O trabalho da enfermeira no Serviço Municipal de Saúde de Londrina
Mara Lúcia Rocha Ramos, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 17/06/2002
A reorganização do Sistema de Saúde clama por uma reorientação de seus trabalhadores em direção à novas práticas de saúde. No âmbito da enfermagem, há que se pensar a prática desenvolvida por seus agentes como constitutiva da sociedade, apreendendo-a como trabalho, sendo seu desenvolvimento influenciado pelas transformações da sociedade ao longo do tempo. Essa investigação focalizou-se no trabalho da enfermeira do Serviço Municipal de Saúde de Londrina e teve, como interesse principal, conhecer a visão que essas profissionais têm sobre sua inserção e sua prática no processo de construção e expansão desse Serviço, no período de 1977 a 2000. Desta forma, optou-se por uma pesquisa de natureza qualitativa, com informações obtidas por meio de entrevistas abertas, organizadas sob a forma de história de vida tópica. Para a análise e discussão dos resultados foi utilizada a análise temática, com a construção das seguintes categorias: o fazer cotidiano, o trabalho em equipe, a participação no Sistema Único de Saúde (SUS) e os sentimentos em relação à profissão. Os resultados revelaram que as enfermeiras consideram seu trabalho como estratégico e fundamental para a construção do SUS. Indicaram, ainda, uma prática inicialmente norteada pela concepção de trabalho em equipe, e que tinha o coletivo como objeto de intervenção do processo de trabalho. O trabalho da enfermeira passa por transformações no decorrer da trajetória do Serviço, resultando em uma prática orientada pelo modelo clínico de saúde na década de 1990. Os depoimentos revelaram satisfação com a profissão, principalmente pela participação no processo de construção do Serviço, mas, também, descontentamento, relacionado principalmente à falta de valorização social da profissão. Algumas possibilidades se apresentaram na perspectiva de uma transformação qualitativa da situação.
Estudo do conhecimento sobre donças sexualmente transmissíveis e comportamento sexual dos adolescentes no ensino médio de escolas públicas de Londrina/PR
Regina Lúcia César de Oliveira, Zuleika Thomson
Data da defesa: 21/06/2002
Os adolescentes constituem população vulnerável às DST/Aids. O presente trabalho teve como principal objetivo investigar o conhecimento de adolescentes sobre DST/Aids e seu comportamento sexual, identificando possíveis diferenças entre gênero e turno cursado. Realizou-se um “survey”, no ano de 2001, a partir de uma amostra aleatória de 1642 alunos de 15 a 19 anos, em 13 escolas públicas do ensino médio, na cidade de Londrina. Para a obtenção dos dados, os adolescentes responderam um questionário autoaplicável, anônimo, elaborado a partir de estudo exploratório com grupos focais. A amostra constituiu-se de 51,2% de adolescentes do sexo feminino e 48,8% do sexo masculino, a maior parte solteira. Dessa população, 51% cursavam o período noturno e 49% o matutino. A média de idade foi de 16,2 anos. Entre os alunos, 50% identificaram pelo menos quatro DST (aids, herpes simples, gonorréia, e sífilis), sendo a aids a mais referida (97%). A infecção por clamídia foi a DST menos citada, 12,9% e 14,4% respectivamente para o sexo masculino e feminino. A maioria dos adolescentes identificou os principais sinais e sintomas das DST. A relação sexual com o uso de preservativo foi citada por 99% da amostra como forma de evitar as DST/Aids. A principal fonte de informação sobre DST/Aids referida pelos adolescentes foi revistas/jornais, seguidos de TV/rádio e escola. Em relação ao comportamento sexual houve diferenças significativas. Entre os adolescentes, 55,1% dos rapazes e 36% das moças relataram iniciação sexual. A média de idade dessa iniciação foi de 14,2 anos para os alunos e de 15,1 anos para as alunas. O sexo masculino apresentou maior número de parceiros sexuais e a primeira relação sexual foi com amiga ou conhecida em 61% dos casos. Para 85,3% das adolescentes, a iniciação sexual foi com o namorado. O uso do preservativo foi maior entre os rapazes (60,5%) quando comparados às moças (44,3%). Houve diferença significativa em relação ao uso do álcool antes das relações sexuais, mais referido pelos adolescentes masculinos e por alunos do período noturno. Em relação ao uso de drogas ilícitas, 94,6% dos adolescentes declararam nunca ter experimentado. A maioria dos que admitiram o uso constituiu-se de adolescentes masculinos e de alunos do período noturno. Entre os adolescentes, 1,7% referiram experiência anterior de DST, mais citada pelo sexo feminino e entre os estudantes do período noturno.
Acidentes de trabalho com material biológico na equipe de enfermagem de Hospital Escola Público
Iara Aparecida de Oliveira Sêcco, Paulo Roberto Gutierrez
Data da defesa: 05/07/2002
Notificações de acidentes de trabalho (AT) são instrumentos de vigilância epidemiológica e avaliação da situação de saúde do trabalhador, dos riscos ocupacionais e dos processos de trabalho em que esses estão inseridos, possibilitando implementação de estratégias de promoção à sua saúde. Este estudo descritivo, sob o referencial teórico da Epidemiologia, objetivou analisar os acidentes de trabalho com material biológico (ATMB) notificados entre trabalhadores de enfermagem do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, no período de 1995 a 2000, segundo as variáveis ligadas à pessoa, tempo e espaço, caracterizar esses acidentes em relação aos AT de outra natureza ocorridos no mesmo período do estudo, estimar indicadores de risco (coeficiente de risco – CR e risco relativo - RR) para as variáveis estudadas, estudar relações entre as cargas de trabalho presentes nos processos de trabalho e a ocorrência dos acidentes; também, avaliar o impacto das estratégias educativas desenvolvidas na Instituição e a implantação do Programa de ATMB ocorridos no segundo triênio do estudo. A coleta de dados foi realizada através das Comunicações de Acidentes de Trabalho do ano de 1995 a 2000, Notificações de Acidentes de Trabalho com Material Biológico de 1998 a 2000, documentos estes obtidos no Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho, Unidade de Pronto Socorro e 17º. Regional de Saúde. Para a tabulação e análise estatística foi utilizado o Programa Epi-Info e a Planilha Eletrônica Excel. Constatou-se que, dos 421 acidentes notificados, 53,4% (225) referiram-se a ATMB; os acidentes envolvendo materiais biológicos apresentaram o maior risco para os profissionais de enfermagem em todos os anos do estudo, com CR médio anual de 5,9 acidentes para cada 100 trabalhadores, e RR médio anual de 1,2 em relação aos AT de outra natureza. Embora a freqüência de ATMB entre as mulheres tenha sido de 85,8% (193), superior às ocorrências entre os homens em todos os anos, o CR para o ano 2000 mostrou valores semelhantes para ambos os sexos, sendo de 8,1 para o feminino e 8,8 para o masculino. A faixa etária com maior número de ocorrências foi a de 30 a 40 anos incompletos, com 47,1% (106) dos casos; entretanto, para o ano 2000, o risco esteve inversamente proporcional à idade dos trabalhadores, com maior valor entre aqueles de 20 a menos de 30 anos, igual a 15,1. Os auxiliares de enfermagem foram acometidos por 90,2% (203) dos ATMB notificados e o maior CR médio anual, igual a 6,8. A parte do corpo mais atingida e com maior risco para os acidentes foram as mãos, apresentando freqüência de 82,8% dos casos e CR médio anual de 4,9. As perfurações representaram o total de 70,7% (159) dos ATMB e mostraram CR médio anual de 4,2. Os acidentes estiveram associadas, principalmente, às tarefas de punções venosas, manuseio de materiais contaminados e administração de medicamentos. Em 11,6% (26) dos ATMB houve exposição ocupacional a pacientes soropositivos para HIV. O setor com maior número de ocorrências foi o Pronto Socorro (23,1%), apresentando CR médio anual de 13,8. Ainda, 73,3% (165) dos ATMB deram-se no período diurno, especialmente nas segundas e quintas-feiras. Verificou-se aumento do número de notificações após a implantação do PATMB, que passou de 4,3 para 7 notificações ao mês, sinalizando o seu impacto positivo para a equipe, estando esse resultado, possivelmente, associado às demais estratégias educativas desenvolvidas. Constatou-se a necessidade de manutenção de ações de educação para os profissionais de enfermagem, bem como revisão dos processos de trabalho a que esses estão expostos, a partir dos riscos e cargas de trabalho identificadas, promovendo a prevenção de doenças ocupacionais graves como a AIDS e Hepatite B. Também, da necessidade de orientação à equipe quanto à legislação vigente, com vistas a melhorar o fluxo das notificações para a maior segurança do trabalhador, conferindo-lhe o amparo legal necessário.
Os consórcios intermunicipais de saúde do Paraná e a assistência médica especializada
Sônia Cristina Stefano Nicoletto, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 31/07/2002
Os Consórcios Intermunicipais de Saúde (CIS) surgiram no âmbito do Sistema Único de Saúde do Brasil no final da década de 80 e tomaram vulto na década de 90. Os gestores municipais aderiram a essa estratégia inovadora de gestão de serviços de saúde para unir esforços, visando potencializar e otimizar a oferta, principalmente, de assistência médica especializada. No entanto, os Consórcios Intermunicipais de Saúde, ao serem implantados, precisam estar dentro de um contexto planejado – adequada atenção à saúde básica e eficiente sistema de referência e contra-referência – para não permitir que a oferta de consultas médicas especializadas e de exames de apoio diagnóstico e terapêutico cresça desordenadamente e fora do perfil de necessidade da população. Partindo dessa concepção, esta pesquisa objetiva analisar os Consórcios Intermunicipais de Saúde do Paraná, focalizando a assistência médica especializada. Foram pesquisados os vinte Consórcios que estavam implantados no Paraná em 2000, dos quais um foi analisado de forma mais detalhada. Os dados foram coletados em três etapas: dos relatórios sobre os Consórcios do Paraná, realizados pelo Conselho Estadual de Saúde; através de questionários enviados para os vinte Consórcios; e, ainda, do Consórcio focalizado, diretamente dos documentos do próprio Consórcio. Os dados foram transcritos em bancos de dados do Epi Info 6.04b e em planilhas do Microsoft Excel. A análise foi realizada em duas etapas. Primeiramente, são apresentados e discutidos os dados referentes aos 20 CIS do Paraná. Depois, são apresentados e discutidos os dados referentes ao CIS focalizado especificamente. Dos 399 municípios paranaenses, 81,5% pertencem a CIS e totalizam uma população de 5.378.636 habitantes. Essa população corresponde a 56,3% da população do estado. Os especialistas são cedidos pelos municípios, estado e união e contratados pelos consórcios. Essa última categoria concentra 69,2% dos especialistas. Conseqüentemente, há ampliação da oferta de consultas especializadas, embora também se tenha criado uma polêmica sobre a relação público/privado. No consórcio focalizado, detectou-se falha no mecanismo de referência e contra-referência, além de se observar uma dificuldade de ajuste entre a programação da oferta de consultas e exames realizada pelo CIS, os municípios consorciados e a necessidade da população. Do total de pacientes em fila de espera, 35,7% aguardavam consulta de oftalmologia e 30,9% de neurologia. Há necessidade de se implantarem ações visando efetivar o mecanismo de referência e contra-referência. O Consórcio Intermunicipal de Saúde é uma estratégia em construção que, provavelmente, sofrerá mudanças com a implantação da Norma Operacional da Assistência à Saúde, mas que tende a se efetivar no SUS. A implantação de CIS é um dos caminhos viáveis para potencializar e organizar a assistência médica especializada, mas ele necessita ser utilizado com critérios e planejamento.
Política de medicamentos na atenção básica e a assistência farmacêutica no Paraná
Alide Marina Biehl Ferraes, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 14/08/2002
Este estudo partiu do questionamento: Como está organizada a assistência farmacêutica no Paraná, especificamente em relação ao ciclo logístico do medicamento na atenção básica? Nesta expectativa, objetivou-se: 1) descrever o processo de implantação e de implementação do Consórcio Intergestores Paraná Saúde (aquisição de medicamentos) identificando problemas relativos à cobertura e custos e 2) investigar as etapas da assistência farmacêutica relacionadas ao ciclo logístico do medicamento na atenção básica nos municípios do Paraná colocando em perspectiva crítica as emergentes problemáticas, desafios e possibilidades da assistência farmacêutica no Estado. Utilizou-se técnicas e instrumentos das pesquisas quali e quantitativas considerando-as complementares. Valeu-se de fontes de dados secundárias e primárias. Foram coletados dados sobre as diversas etapas da assistência farmacêutica na atenção básica (seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição, prescrição e dispensação de medicamentos) e suas interfaces com os recursos humanos. Para análise utilizou-se estatística descritiva com auxílio do Epi Info 6.04b e Excel. O Consórcio Paraná Saúde atinge 88,2% dos municípios paranaenses com cobertura de 55,6% da população (5.209.467 habitantes). A aquisição de medicamentos básicos pelo consórcio custou 29,7% a menos do que custaria com preços referenciados pelo Banco de Preços do Ministério da Saúde. Gestores de municípios consorciados demonstraram tendência à satisfação total com a validade (50,0%), preços (45,6%) e qualidade dos medicamentos (42,6%) adquiridos pelo consórcio, enquanto que 17,6% demonstraram insatisfação com prazos de entrega. 47,4% dos gestores de municípios não consorciados estão totalmente insatisfeitos com o prazo de entrega dos medicamentos da contrapartida estadual. A comissão de farmácia e terapêutica praticamente inexiste na maioria dos municípios. A RENAME e as Boas Práticas de Estocagem são pouco mencionadas (respectivamente 22,5% e 10,4%). Distribuidoras (91,3%) e farmácias locais (63,0%) são citadas como principais fornecedores. A maioria dos municípios desconhece a terminologia correta das modalidades de aquisição e 63,0% confundem os termos distribuição e dispensação. A orientação ao paciente sobre uso do medicamento ocorre em 38,4% dos municípios. Embora 80,3% dos municípios possuam uma relação municipal de medicamentos sendo divulgada aos prescritores, a Denominação Comum Brasileira aparece em apenas 16,1% das prescrições na faixa de 76% a 100%. Em aproximadamente 50% dos municípios, o farmacêutico foi contratado como responsável técnico (45,1% foram contratados entre 2000 e 2001). Auxiliares de enfermagem (70,9%) foram os profissionais mais citados para dispensação. A análise aponta o Consórcio Paraná Saúde como estratégia de gerenciamento que propicia economia de escala com preços competitivos, revela dificuldades em todas as etapas da assistência farmacêutica municipal com repercussão direta na utilização de medicamentos e reforça a importância da atuação do farmacêutico como gerente neste processo. Esta pesquisa identificou diversos problemas no ciclo logístico do medicamento destinado à atenção básica que merecem análises mais detalhadas em alguns municípios.
As repercussões do envelhecimento populacional na morbimortalidade e no sistema de saúde de Londrina
Gilberto Berguio Martin, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 25/10/2002
A OMS considera uma dada população como velha quando a proporção de maiores de 60 anos ultrapassa 7% do total de habitantes.Hoje esta é uma realidade também de países em desenvolvimento como o Brasil e de cidades como Londrina. A população residente em Londrina é analisada quanto à evolução demográfica (1970 a 2000), dados de mortalidade (faixas etárias e causas, de 1980, 1990, 1995 e 2000) e de morbidade hospitalar (faixas etárias idosas, causas de internação por número, dias de permanência e valores pagos pelo SUS, no ano 2000), através de pesquisas em fontes secundárias via internet (SIM-SUS e SIH-SUS) e relatórios consolidados (NIM/AMS/PML). Constatou-se que de 1970 a 2000 a população de Londrina envelheceu (maiores de 60 anos evoluíram de 4,03% para 9,34% da população total), enquanto cresceu drasticamente a periferia urbana, diminuiu o tamanho das famílias, subiu o percentual de mulheres em sua chefia, caíram as mortalidades infantil e por doenças infecto-parasitárias e a taxa de natalidade, assim como o Índice de Dependência (pela queda do Índice de Dependência Jovem), triplicando Razão de Envelhecimento no período (de 0,10 a 0,35). Na população geral cresceu a proporção de óbitos acima dos 60 e mais anos (de 43,02% em 1980, para 61,52% em 2000), com a maior variação para 80 e mais anos (de 11,24% para 23,26%). Doenças do Aparelho Circulatório, Neoplasmas e Causas Externas mantiveram-se neste período como as três primeiras causas de óbitos dos londrinenses, com cerca de 60% do total. Na população de 60 e mais anos, cruzando-se os dados de mortalidade e de morbidade hospitalar, por enfermidade específica, constatou-se que a Doença Cérebrovascular é a primeira causa de óbito, com 13,24% (e a quinta com maior utilização de dias de permanência, 3,83%, e de valores pagos pelo SUS, 2,73%); a Pneumonia é a primeira em número de internações, 10,85%, e em dias de permanência em internação, 9,22%(e a quarta em valores pagos pelo SUS, 4,75%); o Infarto Agudo do Miocárdio e outras Doenças Isquêmicas do Coração como primeira em valores pagos pelo SUS,21,07%, (segunda causa de óbitos,9,58%, e terceira em número de internações,5,52%, e em dias de permanência,5,55%). Constataram-se ainda, com forte repercussão na mortalidade e morbidade hospitalar dos idosos, as enfermidades: Doenças de Vias Aéreas Inferiores, Diabetes Mellitus, Doenças Hipertensivas, Insuficiência Cardíaca, Arritmias Cardíacas e Esquizofrenia. Que acabam sendo os principais agravos à saúde do idoso. Isto demanda intervenções de proteção e promoção à saúde da população geral, no sentido do envelhecimento saudável e da implantação de programas específicos para a população idosa, também na rede básica de atenção primária à saúde.
Análise e avaliação da qualidade de medicamentos anti-hipertensivos na cidade de Londrina – PR
Francisco Eugênio Alves de Souza, Claudete Faiad
Data da defesa: 07/02/2003
Este estudo trata de uma análise e avaliação da qualidade de medicamentos anti-hipertensivos na cidade de Londrina - Pr. Inicialmente foi realizado um levantamento teórico, abordando a Política de Medicamentos no contexto do Sistema Único de Saúde - SUS, abrangendo a evolução do processo de construção do Sistema, diretrizes, regulamentações que foram sendo estabelecidas; reorientações e o fortalecimento da produção estatal de medicamentos. Foi também objeto de estudo, a importância da hipertensão arterial na morbi-mortalidade da população brasileira, compreendendo suas definições, causas, critérios diagnósticos, entre outras questões. Na seqüência, apresentamos estudo do tratamento medicamentoso, com a escolha dos medicamentos anti-hipertensivos e suas divisões e esquemas e no capítulo seguinte abordamos e avaliamos a biodisponibilidade de medicamentos, abrangendo questões como: conceitos, histórico, importância, dose, vias de administração e formas farmacêuticas. A metodologia adotada para a realização da pesquisa foi a de aplicação de um questionário aos médicos da rede de saúde pública; e um segundo, junto às farmácias da cidade e uma pesquisa laboratorial, onde se adotou o método de Dissolução (USP-24), no Laboratório de Controle de Qualidade da Fundação para o Remédio Popular, de São Paulo. Os resultados mostraram que nem sempre os medicamentos utilizados para tratamento de patologias crônicas e outras, estão dentro de suas especificações técnicas, o que com certeza não apresentará os efeitos desejáveis. Mais de 10% dos medicamentos anti-hipertensivos examinados não estão conforme os padrões especificados, o que é um resultado preocupante, uma vez que estes medicamentos são fundamentais na manutenção da saúde do ser humano.
Internações Hospitalares pelo SUS: Perfil Epidemiológico e Gastos em Maringá-PR, 1998 a 2002
Maria da Penha Marques Sapata, Darli Antônio Soares
Data da defesa: 18/12/2003
O acesso às internações hospitalares assume grande importância no contexto da organização do sistema municipal de saúde e é de grande relevância a participação desse nível de assistência no gasto da saúde, podendo afetar diretamente a governabilidade do sistema. Tendo Maringá dificuldades para custear a assistência hospitalar especialmente nos últimos anos, este estudo teve como objetivo analisar os gastos e o perfil das internações hospitalares pelo SUS. Foram estudadas todas as internações de Maringá no período de 1998 a 2002. Estas foram agrupadas em: residentes em Maringá que se internaram no próprio município e fora (evasão), bem como os não residentes que se internaram em Maringá (invasão). Os dados foram coletados do banco de dados SIH/SUS, disponíveis em Cdrom; dos processos de empenho do Fundo Municipal de Saúde e relatórios do DATASUS. Para análise de gastos utilizou-se os valores da Tabela SIH/SUS em reais e para estudo do déficit financeiro do FMS, os gastos foram corrigidos pelo IGP-M. Constatou-se que os leitos hospitalares são insuficientes para o atendimento da clientela SUS com déficit de pelo menos 161 leitos. Quanto às internações de residentes, a taxa de internação foi baixa, menos de 7%, tendo como principais causas: as doenças do aparelho respiratório (21,51%), doenças do aparelho circulatório (13,73%) e gravidez, parto e puerpério (11,17%). Nas faixas etárias > de 1 ano, 1 a 4 e 5 a 14 anos percebeu-se diminuição na taxa de internação. Diminuiu a evasão de residentes a partir de 2000, porém aumentou o custo médio das internações deste grupo em 2001 e 2002. No que se refere à ocorrência de internações dentro de Maringá, o comportamento das internações foi sempre crescente, tanto de residentes quanto de não residentes. As principais causas de internações de não residentes (invasão) foram os transtornos mentais e comportamentais (34,52%), doenças do aparelho circulatório (11,58%) e neoplasias (8,19%).O gasto com internações de residentes no próprio município subiu 36 % de 1998 a 2002, porém, o custo médio da AIH foi praticamente constante. O custo médio AIH de não residentes foi sempre superior ao custo médio das internações dos residentes (próximo do dobro). O Município acumulou déficit importante no Fundo Municipal de Saúde, principalmente nos anos de 2001 e 2002. Assim, este estudo mostrou que há necessidade de repactuação de recursos financeiros para garantir a assistência hospitalar aos usuários do SUS.
O Ensino Odontológico e a Infecção HIV/AIDS: análise de uma experiência
Lázara Regina Rezende, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 21/01/2004
A infecção pelo HIV é a primeira pandemia da era moderna que suscita questões com exigências amplas nas respostas. Isto acaba por revelar sérios desequilíbrios e inadequações nos sistemas de saúde e social de todos os países. Dentre as inadequações observa-se as lacunas existentes no processo de formação dos profissionais de saúde. Dentre os trabalhadores do setor da saúde, os odontólogos são os profissionais que apresentam maior dificuldade em assistir o paciente que convive com HIV/aids. Neste contexto o estudo tem como objetivo central apreender e analisar as contribuições do projeto de extensão universitária: Implantação de assistência odontológica ao portador do HIV/aids na formação profissional dos acadêmicos de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina - UEL.O estudo é justificado pela construção do novo paradigma – saúde-doença, pela implantação do modelo de assitência à saúde proposto pelo Sistema Único de Saúde - SUS, pela busca por que vem passando a Odontologia, na procura de alternativas que possam contribuir para a implantação das novas diretrizes curriculares e pela falta de estudos que relatem a experiência no ensino odontológico, empregando os princípios de metodologia problematizadora. Nesta perspectiva, usou-se a metodologia qualitativa em saúde, sendo a pesquisa um estudo exploratório qualitativo. Os dados foram coletados entre os dezenove alunos participantes do projeto através de entrevistas gravadas e transcritas que posteriormente foram trabalhadas pelo método de análise de conteúdo - modalidade análise temática proposto por Bardin. A análise e a interpretação dos dados permitiram constatar: insuficiência do conhecimento sobre o tema pelos alunos, levando-os a avaliarem sua participação no projeto como a possibilidade de maior compreensão das dimensões biológicas, epidemiológicas, ético/moral e sociais que envolvem a pandemia da aids. A participação no projeto permitiu elucidar as mudanças nas características das lesões bucais, tão características no início da epidemia. O paciente deve ser tratado com respeito, sendo o diálogo a peça fundamental para o estabelecimento de uma relação de confiança entre o profissional e o paciente. No decorrer das atividades as medidas de biossegurança são avaliadas e são consideradas necessárias para todos os pacientes. O sangue que pode ter origem em alguns dos procedimentos técnicos da prática odontológica, durante as sessões de tratamento do paciente HIV/aids, produz preocupação e medo entre os alunos. Os alunos foram unanimes ao consideram, que há muito preconceito da sociedade contra a pessoa portadora do HIV e que a categoria odontológica apresenta dificuldade em assistir o paciente que convive com o HIV/aids. A responsabilidade diante da infecção pelo HIV é apontada, pois os alunos projetam-se na imagem do profissional de saúde que tem o dever de esclarecer e orientar as medidas de prevenção. A participação no projeto possibilita aos alunos o conhecimento e o contato com as diferentes facetas da nossa sociedade, desconhecidas pela grande maioria dos alunos. Este conhecer contribui para redução do estigma e do preconceito sobre a doença. Após análise dos dados foi possível concluir que a participação no projeto contribui para a formação profissional dos alunos de Odontologia tanto nas questões técnicas e éticas da prática profissional, na valorização da relação profissional/paciente e na reconstrução de novas representações sociais a respeito da pessoa que convive com o HIV/AIDS.
As Diretrizes Curriculares Nacionais e os Cursos Paranaenses de Odontologia: Processo de Construção e Perspectivas e Implementação
Mariângela Monteiro de Melo, Márcio José de Almeida
Data da defesa: 27/01/2004
Após o incontestável avanço da constitucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS) é necessária sua consolidação que se dará por meio de políticas públicas que garantam à população o acesso universal e igualitário aos serviços de saúde. Dentre as estratégias para a consolidação do SUS está a reformulação do sistema formador de recursos humanos para a saúde que, por meio da publicação da Lei de Diretrizes e Bases, em 1996, oportunizou concretizá-la. O Edital 04/97 da Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC), as Instituições de Ensino Superior foram convocadas a apresentarem propostas para a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais para todas as carreiras de ensino superior brasileiro. Houve grande mobilização da área da saúde e, na odontologia, as discussões se deram na Associação Brasileira de Ensino Odontológico, em conjunto com núcleos de pesquisas e a comissão de especialistas da SESu/MEc. Diante deste cenário, surge o questionamento de como ocorreu a construção das Diretrizes Curriculares Nacionais e como está sendo sua implementação nos cursos de odontologia do Estado do Paraná. Para se obter tais respostas utilizou-se o método qualitativo em que a coleta de dados se deu por meio de entrevistas semi-estruturadas que foram analisadas pela técnica de análise de conteúdo. Os atores que compuseram a pesquisa foram os coordenadores de cursos do Estado do Paraná e entidades que participaram da construção das Diretrizes para a odontologia como a Associação de Ensino Odontológico e a Rede Unida, compondo dois panoramas de análises: o Panorama Nacional e o Institucional. A partir do material coletado foram extraídas categorias que serviram na análise dos dados de onde foi possível identificar uma inquietação importante nos cursos do Paraná em relação as mudanças propostas pelas Diretrizes. Alguns processos mais maduros e ousados que outros, porém mais na dependência de “forças” individuais, comprometidas com o SUS, do que propriamente mudanças institucionalizadas. O estudo aponta a necessidade de que haja uma reformulação das Pós-graduações stricto sensu, de modo a subsidiar os docentes universitários às novas práticas de ensino que são requeridas pelas diretrizes. Destaca também que as dificuldades encontradas durante as discussões no interior dos cursos reforçam as relações de poder que existem nas Instituições de Ensino Superior no Brasil que por muitas vezes dificultam ou mesmo impedem a implementação das mudanças necessárias. Por outro lado, mostra que a Associação Brasileira de Ensino Odontológico exerce sobre os cursos um poder simbólico que, em função do tradicionalismo de algumas vertentes da entidade, pode inviabilizar os avanços significativos e necessários na formação de graduação em odontologia. O estudo encontrou ainda a inexistência de uma entidade de representação nacional dos estudantes de odontologia, o que também pode significar dificuldades de implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais.