A distribuição espacial das mortalidades no contexto da geografia da saúde e a hidrogeoquímica do aquíferro Serra Geral, na Regional de Saúde de Cornélio Procópio (PR)
Tatiana Fernanda Mendes, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 04/09/2012
O presente trabalho tem por objetivo caracterizar a distribuição espacial das mortalidades no contexto da Geografia da Saúde e verificar suas possíveis relações com a hidrogeoquímica das águas do Sistema Aquífero Serra Geral (SASG), servidas para abastecimento de cerca de 65% da população na Regional de Saúde de Cornélio Procópio (RSCP). Tentativamente avaliando os riscos ambientais para a saúde humana oriundos de possíveis anomalias hidrogeoquímicas. Para tanto, foram obtidos dados de saúde nos municípios da RSCP e pelo site do DATASUS no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. As amostras coletadas das águas do SASG foram analisadas pela técnica da Espectrometria de Massa com Fonte de Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS), na obtenção de teores dos elementos traços e metais pesados. Através da técnica de Espectrometria de Absorção Atômica (AAS) obteve-se as concentrações de Ferro. Sódio e Potássio foram analisados através da fotometria de chama. Os dados de saúde da RSCP mostram que, há um maior número de óbitos por doenças circulatórias, tendo como segunda causa de morte as neoplasias. Verificou-se que houve um aumento das taxas de mortalidade das referidas doenças, comparando-se os anos de 2000 e 2010. O comportamento hidrogeoquímico das águas do SASG, apresentam variações de distribuição, com teores acima do convencional para a região, que se relacionam em alguns municípios com maior índice de mortalidade, como em Nova América da Colina, Leópolis, Nova Fátima, Santa Mariana e Congoinhas. As águas do SASG em alguns poços apresentaram valores de pH, Ferro e Selênio, acima do valor máximo permitido (VMP) pela legislação brasileira. Verificam-se possíveis correlações entre os locais com teores anômalos de Fe e Se com localidades de maior taxa de mortalidade por doenças do sistema circulatório, nervoso, neoplasias e doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. O Arsênio e o Chumbo mesmo não ultrapassando o VMP, mostram correlações com localidades de maior taxa de mortalidade por doenças do aparelho circulatório, respiratório, digestivo, doenças do sistema nervoso, transtornos mentais e neoplasias. A maioria dos resultados hidrogeoquímicos das águas do SASG na RSCP, estão dentro dos padrões estabelecidos pela legislação para consumo humano. Contudo, mesmo estes elementos apresentando concentrações baixas, há que se considerar o tempo de exposição, e a condição da saúde das pessoas expostas. Com relação à origem dos teores anômalos dos elementos químicos encontrados nas águas do SASG na RSCP, pode-se dizer, de forma preliminar, que alguns teores anômalos são provenientes de características naturais do meio e outros de ações antrópicas ou mistas, como o exemplo do ferro. As correlações obtidas não esgotam o assunto, havendo a necessidade de se aprofundar as investigações da relação saúde-ambiente na RSCP, na busca do estabelecimento de programas consistentes para a saúde coletiva.
O consumo de água subterrânea do aquífero Serra Geral na Regional de Saúde de Londrina (PR) e implicações à saúde coletiva : uma discussão da geografia da saúde apoiada na hidrogeoquímica
Alan Alves Alievi, José Paulo Peccinini Pinese
Data da defesa: 02/04/2012
Procurando colaborar junto ao campo da Geografia da Saúde buscou-se nesta pesquisa estabelecer relações entre a saúde da população da área de estudo e elementos químicos presentes nas amostras de água subterrânea coletadas de poços tubulares localizados nesta área. Enfim, analisar aspectos hidrogeoquímicos das águas subterrâneas do Sistema Aquífero Serra Geral (SASG), especificamente, aquelas encontradas na 17ª. Regional de Saúde – Londrina (PR), procurando compreender as possíveis correlações entre o estado da saúde coletiva e anomalias hidrogeoquímicas no contexto da organização espacial, bem como o papel desta nestes agravos, foi o intento desta dissertação. Entre os materiais e métodos utilizados, destacam-se a coleta de informações junto ao DATASUS e a Secretaria de Vigilância em Saúde da 17ª. RSL, entre outros dados necessários à análise espacial, bem como a caracterização hidrogeoquímica e das áreas de risco (anomalia positiva), em que foram mensurados os parâmetros físico-químicos e hidrogeoquímicos das amostras de água através do uso do ICP-AES, o qual determinou os teores de Sódio (Na – 1.100 a 66.500 µg/L); Cálcio (Ca – 630 a 48.201 µg/L); Silício (Si – 1.403 a 32.548 µg/L); Magnésio (Mg – 53 a 18.594 µg/L); Potássio (K – 170 a 7.900 µg/L); Zinco (Zn – 0 a 397 µg/L); Estrôncio (Sr – 2 a 356 µg/L); Bário (Ba – 0 a 229 µg/L); Fósforo (P – 0 a 177 µg/L); Ferro (Fe – 3 a 110 µg/L); Cobre (Cu 0 a 76 µg/L); Manganês (Mn – 0 a 5 µg/L) e Cromo (Cr – 0 a 4 µg/L), nestes intervalos para todas as amostras. Verificou-se que as doenças comumente associadas ao contato direto ou mesmo indireto com os elementos elencados em concentrações demasiado altas estão agrupadas no quadro das doenças ligadas ao sistema nervoso, sistema circulatório (coração e anexos), sistema respiratório, aparelho geniturinário, doenças neoplásicas. Em geral, identificou-se também uma tendência de aumento dos óbitos para estas doenças, entre outras. Os padrões na morbidade encontrados neste estudo implicaram em um questionamento acerca dos fatores que condicionaram a sua distribuição espacial e, por conseguinte algumas ocorrências foram registradas e analisadas. Quase todos os municípios apresentaram em seus territórios maiores ou menores correlações entre as variáveis, porém, a população de alguns pode estar mais exposta aos teores anômalos encontrados, bem como aos possíveis efeitos adversos oriundos do consumo de água subterrânea explotada pelos seus órgãos municipais de abastecimento publico, que o fazem em algumas zonas de anomalia positiva ou de alta concentração dos teores.