Resumo

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ganha destaque como um dos mais ativos e com mais tempo de existência no contexto brasileiro. A pesquisa bibliográfica e eletrônica sobre a questão agrária no Brasil permitiu identificar o MST como o movimento que expressa, de forma explícita, a contradição de uma das lutas mais fundamentais pela socialização dos meios de produção. Ao formular a problemática de pesquisa pergunta-se: Como esse movimento tem garantido a longevidade. Como tem sustentado e mantido seus militantes mobilizados? Além dos fatores objetivos, como a falta de acesso à terra e ao trabalho, quais fatores subjetivos são característicos nesse movimento? A mística do MST emergiu como objeto e, para aprofundamento, realizou-se a pesquisa empírica no assentamento Eli Vive no município de Londrina. Durante os anos de 2017 a 2019, tornou-se o locus e o campo para a realização de observações, entrevistas e participação em momentos coletivos. A investigação sobre o objeto percorreu um caminho analítico que reconheceu a historicidade, as contradições e a totalidade que envolvem a mística do MST e a realidade local, capazes de identificar sua disseminação e a atuação nas relações internas, sociais e políticas dos assentados. Para aprofundar os estudos sobre o processo histórico, foram analisados os arquivos do Núcleo de Documentação e Pesquisa Histórica/UEL (NDPH/UEL), que trouxe informações do SNI, da CPT, e jornais do MST desde sua origem no final dos anos de 1970. As fontes empíricas no Eli Vive I e Eli Vive II foram registradas a partir da observação e coleta de dados orais em entrevista preliminar e, de maneira sistematizada, durante a realização da investigação, com roteiro semiestruturado. Como resultados foram identificados que a mística do MST, tão presente nas falas, na prática dos militantes e nos momentos celebrativos do assentamento Eli Vive em Londrina-PR, tratada de diferentes perspectivas, relaciona-se com a sustentação do movimento e está contida na base formativa da militância. Os resultados indicam que a mística político-social constitui uma convergência política e ideológica, cabendo, portanto, reconhecer que, no processo formativo, a mística propicia um fortalecimento que objetiva, em seus símbolos e narrativas, um caminho eficaz e determinante para a formação da militância.