Avaliação do egresso do curso de medicina da Universidade Estadual de Londrina, PR.

Dissertação de mestrado


Resumo

A crise da saúde brasileira é, em parte, decorrente da organização dos serviços de saúde e seu modelo assistencial e da prática exercida pelos recursos humanos em saúde (RHS) e sua formação. Apesar do avanço obtido com o Sistema Único de Saúde (SUS), a assistência à saúde, especialmente a prática médica baseada no modelo flexneriano, vem se mostrando inadequada para a resolução dos problemas de saúde da população, em que pese o saldo positivo que obteve em sua evolução. Vários segmentos da sociedade e organizações nacionais e internacionais vêm discutindo propostas com o novo paradigma em construção em nível de serviços e de formação, bem como a importância da relação entre a prática e a formação. Desta forma, a análise sobre os egressos poderia fornecer subsídios para se entender melhor a relação entre a prática e a formação. Em virtude disso, o objetivo geral foi a avaliação dos egressos do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina, quanto à sua formação e prática profissional. Através da coleta de dados com questionário pelo sistema de postagem, conforme desenho transversal, e de entrevistas do tipo aberta na técnica da história de vida tópica, obteve-se uma abordagem quanti-qualitativa, para melhor retrato da realidade. Os resultados foram; os ex-alunos são jovens, com o aumento da participação da mulher, urbanos, especializados e 56,6% assalariados do setor público. Quanto à graduação, relataram que a formação foi boa na prática, mas fraca na teoria; com falta de integração básico-clínico, teórico-prático e pesquisa; sobrecarga no internato; docentes pouco capacitados em metodologias de ensino e o mínimo de atividades extra-muros. A inserção no mercado de trabalho é tardia, pois 73,6% fizeram residência médica. A discussão atual é a necessidade de formação de médicos gerais e especialistas para a resolução dos problemas de saúde da população como médicos, ao exercerem a prática, depararam-se com as seguintes dificuldades: em um primeiros momento, a escola não os preparou para a realidade fora dos muros da Universidade; além disso, a ética foi a questão mais levantada, seguida de conhecimentos variados, relação médico-paciente e morte. Nas entrevistas, houve referências ao uso abusivo de tecnologias, por parte dos médicos. Completando os resultados, os egressos sugeriram vários itens, baseados em suas experiências, para contribuírem na melhoria do ensino, tais como a inclusão no currículo de discussões sobre o uso racional de tecnologias, ética, mercado de trabalho, incentivo à pesquisa e capacitação docente, entre outras. Resgataram ainda o compromisso da Universidade, que não é somente com a graduação, mas também com a educação permanente dos profissionais da saúde. Em suma, os resultados apontam para a necessidade de reformulações no aparelho formador e a maioria dos problemas e sugestões levantados, estão em consonância com as propostas da Educação Médica.

Palavras-chave

Sem informação