Estresse e acidentes de trânsito: revisão sistemática e adaptação transcultural do questionário driver stress inventory para o Brasil

Tese de doutorado

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Resumo

O impacto do trânsito na vida de quem mora nas grandes cidades é uma fonte de elevados níveis de estresse físico e emocional, além de promover o desperdício de tempo e dinheiro. Logo, o comportamento dos condutores vem sendo foco de estudos de pesquisadores nas últimas décadas mundialmente. No estudo 1, buscou-se identificar os comportamentos ou características de personalidade da vida adulta considerados de risco para a ocorrência de acidentes de trânsito, por meio de uma Revisão Sistemática (RS). As bases de dados utilizadas foram PubMed, PsycINFO, LILACS e SciELO, sem restrição de período de publicação, até setembro de 2021. O fluxograma de identificação e seleção dos artigos selecionados foi elucidada de acordo com a diretriz PRISMA Guideline. Cinquenta estudos foram elegíveis para essa revisão. O maior número de publicações está no continente europeu, sendo os instrumentos mais utilizados o Driver Behaviour Questionnaire (N=15) e o NEO–Five Factor Inventory (N=06). Estudos que abordaram o comportamento de risco dos indivíduos no trânsito (N=42), evidenciaram que o consumo de substâncias lícitas e ilícitas (N=18) e o mau comportamento, como violações, excesso de velocidade, entre outros estão associados ao envolvimento em acidentes (N=29). Estudos sobre as características de personalidade (N=16), identificaram que os transtornos depressivos e de ansiedade (N=03), os traços de personalidade neuroticista e conscenciosidade (N=05) e a personalidade Tipo-A (N=03) são significativas quando relacionadas a desfechos negativos no trânsito. No estudo 2, realizou-se a tradução e adaptação transcultural do questionário Driver Stresss Inventory (DSI), composto por 41 itens, que aborda variáveis relacionadas a experiência na direção e a emoções habituais ao ato de dirigir, sendo dividido nos constructos agressão, aversão a dirigir, monitoramento de risco, busca por sensações e fadiga. A adaptação transcultural do questionário baseou-se nas etapas metodológicas propostas por Beaton et al. (2000). Inicialmente, foram feitas as traduções do instrumento original do inglês para português (T1 e T2) e, na sequência, obteve-se a síntese dessas traduções (T12). Posteriormente, T-12 passou por retrotradução desenvolvida por dois tradutores nativos de língua inglesa (BT1 e BT2). A seguir, o Comitê de especialistas avaliou os documentos, para a equivalência semântica, idiomática, experimental e conceitual dos itens e constructos do instrumento, apresentando um Índice de Concordância de 96%, indicando a fidedignidade e confiabilidade do questionário. Deste modo, a versão final em português foi submetida ao préteste (N=40), onde os participantes também foram entrevistados acerca do entendimento do instrumento. Após essas etapas, o autor da escala original e o Comitê de especialistas analisaram o rigor metodológico do processo tradução e adaptação e lograram a versão final do questionário DSI para ser utilizado no Brasil, visto que apresentou validade transcultural, semântica e de conteúdo. A adaptação transcultural em consonância a RS, aprofunda o embasamento científico acerca dos estudos psicológicos sobre a temática trânsito e solidificam um instrumento de pesquisa para o cenário nacional.