A longitudinalidade do cuidado na atenção básica à luz da experiência dos usuários com hipertensão arterial
Tese de doutorado
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A longitudinalidade ou vínculo longitudinal do cuidado, um dos atributos da atenção básica à saúde, consiste no acompanhamento do usuário ao longo do tempo, na qual se espera uma relação terapêutica que envolva a responsabilidade por parte do profissional de saúde e a confiança por parte do usuário. Este atributo é constituído por três elementos: a existência e o reconhecimento de uma fonte regular de cuidados, o estabelecimento de vínculo terapêutico duradouro entre os usuários e os profissionais de saúde da equipe local e a continuidade informacional. Este estudo teve como objetivo compreender a longitudinalidade do cuidado na atenção básica a partir da vivência do usuário com hipertensão arterial. Trata-se de pesquisa de natureza qualitativa, com abordagem descritivo-exploratória, realizada com treze pessoas com quarenta anos ou mais, residentes na zona urbana do município de Cambé/PR, com hipertensão arterial e que utilizavam exclusivamente os serviços do Sistema Único de Saúde. A coleta de dados ocorreu entre novembro de 2014 e janeiro de 2015, realizada por meio de entrevista com a questão norteadora: Conteme como tem sido o cuidado da hipertensão arterial na unidade básica de saúde. Para analisar os dados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo com base em duas categorias analíticas: a unidade básica de saúde como fonte regular de cuidados e relação interpessoal para o estabelecimento do vínculo duradouro entre o usuário e os profissionais. Os depoimentos dos usuários com doenças crônicas revelam aspectos que apontam a longitudinalidade do cuidado na atenção básica do município. Os usuários utilizam a unidade básica de saúde como fonte regular do cuidado, mas não a reconhecem como tal porque há fragilidades quantitativas e qualitativas nos serviços. Em relação ao estabelecimento do vínculo entre o usuário e os profissionais, verificou-se que decorreu das relações interpessoais influenciadas: pelo tempo de moradia na área, pela alta rotatividade dos profissionais, pela qualidade do processo de comunicação verbal e não verbal entre os usuários e a equipe, pela permanência do modelo biomédico na atenção básica e pela dificuldade do usuário reconhecer as categorias profissionais atuantes e suas atribuições. Conclui-se que exercer o atributo do vínculo longitudinal, embora esteja relacionado às práticas profissionais, depende da união dos esforços direcionados à melhoria da quantidade e da qualidade dos serviços ofertados e das estratégias de valorização dos profissionais.