Análise e avaliação da qualidade de medicamentos anti-hipertensivos na cidade de Londrina – PR
Francisco Eugênio Alves de Souza, Claudete Faiad
Data da defesa: 07/02/2003
Este estudo trata de uma análise e avaliação da qualidade de medicamentos anti-hipertensivos na cidade de Londrina - Pr. Inicialmente foi realizado um levantamento teórico, abordando a Política de Medicamentos no contexto do Sistema Único de Saúde - SUS, abrangendo a evolução do processo de construção do Sistema, diretrizes, regulamentações que foram sendo estabelecidas; reorientações e o fortalecimento da produção estatal de medicamentos. Foi também objeto de estudo, a importância da hipertensão arterial na morbi-mortalidade da população brasileira, compreendendo suas definições, causas, critérios diagnósticos, entre outras questões. Na seqüência, apresentamos estudo do tratamento medicamentoso, com a escolha dos medicamentos anti-hipertensivos e suas divisões e esquemas e no capítulo seguinte abordamos e avaliamos a biodisponibilidade de medicamentos, abrangendo questões como: conceitos, histórico, importância, dose, vias de administração e formas farmacêuticas. A metodologia adotada para a realização da pesquisa foi a de aplicação de um questionário aos médicos da rede de saúde pública; e um segundo, junto às farmácias da cidade e uma pesquisa laboratorial, onde se adotou o método de Dissolução (USP-24), no Laboratório de Controle de Qualidade da Fundação para o Remédio Popular, de São Paulo. Os resultados mostraram que nem sempre os medicamentos utilizados para tratamento de patologias crônicas e outras, estão dentro de suas especificações técnicas, o que com certeza não apresentará os efeitos desejáveis. Mais de 10% dos medicamentos anti-hipertensivos examinados não estão conforme os padrões especificados, o que é um resultado preocupante, uma vez que estes medicamentos são fundamentais na manutenção da saúde do ser humano.
Internações Hospitalares pelo SUS: Perfil Epidemiológico e Gastos em Maringá-PR, 1998 a 2002
Maria da Penha Marques Sapata, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 18/12/2003
O acesso às internações hospitalares assume grande importância no contexto da organização do sistema municipal de saúde e é de grande relevância a participação desse nível de assistência no gasto da saúde, podendo afetar diretamente a governabilidade do sistema. Tendo Maringá dificuldades para custear a assistência hospitalar especialmente nos últimos anos, este estudo teve como objetivo analisar os gastos e o perfil das internações hospitalares pelo SUS. Foram estudadas todas as internações de Maringá no período de 1998 a 2002. Estas foram agrupadas em: residentes em Maringá que se internaram no próprio município e fora (evasão), bem como os não residentes que se internaram em Maringá (invasão). Os dados foram coletados do banco de dados SIH/SUS, disponíveis em Cdrom; dos processos de empenho do Fundo Municipal de Saúde e relatórios do DATASUS. Para análise de gastos utilizou-se os valores da Tabela SIH/SUS em reais e para estudo do déficit financeiro do FMS, os gastos foram corrigidos pelo IGP-M. Constatou-se que os leitos hospitalares são insuficientes para o atendimento da clientela SUS com déficit de pelo menos 161 leitos. Quanto às internações de residentes, a taxa de internação foi baixa, menos de 7%, tendo como principais causas: as doenças do aparelho respiratório (21,51%), doenças do aparelho circulatório (13,73%) e gravidez, parto e puerpério (11,17%). Nas faixas etárias > de 1 ano, 1 a 4 e 5 a 14 anos percebeu-se diminuição na taxa de internação. Diminuiu a evasão de residentes a partir de 2000, porém aumentou o custo médio das internações deste grupo em 2001 e 2002. No que se refere à ocorrência de internações dentro de Maringá, o comportamento das internações foi sempre crescente, tanto de residentes quanto de não residentes. As principais causas de internações de não residentes (invasão) foram os transtornos mentais e comportamentais (34,52%), doenças do aparelho circulatório (11,58%) e neoplasias (8,19%).O gasto com internações de residentes no próprio município subiu 36 % de 1998 a 2002, porém, o custo médio da AIH foi praticamente constante. O custo médio AIH de não residentes foi sempre superior ao custo médio das internações dos residentes (próximo do dobro). O Município acumulou déficit importante no Fundo Municipal de Saúde, principalmente nos anos de 2001 e 2002. Assim, este estudo mostrou que há necessidade de repactuação de recursos financeiros para garantir a assistência hospitalar aos usuários do SUS.
O Ensino Odontológico e a Infecção HIV/AIDS: análise de uma experiência
Lázara Regina Rezende, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 21/01/2004
A infecção pelo HIV é a primeira pandemia da era moderna que suscita questões com exigências amplas nas respostas. Isto acaba por revelar sérios desequilíbrios e inadequações nos sistemas de saúde e social de todos os países. Dentre as inadequações observa-se as lacunas existentes no processo de formação dos profissionais de saúde. Dentre os trabalhadores do setor da saúde, os odontólogos são os profissionais que apresentam maior dificuldade em assistir o paciente que convive com HIV/aids. Neste contexto o estudo tem como objetivo central apreender e analisar as contribuições do projeto de extensão universitária: Implantação de assistência odontológica ao portador do HIV/aids na formação profissional dos acadêmicos de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina - UEL.O estudo é justificado pela construção do novo paradigma – saúde-doença, pela implantação do modelo de assitência à saúde proposto pelo Sistema Único de Saúde - SUS, pela busca por que vem passando a Odontologia, na procura de alternativas que possam contribuir para a implantação das novas diretrizes curriculares e pela falta de estudos que relatem a experiência no ensino odontológico, empregando os princípios de metodologia problematizadora. Nesta perspectiva, usou-se a metodologia qualitativa em saúde, sendo a pesquisa um estudo exploratório qualitativo. Os dados foram coletados entre os dezenove alunos participantes do projeto através de entrevistas gravadas e transcritas que posteriormente foram trabalhadas pelo método de análise de conteúdo - modalidade análise temática proposto por Bardin. A análise e a interpretação dos dados permitiram constatar: insuficiência do conhecimento sobre o tema pelos alunos, levando-os a avaliarem sua participação no projeto como a possibilidade de maior compreensão das dimensões biológicas, epidemiológicas, ético/moral e sociais que envolvem a pandemia da aids. A participação no projeto permitiu elucidar as mudanças nas características das lesões bucais, tão características no início da epidemia. O paciente deve ser tratado com respeito, sendo o diálogo a peça fundamental para o estabelecimento de uma relação de confiança entre o profissional e o paciente. No decorrer das atividades as medidas de biossegurança são avaliadas e são consideradas necessárias para todos os pacientes. O sangue que pode ter origem em alguns dos procedimentos técnicos da prática odontológica, durante as sessões de tratamento do paciente HIV/aids, produz preocupação e medo entre os alunos. Os alunos foram unanimes ao consideram, que há muito preconceito da sociedade contra a pessoa portadora do HIV e que a categoria odontológica apresenta dificuldade em assistir o paciente que convive com o HIV/aids. A responsabilidade diante da infecção pelo HIV é apontada, pois os alunos projetam-se na imagem do profissional de saúde que tem o dever de esclarecer e orientar as medidas de prevenção. A participação no projeto possibilita aos alunos o conhecimento e o contato com as diferentes facetas da nossa sociedade, desconhecidas pela grande maioria dos alunos. Este conhecer contribui para redução do estigma e do preconceito sobre a doença. Após análise dos dados foi possível concluir que a participação no projeto contribui para a formação profissional dos alunos de Odontologia tanto nas questões técnicas e éticas da prática profissional, na valorização da relação profissional/paciente e na reconstrução de novas representações sociais a respeito da pessoa que convive com o HIV/AIDS.
As Diretrizes Curriculares Nacionais e os Cursos Paranaenses de Odontologia: Processo de Construção e Perspectivas e Implementação
Mariângela Monteiro de Melo, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 27/01/2004
Após o incontestável avanço da constitucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS) é necessária sua consolidação que se dará por meio de políticas públicas que garantam à população o acesso universal e igualitário aos serviços de saúde. Dentre as estratégias para a consolidação do SUS está a reformulação do sistema formador de recursos humanos para a saúde que, por meio da publicação da Lei de Diretrizes e Bases, em 1996, oportunizou concretizá-la. O Edital 04/97 da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC), as Instituições de Ensino Superior foram convocadas a apresentarem propostas para a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para todas as carreiras de ensino superior brasileiro. Houve grande mobilização da área da saúde e, na odontologia, as discussões se deram na Associação Brasileira de Ensino Odontológico, em conjunto com núcleos de pesquisas e a comissão de especialistas da SESu/MEc. Diante deste cenário, surge o questionamento de como ocorreu a construção das Diretrizes Curriculares Nacionais e como está sendo sua implementação nos cursos de odontologia do Estado do Paraná. Para se obter tais respostas utilizou-se o método qualitativo em que a coleta de dados se deu por meio de entrevistas semi-estruturadas que foram analisadas pela técnica de análise de conteúdo. Os atores que compuseram a pesquisa foram os coordenadores de cursos do Estado do Paraná e entidades que participaram da construção das Diretrizes para a odontologia como a Associação de Ensino Odontológico e a Rede Unida, compondo dois panoramas de análises: o Panorama Nacional e o Institucional. A partir do material coletado foram extraídas categorias que serviram na análise dos dados de onde foi possível identificar uma inquietação importante nos cursos do Paraná em relação as mudanças propostas pelas Diretrizes. Alguns processos mais maduros e ousados que outros, porém mais na dependência de “forças” individuais, comprometidas com o SUS, do que propriamente mudanças institucionalizadas. O estudo aponta a necessidade de que haja uma reformulação das Pós-graduações stricto sensu, de modo a subsidiar os docentes universitários às novas práticas de ensino que são requeridas pelas diretrizes. Destaca também que as dificuldades encontradas durante as discussões no interior dos cursos reforçam as relações de poder que existem nas Instituições de Ensino Superior no Brasil que por muitas vezes dificultam ou mesmo impedem a implementação das mudanças necessárias. Por outro lado, mostra que a Associação Brasileira de Ensino Odontológico exerce sobre os cursos um poder simbólico que, em função do tradicionalismo de algumas vertentes da entidade, pode inviabilizar os avanços significativos e necessários na formação de graduação em odontologia. O estudo encontrou ainda a inexistência de uma entidade de representação nacional dos estudantes de odontologia, o que também pode significar dificuldades de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais.
Arte da palhaçaria na pediatria: espetáculos e intervenções para a humanização do cuidado na ótica dos profissionais de saúde
Tatiane Angélica Phelipini Borges, Alberto Durán González
Data da defesa: 27/10/2021
Este estudo teve o objetivo de compreender o entrelaçamento da arte da palhaçaria para a composição do cuidado humanizado na pediatria, sob a ótica dos profissionais de saúde. Foi realizado no Hospital Universitário do Norte do Paraná onde é o palco do projeto de extensão chamado “SensibilizArte - a arte como instrumento para humanização na formação e no cuidado em saúde”, que desenvolve atividades lúdicas envolvendo a arte como estratégia de cuidado completar aos pacientes internados. Contou com 25 profissionais de saúde, sendo, seis médicos, quatro fisioterapeutas, oito enfermeiros e sete técnicos de enfermagem, atuantes na unidade de internação pediátrica e unidade de terapia intensiva pediátrica. Diante do cenário de pandemia da COVID-19 causada pelo novo coronavírus, as entrevistas ocorreram por meio de ligação telefônica, por meio de um questionário semiestruturado dividido em três grandes blocos (atuação e formação; o projeto SensibilizArte; Arte como intervenção terapêutica). Para análise dos dados foi empregada a Análise temática proposta por Bardin (2011). Foi possível abstrair resultados relacionados à construção do conhecimento, vivências e percepções dos profissionais de saúde sobre temas específicos como Arte da Palhaçaria, Cuidado Humanizado, estratégias e dimensões do cuidado, construção e formação do ser profissional, e sua relação entre os atores no âmbito da pediatria (crianças, pais e profissionais). Para apresentar os resultados deste espetáculo, optou-se pela apresentação no formato de duas cenas. Cena I: Arte da Palhaçaria e Humanização do Cuidado na Pediatria: Significâncias sob a Ótica Profissionais de Saúde, e teve como objetivo evidenciar como a arte da palhaçaria pode ressignificar a humanização do cuidado na pediatria, sob a ótica dos profissionais de saúde. O palhaço tem o poder de desfocar da realidade. A alegria e a interação são antídotos para aterrissar em outra dimensão, distantes do sofrimento, mesmo que momentâneo. Não deixando arraigado somente dor, doença, sofrimento e choro para o quarto e leito hospitalar, dando lugar a esperança. Cena II: Entrelaçamento da Arte da Palhaçaria com a Humanização do Cuidado em Saúde: Formação e Atuação Profissional, e teve o objetivo de compreender a concepção e a vivência dos profissionais de saúde em relação a arte da palhaçaria no cuidado na pediatria, em seu processo formativo e prática profissional. Existe grande potencialidade no entrelaçar da arte da palhaçaria com as práticas humanizadas e sensíveis em saúde para a formação do ser profissional, na atenção e no cuidado ao paciente. Assim, o cuidar em saúde deve ser contemplado no seu sentido mais amplo, de modo a considerar o ser humano cuidado em sua multiplicidade, e para além de suas disfunções orgânicas, ecoando o conceito ampliado de saúde. Desta forma, a alegria e a interação são antídotos para aterrissar em outra dimensão, distantes do sofrimento, mesmo que momentâneo.
Epidemiologia dos Acidentes e Violências em Menores de 15 anos em Londrina, Paraná
Christine Baccarat de Godoy Martins, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 31/01/2004
O estudo teve como objetivo analisar as características dos acidentes e violências ocorridos entre menores de 15 (quinze) anos residentes no município de Londrina, estado do Paraná, cujas vítimas demandaram atendimento em serviços hospitalares ou que morreram por essas causas. A população de estudo foi composta pela população menor de 15 anos residente no Município, que foi atendida em serviços hospitalares gerais de urgência ou de internação da cidade durante o ano de 2001, ou que morreram em um prazo de até um ano após o acidente ou ato violento ocorrido naquele ano. Os casos de acidentes ou violências foram definidos como os eventos classificáveis no capítulo XX da Classificação Internacional de Doenças, décima revisão (causas externas de morbidade e de mortalidade). Os dados de morbidade foram obtidos através de investigação em prontuários nas cinco unidades hospitalares da cidade que prestam atendimento geral a crianças, preenchendo um formulário previamente testado. Os dados de mortalidade foram coletados no Núcleo de Informação em Mortalidade da Prefeitura de Londrina, sendo posteriormente comparados aos dados de morbidade, com vistas a formar um único banco de dados. O programa computacional Epi Info foi utilizado para processamento eletrônico, tabulação e conferência dos dados, a fim de evitar duplicação e inconsistências. Foram estudados 8854 menores de 15 anos vítimas de acidentes ou violências, o que representa uma taxa de incidência de 7,5% em 2001. Observou-se uma taxa de internação hospitalar de 4,2% e de letalidade de 0,2%. Maiores taxas de incidência foram observadas entre crianças de um e dois anos de idade (10,9%) e o sexo masculino prevaleceu, exceto entre menores de um ano. Para o conjunto das vítimas, as quedas (33,8%) predominaram, seguidas pelos eventos de intenção indeterminada (30,6%), pelas forças mecânicas inanimadas (15,5%) – causadas especialmente pela penetração de corpo estranho em orifício natural ou através da pele – e pelos acidentes de transporte (7,5%), principalmente os que envolveram ciclistas. Entre os internados que sobreviveram, as quedas também foram as principais causas (32,4%), seguidas pelos acidentes de transporte (19,5%), sendo ciclistas e pedestres as vítimas mais freqüentes. Os acidentes de transporte foram os principais responsáveis pelos 18 óbitos (44,4%), especialmente de pedestres, seguidos pelos afogamentos (16,7%) e pela aspiração de conteúdo gástrico (11,1%). Apesar de não ter sido objeto de análise, foram evidenciadas algumas seqüelas permanentes entre as vítimas atendidas, tais como tetraplegia e amputação traumática de dedos. Também observaram-se casos de crianças que tiveram dois ou três diferentes acidentes durante o ano. A análise de cada tipo de causa externa permitiu verificar diferenciais nos tipos de acidentes ou violência e nas características das vítimas. Estes resultados contribuem para ampliar o conhecimento sobre as características epidemiológicas dos acidentes ou violências que ocorrem na infância, conhecimento este necessário para um planejamento mais adequado de ações preventivas que visem a redução deste importante agravo em nossa sociedade.
O Uso de Medicamentos na Atenção Básica em Londrina-PR
Poliana Vieira da Silva, Adriana Mitsue Ivama
Data da defesa: 10/02/2004
De acordo com a Constituição Brasileira, a saúde é direito do cidadão, incluída a assistência farmacêutica, de forma universal, integral e equânime. A implementação da Assistência Farmacêutica no SUS tem como um dos seus principais referenciais a Política Nacional de Medicamentos (PNM), que tem como propósito precípuo garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população àqueles medicamentos considerados essenciais. Uma de suas prioridades é o acompanhamento e a avaliação contínua das ações em saúde orientadas pela assistência farmacêutica, mediante metodologias e indicadores a serem definidos. O objetivo desta pesquisa foi conhecer as características do uso de medicamentos na atenção básica do Sistema Único de Saúde em Londrina, Pr. Foram usados como principal referência os indicadores do uso de medicamentos propostos pela Organização Mundial da Saúde, de prescrição, de assistência ao paciente e do serviço de saúde. As unidades básicas de saúde (UBS) foram caracterizadas por porte e localização e foi feita uma amostra aleatória para coleta em 13 das 54 UBS de Londrina e entrevista com 390 usuários.No município existe uma Central de Abastecimento Farmacêutico, uma farmácia para dispensação de medicamentos de controle especial e dispensários nas UBS. Não há presença de farmacêuticos nas unidades básicas de saúde. São prescritos 2,2 medicamentos por consulta. Destes, 28,6% são antibióticos, 10,9% são injetáveis, 66,5% são prescritos por seus nomes genéricos e 73,3% pertencem a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME). O tempo médio de consulta foi de 8,6 minutos e dos medicamentos prescritos 71,8% foram dispensados. Quanto aos pacientes 46,6% possuíam as informações mínimas para usar corretamente os medicamentos prescritos. A REMUME estava presente em 69,2% das UBS estudadas e apenas 46,1% das UBS possuíam todos os medicamentos chaves da lista pactuada para a assistência farmacêutica básica. Embora os usuários do Sistema Único de Saúde em Londrina tenham acesso aos medicamentos constantes da REMUME nas UBS onde foi realizada a pesquisa, não se pode afirmar que este acesso seja regular e tenha uma racionalidade de prescrição ou que os usuários usem racionalmente tais medicamentos, uma vez que relatam um nível baixo de conhecimentos sobre como utilizá-los. Estes indicadores podem contribuir para a formulação de políticas voltadas para a reorientação da assistência farmacêutica, promovendo a melhoria do acesso e uso racional dos medicamentos.
Cárie Dentária em Homens Jovens: Prevalência, Severidade e Fatores Associados
Marcelo Augusto do Amaral, Luiza Nakama
Data da defesa: 02/04/2004
O objetivo do presente trabalho foi identificar a prevalência e severidade da cárie dentária, bem como necessidades de tratamento odontológico, além de testar sua associação com variáveis socioeconômicas em jovens de 18 anos de idade do sexo masculino em Maringá, Paraná, Brasil. Foi realizado um estudo transversal em uma amostra aleatória de alistandos (n=241) do Exército Brasileiro. Foram utilizados os critérios de diagnóstico da Organização Mundial de Saúde. Utilizou-se um questionário socioeconômico para aferir a escolaridade do alistando e de seus pais e a renda familiar, e o Critério de Classificação Econômica Brasil da Associação Nacional de Empresas de Pesquisa. Associações entre a prevalência de cárie, o índice CPO-D e seus componentes, a necessidade de tratamento e as variáveis socioeconômicas foram avaliadas por meio dos testes Qui-quadrado, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, respectivamente. A prevalência de cárie foi de 82,6% e o índice CPO-D médio foi igual a 4,6. Apenas 0,8 dente por indivíduo, em média, apresentou-se com necessidade de tratamento. Diferenças estatisticamente significantes foram encontradas na prevalência e severidade de cárie (CPO-D), sendo os piores indicadores verificados nos grupos de baixa renda e poder aquisitivo, indicando a necessidade de implantação de políticas sociais que contemplem aquelas populações, com o intuito de diminuir o diferencial nos indicadores do processo saúde-doença. Por outro lado, as necessidades de tratamento associaram-se somente à variável Critério de Classificação Econômica Brasil (p<0,05).
Sistema Único de Saúde: Paradigma Válido para a Odontologia? Representações dos Cirugiões Dentistas sobre o SUS
Sérgio Xavier de Carvalho, Luiza Nakama
Data da defesa: 16/04/2004
O Estado Brasileiro, enquanto promotor de justiça social tem, na atenção à Saúde, um de seus maiores desafios. Conta para tanto com um instrumento privilegiado e legítimo, fruto do esforço coletivo de atores sociais variados, constitucionalmente instituído: o Sistema Único de Saúde (SUS). O presente estudo partiu da necessidade de compreensão do processo histórico de construção do SUS, ontem e hoje, notadamente em sua relação com a atenção odontológica, diante dos seguintes fatores: a) mais de uma década e meia de instituição jurídica do SUS; b) Dificuldades na implantação do SUS como Modelo Assistencial de Saúde; c) Dificuldades específicas relativas à atenção odontológica no SUS; d) Possibilidade de os significados das representações sociais dos profissionais serem fatores explicativos desta realidade. Este estudo teve por objetivo verificar se o SUS é reconhecido como paradigma válido pelo cirurgião-dentista para a prática profissional odontológica. A presente pesquisa configura-se como um Estudo Comparativo de Casos, ou Estudo Multicaso (TRIVIÑOS,1987), ou ainda, um Estudo de Caso Coletivo (BERG, 1998), utilizando-se a metodologia de pesquisa qualitativa, podendo ser tipificado como uma pesquisa aplicada em Ciências Sociais. O grupo de estudo foi constituído de 26 profissionais cirurgiões-dentistas com atuação profissional vinculada ao Sistema Único de Saúde: profissionais dos serviços públicos de saúde e docentes; O grupo de estudo foi constituído de três Casos, aqui denominados subgrupos de estudo: a) Profissionais do serviço público tradicional, de Londrina (PR); b) Profissionais do Programa Saúde da Família (PSF), de Curitiba (PR); c) Docentes de escolas de Odontologia, de Londrina (PR). As representações dos profissionais entrevistados evidenciaram três possibilidades: a) Desconhecimento do SUS; b) Conhecimento e ceticismo; c) Conhecimento e Utopia. Conclui-se deste estudo que o SUS ainda é parcialmente reconhecido como referencial cognitivo e político-ideológico para a atenção odontológica pelos cirurgiões-dentistas.
A inserção da saúde bucal no PSF, perspectivas e desafios: a visão de odontólogos do Paraná
Adriana Prestes do Nascimento Palú, Adriana Mitsue Ivama
Data da defesa: 26/04/2004
O Programa Saúde da Família (PSF) surge como uma estratégia de reorientação das práticas sanitárias no Brasil. A inclusão da saúde bucal no PSF constituiu um avanço na reorganização das ações de saúde bucal na atenção básica. Representou a incorporação do conceito de saúde bucal como um componente da saúde em seu sentido mais amplo. O presente estudo teve como objetivo central a análise da inserção do odontólogo no PSF, no Paraná. Trata-se de uma pesquisa social com abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com dezessete odontólogos que atuam no PSF. No tratamento do material coletado foi utilizado o programa N-Vivo e foi realizada análise de conteúdo. Os resultados obtidos demonstraram que esses profissionais se inseriram no PSF de maneira não homogênea, com formação acadêmica distanciada da atuação de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde e de forma geral insuficiente para atuar neste modelo, com necessidades de (re)capacitação, na perspectiva da educação permanente. Na sua atuação cotidiana, estes profissionais cumprem as atribuições preconizadas referentes às ações clínicas, nem sempre sob um novo enfoque da saúde-doença, encontram deficiência na assistência secundária e não exercem plenamente as ações coletivas. Foram evidenciadas diferenças na atuação em equipe, e no estabelecimento de vínculos com a comunidade, sendo que estes eram facilitados quando havia melhor domínio conceitual e compreensão do modelo de atenção. Embora a maioria deles esteja consciente das mudanças em suas práticas, há dificuldades em lidar com tais mudanças. A precarização da forma de contratação parece ter grande influência no envolvimento do profissional com o serviço, principalmente em estratégias de longo prazo, à medida que explicitam dúvidas acerca do seu futuro e da própria estratégia do saúde da família. Concluímos que a inclusão da saúde bucal aponta para a mudança das práticas na atenção básica, embora haja muitas deficiências. Os principais desafios evidenciados no trabalho, tanto para a formulação de políticas como para a gestão dos serviços, foram a descontinuidade da atenção em outros níveis de atenção, o distanciamento entre a formação e o modelo de atenção vigente e a precarização das formas de contratação. A educação permanente dos profissionais, bem como a inserção de profissionais comprometidos com o processo, podem contribuir para a efetiva reorientação das práticas, voltadas para a promoção, prevenção, tratamento e reabilitação da saúde bucal, de modo universal, equânime e integral.