Mortalidade por causas externas: Uma das formas de expressão de violência social

Dissertação de mestrado


Resumo

O estudo tem por objetivo principal dimensionar o problema da mortalidade por causas violentas no município de Marília, período de 1979 a 1994. Busca caracterizar a Violência Social como problema de Saúde Pública, através da análise do impacto negativo causado no cotidiano dos cidadãos. Utiliza registros históricos do comportamento coletivo em tempo de peste, e dada a semelhança, denomina-a de “Peste Moderna”, apressada, seletiva e causadora de traumatismo psíquico na sociedade. Procede a análise das dificuldades no enfrentamento dos problemas de saúde, neste final de século, em função da sociedade que introduz em seu ambiente novos riscos à saúde, decorrentes da crescente, rápida e complexa incorporação tecnológica, determinando um “modo de andar a vida” mecanizado, apressado, frio, com profundas mudanças no campo da moralidade e da ética, e a medicina por sua vez, tenta alcançar todos estes fatores, criando modelos e modos de intervenções diretas ou indiretas em nível clínico e/ou cirúrgico, não significando porém, melhoria da qualidade de vida. Aborda o fenômeno da violência a partir da análise da mortalidade por causas externas e sua tendência, utilizando informações provenientes do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde. As causas de morte são agrupadas de acordo com a Classificação Internacional de Doenças, com as mortes violentas categorizadas em: acidentes de trânsito, homicídios, suicídios, quedas acidentais, afogamentos, outros acidentes e outras violências. Comparam-se os dados de mortes violentas com os das mortes por doenças do aparelho circulatório, respiratório, neoplásicas e as infecto-parasitárias, no mesmo período. Apresenta os dados em proporções e taxas, segundo o sexo e os diferentes grupos etários. Redimensiona o perfil encontrado com base no cálculo dos Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVPs) entre as idades de 1 a 70 anos, total e desagregado por sexo. Os resultados mostram a mortalidade por causas violentas ocupando a quarta posição no obituário geral do município com proporção de 10,54%. A evolução aponta um lento e insidioso crescimento, com deslocamento da mortalidade para idades mais jovens e para a disseminação crescente entre as mulheres. Constitui-se em uma das principais causas de morte nos grupos etários mais jovens, com uma sobremortalidade masculina expressiva em todas as categorias de mortes violentas. Os acidentes de trânsito são apontados como vilão da saúde pública local, configurando-se na causa externa de maior risco, em ambos os sexos. A importância relativa das causas de morte sofre uma modificação significativa, quando da utilização do indicador “Anos Potenciais de Vida Perdidos”, pois o método valoriza as mortes que ocorrem nas fases precoces da vida. As causas externas emergem como a principal causa de morte, responsável por 42,4% dos APVPs. Salienta-se a importância da utilização deste indicador de mortalidade, pelo planejamento, na definição de prioridades. Tendo em vista que a inclusão dos acidentes de trânsito na agenda de saúde do Município, enquanto uma causa de morte evitável, pode reduzir de forma significativa as mortes por causas externas, propõe-se ao Município a implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica dos Acidentes de Trânsito, visando subsidiar sua prevenção e controle.

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