análise dos dados optou-se pelo método da análise de conteúdo preconizado por Bardin, no qual as informações analisadas foram codificadas em categorias por meio da análise temática. Essas categorias versaram sobre o perfil profissional, as práticas de ensino-aprendizagem e a articulação ensino-serviço-comunidade. As CNRHS foram fóruns de manifestação do controle social sobre as políticas relacionadas ao tema que contaram com a participação de diversos atores. Suas propostas acompanharam o processo de reorientação da atenção e da formação em saúde ditado por esses atores ao longo de vinte anos. Apesar dos problemas apontados na análise documental, pode-se inferir que a questão da formação dos profissionais de saúde se encontra em evolução, tanto no campo político e teórico como no prático, e hoje se constitui uma política legitimada. Assim, esse trabalho contribui demonstrando a evolução da formação dos profissionais de saúde, mesmo aquém das necessidades de mudança, e evidencia a complexidade da gestão do trabalho no SUS, a sua relação com as instituições de ensino, que não são homogêneas entre si; com os serviços, representados por gestores e profissionais; e com as políticas intergovernamentais articuladas entre Ministério da Saúde e Ministério da Educação.