Fluorose dentária em criança nascidas entre 1986 E 1989, usuárias da rede de unidades básicas de saúde de Londrina: frequência, severidade e fatores associados

Dissertação de mestrado


Resumo

A fluorose dentária é uma alteração do esmalte causada pela ingestão de flúor durante o desenvolvimento dentário. Estudos de diversos países têm mostrado que a prevalência desta alteração vem aumentando em regiões fluoradas e em não fluoradas, devido a uma maior exposição a variadas fontes de flúor disponíveis atualmente. O presente estudo teve por objetivo estabelecer a freqüência e severidade de fluorose dentária e investigar a associação com exposição a fontes de flúor, nos primeiros seis anos de vida, das crianças atendidas em clínicas odontológicas da rede de Unidades Básicas de Saúde do Município de Londrina. Sortearam-se cinco Unidades Básicas de Saúde da zona urbana da cidade e examinaram-se 434 crianças, nascidas entre 1986 e 1989. O diagnóstico e classificação da fluorose dentária foram feitos utilizando-se o Índice de THYLSTRUP E FEJERSKOV (TF), através de exames clínicos realizados nas clínicas odontológicas, por cinco cirurgiões dentistas previamente treinados. Os exames bucais foram realizados com o paciente deitado na cadeira odontológica, utilizando-se iluminação artificial, tendo-se procedido profilaxia, isolamento relatico, e secagem, por um minuto, dos dentes. Examinaram-se somente dentes permanentes com pelo menos 2/3 da coroa erupcionada. Dez por cento da amostra foi reexaminada, tendo-se obtido uma concordância quase perfeita nos critérios de diagnóstico, tanto intra-examinador (K=1,00,p<0,0001) como inter-examinadores (k=1,00, p<0,0001). A história de exposição a fontes de flúor (água fluorada, suplementos de flúor, dentifrícios fluorados, dieta) e fatores modificadores desta exposição (renda, escolaridade, atenção odontológica), foi obtida junto às mães ou responsáveis pelas crianças, através de entrevistas estruturadas realizadas por Técnicos em Higiene Dentária ou Auxiliares de Odontologia, previamente capacitados. Reentrevistaram-se 48 mães e a confiabilidade das respostas foi 90%. A freqüência de fluorose dentária verificada entre as crianças foi de 91,0%, com 48,7% dos dentes examinados classificados como TF grau 1,11,4% como TF grau 2, 1,9% como TF grau 3 e 0,4% como TF grau 4 a 5. O estudo não constatou associação estatisticamente significativa entre o uso de suplementos de flúor e a fluorose dentária, porém mostrou que 54 crianças (12,4% da amostra) haviam consumido este produto em algum momento dos seis primeiros anos de vida e que a maioria delas já estava exposta à água fluorada. Não se observou associação estatisticamente significativa entre a fluorose dentária e a idade de início da atenção odontológica e também entre a utilização de dentifrícios e a patologia estudada. A alta freqüência encontrada, embora a severidade tenha sido baixa, aponta para a necessidade de monitoramento períodico da fluorose dentária no Município de Londrina, de implementação de medidas que previnam a sobre-utilização do flúor tanto pelos profissionais quanto pela população, de vigilância sanitária dos teores de flúor na água de consumo público e de realização de mais estudos para a melhor compreensão dos fatores associados à fluorose dentária nas crianças londrinenses.

Palavras-chave

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