Relação entre a mineralogia, paisagem e análise qualitativa das assinaturas espectrais de solos desenvolvidos de basalto
Rosana Kostecki Lima, Pedro Rodolfo Siqueira Vendrame
Data da defesa: 13/09/2023
A importância do solo no contexto geográfico se dá por ser um dos principais constituintes do meio físico-natural e integrante modelador das diferentes formas do relevo. A identificação de seus atributos físicos, químicos e mineralógicos são realizadas muitas vezes com o intuito de obter o conhecimento das classes de solos de determinada região e identificar a sua aplicabilidade no planejamento de diversas atividades. O estudo desses atributos aliados a dinâmica do relevo e a configuração da paisagem, permitem compreender melhor os processos de degradação, auxiliando na manutenção da capacidade produtiva dos solos e na correção de áreas já degradadas. A caracterização desses atributos físicos, químicos e mineralógicos podem ser realizadas pelos métodos analíticos tradicionais, no entanto, esses métodos são muito onerosos para se obter informações sobre grande quantidade de pontos de uma área. As geotecnologias e a espacialização de informações têm auxiliado em diversos ramos da ciência do solo e tornado o conhecimento mais ágil, e a espectroscopia Vis-NIR tem auxiliado na predição de atributos do solo. O objetivo central deste trabalho foi descrever e classificar classes de solos desenvolvidos de basalto no Estado do Paraná, determinando a textura e a mineralogia por métodos convencionais de análise, atrelando os atributos mineralógicos e relacionando as assinaturas espectrais no Vis-NIR das classes de solos desenvolvidos de basalto no Estado do Paraná a paisagem. Os resultados permitiram inferir no artigo 1 que dentre as classes pedológicas identificadas as assinaturas espectrais das três áreas foram comparadas e apresentaram picos em 1400, 1900, 2100, 2200 e próximos a 2400 nm, coerentes com os solos de basalto da região norte do Paraná. Os espectros da área 03 apresentaram certo distanciamento das outras áreas, podendo estar relacionado à presença de classes menos intemperizadas na vertente, como os Cambissolos. As assinaturas espectrais no Vis-NIR revelaram que a posição na paisagem foi mais expressiva em separar as assinaturas do que a classificação dos solos no potencial qualitativo, embora tenha apresentado discreta diferença também. No artigo 2 foi possível verificar que o mapeamento das classes de solos identificados até 4º nível categórico foi mais fidedigno a realidade do que o mapeamento realizado por outros autores no Paraná, com baixo nível de detalhamento. Os resultados da análise pedogeomorfológica e da paisagem permitiram delinear o uso e readequações da área de estudo, com sugestões que contemplem a integração dos recursos naturais e aspectos socioeconômicos. Os mapas de distribuições espaciais dos minerais, também permitiram uma visualização do transporte lateral de SiO2 de montante a jusante dos solos situados no topo e encosta, até as partes mais baixas da vertente conforme a declividade, com acúmulo de SiO2 no sopé. Os solos utilizados no artigo 02 foram classificados em Cambissolo Flúvico Tb Eutrófico gleissólico, Gleissolo Háplico Tb Eutrófico, duas trincheiras de Nitossolo Vermelho Eutroférrico típico e Cambissolo Háplico Tb eutrófico típico. As assinaturas espectrais, identificadas das camadas 60-80 cm dessas classes de solos, podem compor futuros bancos de dados espectrais pedológicos. Pois a diversidade de classes pedológicas identificadas constribuem significamente para futuras pesquisas mais aprofundadas na compreensão relação solo paisagem na região e para a ciência como um todo.
O espaço geográfico representado em filmes de animação: contribuições para o ensino de geografia nos anos finais do ensino fundamental
André Fernandes Oliveira, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 17/04/2023
Nos últimos anos, o debate acerca de metodologias e linguagens capazes de atualizar o ensino de Geografia ganhou relevância devido à necessidade de ensinar de forma lúdica e mais próxima ao estudante. Dentre os inúmeros recursos tecnológicos e audiovisuais disponíveis, o cinema se apresenta como um dos instrumentos com grande potencial, tendo em vista sua capacidade de reter a atenção dos estudantes e possuir enredos compatíveis com o estudo pertinentes à Geografia e outras áreas do conhecimento. Partindo desses pressupostos, a problemática da pesquisa se constrói: é possível dinamizar as aulas de Geografia e assim torná-las interessantes e prazerosas para os estudantes por meio do uso da linguagem cinematográfica, mais especificamente de longas-metragens de animação? O objetivo da pesquisa é analisar o potencial didático dos filmes comerciais de animação no que se refere à compreensão do principal objeto de estudo da Geografia, o espaço geográfico e desenvolver propostas de caráter interdisciplinar capazes de auxiliar professores a utilizarem a linguagem fílmica em suas aulas. As atividades e análises se deram a partir do projeto “Animaestudos, a magia do cinema nos conecta”, desenvolvido no Colégio Marista de Londrina, com turmas dos Anos Finais do Ensino Fundamental no ano de 2019. Nesse sentido, a pesquisa possui abordagem qualitativa, que permite uma visão ampla do fenômeno que está sendo estudado. No intuito de compreender possíveis abordagens entre filmes de animação e ensino de Geografia foi realizado um levantamento bibliográfico e uma curadoria, que definiu quais títulos seriam analisados. A partir disso, professores de outras áreas do conhecimento foram convidados a contribuir com a elaboração e aplicação das atividades propostas. Posteriormente, selecionamos dois títulos trabalhados junto aos estudantes para analisar a eficácia do projeto e verificar os resultados alcançados.
Paisagens, lugares e trilhos: permanências e memórias em cidades da alta paulista
Cássia Regina Dias Ribeiro, Edilson Luis de Oliveira
Data da defesa: 15/02/2023
A instalação dos trilhos do prolongamento do Ramal de Agudos, da Companhia Paulista de Estrada de Ferro (CPEF), no espigão dos Rios Peixe/Feio Aguapeí, na região da Alta Paulista, colaborou na transformação e configuração da paisagem. A expectativa da chegada dos trilhos condicionou a localização e o traçado dos núcleos urbanos. Na maioria das cidades, compreendida entre o trecho de Garça a Pompeia-SP, a linha ferroviária atravessou a malha urbana, propiciando movimentos pendulares diários e condicionando diversas ações cotidianas. Nesse contexto espacial, encontram-se histórias de vidas constituídas pelas experiências vividas. Lembranças gravadas na memória que condicionam a forma de ver e perceber o mundo. Dessa forma, o objetivo geral da tese consiste na averiguação da conexão e da dinâmica das especificidades dessa paisagem com as experiências vividas, gravadas em nossas memórias. Para obtenção dos resultados esperados, os procedimentos para coleta e análise de dados foram: as referências bibliográficas, que permitiram analisar e compreender os conceitos essenciais para a construção do referencial teórico; a pesquisa documental e os testemunhos, coletados através de dezessete entrevistas semiestruturadas e cinco cartas, que possibilitaram investigar as experiências vividas e entrelaçar os rastros documentários com os afetivos. Na busca em decifrar os sentidos das narrativas, utilizou-se como respaldo filosófico o método hermenêutico fenomenológico elaborado por Ricouer (1989). No decorrer da pesquisa ficou evidente a dialética entre memória individual, com um caráter subjetivo e privado, defendido por Bergson (1999) em sua fenomenologia da lembrança e com o conceito de “minhadade”, proposto por Ricoeur (2007) e a coletiva, condicionada ao pertencimento a um grupo social, proposta por Halbwachs (1990). O aspecto locacional das lembranças reforça a tese da relação intrínseca entre memória, paisagem e lugar e é possível perceber a concentração de lembranças associadas à ferrovia e, consequentemente, afirmar que os trilhos do prolongamento do Ramal de Agudos podem ser considerados um lugar memorável. No ato de recordar o indivíduo lembra-se de si e reconhece seu mundo, sua paisagem, seu lugar.
A influência dos fluxos migratórios na construção das identidades territoriais londrinenses
Tatiana Colasante, Maria del Carmen Huertas Calvente
Data da defesa: 18/09/2012
Resumo: O trabalho analisa a relação entre território, cultura e identidade, enfatizando o caráter simbólico do território. Investiga como são construídas as identidades territoriais por intermédio da influência cultural e demonstra a contribuição dos diversos grupos de imigrantes para a composição étnica da população brasileira. Aplica a teoria ao município de Londrina-PR utilizando como método a análise da paisagem e identifica as principais manifestações culturais que os diversos fluxos migratórios deixaram como patrimônio cultural do município e que ainda são percebidas nos dias atuais. Discute a imposição de uma identidade territorial baseada em elementos da cultura inglesa pelo poder público como forma de city marketing, aproveitando o contexto histórico de Londrina pelo fato de ter sido oficialmente colonizada por ingleses. Destaca que, além dos ingleses, a construção do município teve a participação de outros diversos imigrantes, como os japoneses, portugueses, alemães, poloneses, italianos, espanhóis, árabes e migrantes paulistas e nordestinos, além dos índios e caboclos que já viviam na região antes mesmo da colonização inglesa e que deixaram seu legado cultural impresso na paisagem londrinense. Analisa a contribuição de cada um destes grupos étnicos para a afirmação de uma identidade territorial londrinense e conclui que mesmo que o município tenha sido colonizado com a intervenção dos ingleses, os japoneses conseguiram a manutenção dos seus valores identitários em Londrina, por intermédio de dezenas de elementos conservados na paisagem, além de motivar a população londrinense a utilizar os mesmo elementos culturais e a participar ativamente das expressões culturais dessa etnia, o que denota uma aproximação muito maior da identidade territorial londrinense com os japoneses do que efetivamente com os ingleses.
A cartografia na leitura da paisagem : construção de conceitos a partir do cotidiano
Maria de Fátima de Brito, Prof.ª Dr.ª Rosana Figueiredo Salvi
Data da defesa: 18/08/2011
O presente trabalho de pesquisa tem como principal objetivo discutir a importância da linguagem cartográfica na leitura da paisagem. No entanto, apresenta a falta de domínio dos conceitos cartográficos revelada pelos alunos, como um problema na elaboração dessa leitura. Como forma de enfrentamento a essas dificuldades e na busca de soluções, apresenta o desenvolvimento de uma proposta metodológica de alfabetização cartográfica que visa a construção de conceitos a partir do cotidiano. Tal metodologia desenvolve-se no formato de aulas-oficinas e trabalho de campo, tendo como base de análise do espaço geográfico a categoria paisagem. Participam desse trabalho os alunos do Ensino Fundamental e Médio do CEEBJA – Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos - de Londrina nos anos de 2009 e 2010. O trabalho norteia-se pelo método da pesquisa-ação e fundamenta-se nas ideias de Vygotsky sobre a mediação como comunicação pedagógica. Apresentam-se como resultados desse trabalho de pesquisa, as análises das produções dos alunos obtidas por meio de relatórios, mapas e tabelas sobre a leitura da paisagem do entorno da Escola a partir da realização do trabalho de campo.