Acidentes de Motocicleta em Londrina: Estudo das Vítimas, dos Acidentes e da Utilização de Capacete.

Dissertação de mestrado


Resumo

Os ocupantes de motocicleta constituem-se, desde 1996, no principal tipo de vítima fatal por acidente de trânsito no Município de Londrina. Dessa forma, estudos que avaliem as características dessas vítimas, de seus acidentes e da utilização de equipamentos de segurança, como o capacete, são fundamentais para fornecer indicações para medidas que visem à redução da morbi-mortalidade desses usuários da via pública. Este estudo foi dividido em duas partes. Na primeira, trabalhou-se de forma descritiva com o total (1576) de ocupantes de veículo a motor de duas rodas, vítimas de acidentes de trânsito, atendidas pelo Serviço de Atendimento ao Trauma e às Emergências (SIATE) do Município de Londrina, no ano de 1998. Para essa população foi realizada uma análise do perfil epidemiológico, baseado em algumas características dos acidentes e das vítimas. Na segunda etapa foi realizado um estudo comparativo das vítimas que usavam ou não o capacete no momento do acidente. Essa etapa compreendeu análises univariadas e multivariada, em relação às características das vítimas e dos acidentes, com o objetivo de identificar possíveis variáveis associadas com a não utilização deste equipamento. Além disso, foram observados alguns desfechos (como tipo de lesão e evolução da vítima) de acordo com o uso deste dispositivo. Os resultados evidenciaram que os tipos de acidentes mais freqüentes, entre os ocupantes de motocicleta, foram as colisões com carro/caminhonete (56,6%) e que estes ocorreram predominantemente no horário das 18 às 24 horas (39,6%) e nos finais de semana. Quanto à região de ocorrência do acidente, a Centro foi a que apresentou maior proporção de vítimas traumatizadas, principalmente durante os dias úteis. O número médio de vítima/dia foi crescente nos trimestres do ano, variando de 3,3 vítimas/dia no primeiro até 5,2 vítimas/dia no quarto trimestre. O menor número de vítimas foi registrado no mês de fevereiro, reflexo provavelmente do novo Código de Trânsito, implantado em 22 de janeiro de 1998. A análise das vítimas constatou que grande parte era jovem (média de idade igual a 26,5 anos), do sexo masculino (78,4%) e condutores da motocicleta (77,0%), com elevada proporção de menores de 18 anos (11,6%), sendo que, destes últimos, 45,1% (83) conduziam o veículo no momento do acidente. Em 13,9% das vítimas foi constatada presença de hálito etílico no momento do atendimento, principalmente nas madrugadas do final de semana. Os tipos de traumatismos predominantes foram as lesões superficiais (66,4%), ferimentos (15,7%) e fraturas (11,7%) e, quanto à região lesada, os membros inferiores (34,11%), membros superiores (31,24%) e cabeça (20,14%). Das vítimas traumatizadas, 2,9% morreram e 85,3% necessitaram de encaminhamento para atendimento hospitalar/pronto-socorro. A comparação entre as vítimas fatais e sobreviventes, mostrou diferenças em relação a alguns fatores relacionados às vítimas e aos acidentes, apesar do número reduzido de mortes. Nas análises univariadas, observou-se a associação significativa do não uso do capacete com o sexo feminino, faixa etária menor de 18 anos, posição de passageiro, percepção de hálito etílico, com acidentes ocorridos nas horas da noite, finais de semana e nas outras regiões que não a Centro. Para os que não usavam o capacete foi verificada maior probabilidade (cerca de 3 vezes) de apresentar lesões na cabeça em comparação aos que usavam o equipamento. Maior probabilidade de óbito (3,3 vezes) também foi verificada entre os que não utilizavam capacete no momento do acidente. Para a análise multivariada, os fatores mais fortemente associados com a não utilização de capacete foram a idade (vítimas menores de 18 anos) e presença de hálito etílico (“odds ratios” de 6,60 e 3,83 respectivamente). As demais características independentemente associadas com a não utilização desse equipamento de segurança foram, em ordem de força dessa associação: ocorrência do acidente no final de semana (sábado e domingo), ocorrência do acidente fora da região Centro, acidente ocorrido no horário noturno (entre 18 e 6 horas) e a posição no veículo como passageiro. Os resultados apresentados apontam algumas características específicas dos motociclistas traumatizados acidentes de trânsito, bem como variáveis associadas a não utilização do capacete, o que pode servir para subsidiar ações apropriadas de prevenção tanto de acidentes, como de fatores que aumentam o risco de lesões secundárias ao acidente.

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