Gênero e fatores associados aos comportamentos de saúde: estudo com amostras das capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal
Tese de doutorado
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OBJETIVO: Analisar gênero e os fatores associados à adoção dos comportamentos de saúde em adultos brasileiros (≥18 anos) das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal, mediante a dois objetivos específicos: 1.Verificar a desigualdade na prática de atividade física no tempo livre entre homens e mulheres (≥18 anos) das capitais brasileiras de 2010 a 2019; 2.Comparar a prevalência de comportamentos de risco (CR) à saúde em homens idosos (≥60 anos) viúvos com as de idosos com companheira, solteiros e divorciados/separados, bem como a prevalência de CR em idosos viúvos conforme faixa etária, escolaridade e raça/cor. MÉTODOS: Tese estruturada conforme modelo escandinavo onde para cada objetivo específico construiu-se um artigo com métodos, resultados e conclusões próprias. Os dados utilizados foram da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL). O primeiro, com dados de uma década (2010 a 2019), teve como tema a desigualdade da prática de atividade física no tempo livre entre homens e mulheres (n=512.968). Em ambos os estudos foi calculada a Razão de Prevalência (RP) a partir da regressão de Poisson. Para o artigo um, foram ainda calculadas a medida de desigualdade absoluta em pontos percentuais e a regressão de Prais-Winsten para verificar a tendência ao longo do período estudado. Com dados de 2016 e 2017, o segundo teve como tema a viuvez em homens idosos (n=11.185) e comportamentos de risco à saúde: inatividade física no tempo livre; consumo irregular de frutas, verduras e legumes; tabagismo e consumo abusivo de álcool. RESULTADOS: Artigo 1) A desigualdade relativa da prática da atividade física no tempo livre foi maior nos mais jovens (18 a 24 anos; RP média=2,09) e menor nos sujeitos de 45 a 64 anos (RP média=1,14). Na escolaridade, foi maior no grupo intermediário (9 a 11 anos; RP média=1,67) e menor no mais baixo (0 a 8 anos; RP média=1,41). Houve diminuição das desigualdades relativas no geral (-0,72 pontos percentuais (p.p/ano), nos grupos etários de 18 a 24 anos (-0,74 p.p/ano), 25 a 34 anos (-0,73 p.p/ano), 35 a 44 anos (-0,82 p.p/ano) e no grupo de escolaridade intermediária (-0,86 p.p/ano). Apesar dessa redução, tanto a desigualdade absoluta como a relativa se mantiveram maiores nesses grupos. Artigo 2) Comparando com idosos viúvos o tabagismo foi menor nos com companheira (RP=0,68; IC95%:0,52-0,90). Quando considerados somente os viúvos, na comparação com os de 60 a 69 anos, observou-se menor inatividade física no tempo livre nos de 70 a 79 anos (RP=0,86; IC95%:0,74-0,98), menor consumo irregular de frutas, verduras e legumes (RP=0,78; IC95%:0,66-0,93), tabagismo (RP=0,32; IC95%:0,15-0,65) e consumo abusivo de álcool (RP=0,35; IC95%:0,15-0,83) nos mais velhos (≥80 anos). Na comparação com viúvos de maior escolaridade (≥12 anos), os dos grupos intermediário e mais baixo foram mais inativos no tempo livre (RP=1,16; IC95%:1,00-1,35 e RP=1,15; IC95%:1,00-1,31, respectivamente) e tiveram maior consumo irregular de frutas, verduras e legumes (RP=1,31; IC95%:1,04-1,65 e RP=1,60; IC95%:1,31-1,94, respectivamente). CONSIDERAÇÕES FINAIS: No primeiro artigo, apesar da redução significativa da desigualdade nos sujeitos de 18 a 44 anos e nos de escolaridade intermediária, as diferenças permaneceram maiores nesses grupos. No segundo artigo observou-se relação moderada da viuvez na comparação com outras situações conjugais. Considerando somente idosos viúvos, os mais velhos e de maior escolaridade tiveram menores CR. Sugere-se que ações e políticas de promoção de comportamentos saudáveis devem ser planejadas considerando a relação da desigualdade de gênero com outros fatores, como a situação conjugal, faixa etária e escolaridade.