DESIGUALDADES NO CONSUMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS SEGUNDO CARACTERÍSTICAS SOCIOECONÔMICAS E ESPACIAIS: ESTUDOS COM AMOSTRAS REPRESENTATIVAS DA POPULAÇÃO ADULTA BRASILEIRA
NATHALIA ASSIS AUGUSTO, Mathias Roberto Loch
Data da defesa: 23/02/2024
Objetivo: Verificar fatores socioeconômicos e espaciais relacionados ao consumo de frutas e hortaliças (CFH) na população adulta brasileira, mediante dois objetivos específicos: 1. Analisar a relação entre o espaço geográfico urbano (capital, região metropolitana (RM) e interior) e o consumo regular de frutas e hortaliças no Brasil. 2. Analisar as desigualdades no CFH em adultos brasileiros a partir da intersecção de diferentes exposições a marcadores sociais relativos à gênero, raça/cor, renda e escolaridade. Métodos: Foram produzidos dois artigos científicos observacionais e em delineamento transversal, com dados de adultos (≥18 anos) da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 (n=60.202) e de 2019 (n=88.531), para o primeiro e segundo artigo, respectivamente. 1. No primeiro artigo o desfecho foi o consumo regular de fruas (CRF) e o consumo regular de hortaliças (CRH), considerando como variável independente o espaço geográfico urbano dividido em três categorias: capital, RM e interior. Para verificar a associação entre as variáveis foi realizada regressão logística com cálculo do Odds Ratio (OR) e Intervalo de Confiança 95% (IC95%) bruto e ajustado. 2. No segundo artigo o desfecho foi o CFH irregular, considerando como variável independente a intersecção dos marcadores sociais da diferença: sexo, raça/cor, renda e escolaridade. Para verificar a associação entre as variáveis foi realizada regressão logística com cálculo do OR e IC95% bruto e ajustado. Resultados: 1. O CRF foi menor na RM e no interior quando comparados à capital, tanto entre as mulheres (RM: OR= 0,83; IC95%: 0,73-0,94; interior: OR= 0,68; IC95%: 0,61-0,76), quanto entre os homens (RM: OR= 0,84; IC95%: 0,75-0,93; Interior: OR= 0,78; IC95%: 0,71-0,85), o mesmo ocorreu na maioria dos subgrupos de características socioeconômicas. Não houve associação do CRH com o espaço geográfico urbano de maneira geral, e nos subgrupos os resultados foram divergentes. 2. A prevalência do CFH irregular foi 38,1% no grupo de menor risco (mulheres brancas com maior renda e maior escolaridade), seguido por 47,5% no grupo com uma categoria de risco, 57,9% com duas categorias de risco, 67,6% com três categorias de risco e 74,4% no grupo de maior risco (homens negros com menor renda e menor escolaridade). O grupo de maior risco apresentou 4,36 (3,86-4,92) vezes maior chance de CFH irregular. Conclusão: Os resultados mostram que, no geral, foram encontradas associações significativas entre o espaço geográfico urbano e o CRF, porém não para o CRH; e associações significativas entre a intersecção de marcadores sociais da diferença e o CFH irregular. É possível perceber o caminho complexo a ser enfrentado para a promoção do CRFH na população brasileira, com a necessidade de políticas intersetoriais voltadas para redução de iniquidades.
ASSOCIAÇÃO ENTRE O CONSUMO DE ÁLCOOL E ASPECTOS RELACIONADOS AO SONO
Rafaela Sirtoli, Camilo Molino Guidoni
Data da defesa: 26/02/2024
O consumo de álcool permeia toda a história da humanidade, mas o uso nocivo desta substância tem se associado a diversas alterações fisiológicas, como transtornos relacionados ao sono. Embora muito tenha se investigado a respeito do tema, ainda existem lacunas a respeito da influência de características biológicas e sociais em relação a essa associação. Objetivo: Investigar a associação entre o consumo de álcool e o sono em adultos. Métodos: tese de doutorado elaborada em modelo escandinavo, originando dois artigos científicos como resultados. O primeiro artigo é uma revisão sistemática da literatura com metanálise a respeito da associação entre cronotipo e consumo de álcool. Realizou-se uma busca sistemática de estudos observacionais em cinco bases de dados: PubMed, Scopus, Web of Science, Cochrane Library e PsycINFO. Modelos de efeitos aleatórios foram utilizados para estimar a odds ratio conjunta (OR) e IC95% de consumo de álcool de acordo com o cronotipo. A revisão foi elaborada de acordo com as recomendações do Meta-analysis of Observational Studies in Epidemiology (MOOSE) e do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). O segundo artigo é um estudo quantitativo, com dados primários de três bancos de dados de grupos de pesquisa do Brasil, Chile e Espanha. Modelos de regressão logística foram elaborados para analisar de forma independente a associação entre risk of alcohol-related problems (RARP) e qualidade e duração de sono nos bancos de dados dos três países. Com base nos resultados dos modelos ajustados de cada país, os valores de cada OR e seus respectivos IC95% foram transformados em escala logarítmica, para possibilitar o cálculo da OR conjunta (p-OR) e IC95%. Resultados: No primeiro artigo, um total de 33 estudos envolvendo 28.207 indivíduos foram incluídos na revisão sistemática. De forma geral, os indivíduos vespertinos apresentaram maior frequência e volume de consumo de álcool, quando comparados aos indivíduos de outros cronotipos. Ainda, uma metanálise de 13 estudos evidenciou que indivíduos com cronotipo vespertino apresentam uma chance 41% maior de consumir álcool do que aqueles com outros cronotipos (OR: 1.41; IC95%: 1.16–1.66). No segundo artigo, 1.830 estudantes foram incluídos na análise (31,2% brasileiros, 42,2% chilenos e 26,6% espanhois). De forma geral, 25,0% dos estudantes foram classificados com RARP intermediário, enquanto que 9,9% apresentaram RARP alto. Na análise conjunta dos três países, RARP intermediário a alto se mostrou associado a qualidade de sono subótima (p-OR: 1.24; IC95%: 1.00-1.52). Frequência de consumo de álcool não se mostrou associada à qualidade ou duração do sono. Conclusão: O cronotipo vespertino e uma qualidade subótima do sono estão associados ao consumo de álcool. Acredita-se que, devido ao fato de pessoas com cronotipo vespertino apresentarem uma menor quantidade e qualidade do sono, há um aumento da impulsividade e da propensão ao risco, resultando na adoção de comportamentos não saudáveis, e, dentre eles, o consumo de álcool. Em contrapartida, indivíduos com risco de problemas relacionados ao álcool também apresentam uma menor qualidade subjetiva de sono.
Epidemiologia dos Acidentes e Violências em Menores de 15 anos em Londrina, Paraná
Christine Baccarat de Godoy Martins, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 31/01/2004
O estudo teve como objetivo analisar as características dos acidentes e violências ocorridos entre menores de 15 (quinze) anos residentes no município de Londrina, estado do Paraná, cujas vítimas demandaram atendimento em serviços hospitalares ou que morreram por essas causas. A população de estudo foi composta pela população menor de 15 anos residente no Município, que foi atendida em serviços hospitalares gerais de urgência ou de internação da cidade durante o ano de 2001, ou que morreram em um prazo de até um ano após o acidente ou ato violento ocorrido naquele ano. Os casos de acidentes ou violências foram definidos como os eventos classificáveis no capítulo XX da Classificação Internacional de Doenças, décima revisão (causas externas de morbidade e de mortalidade). Os dados de morbidade foram obtidos através de investigação em prontuários nas cinco unidades hospitalares da cidade que prestam atendimento geral a crianças, preenchendo um formulário previamente testado. Os dados de mortalidade foram coletados no Núcleo de Informação em Mortalidade da Prefeitura de Londrina, sendo posteriormente comparados aos dados de morbidade, com vistas a formar um único banco de dados. O programa computacional Epi Info foi utilizado para processamento eletrônico, tabulação e conferência dos dados, a fim de evitar duplicação e inconsistências. Foram estudados 8854 menores de 15 anos vítimas de acidentes ou violências, o que representa uma taxa de incidência de 7,5% em 2001. Observou-se uma taxa de internação hospitalar de 4,2% e de letalidade de 0,2%. Maiores taxas de incidência foram observadas entre crianças de um e dois anos de idade (10,9%) e o sexo masculino prevaleceu, exceto entre menores de um ano. Para o conjunto das vítimas, as quedas (33,8%) predominaram, seguidas pelos eventos de intenção indeterminada (30,6%), pelas forças mecânicas inanimadas (15,5%) – causadas especialmente pela penetração de corpo estranho em orifício natural ou através da pele – e pelos acidentes de transporte (7,5%), principalmente os que envolveram ciclistas. Entre os internados que sobreviveram, as quedas também foram as principais causas (32,4%), seguidas pelos acidentes de transporte (19,5%), sendo ciclistas e pedestres as vítimas mais freqüentes. Os acidentes de transporte foram os principais responsáveis pelos 18 óbitos (44,4%), especialmente de pedestres, seguidos pelos afogamentos (16,7%) e pela aspiração de conteúdo gástrico (11,1%). Apesar de não ter sido objeto de análise, foram evidenciadas algumas seqüelas permanentes entre as vítimas atendidas, tais como tetraplegia e amputação traumática de dedos. Também observaram-se casos de crianças que tiveram dois ou três diferentes acidentes durante o ano. A análise de cada tipo de causa externa permitiu verificar diferenciais nos tipos de acidentes ou violência e nas características das vítimas. Estes resultados contribuem para ampliar o conhecimento sobre as características epidemiológicas dos acidentes ou violências que ocorrem na infância, conhecimento este necessário para um planejamento mais adequado de ações preventivas que visem a redução deste importante agravo em nossa sociedade.
Cárie Dentária em Homens Jovens: Prevalência, Severidade e Fatores Associados
Marcelo Augusto do Amaral, Luiza Nakama
Data da defesa: 02/04/2004
O objetivo do presente trabalho foi identificar a prevalência e severidade da cárie dentária, bem como necessidades de tratamento odontológico, além de testar sua associação com variáveis socioeconômicas em jovens de 18 anos de idade do sexo masculino em Maringá, Paraná, Brasil. Foi realizado um estudo transversal em uma amostra aleatória de alistandos (n=241) do Exército Brasileiro. Foram utilizados os critérios de diagnóstico da Organização Mundial de Saúde. Utilizou-se um questionário socioeconômico para aferir a escolaridade do alistando e de seus pais e a renda familiar, e o Critério de Classificação Econômica Brasil da Associação Nacional de Empresas de Pesquisa. Associações entre a prevalência de cárie, o índice CPO-D e seus componentes, a necessidade de tratamento e as variáveis socioeconômicas foram avaliadas por meio dos testes Qui-quadrado, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, respectivamente. A prevalência de cárie foi de 82,6% e o índice CPO-D médio foi igual a 4,6. Apenas 0,8 dente por indivíduo, em média, apresentou-se com necessidade de tratamento. Diferenças estatisticamente significantes foram encontradas na prevalência e severidade de cárie (CPO-D), sendo os piores indicadores verificados nos grupos de baixa renda e poder aquisitivo, indicando a necessidade de implantação de políticas sociais que contemplem aquelas populações, com o intuito de diminuir o diferencial nos indicadores do processo saúde-doença. Por outro lado, as necessidades de tratamento associaram-se somente à variável Critério de Classificação Econômica Brasil (p<0,05).
Aleitamento materno até o quarto mês de vida entre mães adolescentes, zona urbana de Cascavel – Paraná: Fatores Associados
Claudia Regina Felicetti, Zuleika Thomson
Data da defesa: 06/06/2006
O Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde é uma fonte importante de informações, que pode ser utilizada para monitoramento da morbidade por acidentes e violências (causas externas de morbidade e mortalidade) no Brasil. No entanto, não foram identificadas pesquisas que avaliaram a cobertura e a qualidade das informações sobre causas externas constantes neste sistema de informações. O objetivo deste trabalho foi analisar a cobertura e a qualidade das informações sobre acidentes e violências (causas externas) disponíveis no SIH em Londrina, Paraná, os gastos e traçar um perfil epidemiológico destas internações. Foram revisados, manualmente, todos os laudos médicos de autorizações de internação hospitalar (AIH) de todos os hospitais gerais (cinco) e de um especializado em ortopedia cujas internações ocorreram no ano de 2004. Tais laudos foram transcritos e codificados por duas pessoas treinadas, que se revezavam na codificação e revisão do código atribuído à causa externa e à lesão (cada laudo era revisto por ambas e, em caso de dúvida ou discordância, discutia-se até haver acordo sobre o código a ser utilizado). Foram buscadas informações complementares, a fim de melhorar a qualidade dos registros (banco de dados pesquisa) em outros sistemas (Sistema de Informações de Mortalidade e Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e às Emergências). O banco de dados do SIH foi obtido do sítio do DATASUS, sendo selecionados os casos cujos diagnósticos primário ou secundário estivessem classificados nas rubricas de S00 a Y98 da CID-10 e com data de internação no mesmo período (banco de dados SIH). Por meio do número da AIH, os dois bancos de dados foram comparados no Epi Info. Para análise do perfil epidemiológico, foram consideradas todas as novas internações, não sendo consideradas as reinternações (emissão de duas ou mais AIHs numa mesma internação). Foram identificadas 4088 internações no período de estudo por ambos os bancos de dados, havendo concordância sobre o diagnóstico de causa externa em 2932 internações (concordância geral de 71,7%). Na pesquisa, foram identificadas 4018 internações por causas externas e, no banco do SIH, foram informadas 3002, o que representou uma cobertura de 74,7%. Considerando o banco de dados da pesquisa como referência, a sensibilidade e o valor preditivo positivo do SIH foram de 73% e 97,7%, respectivamente. Em três hospitais foram registradas as maiores discordâncias, o que sugere problemas na codificação dos dados. O gasto total identificado pela pesquisa foi de R$ 4.339.804,69, sendo observados maiores gastos médios e medianos com as internações por complicações de atos médicos. Quanto ao perfil epidemiológico, os acidentes de transportes foram as principais causas externas de internações, sendo mais freqüentes no sexo masculino e na faixa etária de 20 a 29 anos. Os resultados apontam alguns problemas na cobertura e qualidade da informação do SIH no município, o que poderia ser reduzido com treinamento do pessoal que realiza codificação nos hospitais e nos setores de controle e avaliação do município.
Internações por acidentes e violências financiadas pelo setor público em Londrina, Paraná: análise dos registros, gastos e causas
Maria de Fátima Akemi Iwakura Tomimatsu, Selma Maffei de Andrade
Data da defesa: 28/07/2006
O Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Sistema Único de Saúde é uma fonte importante de informações, que pode ser utilizada para monitoramento da morbidade por acidentes e violências (causas externas de morbidade e mortalidade) no Brasil. No entanto, não foram identificadas pesquisas que avaliaram a cobertura e a qualidade das informações sobre causas externas constantes neste sistema de informações. O objetivo deste trabalho foi analisar a cobertura e a qualidade das informações sobre acidentes e violências (causas externas) disponíveis no SIH em Londrina, Paraná, os gastos e traçar um perfil epidemiológico destas internações. Foram revisados, manualmente, todos os laudos médicos de autorizações de internação hospitalar (AIH) de todos os hospitais gerais (cinco) e de um especializado em ortopedia cujas internações ocorreram no ano de 2004. Tais laudos foram transcritos e codificados por duas pessoas treinadas, que se revezavam na codificação e revisão do código atribuído à causa externa e à lesão (cada laudo era revisto por ambas e, em caso de dúvida ou discordância, discutia-se até haver acordo sobre o código a ser utilizado). Foram buscadas informações complementares, a fim de melhorar a qualidade dos registros (banco de dados pesquisa) em outros sistemas (Sistema de Informações de Mortalidade e Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e às Emergências). O banco de dados do SIH foi obtido do sítio do DATASUS, sendo selecionados os casos cujos diagnósticos primário ou secundário estivessem classificados nas rubricas de S00 a Y98 da CID-10 e com data de internação no mesmo período (banco de dados SIH). Por meio do número da AIH, os dois bancos de dados foram comparados no Epi Info. Para análise do perfil epidemiológico, foram consideradas todas as novas internações, não sendo consideradas as reinternações (emissão de duas ou mais AIHs numa mesma internação). Foram identificadas 4088 internações no período de estudo por ambos os bancos de dados, havendo concordância sobre o diagnóstico de causa externa em 2932 internações (concordância geral de 71,7%). Na pesquisa, foram identificadas 4018 internações por causas externas e, no banco do SIH, foram informadas 3002, o que representou uma cobertura de 74,7%. Considerando o banco de dados da pesquisa como referência, a sensibilidade e o valor preditivo positivo do SIH foram de 73% e 97,7%, respectivamente. Em três hospitais foram registradas as maiores discordâncias, o que sugere problemas na codificação dos dados. O gasto total identificado pela pesquisa foi de R$ 4.339.804,69, sendo observados maiores gastos médios e medianos com as internações por complicações de atos médicos. Quanto ao perfil epidemiológico, os acidentes de transportes foram as principais causas externas de internações, sendo mais freqüentes no sexo masculino e na faixa etária de 20 a 29 anos. Os resultados apontam alguns problemas na cobertura e qualidade da informação do SIH no município, o que poderia ser reduzido com treinamento do pessoal que realiza codificação nos hospitais e nos setores de controle e avaliação do município.
Saúde Bucal dos Homens Jovens: Ponta Grossa, Paraná-Brasil
Claudia Saveli, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 31/08/2006
O objetivo deste estudo foi conhecer o estado geral de saúde dos jovens de 18 anos do sexo masculino de Ponta Grossa, Paraná, Brasil e como se dá o acesso aos serviços odontológicos. A metodologia utilizada foi de um estudo transversal em uma amostra aleatória de alistandos (n= 421) do Exército Brasileiro. O instrumento de coleta de dados foi o utilizado no levantamento nacional SBBRASIL, e para aferir o motivo dos jovens que nunca foram ao dentista o instrumento utilizado e pré-testado baseou-se na literatura. Associações entre prevalência de cárie, índice CPO-D e seus componentes com as variáveis estudadas foram avaliadas por meio do teste de Kruskall-Wallis. A prevalência de cárie foi de 75,54% e o índice CPO-D médio foi igual a 6,02. Obteve-se o percentual de 21,5% de jovens que necessitavam de tratamento odontológico. Diferenças estatisticamente significativas foram encontradas entre prevalência de cárie dentária e nível sócio – econômico, sendo os grupos de menor escolaridade e renda os com piores indicadores. Averiguou-se que 55,58% apresentavam doença periodontal, e em média 3,34 dos sextantes apresentavam sangramento. Dentre os 5,5% de jovens que apresentavam alteração de tecido mole, a presença de “piercing” foi a mais encontrada. Na amostra obtida encontrou-se o percentual de 7,13% de entrevistados que nunca foram ao dentista, e os dos que foram 52,43% utilizaram o serviço público, sendo o motivo de maior procura por consulta de rotina e manutenção. Grande maioria dos jovens considerou o atendimento de bom a ótimo. Observou-se que quanto melhor a autopercepção do jovem em relação à sua saúde bucal menor o índice CPO-D (p =0,00). O estudo considerou que o profissional da Odontologia vem a ser o ator principal no processo saúde /doença bucal e o maior responsável para que a situação das condições bucais venha a melhorar.
Aleitamento materno: prevalência e fatores associados em áreas de atuação de Equipes de Saúde da Família
Maria Fernanda Tenório Campana, Zuleika Thomson, Regina Kazue Tanno de Souza
Data da defesa: 06/06/2008
O Programa de Saúde da Família (PSF), considerado estratégia incremental do SUS, nas suas bases prioriza as ações de proteção e promoção à saúde de forma integral e contínua. Em relação à amamentação, as equipes do PSF podem desenvolver atividades educativas, desde a gestação até o estabelecimento e da amamentação, bem como em sua manutenção. O padrão de amamentação varia com o local e com as características da população e dos serviços de saúde. Desta forma, esta pesquisa teve por objetivo estimar a prevalência do aleitamento materno (AM) e do aleitamento materno exclusivo (AME) e investigar os fatores associados à prática da amamentação no sexto mês da criança em áreas de atuação de Equipes de Saúde da Família (ESF). Trata-se de um estudo transversal, realizado por meio de inquérito domiciliar. As principais variáveis de estudo foram as relacionadas às características demográficas e socioeconômicas dos binôminos mãe-filho, à alimentação da criança, e à assistência à saúde durante o período pré e pós-natal. Foram entrevistadas 241 mães de crianças nascidas entre setembro de 2006 e fevereiro de 2007, residentes em uma das cinco regionais de saúde do município de Maringá-PR, selecionadas a partir do Sistema de Informações de Nascidos Vivos e registros dos Agentes Comunitários de Saúde. As entrevistas foram realizadas aos 180 dias de vida da criança (± 7 dias). A análise da associação entre as variáveis independentes e a prática da amamentação (AM + AME) no sexto mês foi realizada a partir do teste de Qui-quadrado com correção de Yates ou pelo teste exato de Fisher (p<0,05). Os resultados revelaram prevalência elevada de AM (66,8%) e baixíssima de AME (2,9%). O abandono do AME foi expressivo apenas a partir do quarto mês. Associaram-se negativamente à prática da amamentação, o baixo peso ao nascer (p= 0,004), a idade gestacional inferior a 37 semanas (p=0,02) e o tempo de internação hospitalar após o nascimento superior a sete dias (p=0,003). Nenhuma variável relacionada às características da assistência a saúde associou-se significativamente. A orientação sobre AM foi positivamente referida por 55% das mães durante o pré-natal, 74,4% durante a internação, 56,9% no momento da alta e por apenas 28,2% durante as visitas domiciliares por profissionais das ESF. A visita domiciliar no puerpério foi baixa (42,5%). Concluiu-se que a situação privilegiada da amamentação no sexto mês na área estudada sugere maior influência de fatores sócio-culturais. Porém, acredita-se que a atuação efetiva dos profissionais das ESF priorizando a captação das necessidades das mães, por meio da escuta qualificada, possa elevar a duração do AM, especialmente de sua forma exclusiva.
Epidemia da infecção pelo vírus influenza A/H1N1 em municípios do norte do Paraná em 2009
Ronaldo Silveira Paiva, Luiz Cordoni Junior
Data da defesa: 15/08/2012
Em 2009 ocorreu a circulação de um novo vírus influenza (tipo A subtipo H1N1), que rapidamente evoluiu para uma pandemia e apresentou diferentes comportamentos epidemiológicos nos países e nas regiões do Brasil. Este trabalho procurou descrever o comportamento epidemiológico deste vírus pandêmico nos municípios que compõem a 17a Regional de Saúde do Estado do Paraná no ano de 2009. Foi realizado estudo observacional e a população pesquisada foi formada pelos casos notificados de Influenza Pandêmica (H1N1) 2009 nos municípios da região em 2009. A fonte de informação foi o banco de dados da 17ª Regional de Saúde. Os resultados do trabalho mostraram que foram confirmados 14.606 casos na região, sendo 562 confirmados laboratorialmente. A grande maioria dos casos ocorreu em indivíduos jovens, sendo 67,3% dos casos em pessoas com menos de 30 anos. A faixa etária que acumulou o maior número de casos foi a com idade entre 20 e 29 anos, com 22,8% dos casos. A maior incidência por faixa etária foi a de crianças com menos de 3 anos (4.616,68 casos/100.000 habitantes). Os adultos com idade entre 50 e 59 anos foram o grupo com o maior coeficiente de mortalidade por faixa etária. Houve predomínio dos casos no sexo feminino (54%). O pico do número de casos na região no ano de 2009 foi na semana 35. As comorbidades mais frequentes foram a pneumopatia crônica (11,41%), hipertensão arterial sistêmica (3,43%) e cardiopatia crônica (3,11%). Do total de pacientes, 7,72% eram tabagistas e 2,53% gestantes. Houve grande variação dos coeficientes de incidência, coeficiente de mortalidade, taxa de hospitalização e taxa de letalidade entre os municípios da região. Os fatores associados à hospitalização, síndrome respiratória aguda grave e óbito foram semelhantes a estudos nacionais e internacionais. O estudo mostrou que o coeficiente de incidência e algumas características demográficas da doença na região foram semelhantes ao estado do Paraná, porém a mortalidade e a letalidade apresentaram valores bem inferiores ao estado, mais próximas aos dados nacionais. Tais resultados indicam a importância de estudos epidemiológicos regionais para a correta dimensão das doenças nestes locais.
Alterações no desempenho cognitivo e funcional após quatro anos de acompanhamento na população de 50 anos ou mais: Projeto VIGICARDIO
Maria Cristina Umpiérrez Vieira, Marcos A. Sarria Cabrera
Data da defesa: 26/03/2018
OBJETIVO: Identificar a incidência de declínio cognitivo e dependência funcional em pessoas com 50 ou mais anos residentes na comunidade e analisar a relação com as variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e de condições de saúde. Para isso, analisou-se a associação entre mudanças em fatores de risco com incidência de declínio cognitivo (DC) e incidência de dependência funcional para atividades instrumentais da vida diária (AIVD). MÉTODOS: Para a estruturação desta tese, cada objetivo específico foi apresentado no formato de um artigo científico com metodologia, resultados e conclusões próprias, cujos dados foram obtidos em um projeto de pesquisa de base populacional conhecido como VIGICARDIO, no qual uma amostra representativa de pessoas do município de Cambé, Paraná, foram entrevistadas em dois momentos: linha de base (2011) e seguimento (2015). Ambos os artigos são estudos epidemiológicos observacionais do tipo coorte que utilizam dados dos dois momentos do VIGICARDIO. O primeiro aborda o declínio cognitivo, ao passo que o segundo manuscrito tem como desfecho principal a dependência funcional para realização de AIVD. RESULTADOS: Artigo 1 - A incidência de DC foi de 13,1%, condição associada de maneira independente à perda do companheiro durante o seguimento (RR=2,86; IC95%=1,22-6,71) e à presença de depressão (RR=3,50; IC95%=1,65-7,43). Artigo 2 - A incidência de dependência para AIVD ao longo de quatro anos foi de 18,9%. A análise ajustada mostrou que esse agravo associou-se com baixa escolaridade (RR=1,99; IC95%=1,32-3,00), menor condição socioeconômica (RR=2,03; IC95%=1,24–3,32), ausência de atividade laboral (RR=2,46; IC95%=1,31–4,61), consumo insuficiente de frutas e verduras (RR=1,90; IC95%=1,06–3,38), menor pontuação no mini exame do estado mental (RR=2,52; IC95%=1,53–4,17) e tendeu a se associar com diabetes mellitus (RR=1,39; IC95%=0,92–2,10). CONCLUSÕES: Os estudos originais incluídos nesta tese apresentaram evidências de que fatores modificáveis, principalmente piores condições socioeconômicas e condições crônicas passiveis de prevenção e de controle, estão associadas a alta incidência de DC e de dependência para AIVD. Estes dados refletem as iniquidades sociais e as falhas do sistema de saúde e sugerem a necessidade de planejamento político estratégico que vise o cuidado integral da população.