Dependência de cafeína: fatores associados e sintomas psíquicos em professores da educação básica

Tese de doutorado

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Resumo

OBJETIVO: Analisar a prevalência de dependência de cafeína e fatores associados, em especial, sintomas psíquicos, em professores da educacão básica. Para isso, consideraram-se os seguintes objetivos específicos: 1) Investigar a prevalência de dependência de cafeína e verificar sua associação com variáveis sóciodemográficas, hábitos de vida, condições de saúde e fatores ocupacionais em professores; 2) Examinar a relação da dependência de cafeína e de suas características-chave com sintomas psíquicos em professores. MÉTODOS: Para estruturação desta tese, cada objetivo específico foi apresentado em formato de um artigo científico. A população estudada faz parte do projeto “Saúde, Estilo de Vida e Trabalho de Professores da Rede Pública do Paraná” (Pró-Mestre), no qual professores das 20 maiores escolas estaduais de Londrina foram entrevistados em dois momentos: baseline (nos anos de 2012 e 2013) e seguimento (anos 2014 e 2015), após 24 meses. Ambos os estudos apresentam análises utilizando os dados apenas do seguimento e tratam-se de estudos transversais. A dependência de cafeína foi avaliada seguindo os critérios estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Saúde Mental (DSM-5) que define três características-chave: desejo persistente e/ou esforços fracassados, uso continuado da cafeína apesar de efeitos nocivos e abstinência. RESULTADOS: Estudo 1) A maioria dos 430 professores relatou consumo regular de cafeína e um quarto, aproximadamente, relatou consumo elevado. A prevalência de dependência de cafeína foi de 5,6% e não se mostrou associada a características sóciodemográficas ou a hábitos de vida. Os professores que relataram consumo elevado de cafeína apresentaram maiores chances de dependência. Quanto às condições de saúde, a auto avaliação de saúde regular/ruim, a qualidade de sono ruim e o uso de medicamentos para dormir mostraram-se associados à dependência de cafeína. Com relação aos fatores ocupacionais, percepções regulares/ruins quanto ao equilíbrio entre vida profissional e pessoal, falta de tempo e frustração com o trabalho, esgotamento e o sentimento de estar no limite de possibilidades mostraram-se mais frequentes nos professores classificados como dependentes (p<0,05). Estudo 2) A dependência de cafeína mostrou-se associada com a presença de depressão, segundo o Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), nos 392 professores incluídos. O mesmo foi observado com suas características-chave. Os sintomas depressivos associados à dependência de cafeína foram: pessimismo, culpa, punição, baixa autoestima, choro, agitação, perda de interesse, desvalorização, irritabilidade, alterações no padrão de apetite e perda de interesse por sexo. A quantidade de sintomas presentes e a soma da pontuação obtida pela escala foi maior nos professores dependentes de cafeína. CONCLUSÕES: A prevalência de dependência de cafeína mostrou-se baixa, porém associada a fatores adversos relacionados ao sono, a aspectos ocupacionais e à saúde mental nos professores. Desse modo, sugerem-se pesquisas adicionais sobre dependência de cafeína e riscos relacionados, com vistas a subsidiar ações preventivas e de controle, individuais e coletivas, sobre o uso abusivo de cafeína. Os achados da presente tese podem embasar futuras classificações clínicas do Transtorno por Uso de Cafeína pelo DSM.