Acesso a medicamentos para tratamento de fatores de risco cardiovasculares

Tese de doutorado

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Resumo

INTRODUÇÃO: O acesso a medicamentos para tratamento da hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias é um aspecto relevante do controle das doenças cardiovasculares. OBJETIVO: Analisar a prevalência e a utilização de medicamentos para tratamento da hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo epidemiológico de base populacional com delineamento transversal em indivíduos com idade igual ou superior a 40 anos, residentes na área urbana do município de Cambé/PR. Foram realizadas entrevistas para preenchimento de Formulário Estruturado sobre utilização de medicamentos, aferição de pressão arterial (PA) e coleta de sangue para exames laboratoriais. RESULTADOS: Foram entrevistados 1180 indivíduos, dos quais 1162 tiveram PA aferidas e 967 realizaram exames laboratoriais. A prevalência estimada de hipertensão arterial foi de 56,4%, a de diabetes 13,6% e a de dislipidemias 69,2%. As prevalências de tratamento medicamentoso entre as pessoas com hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias foram, respectivamente, 62,0% 59,1%, e 16,1%. Entre os indivíduos com hipertensão arterial que se tratavam com medicamentos, 39,5% apresentaram PA classificadas como ótima, normal ou limítrofe; entre os indivíduos com diabetes que utilizavam medicamentos antidiabéticos, 35,9% tinham valores de glicemia de jejum (GJ) compatíveis com as categorias GJ normal e GJ alterada, e entre os indivíduos com dislipidemias que faziam uso de hipolipemiantes 22,2% apresentaram valores de Colesterol total <200mg/dl e/ou LDL-C <160 mg/dl e/ou Triglicérides <150mg/dl e/ou HDL-C homens ≥40mg/dl e mulheres ≥50mg/dl. Os fármacos anti-hipertensivos mais utilizados foram hidroclorotiazida, enalapril, captopril, atenolol, anlodipino e losartana, sendo suas principais fontes de obtenção os serviços próprios do SUS (56,0%) e as farmácias e drogarias privadas, mediante pagamento direto pelo usuário (32,0%). Os fármacos antidiabéticos mais utilizados foram os antidiabéticos orais metformina e glibenclamida e a insulina NPH, obtidos principalmente nos estabelecimentos vinculados ao SUS (68,8%) e por aquisição com custeio próprio em farmácias e drogarias privadas (21,6%). Os fármacos hipolipemiantes mais utilizados foram sinvastatina (81,5%) e bezafibrato (6,5%), obtidos principalmente por pagamento direto em farmácias e drogarias privadas (52,2%) e serviços próprios do SUS (33,6%). CONCLUSÃO: O tratamento medicamentoso da hipertensão arterial mostrou-se superior ao de outras regiões do Brasil, enquanto o da diabetes é similar. As unidades próprias do SUS eram os principais locais de aquisição de medicamentos para o tratamento da hipertensão e diabetes, o que sugere que as políticas públicas de Assistência Farmacêutica em Cambé/PR proporcionam boas condições de acessibilidade aos mesmos. Para as dislipidemias, entretanto, o alcance das políticas ainda é limitado. O baixo nível de controle da hipertensão, diabetes e dislipidemias pode indicar que o acesso aos medicamentos circunscreve-se ao domínio restrito. É recomendado que o planejamento de ações de atendimento integral às pessoas com hipertensão arterial, diabetes e dislipidemias baseie-se nos conceitos linha de cuidados e redes matriciais de atenção à saúde.