Monitoramento climático aplicado à hidrossedimentologia em megaparcelas na região geográfica intermediária de Londrina (PR)

Tese de doutorado

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Resumo

Tiveram início nos anos 2000 os estudos voltados para a abordagem hidrossedimentológica em megaparcelas. Sendo assim, pesquisas direcionadas ao monitoramento climático podem contribuir para a interpretação e entendimento da dinâmica dos sedimentos no solo frente às diferentes intensidades pluviométricas e, consequentemente, no contingenciamento de focos erosivos, bem como na potencialidade agrícola da terra. Desta forma, a presente pesquisa tem por objetivo investigar e caracterizar a dinâmica climática regional de municípios localizados na Região Geográfica Intermediária de Londrina por meio de diferentes metodologias de monitoramento e descrever a influência da precipitação pluviométrica diária, mensal e anual na erosão dos solos dispostos em megaparcelas. Para tanto, foram monitorados dois locus de estudo em escala regional e local: a Região Geográfica Intermediária de Londrina e duas megaparcelas localizadas na Fazenda Santa Cândida (Cambé/PR), com diferentes técnicas empregadas à análise da variabilidade climática. Foram utilizados os dados diários, mensais e anuais da precipitação pluviométrica de 13 estações meteorológicas dispostas na supracitada região e foram aplicados os seguintes indicadores de monitoramento climático: Standardized Precipitation Index (SPI), técnica dos percentis (99%, 95% e 90%), testes de tendência de Mann Kendall e Curvatura de Sen e índices climáticos de precipitação (ETCCDMI/WMO). Os resultados indicaram que a Região Geográfica Intermediária de Londrina apresenta duas estações do ano bem definidas, tendo como base o ano hidrológico: a chuvosa entre outubro e março e outra com redução das chuvas entre abril e setembro. O mês de agosto destaca-se como o mais seco, com 50mm durante a média histórica e janeiro como o mais úmido com 228mm no mesmo cenário. A aplicação do SPI-3 indicou a primavera e o verão do ano de 1996/1997 e 2015/2016 entre os mais úmidos de toda série histórica (1987-2018) e a primavera e o outono do ano de 1999/2000 entre os mais secos de toda a série; o verão e o inverno do ano de 1987/1988 destacam-se entre os mais secos. Com a técnica dos percentis observou-se que chuvas acima de 43mm/dia são consideradas extremas para o percentil 90%. Dentre os municípios que compõem a região, Cambé apresentou as maiores variabilidades pluviométricas relacionadas ao aumento nos dias consecutivos secos, na precipitação nos dias chuvosos, no número de dias com precipitação acima de 20 e 25mm, nos eventos extremos de precipitação e na intensidade das chuvas. Sob uma ótica sazonal, o outono apresentou tendência negativa (redução das chuvas) para todos os cenários em que houve significância estatística superior ao nível de confiança de 90%. Em relação às análises hidrossedimentológicas foi verificada uma preponderância da atuação dos sistemas frontais, frentes estacionárias e cavados na gênese dos eventos de precipitações analisados. Foi constatado que eventos superiores a 14,1mm precipitados em duas horas e/ou com intensidades ? 12 mm/h são capazes de causar erosões nas megaparcelas em ambos os tratamentos (com e sem terraços), ainda que a megaparcela sem terraços tenha apresentado duas vezes mais perda de sedimentos em comparação com a megaparcela com terraços.