Experiências de gênero e formação de preferências de estudantes superdotadas
Laís Regina Kruczeveski, Silvana Mariano
Data da defesa: 16/09/2019
Essa pesquisa teve com objeto sociológico as experiências de estudantes mulheres e suas influências na formação de preferências ligadas a expectativas futuras profissional e acadêmica de estudantes do sexo feminino, identificadas com altas habilidades/superdotação da rede básica de ensino, atendidas pelo NAAH/S e da rede superior de ensino que frequentam a Universidade Estadual de Londrina. Este trabalho teve como objetivo geral compreender a formação de preferências de estudantes mulheres, identificadas com altas habilidades/superdotação da rede básica de ensino, atendidas pelo Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) e da rede superior pública de ensino que frequentam a Universidade Estadual de Londrina, e as influências dos padrões de gênero nos processos de indicação e identificação da superdotação. Diante disso, o trabalho dedicou-se a responder dois problemas centrais: (1) como as experiências de gênero interferem nos processos de indicação e identificação de estudantes mulheres com potencial de superdotação. O segundo problema de pesquisa é: (2) se há, e quais são os efeitos gerados diante da identificação da superdotação, na formação de preferências das estudantes com indicadores de superdotação. Como objetivos específicos teve-se: (1) conhecer a formação de preferências de estudantes identificadas com superdotação, a fim de perceber se havia, e quais seriam os efeitos das experiências de gênero e sua interferência na formação dessas, em especial, na área acadêmica/científica e suas implicações nas expectativas de futuro profissional e acadêmico e (2) analisar as formas de indicação e identificação de estudantes que apresentam potencial de superdotação, a fim de perceber se, de alguma forma haveria clivagens de gênero, gerando um menor número de estudantes mulheres identificadas. Concluiu-se que há interferência de padrões de gênero nos processos de indicação e identificação as altas habilidades, ocasionando que as mulheres sejam de fato identificadas em menor número, assim como interferência desses padrões de gênero na formação das preferências de algumas das estudantes entrevistadas que levaram à desistência de seguimentos de determinadas áreas do conhecimento devido a desincentivos de professores e professoras.
Percepções dos estudantes da rede pública estadual de ensino nos debates sobre família, gênero, política e religião : região de Londrina-PR
Ana Cláudia Rodrigues de Oliveira, Fábio Lanza
Data da defesa: 06/01/2018
Os vínculos entre a dimensão religiosa e o âmbito político impactam as práticas sociais de modo significativo e são capazes de produzir forças tanto no sentido da conservação quanto da transformação de relações sociais vigentes. A realidade social brasileira da atual conjuntura caracteriza-se pela intensificação de conflitos entre segmentos religiosos conservadores e grupos minoritários em luta pela igualdade de direitos, destas contradições desdobram-se manifestações de intolerância, práticas discriminatórias e atos de violência em suas mais variadas formas. Neste quadro, um dos principais embates ocorre no âmbito das definições e representações das relações familiares e os diferentes modos de sua organização na contemporaneidade, colocando em pauta o reconhecimento social, político e cultural de configurações familiares diversas dos padrões tradicionais heteronormativos e as barreiras impostas ao processo de consolidação deste reconhecimento no âmbito legislativo. Tendo em vista a presença dessa dinâmica no espaço escolar, esta pesquisa tem como objetivo o estudo das representações sociais de família de estudantes da rede pública de ensino paranaense, contemplando aspectos quantitativos e qualitativos de seus processos constitutivos que decorrem das sociabilidades religiosa, familiar e escolar dos sujeitos. Para elaborar a abordagem quali-quantitativa foram utilizados múltiplos meios de pesquisa, como questionários do tipo survey aplicados em escolas públicas selecionadas, a partir da parceria entre o Laboratório de Estudos sobre Religiões e Religiosidades (LERR-UEL) e o OBEDUC/Ciências Sociais ? CAPES/UEL. Os dados coletados foram associados às informações oriundas das fontes orais registradas por meio da técnica de debates de grupo (FLICK, 2005). Em consonância com a perspectiva da hermenêutica-dialética (MINAYO, 1993; 1995) acrescentou-se contribuições teórico-metodológicas advindas da sociologia do conhecimento mainnheimiana (MANNHEIM, 1986) e da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2012) para a interpretação dos dados coletados com as fontes orais. Nas representações sociais de família, destaca-se o predomínio dos estilos de pensamento conservador-tradicionalista, reformista-conservador e reformista-progressista, suas aproximações com o tradicionalismo religioso, e as influências decorrentes das experiências religiosas, escolares e familiares dos estudantes.
Desenvolvimento humano e desigualdades de gênero na América Latina e Caribe : a igualdade de gênero como promotora da equidade social
Daiane Aparecida Alves Gomes, Silvana Aparecida Mariano
Data da defesa: 08/06/2018
A presente pesquisa tem como tema as desigualdades sociais, as relações e possíveis (des)conexões entre o desenvolvimento humano e a redução das desigualdades de gênero, medidos pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e pelo Índice de Desigualdade de Gênero, (IDG) sobretudo na América Latina e Caribe (ALC). O nosso objetivo geral, é o de investigar as possíveis associações entre o nível de desenvolvimento humano e o patamar de desigualdade de gênero e definimos como objetivos específicos: 1) Compreender as condições recentes do desenvolvimento humano e das desigualdades de gênero nos países da América Latina e Caribe; 2) No que diz respeito à composição do IDG, identificar suas dimensões mais promissoras a avanços e aquelas com desigualdades mais persistentes. 3) Comparar países selecionados por grupos, de acordo com o nível de desenvolvimento humano, e identificarmos as possíveis variações na relação entre IDH e IDG. Foram consultados para o presente estudo os Relatórios de Desenvolvimento Humano, produzidos pelo PNUD, referentes aos anos de 1995, 2010, 2011, 2013, 2014 e 2015 e 2016, para nossa análise teórica, como fonte teórica e também para construção de algumas tabelas e gráficos. No entanto, para atender o objetivo do Capítulo 03, selecionamos os anos com os dados de 2012 e 2015, relativos aos relatórios de 2013 e 2016, pois esses compartilham dos mesmos indicadores de IDG e IDH. Nosso estudo foi amparado nas leituras feministas fundamentais para a compreensão dos debates de gênero incoporados à vida acadêmica na contemporaneidade, e recorremos aos RDHs como fonte da nossa pesquisa documental. Em virtude de a ALC ser o continente mais desigual do mundo, em renda, gênero, raça, geração, entre outras desigualdades, selecionamos a região e identificamos as desigualdades de gênero mais desvantajosas para o alcance do desenvolvimento humano, da mesma forma, compreendemos as dimensões que obtiveram certo progresso com relação à igualdade de gênero nos últimos vinte anos. Nossa pergunta diretiva fez reflexões sobre os péssimos níveis de desempenho das mulheres em ocupação parlamentar no Brasil e a ALC. Embora a ALC, seja a região do mundo com a melhor representação nesse quesito, tal indicador é o maior limitador do desenvolvimento humano para as mulheres. A ordem dos piores desempenhos nos referidos anos são: Mordalidade materna, Participação na Força de Trabalho e Fertilidade Adolescente. Por fim, oferecemos algumas recomendações para transformação social, rumo à equidade de gênero, como transformações individuais, coletivas e institucionais, importantes para o alcance da igualdade de gênero baseadas em alguns países da ALC.
A controvérsia sobre a inclusão de gênero e sexualidade nos planos de educação do Paraná
Thiago José da Rocha, Martha Celia Ramírez-Gálvez
Data da defesa: 28/07/2018
A partir da aprovação do Plano Nacional de Educação, em 2014, iniciou-se a discussão dos correspondentes planos de educação dos Estados, Distrito Federal e Municípios para os próximos dez anos. Em tal discussão houve uma participação contundente de setores religiosos que advogavam pela retirada do termo “gênero”, mencionado como ideologia. Nesse processo ganhou grande notoriedade, em nível nacional, o debate acerca da dimensão de gênero e sexualidade pela sociedade civil. A partir das discussões sobre a pauta de gênero e sexualidade no curriculo escolar houve reações de diferentes instituições acadêmicas e movimentos sociais, que observam a retirada dessa tematica como uma ameaça à garantia de direitos constitucionais, caracterizando a controvérsia. A proposta desta pesquisa se volta de maneira específica sobre a análise da controvérsia acerca desse assunto na cidade de Ponta Grossa, Estado do Paraná. Objetiva-se com este estudo entender as relações de poder e a influência da bancada religiosa na construção de políticas públicas para educação. A metodologia utilizada contempla a análise das controvérsias sobre a exclusão da pauta de gênero e sexualidade dos Planos Estaduais de Educação do Estado do Paraná, realizada por meio de uma análise documental. Assim, é importante documentar e compreender este debate que se tornou expressivo do momento atual do país em termos da ingerência de moralidades religiosas na vida pública brasileira.