Teses e Dissertações
Palavra-chave: Ensino de Geografia
Produção de filmes em stop motion como recurso pedagógico e tecnológico: uma proposta de pesquisa-ação para a prática de educação ambiental em escolas públicas
Maria Luzia Ferreira Santos, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 03/02/2025
Esta tese tem como objetivo analisar as contribuições da produção de filmes de animação em stop motion, voltados para a prática de educação ambiental, enquanto ação formativa para a ampliação do conhecimento pedagógico dos professores na rede pública estadual e municipal das escolas do Distrito de Jaci-Paraná e Vila Nova de Mutum-Paraná, localizadas no município de Porto Velho, no estado de Rondônia. A proposta metodológica foi orientada com base na pesquisa-ação, sendo materializada por meio de intervenções em forma de oficinas de produção de filmes com o uso da técnica de animação em stop motion. Os sujeitos da pesquisa foram 10 professores do ensino fundamental, sendo 7 (sete) professores do Colégio Tiradentes da Polícia Militar, Unidade II, localizada no Distrito de Jaci-Paraná; e 3 (três) professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora de Nazaré, localizada na Vila Nova de Mutum-Paraná, município de Porto Velho. A tese foi delineada em quatro etapas. 1ª etapa: apresentação da pesquisa e obtenção do TCLE; 2ª etapa: oficinas de stop motion; 3ª etapa: aplicação dos questionários, e 4ª etapa: resultados das análises e entrecruzamento dos dados. Como resultado das oficinas, foram elaborados 03 filmes de animação em curta duração de 1 minuto com temáticas ambientais. À luz da Análise de Conteúdo de Bardin, foram definidos os seguintes eixos temáticos: 1. Os fundamentos epistemológicos e a importância da Educação Ambiental na concepção dos professores; 2. A prática pedagógica com Projetos envolvendo temas ambientais e o uso do stop motion; 3. Percepção ambiental e Impactos oriundos da Usina Hidrelétrica Jirau; 4. A prática ambiental, o eixo interdisciplinar e o uso de tecnologias. A partir de uma abordagem de cunho qualitativo, os dados da pesquisa foram analisados com base na educação ambiental presente nas experiências dos professores, além de enfatizar o processo interdisciplinar no movimento interior das escolas, mais precisamente na prática docente. A tese aponta que a produção de filmes resultante de uma ação didática permite o desenvolvimento das potencialidades da educação ambiental, rompendo com práticas conservadoras que limitam sua atuação e não estimulam a tomada da consciência crítica em relação as questões ambientais. A realização das práticas por meio do stop motion possibilitou aos professores desenvolver o processo de reflexão sobre as ações e a construção da linguagem fílmica no contexto do ensino da geografia para estimular a aprendizagem dos estudantes a respeito de conteúdos de educação ambiental que favorecem a interdisciplinaridade em contextos escolares.
O modus operandi do empresariamento da educação pública : uma contribuição da geografia anticolonial
Vinícius Augusto Marques dos Santos, Sergio Aparecido Nabarro
Data da defesa: 28/02/2024
A Educação pública de gestão pública brasileira tem sido objeto de intensa disputa política e ideológica entre projetos societários antagônicos. Desde o tensionamento político imputado pelo golpe de Estado de 2016, há um avanço das políticas econômicas neoliberais sobre o setor educacional em todos os níveis da federação. Para esse condicionamento, a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o “Novo” Ensino Médio (NEM) configuram a regulamentação político-jurídica à imposição deste modelo. Dessa conjuntura da luta de classes no Brasil, o objetivo geral da pesquisa foi investigar e compreender quem são os/as atores/as, suas respectivas organizações sociais e, principalmente, o modus operandi desse engodo neoliberal e neocolonial que avança no processo de desumanização do ensino e aprendizagem da juventude da classe trabalhadora. Na instrumentalização desse caminho de pesquisa, utilizou-se o materialismo histórico e dialético como melhor ferramental à compreensão desse movimento político-ideológico sob a lógica do capitalismo, assim como para transformação dessa realidade. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica de livros, dissertações e teses, artigos de periódicos e revistas, entrevista de especialista publicada e legislações educacionais. Concluiu-se que a Fundação Lemann e seus principais intelectuais orgânicos do neoliberalismo, constituem a matriz organizativa e dinamizadora das ações das organizações sociais aos interesses de vários setores produtivos sobre a educação pública brasileira, conformando o Conglomerado de Aparelhos Privados de Hegemonia Empresarial Lemann e Sócios. O poder econômico expresso na disputa política e exitoso à determinação dos rumos da educação nacional, a violência de classe em uma das suas bárbaras expressões, limitando e precarizando às frações mais pauperizadas da classe trabalhadora o direito universal de acesso ao conhecimento historicamente produzido. País de histórico colonial escravagista, na especificidade brasileira, essa violência que atinge essa fração da classe trabalhadora é, inextricavelmente, racista. E o fascismo, instrumental sempre reclamado pela burguesia dominante e racista para garantir a contínua e ampliada reprodução do capital.
Produção de recursos didáticos inclusivos para o ensino de geografia por meio da impressão 3D
Diego Alves Ribeiro, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 26/02/2024
Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, tem como objetivo aprofundar a discussão sobre o uso da impressão 3D e do QR Code na produção de recursos didáticos para aulas de Geografia, voltados para estudantes videntes ou com deficiência visual, norteando-se pelos conceitos da Cartografia Tátil, e o Desenho Universal para a Aprendizagem, elaborando uma coleção de maquetes topográficas e avaliando a competência das maquetes desenvolvidas. Seguindo a metodologia de Design-Based Research, processo que tem como intuito a construção de um protótipo, assim como proceder a sucessivas reformulações deste, na tentativa de melhorar sua eficácia, os materiais e metodologias desenvolvidos foram avaliados, através de questionários semiestruturados, por estudantes e professores, com ou sem deficiência visual, da educação básica. O uso de recursos didáticos adaptados para estudantes com deficiência visual vem aumentando no Brasil nas últimas décadas, utilizando principalmente técnicas artesanais para a sua elaboração. Com o avanço da tecnologia de impressão 3D, novas possibilidades se abrem e é possível inferir que esses novos materiais podem contribuir de maneira significativa para o ensino de Geografia. A pesquisa dividiu-se em quatro etapas: a primeira sendo caracterizada por um levantamento bibliográfico sobre Educação, Geografia, Inclusão e Tecnologia, além do contato com o público-alvo, afim de identificar quais as fragilidades e necessidades poderiam ser supridas com os recursos didáticos produzidos; a segunda etapa foi a da produção de um protótipo inicial, que consistia em uma placa com uma maquete de forma de relevo, seu nome escrito de forma gráfica e em braille, além de um QR Code conectado a um site com a legenda expandida; a terceira etapa foi marcada por um ciclo de avaliações e reformulações dos recursos didáticos, que foram testados por alunos com deficiência visual, videntes, professores e adultos com deficiência visual, onde a cada aplicação e avaliação, os recursos didáticos foram aprimorados para atender as demandas necessárias; a quarta etapa consistiu por uma avaliação de todo o processo de produção do recurso didático, onde foi possível identificar que a impressão 3D, tecnologia capaz de criar objetos físicos por meio de um processo de manufatura aditiva através de modelos digitais, têm revolucionado diversos segmentos da sociedade e o ensino não se encontra distante desta realidade, já que as escolas agora possuem a capacidade de se tornarem “pequenas fábricas” de recursos didáticos.
Análise do conteúdo Cartográfico nos Livros Didáticos de Geografia (Ensino Fundamental II e Médio)
Jhonatan Jason de Oliveira Júnior, Adriana Castreghini de Freitas Pereira
Data da defesa: 24/02/2023
Dentro do cenário atual, cercado pelas Tecnologias da Informação e Comunicação, adiciona-se ainda a importância da Cartografia como subsídio para o ensino. A presença das tecnologias digitais está cada vez mais recorrente no cotidiano social, até mesmo em âmbito escolar, e a integração de recursos digitais no trabalho pedagógico tem apresentado resultados positivos para o processo de ensino e aprendizagem da representação do espaço geográfico pelos estudantes. A pesquisa surge a partir da indagação sobre a alfabetização cartográfica dos alunos e pelo questionamento: Como têm sido utilizados os Livros Didáticos no ensino de Geografia para a alfabetização e letramento cartográfico? Para responder essa indagação, este estudo objetivou analisar bibliografias acerca do tema e documentos oficiais da educação e na sequência foi feita analise dos livros didáticos de Geografia. A partir da pesquisa foi possível verificar a importância do tema da Cartografia Escolar aplicada no Ensino de Geografia e principalmente como os Livros Didáticos pouco levam em consideração a realidade dos alunos dando um olhar geral e do local onde eles são produzidos. Além disso o trabalho demostra como as Geotecnologias são trabalhadas no primeiro livro de cada coleção do 6º ano e da 1 série evidenciando a ausência de informações e conceitos. É também evidenciado o grande potencial dos aplicativos e softwares de acesso livre como ferramentas para serem utilizadas no Ensino de Geografia.
O dilema da autonomia na era da virtualidade: um olhar do ensino de geografia à desinformação digital
Matheus Henrique Balieiro, Jeani Delgado Paschoal Moura
Data da defesa: 29/11/2021
A presente pesquisa, realizada na área de ensino em geografia, versa sobre como o raciocínio geográfico pode contribuir no desenvolvimento da autonomia de pensamento discente, característica essencial em um cenário de hiper exposição informacional e pós-verdade, ambos frutos da era digital. Considerando se tratar de uma pesquisa em ensino focada mais na discussão e compreensão de conceitos, do que na descrição e explicação dos fenômenos, a abordagem escolhida foi a qualitativa, com uso de revisão bibliográfica. Isso, por conta de que a coleta dos dados utilizados durante o fazer científico se deu com exclusividade na bibliografia utilizada. Pensar uma pedagogia da autonomia plena, envolve o intercâmbio entre diversas disciplinas, onde cada uma pode contribuir à sua maneira para com o desenvolvimento do discente, porém, percebe-se na geografia um potencial ímpar para tal tarefa. Seja pela pedagogicidade indiscutível do Espaço, capaz de dar leituras únicas às relações sociais, seja pelo caráter intrinsecamente geográfico dos fenômenos de globalização responsáveis pela pós-verdade. Dessa forma, desenvolver um raciocínio geográfico faz com que tenhamos uma leitura mais crítica e completa das relações sociais e como nos encaixamos nelas e, consequentemente, no mundo. As características podem fazer com que o aluno ou aluna se enxergue como cidadão do mundo ao contextualizar espacialmente os fenômenos e ao conhecer melhor o Espaço em que vive. Podemos encarar todas essas práticas como essenciais para a construção de um pensamento crítico e autônomo, e por isso, especialmente eficazes para treinar o discente contra os males da desinformação online.
Sensibilização para a cartografia tátil, por meio do uso das ferramentas digitais no curso de formação de docentes para as séries iniciais do município de São Sebastião da Amoreira-PR
Suellen Jane Correia, Eloiza Cristiane Torres
Data da defesa: 05/02/2021
A Geografia é uma disciplina muito importante dentro da sala de aula, tendo em vista que ela desenvolve inúmeras potencialidades como uma leitura crítica e reflexiva do espaço que está a nossa volta, através de seus recursos visuais como mapas, maquetes, imagens, que auxiliam na construção da percepção dos alunos. No entanto, quando direcionamos nossos olhares para o ensino aprendizagem das pessoas com deficiência visual, percebemos que a realidade escolar é complexa, considerando que muitos professores sentem dificuldades de incluírem tais alunos, por não terem acesso a recursos didáticos específicos que atendam às necessidades do grupo, recorrendo as explicações orais, que se caracterizam sendo pouco efetivas para aprendizagem significativa dos discentes. Por isso, o objetivo central foi discutir e trabalhar a Cartografia Tátil com os professorandos do curso de Formação de Docentes para Séries Iniciais do município de São Sebastião da Amoreira, abordando metodologias diferenciadas de construção de materiais didáticos táteis, por meio da realização de uma oficina remota, tendo em vista o cenário de pandemia mundial. A pesquisa científica possui uma abordagem qualitativa e os instrumentos metodológicos utilizados foram a realização de trabalho de campo na instituição (antes do período da pandemia), observações simples, aplicação de entrevista semiestruturada com a professora de Metodologia do Ensino de Geografia e com o diretor da instituição, além de desenvolver um website educacional gratuito, com o propósito de disseminar a Cartografia Tátil, tanto com os professorandos do grupo estudado quanto aos demais professores e adeptos dessa questão. Referente ao período de aplicação da pesquisa ela teve início no primeiro semestre de 2019 e foi concluída no segundo semestre de 2020. Assim, acreditamos que essa temática não pode esperar mais, devendo ser abordada constantemente e disseminada por todo território, para que os discentes com deficiência visual tenham suas potencialidades exploradas por completo, tendo em vista que, seu potencial de aprendizagem é o mesmo que de qualquer outra criança. Nos resultados, constatamos que os professorandos e os demais envolvidos na pesquisa não tinham conhecimento construído sobre essa temática, deduziram quando mencionado o nome “tátil”, porém, não é um recurso que faz parte da realidade dos professorandos, tendo em vista que na ementa curricular do curso é debatido apenas a Educação Especial de modo generalizado e não esmiuçado em cada disciplina. Percebe-se que os envolvidos foram sensibilizados perante o tema e que a “sementinha” da curiosidade foi plantada em cada professorando e que será refletida em suas práticas docentes.