O Impacto das Conferências de Saúde na Definição do Financiamento do SUS no Paraná (1991-2002)
Manoela Carvalho, Luiz Cordoni Júnior
Data da defesa: 16/06/2004
Esta pesquisa tem como objeto de investigação a questão do controle social sobre o financiamento do SUS no Paraná, analisando-se as propostas para o financiamento da saúde aprovadas nas Conferências de Saúde no Paraná e os encaminhamentos do poder público para a implementação de tais propostas. A partir da organização das deliberações presentes nos Relatórios Finais das Conferências de Saúde em cinco categorias, a) o volume de recursos destinados à saúde; b) as ações e serviços financiados com recursos da saúde; c) o controle social dos recursos da saúde; d) o financiamento do processo de descentralização da saúde e, e) a exigência do cumprimento da legislação, foram examinadas, especificamente, as seguintes: o volume de recursos aplicados em saúde no Estado e o controle social sobre os recursos públicos, representando a compreensão que os participantes das Conferências tinham a respeito desta questão central para a consolidação do Sistema Único de Saúde. Trata-se de um estudo de natureza quanti-qualitativa, que faz uso das técnicas de pesquisa documental e de entrevistas com conselheiros estaduais de saúde, com apoio de um roteiro semi-estruturado. O período estudado vai de 1991, quando da realização da 1ª Conferência Estadual de Saúde neste Estado, até 2002, ano posterior à realização da 5ª Conferência Estadual de Saúde. Verificou-se que as Conferências de Saúde no Paraná têm conseguido cumprir com um de seus objetivos que é realizar um diagnóstico da situação de saúde do Estado, tendo em vista o grande número de propostas que tem sido aprovado. Porém, especificamente para as áreas analisadas, não têm conseguido priorizar e influenciar na definição das políticas de financiamento da saúde neste Estado em função de alguns fatores condicionantes como a insuficiente organização e mobilização da população para atuar nos espaços institucionalizados de participação do SUS e as dificuldades estabelecidas por parte do poder público no que se refere às condições de acesso às informações necessárias para o exercício do controle social sobre o Sistema de Saúde.
Ansiedade e depressão em professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental da rede pública municipal de Londrina
Valentina Simioni Rodrigues, Paulo Roberto Gutierrez
Data da defesa: 29/07/2004
O presente estudo, do tipo transversal, tem por objetivo definir o perfil sócio-demográfico dos professores regentes de 1ª a 4ª série do ensino fundamental da rede pública municipal de Londrina, assim como identificar o traço de ansiedade e rastrear sintomas de depressão. A população é constituída por 608 professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental oriunda de 66 escolas urbanas e 13 escolas rurais e distritais. Para a coleta dos dados utiliza-se um questionário estruturado; a Escala de A-Traço do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) e a Escala de Rastreamento Populacional para Depressão CES-D. Aponta como principais resultados: os professores são predominantemente adultos jovens, do sexo feminino com estado civil casado. Estes profissionais, em sua maioria, atuam há mais de 10 anos, trabalham em uma escola apenas, com jornada entre 20 e 40 horas semanais. Apresentam formação predominante de nível superior. Não são encontradas associações estatisticamente significantes entre as médias das escala A-Traço e CES-D com a maioria das variáveis de perfil sócio demográfico e características profissionais. Exceto para as médias da variável referente à existência de companheiro na Escala CES-D e para a variável formação educacional da Escala A-Traço. Conclui-se que os professores não apresentam traço de ansiedade e sintomas depressivos, provavelmente devido fazerem uso das estratégias de defesa, e por conseguirem transformar o sofrimento patogênico em sofrimento criativo.
Ansiedade e Depressão nas Equipes de Odontologia da Rede Pública do Município de Londrina
Maura Sassahara Higasi, Paulo Roberto Gutierrez
Data da defesa: 29/07/2004
O trabalho representa um elemento importante para a interação social do homem. Atualmente existe uma preocupação com a saúde do trabalhador, pois, ao mesmo tempo em que o serviço motiva e gratifica, pode provocar desgaste físico e/ou mental influindo na qualidade de vida. O presente estudo, do tipo transversal, tem por objetivo definir o perfil sócio-demográfico das Equipes de Odontologia da rede pública do Município de Londrina, assim como identificar traços de ansiedade e rastrear sintomas depressão. Participaram da pesquisa 58 cirurgiões-dentistas e 117 auxiliares que exercem suas atividades nas Unidades Básicas das zonas urbana e rural, respondendo um questionário auto-aplicável contendo questões estruturadas, a Escala de A-Traço do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) e a Escala de Rastreamento Populacional para Depressão CES-D. Os profissionais estudados são predominantemente adultos jovens, do sexo feminino e estado civil casado. A idade média entre os dentistas foi de 37,7 anos e o tempo de atividade na profissão variou de 7 a 27 anos, para as auxiliares a idade média foi de 36,7 anos e o tempo de atividade profissional predominante variou entre 10 e 20 anos. Não foi possível encontrar correlações estatisticamente significativas entre as médias das escalas do A-Traço e do CES-D com a maioria das variáveis de perfil sócio demográfico e características profissionais, exceto para as médias da variável referente à existência de companheiro na Escala A-Traço. Conclui-se que os profissionais das equipes de odontologia não apresentam traço de ansiedade e sintomas depressivos, possivelmente por utilizarem estratégias de defesa transformando o sofrimento patogênico em sofrimento criativo.
Atenção à saúde dos adolescentes: ações desenvolvidas pelos médicos e enfermeiros das equipes da Saúde da Família, Londrina, Paraná
Rosângela Aparecida Pimenta Ferrari, Zuleika Thomson
Data da defesa: 18/08/2004
Este estudo teve como objetivo analisar a atenção à saúde do adolescente prestada pelos médicos e enfermeiros das equipes da Saúde da Família, no Município de Londrina, Paraná. A coleta de dados foi realizada no período de agosto a setembro de 2003. O método utilizado foi uma investigação descritiva qualitativa e quantitativa. Para a análise dos dados quantitativos utilizou-se o programa Epi-Info e para o dado qualitativo a Análise de Conteúdo. O município contava com 188 profissionais (94 médicos e 94 enfermeiros). Desse total, 89 enfermeiros (94,7%) e 82 médicos (87,2%) participaram da pesquisa. Mais da metade dos médicos era do sexo masculino, com média de idade de 42,2 anos. Entre os enfermeiros predominou o sexo feminino, com média de idade de 33,9 anos. Grande parte dos médicos atuava há mais de nove anos na área da Saúde Coletiva, enquanto que a atuação de mais da metade dos enfermeiros, nessa área, era de menos de nove anos. Quase a totalidade dos enfermeiros e pouco mais de 50% dos médicos tinham mais de dois anos de trabalho na ESF. Quanto à pós-graduação, os enfermeiros foram predominantes na especialização em Saúde Coletiva; já o índice da especialização, nessa área, por parte dos médicos atingiu 45%. Quase a totalidade dos profissionais referiu que não havia um programa específico de atenção à saúde do adolescente no serviço, mas todos afirmaram prestar assistência para esse grupo etário, todos os dias e quase todos os dias. Pouco mais de 20% dos médicos atendiam adolescentes no pré-natal e na prevenção do câncer, cerca de 32% atendia-os no planejamento familiar e aproximadamente 60% na prevenção de DST/Aids, orientando-os sobre o uso do preservativo, e pouco mais da metade orientava-os sobre a prevenção da gravidez. Cerca de 70% dos enfermeiros prestavam assistência aos adolescentes no planejamento familiar e orientavam-nos sobre a prevenção das DST/Aids e da gravidez, mais de 70% sobre o pré-natal e a prevenção de câncer e mais de 80% sobre o uso do preservativo. Do total dos participantes da pesquisa, 47 profissionais responderam à questão aberta. A partir desse registro, foram analisados e categorizados cinco temas: os serviços de saúde e o adolescente: pouca oferta ou baixa procura?, necessidade de formação/capacitação em adolescência, multidisciplinariedade e intersetorialidade, ações de atenção à saúde do adolescente e necessidade de implantação de um programa específico para adolescentes. Evidenciou-se que mais de 80% dos profissionais consideraram prioritário desenvolver ações de atenção à saúde do adolescente no serviço. Diante dessas conclusões, considera-se necessária a implantação de um programa de atendimento específico para adolescentes no serviço de saúde do município, após treinamento e capacitação da Equipe da Saúde da Família.
Pré-natal odontológico e saúde bucal: percepções e representações de gestantes
Lucimar Aparecida Britto Codato, Luiza Nakama
Data da defesa: 03/10/2005
A gravidez é um período fisiológico complexo. Nele, além das mudanças físicas e emocionais, são sugeridos crenças e mitos envolvendo a saúde do binômio mãe-filho. Neste contexto, a atenção odontológica muitas vezes é tida como prejudicial e contraindicada. Por outro lado, nessa fase a mulher normalmente está mais receptiva a novos conhecimentos, que podem levar à adoção de novas e melhores práticas de saúde, cujos benefícios se estenderão aos demais membros da família, em decorrência do importante papel da mãe no cuidado da família. A presente pesquisa teve como proposta identificar a percepção de gestantes usuárias do SUS e gestantes assistidas no serviço privado sobre saúde bucal no período gestacional, por meio de uma abordagem qualitativa, com análise de conteúdo e, nela, análise temática. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas até obter-se saturação em relação à compreensão dos objetivos dessa pesquisa. Para isso, foram necessárias 9 entrevistas entre as usuárias do SUS e 8 entre as gestantes do serviço privado. Como o número de entrevistas entre os dois grupos ficou muito próximo, optou-se por entrevistar 10 gestantes em cada grupo, totalizando, portanto, 20 entrevistas. Neste estudo, foram identificadas seis categorias de análise: auto-cuidado durante o período gestacional, atenção odontológica durante a gestação, visão dos sujeitos de pesquisa sobre gravidez e suas conseqüências na saúde bucal, como as gestantes resolvem seus problemas de saúde bucal, a mãe na promoção de saúde bucal, os profissionais de saúde. Nelas, foram identificadas vinte e seis representações. A análise e interpretação dos dados mostraram a existência de mitos, medos e restrições relacionados à atenção odontológica no pré-natal, que a busca pela atenção odontológica entre as usuárias do SUS parece ser mais rotineira e sistemática, quando comparadas às gestantes assistidas por convênio, possivelmente relacionada à oportunidade de resolver problemas odontológicos pré-existentes, enquanto identificou-se entre as gestantes assistidas por convênio a existência de atenção odontológica programada, exceto durante o pré-natal. Entre as gestantes assistidas por convênio, percebeu-se que a atenção odontológica no pré-natal parece estar relacionada a aspectos emergenciais, e muito atrelada ao consentimento médico, demonstrando, dessa forma, confiança incondicional no profissional médico.
O papel do professor no processo ensino-aprendizagem: percepção de professores e alunos de odontologia
Helen Cristina Lazzarin, Luiza Nakama
Data da defesa: 12/12/2005
Há uma necessidade de rever a qualidade das estratégias de ensino-aprendizagem utilizadas no ensino superior em decorrência das demandas da sociedade em mudança e da implantação das diretrizes curriculares nacionais. Dentro da estrutura político-institucional, sabe-se que a qualidade do graduando está diretamente relacionada ao corpo docente e a um adequado modelo pedagógico da universidade. Assim, a qualificação e a atualização permanente (tanto técnica quanto didático-pedagógica) do corpo docente são essenciais para a formação integral do cirurgião-dentista. Este trabalho teve por objetivo analisar a percepção de alunos e professores do curso de graduação em odontologia a respeito do papel do professor no processo ensino-aprendizagem. Adotou-se a abordagem qualitativa, utilizando-se da análise de conteúdo temática. A geração de dados se deu por meio de entrevista semi-estruturada com 12 professores e 10 alunos. O estudo revelou que o professor tem um papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem, sendo considerado responsável pela transmissão do conhecimento, tanto na teoria quanto na prática. Revelou, ainda, que o ensino de graduação em odontologia pode ser compreendido como um sistema formador de profissionais liberais, onde se privilegia uma formação extremamente biologista e tecnicista de profissionais para o mercado de trabalho, atendendo somente as necessidades mais imediatas da população. Neste sistema de ensino predomina a prática pedagógica tradicional com ênfase na transmissão oral de conhecimentos, na maioria das vezes, ilustrada com projeção de slides e multimídia, realização de algumas atividades práticas, sendo o professor o centro maior das informações a serem aprendidas. Os entrevistados apontam a avaliação como elemento de pressão e instrumento de poder do professor sobre os alunos e cobrança do que foi transmitido, por meio de provas tradicionais e de avaliação prática. Para a maioria dos entrevistados, o aluno foi considerado o agente principal e responsável pelo seu processo de aprendizagem tendo o professor como facilitador e orientador do processo. Pôde-se constatar, ainda, que grande parte dos professores só teve formação didático-pedagógica nos cursos de mestrado e/ou doutorado e que, por serem cursos voltados à pesquisa, não capacitam adequadamente os docentes para o exercício do magistério. A maioria dos professores não possui formação específica em educação. A grande ênfase dada ao processo de ensino e o sistema de ensino de graduação em odontologia voltado à formação de profissionais liberais mostra a necessidade de mudanças na graduação do cirurgião-dentista para que se possa buscar uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva do estudante.
Condições de saúde bucal, estado nutricional e fatores associados em idosos de Londrina, Paraná
Arthur Eumann Mesas, Selma Maffei de Andrade , Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 16/12/2005
O aumento da proporção de idosos na população tem estimulado a realização de estudos que integrem as diferentes áreas da saúde e possam fundamentar o planejamento de ações de promoção de saúde. Este estudo teve por objetivo verificar condições de saúde bucal, estado nutricional e associações entre más condições de saúde bucal e desnutrição em indivíduos idosos. A população de estudo foi constituída por 267 idosos com idade entre 60 e 74 anos e residentes no conjunto habitacional Ruy Viermond Carnascialli, no município de Londrina, Paraná, excluindo-se os de alta dependência funcional. Os dados foram coletados em visitas domiciliares com entrevista e exame clínico, mediante consentimento livre e esclarecido. A média de idade encontrada foi de 66,5 anos, sendo que 59,9% eram mulheres, 60,2% tinham menos de 4 anos de escolaridade e 83,9% pertenciam às classes econômicas C ou D. Quanto às condições de saúde bucal, 43,1% eram edêntulos, 83,5% tinham menos de 20 dentes naturais presentes, 76,4% usavam e 49,4% necessitavam de algum tipo de prótese removível. A ausência de contatos oclusais posteriores entre dentes naturais ou de próteses foi observada em 27% da amostra. A maioria (60,7%) dos idosos, no entanto, considerou "boa" sua saúde bucal. O risco nutricional e desnutrição foram identificados pela Mini Avaliação Nutricional em 21,7% dos idosos. Na análise multivariada, gênero (feminino), escolaridade (< 4 anos) e idade (67 a 74) associaram-se de forma significativa ao edentulismo e à presença de menos de 20 dentes, ao qual se associou, também, o tabagismo. A autopercepção ruim da saúde bucal não foi associada a nenhuma das condições de má saúde bucal analisadas, porém, apresentou como fatores independentemente associados, o gênero (feminino) e a depressão. O risco nutricional demonstrou associação estatisticamente significativa com a ausência de oclusão posterior e com a autopercepção ruim, mesmo após o controle das variáveis gênero, idade, escolaridade, classe econômica, depressão e déficit cognitivo. Conclui-se que as elevadas freqüências das más condições clínicas de saúde bucal indicam a necessidade de uma maior atenção odontológica à população idosa. A associação independente observada entre a ausência de oclusão posterior e o risco nutricional aponta para a importância da manutenção ou reabilitação da condição mastigatória para o adequado estado nutricional do idoso. Os idosos com percepção ruim da sua saúde bucal, independentemente da presença de depressão, tiveram maior chance de apresentarem risco nutricional ou desnutrição, sugerindo que, além de observações clínicas, dados subjetivos como a autopercepção devam ser considerados na avaliação das condições de saúde bucal de idosos e na sua relação com o estado nutricional.
Intoxicações medicamentosas agudas notificadas em Maringá, Paraná
Fabiana Margonato, Zuleika Thomson, Mônica Maria Bastos Paoliello
Data da defesa: 20/12/2005
As intoxicações medicamentosas no Brasil resultam de fatores como a fragilidade da política nacional de medicamentos, marketing abusivo e utilização de embalagens inadequadas de acondicionamento. Tendo em vista a relevância do tema, o objetivo do presente estudo foi caracterizar as intoxicações medicamentosas agudas notificadas por um centro de controle de intoxicações. Trata-se de um estudo transversal, realizado em duas etapas, sendo utilizados dados secundários e primários. Os dados secundários, referentes a todos os casos de intoxicações medicamentosas agudas registradas em 2003 e 2004, foram coletados no Centro de Controle de Intoxicações do Hospital Universitário Regional de Maringá-PR. Dados primários foram obtidos durante visitas domiciliares, realizadas a pacientes com registro de intoxicação medicamentosa não intencional em 2004. Foram estudadas variáveis relacionadas ao intoxicado, à intoxicação, ao medicamento e armazenamento doméstico de medicamentos. Os dados foram processados no programa Epi Info para Windows e para análise dos resultados foram elaboradas figuras e tabelas. Foram realizadas análises estatísticas com aplicação do teste de qui-quadrado, considerando-se associações significativas quando p<0,05. Foram estudados 546 casos de intoxicações medicamentosas agudas. O coeficiente de incidência foi de 89 e 83 casos por 100.000 habitantes em 2003 e 2004. O sexo feminino foi o mais acometido (69,4%), sendo esta diferença mais expressiva entre casos intencionais. A faixa etária de 0 a 4 anos foi predominante entre as intoxicações não intencionais (51,9%) e as circunstâncias mais comuns foram as tentativas de suicídio (60,1%) e acidentes individuais (25,3%). Não foram observadas diferenças relacionadas à sazonalidade. Nos casos intencionais o dia da semana mais comum foi o domingo (19,2%) e nos não intencionais a quinta-feira (19,7%). Os medicamentos mais freqüentemente envolvidos foram os atuantes no sistema nervoso central (57,2%), com predomínio de fármacos que requerem retenção de receita na dispensação (52,2%). Na segunda etapa foram entrevistados 72 intoxicados, sendo a maioria menor de 10 anos (73,6%), do sexo masculino (54,2%), que sofreram acidentes individuais (69,4%), pertencentes aos estratos econômicos C e D (63,9%). A maioria dos entrevistados relatou cura (93,1%). A maioria dos medicamentos envolvidos foi adquirida em farmácias (72,2%), com diminuição deste percentual nos estratos econômicos C e D (63,0%). Grande parte dos entrevistados referiu não ter recebido informações sobre o medicamento (76,5%). Cerca de metade dos entrevistados guardavam medicamentos na cozinha (51,4%) e apenas 5,6% armazenam em local considerado seguro, sendo que houve associação significativa entre pessoas dos estratos econômicos C e D e armazenamento inadequado de medicamentos (p<0,05). Em metade dos domicílios havia quantidade exagerada de medicamentos (50,0%) e em 51,4% havia medicamento sem identificação. Entrevistados pertencentes aos estratos econômicos A e B apresentaram medicamentos vencidos com maior freqüência (p<0,05) e em 82,0% dos domicílios visitados não houve mudança do local de armazenamento de medicamentos após a intoxicação. Os resultados levantaram características importantes das intoxicações medicamentosas agudas, úteis para a elaboração de estratégias preventivas desses agravos na população.
A Fisioterapia no Programa Saúde da Família: percepções em relação à atuação profissional e formação universitária
Douglas Gallo, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 20/12/2005
Para consolidação do Programa Saúde da Família (PSF) faz-se necessária uma adequação dos profissionais de saúde à nova estratégia, considerando-se a integralidade como eixo estrutural e a saúde vista em sua positividade. A Fisioterapia historicamente admitiu como objeto de trabalho o indivíduo doente, porém com sua inclusão gradual no PSF também torna-se co-responsável pela mudança na abordagem. Este estudo teve por objetivo analisar a inserção e a prática do fisioterapeuta no PSF do município de Londrina e as adequações da formação universitária a essa atuação. Tendo em vista a natureza do objeto de pesquisa adotou-se uma metodologia de pesquisa qualitativa, configurando-se como um estudo aplicado às ciências sociais. Como instrumento de coleta de dados foi utilizada a entrevista semi-estruturada e os informantes-chave foram oito fisioterapeutas que trabalhavam no PSF em Londrina e seis professores de três instituições de ensino superior com formação em Fisioterapia (três coordenadores de curso e três professores responsáveis pela disciplina de Saúde Pública) existentes no mesmo município. O corpus de pesquisa foi submetido à análise de conteúdo, sendo desenvolvidas três categorias: a) A fisioterapia no Programa Saúde da Família em Londrina; b) A fisioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS); c) A formação do fisioterapeuta. Na primeira categoria analisou-se a estruturação do serviço de fisioterapia no PSF em Londrina, como se dá a atuação do fisioterapeuta e qual o seu perfil para atuar no PSF. Na segunda categoria, as percepções dos fisioterapeutas e professores em relação à atuação da fisioterapia no SUS e suas visões do SUS. Na terceira e última categoria analisou-se como é o ensino em fisioterapia e sua adequação ao perfil profissional requerido para o fisioterapeuta no PSF. Concluiu-se que a inserção do fisioterapeuta se deu de maneira pouco organizada e objetivando uma demanda específica, a do acamado, porém os profissionais foram se adequando, passando a novas linhas de atuação. O perfil profissional requerido para atuação no PSF incluiu: formação generalista, flexibilidade e criatividade, empatia, autonomia e iniciativa, capacidade de trabalho em equipe e conhecimento sobre o SUS. A formação ainda não estaria adequada a estas exigências, embora algumas iniciativas tenham surgido decorrentes dessas necessidades, como é o caso de uma instituição que possui estágio em PSF aos seus alunos.
Não-HDL-Colesterol e LDL-Colesterol em escolares de 7 a 17 anos na cidade de Maracai, SP
Matiko Okabe Seki, Tiemi Matsuo
Data da defesa: 14/02/2006
Fundamentos. A prevenção das doenças cardiovasculares deve começar na infância e adolescência com determinação de colesterol contido nas lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c) e de outros fatores de risco. Recentemente, alguns autores vêm propondo a substituição do LDL-c pelas lipoproteínas de não-alta-densidade (não-HDL-c), pois estas incluem todas as lipoproteínas consideradas aterogênicas. Objetivo. Avaliar a correlação entre o não-HDL-c e LDL-c, e estas com as variáveis: Colesterol Total (CT), Triglicérides (TG), lipoproteínas de alta densidade (HDL-c), VLDL-c, Índice de Massa Corporal (IMC) e cintura abdominal; e adicionalmente, calcular valores de não-HDL-c correspondente ao LDL-c que podem requerer intervenção individual. Casuística e Métodos. No período de março a outubro de 2002 foram avaliados 2029 escolares de ambos sexos de sete a 17 anos das escolas de Maracaí, SP. As dosagens bioquímicas foram realizadas com kits de química seca, aparelhos Vitros 750. O LDL-c foi calculado pela fórmula de Friedewald (LDL-c = Colesterol Total – HDL-colesterol – Triglicerídeo/5) e o não-HDL-c pelo cálculo da diferença entre o Colesterol Total e o HDL-c. Resultados. A correlação entre o não-HDL-c e LDL-c foi de 0,971 (p<0,001). O não-HDL-c apresentou melhor correlação em comparação ao LDL-c com todas as variáveis estudadas Conclusões. O não-HDL-c apresentou uma boa correlação com o LDL-c e mostrou-se superior a estas lipoproteínas nas variáveis consideradas como fatores de risco para doenças cardiovasculares. São apresentadas concentrações de não-HDL-c correspondentes aos LDL-c que estimam valores que podem requerer intervenção individual para dislipidemias em crianças e adolescentes.