Mudança na situação conjugal e associação com a incidência e manutenção de comportamentos positivos de saúde: Estudo Vigicardio (2011-2015)
Dissertação de mestrado
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trodução: Algumas evidências apontam que a situação conjugal está associada a indicadores de saúde, em geral, indicando que pessoas com companheiros/as (casadas ou em união estável) possuem menores taxas de morbimortalidade se comparadas às pessoas sem companheiros/as (solteiras, divorciadas/separadas ou viúvas). Entretanto, existem poucos estudos epidemiológicos e longitudinais que associam a transição conjugal com comportamentos de saúde, principalmente na América Latina. Objetivo: Verificar a associação entre mudança na situação conjugal com a incidência e a manutenção de comportamentos positivos de saúde. Métodos: Estudo longitudinal prospectivo, que faz parte do projeto: ―Incidência de mortalidade, morbidade, internações e modificações nos fatores de risco para doenças cardiovasculares em amostra de residentes com 40 anos ou mais de idade em um município de médio porte do Sul do Brasil: Estudo coorte Vigicardio 2011-2015‖ realizado com indivíduos de 40 anos (em 2011) ou mais residentes em Cambé/PR. Para este estudo, participaram 883 pessoas nos dois momentos da pesquisa. As variáveis dependentes foram: atividade física no tempo livre, consumo de frutas, consumo de verduras e legumes, tabagismo e consumo abusivo de álcool. Foram ainda realizadas análises com a combinação (análise de simultaneidade) dos comportamentos relacionados à saúde considerados. A variável independente foi a situação conjugal, comparando-se a situação de cada sujeito nos quatro anos do estudo. Assim, os sujeitos foram divididos em quatro grupos. Grupo 1: pessoas que tinham companheiro(a) nos dois momentos (n=583); Grupo 2: pessoas que tinham companheiro(a) em 2011, mas não em 2015 (n=72); Grupo 3: pessoas que não tinham companheiro(a) nos dois momentos (n=204); Grupo 4 (n=24): pessoas que não tinham companheiro(a) em 2011 mas tinham em 2015. Assim, o grupo 1 e 3 manteve a mesma situação conjugal, enquanto os grupos 2 e 4 teve transição na sua situação conjugal. A análise dos dados, foi feita aos pares (grupo 1 x grupo 3; e grupo 2 x grupo 4), de modo a melhor explorar a possível associação da manutenção ou incidência de comportamentos positivos com a mudança na situação conjugal. Além das variáveis dependentes e a independente, foram consideradas as seguintes variáveis de confusão: sexo, faixa etária, classe econômica e escolaridade. Os dados foram analisados no Programa SPSS vs. 19, através da regressão de Poisson bruta e ajustada. Resultados: Os participantes que deixaram de ter companheiro(a) apresentaram menor incidência de abandono ao tabaco (RR:0,29,IC95%:0,12-0,68), de consumo regular de frutas (RR:0,43,IC95%:0,20-0,90) e de manutenção de pelo menos dois comportamentos positivos de saúde (RR:0,80,IC95%:0,70-0,92) do que os sujeitos que tinham companheiro(a) nas duas coletas. Já os participantes que passaram a ter companheiro(a) tiveram maior incidência de pelo menos um comportamento positivo de saúde (RR:1,76,IC95%:1,07-2,88) e maior incidência de consumo regular de frutas (RR:2,42,IC95%:1,40-4,18) comparados com aqueles que não tinham companheiro(a) em 2011 e 2015. Por outro lado, vale mencionar que algumas variáveis dependentes, especificamente: atividade física no tempo livre e consumo de verduras e legumes não se mostraram associadas à mudança na situação conjugal. Conclusão: Tais resultados são importantes para um melhor planejamento do cuidado à saúde.