Tendência e características da epidemia de AIDS em um município de grande porte do sul do Brasil: 1986 a 2008

Dissertação de mestrado

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Resumo

A AIDS é uma doença reconhecida mundialmente como problema de saúde pública. O primeiro caso notificado no Brasil foi em 1980. Em Londrina o primeiro registro de caso de aids residente no município ocorreu em 1986. O objetivo desse estudo foi analisar as principais características dos casos de aids notificados de Londrina- PR e a tendência da epidemia de aids no período de 1986 a 2008. Optou-se pela análise descritiva para mostrar o perfil sociodemográfico, os tipos de critérios de definição de caso de aids utilizados ao longo dos anos, e as características relacionadas às categorias de exposição. Os coeficientes de incidência da aids foram calculados anualmente por sexo e faixa etária e padronizados pela população do ultimo censo demográfico do Brasil de 2010. Também foi realizada a análise de tendência da aids por faixa etária e por sexo, dividida em dois períodos (1986-1995 e 1996-2008) para melhor compreensão do comportamento da epidemia. Os modelos lineares explicaram melhor a tendência da epidemia de aids nos dois períodos. Foram calculadas as taxas de incidência com base na Pesquisa de Conhecimentos Atitudes e Práticas na População Brasileira de 2004, no grupo etário de 14 a 49 anos, para os subgrupos mais vulneráveis: HSH, UDI, homens heterossexuais e mulheres. Os resultados mostraram que a escolaridade se concentrou entre quatro e sete anos de estudo. Na ocupação, em média 70% dos indivíduos exerciam trabalho remunerado. Desde 1998, mais de 50% dos casos de aids foram notificados utilizando os dois critérios da ficha de notificação. A transmissão por uso de drogas injetáveis foi predominante no sexo masculino até 2005. Ocorreu crescimento da epidemia de aids entre mulheres em todos os anos independente da orientação sexual. No período de 1986 a 1995 houve incremento das taxas de incidência em quase todas as faixas etárias e crescimento da epidemia em ambos os sexos (p< 0,001), mais acentuado no sexo masculino, nas faixas etárias que vão de 14 a 39 anos. No segundo período na faixa etária de 14 a 29 anos ocorreu queda significativa no sexo masculino, o incremento passou de 0,88 no primeiro período para -0,87 no segundo. Destaque para a faixa etária de 50 anos e mais em mulheres que apresentou aumento significativo (p=0,019). Todas as categorias de exposição apresentaram queda a partir do período 2000-2002. Os subgrupos UDI e HSH predominaram como categorias de exposição e no ultimo triênio do estudo HSH ultrapassou UDI. A partir do ano 2000 a taxa de incidência, na faixa etária de 14 a 49 anos, do grupo de mulheres superou a do grupo de homens heterossexuais, mostrando a crescente vulnerabilidade à infecção pelo HIV nesse grupo. O estudo mostrou queda nas taxas de incidência nas faixas etárias mais jovens e estabilização nas demais idades. O aumento da proporção de mulheres, especialmente na faixa etária de 50 anos e mais e de predomínio de HSH entre as categorias de exposição aponta para necessidade de estratégias diferenciadas para atingir grupos com características diversas.