O Ensino Odontológico e a Infecção HIV/AIDS: análise de uma experiência

Dissertação de mestrado


Resumo

A infecção pelo HIV é a primeira pandemia da era moderna que suscita questões com exigências amplas nas respostas. Isto acaba por revelar sérios desequilíbrios e inadequações nos sistemas de saúde e social de todos os países. Dentre as inadequações observa-se as lacunas existentes no processo de formação dos profissionais de saúde. Dentre os trabalhadores do setor da saúde, os odontólogos são os profissionais que apresentam maior dificuldade em assistir o paciente que convive com HIV/aids. Neste contexto o estudo tem como objetivo central apreender e analisar as contribuições do projeto de extensão universitária: Implantação de assistência odontológica ao portador do HIV/aids na formação profissional dos acadêmicos de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina - UEL.O estudo é justificado pela construção do novo paradigma – saúde-doença, pela implantação do modelo de assitência à saúde proposto pelo Sistema Único de Saúde - SUS, pela busca por que vem passando a Odontologia, na procura de alternativas que possam contribuir para a implantação das novas diretrizes curriculares e pela falta de estudos que relatem a experiência no ensino odontológico, empregando os princípios de metodologia problematizadora. Nesta perspectiva, usou-se a metodologia qualitativa em saúde, sendo a pesquisa um estudo exploratório qualitativo. Os dados foram coletados entre os dezenove alunos participantes do projeto através de entrevistas gravadas e transcritas que posteriormente foram trabalhadas pelo método de análise de conteúdo - modalidade análise temática proposto por Bardin. A análise e a interpretação dos dados permitiram constatar: insuficiência do conhecimento sobre o tema pelos alunos, levando-os a avaliarem sua participação no projeto como a possibilidade de maior compreensão das dimensões biológicas, epidemiológicas, ético/moral e sociais que envolvem a pandemia da aids. A participação no projeto permitiu elucidar as mudanças nas características das lesões bucais, tão características no início da epidemia. O paciente deve ser tratado com respeito, sendo o diálogo a peça fundamental para o estabelecimento de uma relação de confiança entre o profissional e o paciente. No decorrer das atividades as medidas de biossegurança são avaliadas e são consideradas necessárias para todos os pacientes. O sangue que pode ter origem em alguns dos procedimentos técnicos da prática odontológica, durante as sessões de tratamento do paciente HIV/aids, produz preocupação e medo entre os alunos. Os alunos foram unanimes ao consideram, que há muito preconceito da sociedade contra a pessoa portadora do HIV e que a categoria odontológica apresenta dificuldade em assistir o paciente que convive com o HIV/aids. A responsabilidade diante da infecção pelo HIV é apontada, pois os alunos projetam-se na imagem do profissional de saúde que tem o dever de esclarecer e orientar as medidas de prevenção. A participação no projeto possibilita aos alunos o conhecimento e o contato com as diferentes facetas da nossa sociedade, desconhecidas pela grande maioria dos alunos. Este conhecer contribui para redução do estigma e do preconceito sobre a doença. Após análise dos dados foi possível concluir que a participação no projeto contribui para a formação profissional dos alunos de Odontologia tanto nas questões técnicas e éticas da prática profissional, na valorização da relação profissional/paciente e na reconstrução de novas representações sociais a respeito da pessoa que convive com o HIV/AIDS.

Palavras-chave

Sem informação