Teses e Dissertações
Palavra-chave: Epidemiologia
Bem-estar emocional e doenças crônicas: associação da autopercepção da felicidade, amor e bom humor à condição de saúde de adulto e idosos de Matinhos, Paraná
Milene Zanoni da Silva Vosgerau, Marcos Aparecido Sarria Cabrera
Data da defesa: 16/05/2012
Este estudo, de base populacional e delineamento transversal, teve como objetivo analisar a associação de desfechos relacionados ao bem-estar emocional como autopercepção
de felicidade, amor e bom humor à presença de hipertensão arterial, diabetes mellitus,
depressão e dor crônica. A população de estudo consistiu em adultos com 40 anos ou
mais residentes permanentemente no município de Matinhos/PR. A coleta de dados, que
utilizou dados dos setores censitários do IBGE, foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com questões referentes às variáveis socioeconômicas e demográficas, estilo
de vida, fatores relacionados a emoções e situações positivas, religião, espiritualidade e
crenças pessoais, saúde autorreferida, consumo contínuo de medicamentos e uso dos serviços de saúde. Para análise estatística utilizou-se a regressão logística, cujos desfechos
foram os indicadores de bem estar emocional. Entrevistou-se 638 indivíduos entre abril e
julho de 2011. A perda foi de 4,5%. Como resultado, mais da metade dos entrevistados
tinham entre 40 e 59 anos (58,9%), não chegaram a concluir o primeiro grau (57,5%), não
tem vínculo empregatício (60,6%) e foram classificados no estrato C da ABEP (57,1%),
sendo que 29,8% das famílias tem renda inferior a R$ 600,00. Do total de entrevistados,
apenas 32,6% apresentaram escores ≥ 30, que segundo a classificação escala de satisfação
com vida (SWLS) são considerados como extremamente satisfeitos. A média do escore na
SWLS foi de 25,38 [dp=6,04], sendo que o maior preditor para a autopercepção positiva
da felicidade foi menor intensidade da dor crônica. Com relação ao amor, 82,1% referiram
se sentirem amados sempre por seus familiares e amigos. A frequência de bom humor,
ou seja, sorrir sempre ou na maior parte das vezes foi de 75,5%. No desfecho conjugado de bem-estar emocional – felicidade, amor e bom humor – a prevalência encontrada
foi 24,9%. Os fatores ‘dor crônica’ e ‘depressão’ se mantiveram associados inversamente
ao bem-estar emocional, o que aponta que estas patologias atuam como marcadores relevantes de baixa qualidade de vida, ao passo que, valores, crenças religiosas e renda
– questões vinculadas às dimensões espirituais, existenciais e materiais – se mostraram
como significativos indicadores positivos de bem-estar emocional. A partir dos achados
da investigação, foi possível identificar contribuições e desafios para concepção do objeto
saúde, prática clínica e políticas públicas da perspectiva positiva para o campo da saúde
coletiva. Sugere-se que seja inserida a reflexão acerca dos fatores de promoção da saúde e
indicadores positivos na formação permanente dos profissionais de saúde, com intuito de
consolidar movimentos importantes para o Sistema Único de Saúde, tais como Estratégia
Saúde da Família, Cidades Saudáveis e Redes de Cuidados em Saúde.