PRÁTICAS CULTURAIS, MEMÓRIA E IMAGEM

Armínio Kaiser. Colheita de “cereija” na peneira. 1958. Acervo do Museu Histórico de Londrina. (detalhe)

O conceito de cultura é complexo no interior de diferentes áreas das ciências humanas, como a Antropologia, a Sociologia e, também, a História, o que varia, também, de acordo com os autores que o delineiam. O objetivo da linha de pesquisa é refletir sobre questões relacionadas às práticas culturais no campo histórico a partir de múltiplas matrizes teóricas, tendo em vista sua confluência interdisciplinar com outras áreas do conhecimento. As práticas culturais, em sentido lato, podem manifestar-se de diversas formas, como o patrimônio, a religião e a religiosidade. Três questões parecem perpassar a discussão: uma delas seriam as identidades, concebidas como construções históricas que permitem aos grupos perceberem-se num espaço social comum, ao mesmo tempo em que se ancoram na representação do outro. Corolário disso, podemos ressaltar as memórias coletivas que, sendo circunscritas e construídas por determinados grupos no interior do jogo social (incluindo-se por intermédio da invenção de tradições aparentemente antigas e imutáveis, mas, geralmente, carregadas de historicidade), são monumentalizadas por meio de distintos lugares de memória. Outro foco de reflexão da linha de pesquisa são as imagens de diferentes naturezas, que podem desempenhar o papel de objetos de investigação e/ou fontes primárias. Elas também podem tornar-se monumentos e compor a tessitura de narrativas que entrelaçam as memórias ou, por outro lado, repousar no território do silêncio aguardando momentos estratégicos para sua emergência.

Professores da linha:

Professor Colaborador

Edméia Aparecida Ribeiro

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA 

BASCHET, Jérôme. Introdução: a imagem-objeto. In: SCHIMIT, Jean Claude et BASCHET, Jérôme. L’image. Fonctions et usages des images dans l’Occident médiéval. Paris: Le Léopard d’Or, 1996. P. 7-26 (tradução: Maria Cristina C. L. Pereira). Disponível em www.pem.historia.ufrj.br/arquivo/jerome_baschet001.pdf

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

GINZBURG, Carlo. Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

KOSELLECK, Reinhardt. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. Puc-Rio, 2006.

MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. História e Imagem: iconografia /iconologia e além. In: CARDOSO, Ciro Flamarion & VAINFAS, Ronaldo. (Organizadores). In: Novos Domínios da História. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 243-262, 2012.

NORA, Pierre. Entre Memória e História: a problemática dos lugares. In: Projeto História. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduação em História do Departamento de História da PUC. São Paulo, 1993.

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TERRITÓRIOS DO POLÍTICO

Armínio Kaiser. Queimada. 1963. Acervo do Museu Histórico de Londrina. (detalhe)

Por mais que os avanços na pesquisa histórica tenham, ao longo do século XX, estigmatizado a história política e das relações de poder, estes temas seguiram sendo dos mais procurados pela pesquisa histórica e pelo debate historiográfico. A ampliação da percepção das relações de poder multiplicou as possibilidades de pesquisa na área, abrangendo, além do estudo das instituições estatais e não-estatais, as relações de homens e mulheres com o meio ambiente, movimentos sociais, memórias coletivas, transformações e permanências de estruturas de poder, bem como suas interfaces com outras dimensões da vida social, como religião, gênero, identidades culturais e espaciais, etc. Nas últimas décads do século XX e no início do século XXI ocorreu uma ampliação das demandas e formas de reivindicações que os grupos sociais dirigem tanto à sociedade civil quanto ao Estado, indo da preservação da natureza aos direitos das chamadas minorias. Essas transformações implicam em repensar vários conceitos e noções presentes na história política, como a noção de identidade, de representação, de participação popular, de partidos políticos, de público-privado, etc. Nesse sentido, a linha Territórios do Político abarca o estudos das formas e espaços institucionais e não-institucionais do que hoje entende-secomo campo da história política que englobam tanto os movimentos sociais informais urbanos e rurais quanto a constituição de identidades regionais/nacionais/civilizacionais e os espaços de exteriorizações históricas específicas, tais como projetos políticos e instituições concebidos todos eles como espaços de tensões e conflitos. Pra essa linha de pesquisa são fundamentais a noção de história do tempo presente; os estudos e reflexões sobre a memória coletiva, de cultura política e do imaginário político. 

Professores da linha:

Francisco César Alvez Ferraz 

José Miguel Arias Neto 

Lukas Grzybowski 

Rivail Carvalho Rolim 

Professora colaboradora

Dora Shellard Correa

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BERSTEIN, Serge. A cultura política. In: RIOUX, Jean-Pierre; SIRINELLI, Jean-François (Org.). Para uma história cultural. Lisboa: Estampa, 1998.

ELIAS, Norbert. Estabelecidos e Outsiders. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

FALCON, Francisco. História e poder. In: CARDOSO, Ciro Flamarion Santana; VAINFAS, Ronaldo (Org.). Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997

JUDT, Tony. Reflexões sobre um século esquecido. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2010.

JULLIARD, Jacques. A política. In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre (Dir.). História: novas abordagens. 3ª ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia. Estudos Culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru: Edusc, 2001.

RÉMOND, René. Por uma história política.2ed. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2003.

ROSANVALLON, Pierre. Por uma história do político. São Paulo: Alameda, 2010.

TARROW, S. O poder em movimento: Movimentos sociais e confronto político. Trad. Ana Maria Sallum. Petrópolis, Vozes, 2009.

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HISTÓRIA E LINGUAGENS

Dr. Oscar Nascimento. Desfile AROL. 1952. Acervo Pessoal (cópia para MHL). (detalhe)

Esta linha de pesquisa tem como objetivo o estudo das linguagens tomadas como problema para o trabalho do historiador social e da cultura. As relações entre História e Linguagens não são novas assim como os problemas enfrentados pelos historiadores que, lançando mãos de fontes  imagéticas, sonoras e escritas, buscam entender os sujeitos no mundo, suas concepções e visões, os gestos que ligam ideias aos lugares e as formas e circunstâncias das criações humanas.

Tais pretensões colocam o historiador diante de uma ampla gama de questionamentos, tais como as relações entre o narrado e o vivido, entre história e ficção, como percebemos e construímos e reconstruímos as realidades, como as linguagens representam nossas vivências, fabricam nossos pontos de vista e visões de mundo, de que modo representamos o que sabemos sobre o passado e os limites do conhecimento que o historiador pretende construir.

Tomando tais pressupostos como ponto de partida, agregam-se projetos que elegem linguagens imagéticas, escritas e sonoras como locais privilegiados para entender dinâmicas socioculturais e para investigações de questões mais amplas tais como as relações entre a linguagem produzida pelo historiador e mundo sociocultural, a linguagem escrita e oralidade ou performance, a produção cultural e comunidades de recepção, a história da escrita e práticas de leitura e as linguagens e ritos.

Professores da linha:

Alfredo dos Santos Oliva 

Cláudio DeNipoti 

Silvia Cristina Martins de Souza 

Wander de Lara Proença

Professor Colaborador

Fabrício Antônio Antunes Soares

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Unesp, 2009.

CHARTIER, R. A força das representações: história e ficção. Chapecó: Argos, 2012.

DARNTON, R. Poesia e polícia: redes de comunicação na Paris do século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

DARNTON, R. O Beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

DAVIS, N. Z. O retorno de Martin Guerre. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GINZBURG, C. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 

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HISTÓRIA E ENSINO

José Juliani. Ginásio Paranaense. 1937. Acervo do Museu Histórico de Londrina. (detalhe)

A linha de pesquisa em ensino de História tem preocupação com os significados e os sentidos que a História tem para os sujeitos, no mundo contemporâneo. Entende como importante   a escrita da História, bem como seu ensino com questões relacionadas ao sujeito, a narrativa, os documentos e a multiperspectividade dos diálogos epistemológicos e metodológicos.  Nesta perspectiva tem como objetivo desenvolver pesquisas a partir de diferentes referenciais teóricos e em diferentes perspectivas metodológicas que tenham como objeto as diversas formas de constituição do ensino de História em espaços institucionais ou cotidianos. Entre os temas de pesquisa que são foco da linha podemos indicar: Saberes históricos em diferentes espaços de memórias, a formação de professores, a relação entre os saberes específicos e os saberes pedagógicos, o pensar e o fazer docente, o aluno como construção social, conhecimento histórico e a formação da consciência histórica, os livros didáticos, currículos e seus usos, linguagens e narrativas históricas e a educação histórica.

Professores da linha:

Alexandre Fiuza

Jean Moreno

Maria Renata da Cruz Duran

Marlene Rosa Cainelli 

Ronaldo Cardoso Alves 

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BARCA, Isabel. Marcos de consciência histórica de jovens portugueses. Currículo sem Fronteiras, v. 7, nº 1, pp. 115-126, Jan/Jun 2007 (Revista portuguesa online).

HOBSBAWM, E. J. Sobre História. São Paulo: Cia. das Letras, 2001 (Trad. de Cid Knipel Moreira).

JULIA, Dominique. A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de História da Educação. nº 1, pp. 9-43, jan/jun, 2001.

KOSELLECK, Reinhart. Futuro-passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. 3a.ed. Rio de Janeiro: Contraponto/PUC-Rio, 2012.

LAVILLE, C. Em educação histórica e memória não vale a razão. Educação em Revista. Belo Horizonte. UFMG, nº 41, p. 13-42, jun/2005.

LEE, P. “Em direção a um conceito de iteracia histórica”. In: Educar em Revista. Curitiba: Ed. UFPR, 2006 (Dossiê Educação Histórica).