Território e cultura japonesa : o caso de Assaí-PR
Cibelle Tagawa Ávila, Prof.ª Dr.ª Alice Yatiyo Asari
Data da defesa: 23/04/2012
O presente trabalho é uma reflexão sobre o papel dos migrantes japoneses na formação do território em Assaí-PR, sendo que estes foram os pioneiros na ocupação do município e através da participação em todos os setores da sociedade, imprimiram sua identidade na comunidade. A discussão foi pautada nos conceitos de território, territorialidade e identidade a partir da perspectiva de diversos autores, tendo como objeto de análise o município de Assaí e a cultura japonesa. A partir disso, foi verificado a importância dos japoneses na formação socioeconômica do município e uma territorialidade de destaque. Nas últimas décadas, várias mudanças em diversas escalas provocaram alterações nessa territorialidade japonesa, em que percebeu-se alterações no território assaiense, sendo que território japonês em Assaí já não é mais predominante, porém ainda tem relevância no cenário assaiense, imprimindo-lhe uma identidade própria.
O novo código florestal : a ciência geográfica e o debate jornalístico
Ayoub Hanna Ayoub, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 26/10/2020
O Novo Código Florestal Brasileiro insere-se como uma das discussões centrais levadas a efeito atualmente, tanto pelas repercussões que produz quando a ele se associa o tema do direito ambiental, como pela prontidão que se verifica, em todas as esferas de opinião, para uma avaliação de impactos, equilíbrio, preservação, cuidados especiais a tomar, crenças, hábitos a adquirir e/ou modificar. A Ciência Geográfica tem essa discussão como objeto de permanente estudo. Este trabalho realiza uma análise do noticiário do jornal O Estado de S. Paulo, no período de 2010 a 2018, envolvendo a discussão do Novo Código Florestal. O fenômeno midiático, originado pelo debate registrado nas páginas desse jornal, é estudado em termos dos impactos e da influência direta que é capaz de projetar na predisposição interpretativa dos leitores. A categoria de análise geográfica adotada é a de Território. A tese defendida é de que há modos de evidenciar a ocorrência de processos de manipulação da informação, pela divulgação de uma posição político-partidária de características conservadoras. Para a coleta, descrição e análise dos dados, a metodologia associa referenciais teóricos do Jornalismo e da Ciência Geográfica, aos critérios de Valência e ao conceito de Cenografia, este último encontrado na abordagem de Análise do Discurso (Dominique Maingueneau). Esse mesmo direcionamento metodológico orienta a contínua aferição e ajustes, de modo a assegurar confiabilidade para composição de um roteiro apto a permitir inferências sobre as hipóteses levantadas. Os princípios da Educação Ambiental são vivenciados na condução de uma oficina com estudantes de pós-graduação em Geografia, e os resultados foram incorporados na validação das hipóteses. Enunciar ajustes nas bases metodológicas é uma contribuição esperada diante da responsabilidade imposta pelo tratamento do tema da manipulação. A complexidade dos tópicos presentes no noticiário, os aspectos a serem levados em consideração e as formas de expressar os resultados do debate aqui mencionado, são fatores considerados indissociáveis.
(Re)construção identitária da Comunidade Quilombola de Guajuvira de Curiúva – PR a partir do processo de certificação quilombola em 2005
Andressa Rodrigues Sensato Oliveira, Nilson Cesar Fraga
Data da defesa: 08/04/2019
A (re)construção identitária de vários grupos sociais, necessita de um suporte concreto ou imaginário, isto é, o território. Deste modo, a manutenção de formas culturais materiais e simbólicas, por esses grupos, nesses espaços, tem como intuito expressar sua cultura, e por conseguinte, dar visibilidade a esta identidade em função das suas especificidades. Tendo em vista essa relação território/identidade e cultura, bem como também outras esferas da vida em sociedade, como os vieses econômico e político. O presente trabalho tem por objetivo analisar a identidade territorial da Comunidade Quilombola de Guajuvira localizada no município de Curiúva - PR, a partir de sua certificação como remanescente quilombola no ano de 2005 pela Fundação Cultural Palmares - FCP. Para realização da pesquisa, foi adotado o Método Dedutivo, que parte de estudos e concepções gerais, para compreensão de um fenômeno particular, de modo que como procedimentos metodológicos foram realizadas leituras de obras de teóricos, que discutem a questão quilombola, identidade e território, da legislação brasileira que versa sobre a temática e trabalhos de campo e entrevistas. Alicerçado ainda, na perspectiva teórica - metodológica do Materialismo Histórico e Dialético, que pauta-se na ideia que os fenômenos e objetos se conectam e que tudo tudo é passível de transformação, fundamentando assim, a noção de que para se compreender a dinâmica identitária e territorial especifica da comunidade de Guajuvira, é preciso discutir sua interação socioespacial a nível municipal e estadual. Sendo assim, percebeu-se que, este reconhecimento como quilombola, refletiu em vários impactos a Comunidade, especialmente no que se refere aos conflitos enfrentados pela mesma com seu entorno, especialmente os latifundiários vizinhos do grupo interessados no território ancestral, os embates intracomunidade entre os que eram a favor do processo e os contrários e também fruto da ação do poder público municipal em desarticular a iniciativa. De modo que, apresentou-se a configuração de um processo identitário complexo. Inicialmente de afirmação identitária, no período de reconhecimento pela FCP, pela possibilidade de acesso aos programas governamentais e ao território tradicional via regularização fundiária. Porém, 14 anos depois desse reconhecimento, em virtude dos problemas enfrentados pelo grupo, apresenta-se uma configuração de negação da identidade quilombola, mesmo diante da impossibilidade de acesso a totalidade do território ancestral, em função da paralização do processo de titulação fundiária no ano de 2010 e todavia existindo vários marcos socioculturais que atualmente que permeiam a vivência cotidiana da comunidade e que compõe o ser quilombola, a exemplo da forte religiosidade, relações de parentesco, forte ligação territorial, territorialidade específica, entre outros aspectos.