O protagonismo juvenil nas ocupações de duas escolas estaduais no NRE/Londrina : análise sociológica
Fernando Giorgetti de Souza, Angela Maria de Sousa Lima
Data da defesa: 05/06/2019
A presente pesquisa analisa sociologicamente o protagonismo juvenil durante o fenômeno das Ocupações em duas escolas públicas estaduais do NRE/Londrina. Objetiva investigar a experiência dos jovens e suas percepções sobre a participação no movimento estudantil e a reforma no Ensino Médio. Diante dos cortes nos investimentos da educação, inseridos sobretudo na PEC-241/2016 e contra a MP-746/2016 da reforma do Ensino Médio, estudantes se mobilizaram no Brasil, para manifestarem-se contrários a essas políticas governamentais. Observamos que as Ocupações nas escolas públicas (2016) foram as respostas destes jovens contra a autocracia na política brasileira, buscando abrir espaços mais democráticos para o exercício de seus direitos. Neste contexto, essa pesquisa qualitativa mescla técnicas de coleta de investigação, através de dados bibliográficos, documentais e de Grupo Focal constituído por seis participantes das Ocupações, em 2017, entrevistas semiestruturadas individuais com questões abertas e fechadas aplicadas aos estudantes de duas escolas do NRE/Londrina durante a Semana de Humanidades e na Semana de Sociologia, em 2016/2017, incluindo relatos dos estudantes captados na mídia tradicional, nas mídias sociais e independentes durante o fenômeno. Como hipótese, tomamos as Ocupações das escolas como demonstração de um caráter solidário. Pautamos o referencial teórico do protagonismo juvenil nos movimentos sociais de Gohn (2011), no conceito de relações de saber em Charlot (2000, 2001) e nas disposições individuais em Lahire (1997, 2004). A pesquisa evidenciou que atividades desempenhadas pelos estudantes durante as Ocupações se constituíram em experiência política, configurando-se como um material que poderá inspirar as mudanças curriculares futuras, mostrando que concepção de escola tais juventudes desejam. Logo, as respostas das juventudes são importantes para a reformulação da própria concepção de educação e de sociedade que se quer constituir. Dentre as muitas descobertas nessa pesquisa, destacamos o empoderamento dos jovens, através dos múltiplos conhecimentos adquiridos, as disposições exercitadas, a prática do exercício político, a autonomia, a criticidade, o enfrentamento nas arenas políticas, os diferentes tipos e relações com os saberes, a interação com estudantes universitários, com artistas e com profissionais de diversos campos. A resiliência dos jovens diante das retaliações sofridas por grupos de extrema direita ultraconservadores, além da solidariedade entre eles, o sentimento de pertença e zelo pela escola, também foram legados e disposições apreendidas. Enfim, dentro do contexto das Ocupações, os estudantes ressignificaram o espaço escolar, abrindo espaços democráticos para o protagonismo, nas interfaces entre culturas, lazer e saberes.
Nome social como política pública nas universidades estaduais do Paraná : coalizões, permanências e persistências
Aline Oliveira Gomes da Silva, Angela Maria de Sousa Lima
Data da defesa: 12/12/2017
Este trabalho, em seara das ciências sociais, converge sua atenção para as universidades estaduais do Paraná, centralizando seu objetivo em analisar o processo de regulamentação do uso do Nome Social para identificação de gênero envolvendo estudantes de graduação, professores, professoras, servidores e servidoras, com enfoque especial à forma de regulamentação da política em referência na Universidade Estadual de Londrina (UEL), entidade eleita em razão de essa universidade encontrar-se em processo de regulamentação do uso do Nome Social de seu pessoal quando a presente pesquisa foi realizada. Diante dessas questões, três perguntas-chave norteiam a dissertação: como ocorrem as discussões sobre as regulamentações do uso do Nome Social nos diversos espaços das universidades estaduais do Paraná? O que há de especificidades no caso da UEL? Que relações existem entre a política pública do uso do Nome Social com as políticas de permanência estudantil no Ensino Superior do Paraná? Como metodologia, optou-se pelo aporte teórico-metodológico do modelo de Coalizões de Defesa (MCD ou Advocacy Coalition Framework - ACF), buscando analisar como os grupos de atores e de atrizes, constituído por políticos, comunidade científica, militantes, movimentos sociais, docentes, estudantes, servidores técnicos, entre outros, têm se organizado diante da política pública envolvendo o Nome Social no estado do Paraná Como procedimentos de investigação, nesta pesquisa qualitativa, utiliza-se a análise documental, a revisão bibliográfica, os questionários abertos com as atrizes e os atores sociais que já utilizam o Nome Social. O estudo parte do pressuposto de que a universidade pública tem papel de destaque na difusão de teorias/práticas legitimadoras de direitos, num constante combate a toda forma de desigualdade, violência e discriminação. Estuda-se se a forma como a universidade assume seu papel sociocultural e político pode facilitar ou dificultar o acesso e a permanência de estudantes transgêneros, travestis e transexuais.