A transição agroecológica como possibilidade de recriação camponesa nos assentamentos 20 de Março (MS) e Eli Vive (PR)

Dissertação de mestrado

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Resumo

Nos dias atuais, a projeção do campo brasileiro se dá pelo destaque do setor que representa a agricultura capitalista, em grande parte responsável pelo volume da produção de grãos exportada para o mundo. Não obstante, inúmeras crises indicam haver forte correlação da questão alimentar e da questão ambiental com a agricultura capitalista e sua forma peculiar de ocupação de grandes extensões de terras. Após analisar algumas expressões desta correlação no campo brasileiro, foram priorizadas experiências de agroecologia pretensamente capazes de promover o resgate de práticas mais sustentáveis e ecológicas dos agroecossistemas. Com base em vários estudos que tem demonstrado sua relevância como alternativa de reprodução camponesa, pela capacidade de dinamizar a produção de alimentos de forma ecologicamente justa, socialmente sustentável e economicamente viável, o objetivo da pesquisa foi estudar como ela tem se apresentado como estratégia de reprodução para famílias camponesas. Para tanto, foram selecionadas duas experiências em projetos da reforma agrária: o primeiro é o Eli Vive II, situado no município de Londrina, estado do Paraná, onde a produção de grãos se sobressai no espaço agrário. O outro é o 20 de Março, situado em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, onde se expande o monocultivo do eucalipto. Ambos os modelos predominantes são foram forjados sobre uma estrutura fundiária altamente concentrada, razão pela qual os sujeitos dessa pesquisa trazem as marcas da histórica luta contra a opressão e a violência. São testemunhas vivas dos processos de expulsão da terra, mas também da saga vitoriosa que lhes permitiu conquistar um lugar de reprodução social. O chão da reforma agrária comporta diversas estratégias de recriação, dentre elas a transição dos espaços produtivos para uma agricultura mais sustentável articulada a mercados locais. Conclui-se que tais iniciativas têm conquistado gradativa visibilidade pelo caminho da produção de alimentos, pavimentando um caminho possível para a conquista da autonomia.