As ocupações estudantis nas escolas públicas paulistas: análise de processos de resistência (2015-2018)

Dissertação de mestrado

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Resumo

O capitalismo passa por um processo de expansão que tem modificado a posição dos territórios no contexto da Divisão Internacional do Trabalho (DIT), gerando uma crise que se espalha por todos os espaços da sociedade. Na educação paulista essa crise se inscreve na precarização dos ambientes escolares mediante cortes de gastos sob o discurso da melhoria da qualidade de ensino e na dinamização da gestão. Tais fatos geram aspectos de polarização ideológica que vão desembocar na prática das ocupações de escola em 2015, oriundas de experiências como a Revolução dos Pinguins, no Chile e das jornadas de 2013, em contrapartida ao apronfudamento da crise que se expressa na política neoliberal de reorganização escolar em São Paulo. O objetivo principal deste trabalho é demonstrar e analisar o alcance dos processos de resistência e também seus limites práticos e ideológicos. Para alcançar tal objetivo o caráter qualitativo e participativo no contexto metodológico é marcante, buscando na leitura de conceitos como Ideologia, Aparelhos Ideológicos de Estado e auto organização as lentes necessárias à interpretação do fenômeno de ocupações. A busca por dados junto ao Sindicato dos Professores, a Secretaria de Educação e o Portal da Transparência bem como a aplicação de questionários e entrevistas junto aos estudantes da Escola Estadual Professora Maria do Carmo Arruda da Silva foram essenciais para o desvendamento das possibilidades e limites do movimento. Como resultados entede-se que as ocupações representam o desenvolvimento de ideologias coletivas que espelham na auto organização horizontal e autônoma, impressa nas assembleias e comissões organizativas trazendo novas maneiras de luta e contestação da classe trabalhadora. Como limites entende-se que a não centralidade organizativa dispersa o movimento nos períodos de refluxo dando espaço para a Repressão do Estado de forma direta e jurídica contra professores e e estudantes, e a continuada às políticas neoliberais e os projetos de reestruturação da escola, bem como o corte de gastos e o enxugamento na gestão. O movimento de ocupações, suas possibilidade e limites trazem uma rica experiência de análise para os próximos levantes da classe trabalhadora frente a expansão capitalista.